O site de cinema Pipoca Moderna postou recentemente uma matéria bem interessante sobre a
evolução da carreira deRobert Pattinson após os filmes da Saga Crepúsculo. O site diz que o ator está buscando novos projetos para
encontrar seu verdadeiro ‘amanhecer’ artístico.
CANNES Com o encerramento da
“Saga Crepúsculo”, as duas principais estrelas começam a investir em papéis
mais dramáticos para firmar a carreira como atores sérios. Kristen Stewart
despiu-se literal e subjetivamente em “Na Estrada”, exibido essa semana no
Festival de Cannes. Agora é a vez de seu namorado Robert Pattinson mostrar a
que veio com “Cosmopolis”, exibido para o público na noite de sexta-feira
(25/5).
Pattinson vem tentando deixar a imagem do vampiro romântico
Edward Cullen para trás, porém até agora só havia apostado em produções
adocicadas, como “Lembranças” (2010) e “Água Para Elefantes” (2011). O novo
longa-metragem do cineasta David Cronenberg (“Um Método Perigoso”) é sua
investida mais ousada, pela qual espera finalmente alcançar o patamar de astro
de primeira grandeza.
“Não
me interessa tanto aparecer em cartazes de grandes filmes”, afirmou o ator
durante entrevista coletiva realizada após a sessão do longa para a imprensa.
“Quando se tem 20 anos, tudo bem, você se diverte, descobre um mundo incrível,
as meninas te adulam. Mas não pode durar para sempre”, refletiu Pattinson,
dando a entender que pretende deixar os blockbusters no passado.
“Cosmopolis” é baseado no livro homônimo de Don DeLillo,
considerado um dos grandes escritores americanos vivos, e mostra a fútil saga
de um jovem bilionário em tentar cruzar Nova York com sua limusine para cortar
o cabelo. A história se passa em apenas um dia e seu objetivo é atrapalhado
devido aos protestos que tomam as ruas da cidade contra a visita do presidente
e a crise financeira.
Apesar
dos pedidos do moderador da entrevista para que os jornalistas ignorassem a
franquia dos vampiros, o diretor foi questionado se teria escolhido Pattinson
para o papel para interpretar um “vampiro capitalista”. Beirando à irritação,
Cronenberg negou. “Esta é uma pessoa real, com uma história e um passado, e seu
passado não é ‘Crepúsculo’”, rebateu o cineasta canadense sobre o personagem
Eric Packer, um gênio da especulação financeira de apenas 28 anos. “Fizemos
algo novo e original. É preciso esquecer todas as outras coisas, não posso
ficar pensando em ‘Crepúsculo’. Eu estava fazendo ‘Cosmopolis’”, disse.
O diretor também não queria que a produção fosse comparada com
nada de sua filmografia. “Ficar pensando em meus outros trabalhos não me dá
nada. O filme me diz o que quer e do que precisa, e não tem nada a ver com meus
filmes anteriores”, explicou sobre o seu processo de trabalho.
Mais
humorado, Pattinson confessou que bateu um pânico conforme o início das
gravações se aproximavam e o diretor não entrava em contato para começar os
ensaios. “Passei duas semanas num quarto de hotel sem me preparar, só me
preocupando e me confundindo”, contou rindo. No final de semana anterior ao
início das filmagens, o ator não aguentou mais e foi até Cronenberg para
conversar sobre o personagem, o que não adiantou muito. “Ele me disse para não
me preocupar e deixar que acontecesse. Não seria necessária uma atuação
cerebral”, revelou, meio envergonhado e arrancando risos. Então emendou a
piada: “Para ser ator não é preciso ser muito inteligente”.
Cronenberg fez a adaptação do livro para o roteiro em apenas seis
dias, praticamente escrevendo as cenas e transpondo fielmente os diálogos
afiados de Don DeLillo. A maior parte do filme se passa dentro de um carro,
onde Eric Packer (Pattinson) recebe amigos, sócios e amantes – há, inclusive,
duas cenas de sexo, uma delas com a estrela Juliette Binoche (“Cópia Fiel”).
“Foi como fazer uma música e não um filme”, sugeriu o ator. “O roteiro é tão
lírico que eu não queria mudar uma palavra”.
O
cineasta imediatamente concordou. “É como fazer uma versão de uma canção de Bob
Dylan: você pode até mudar a música, mas não toque nas letras”. A constante
interação de seu protagonista com os outros personagens num cenário fechado é
típica do universo cronenberguiano, e nem Cronenberg negou (apesar de ter dito
anteriormente que odeia comparações). “Para mim, a essência do cinema é o ser
humano falando e não uma imagem épica do Grand Canyon”, decretou.
O resultado do longa foi aprovado pelo próprio DeLillo, que
também foi a Cannes. “Não tive nada a ver com a adaptação para o cinema e por
isso o filme ficou tão bom”, brincou. O autor aproveitou para explicar que
criou o romance, publicado em 2003, inspirado apenas pelo fenômeno das
limusines brancas que tomaram Nova York na virada do século, sem qualquer pano
de fundo político, principalmente agora, com a atual crise financeira. “Não é
um retrato do novo milênio. Pensei apenas na história de um homem vivendo a sua
vida num único dia. E me interessei por esses carros que simplesmente não
conseguem dobrar uma esquina”.
A
metáfora, no entanto, pode ser facilmente feita, o que não quer dizer que tenha
agradado a todos. “Cosmopolis” não provocou reações exageradas e dividiu a
crítica de forma tímida. Enquanto alguns jornalistas adoraram os diálogos
incessantes dentro do ambiente claustrofóbico, outros acharam o filme
verborrágico. A interpretação de Pattinson também não foi unânime, surpreendo
uns e irritando outros. E teve quem achou Cronenberg contido demais – apesar
das cenas de sexo e de ter colocado seu protagonista para fazer um exame de próstata.
A dupla Cronenberg/Pattinson, no entanto, aprovou a parceria e
já anunciou um novo trabalho. E aproveitando a citação a Bob Dylan, Pattinson
também confirmou que está envolvido com um filme sobre The Band, a banda que
tocou com Dylan nos anos 1960 e 1970. E é assim que começa o verdadeiro
“Amanhecer” de Robert Pattinson, o ator.
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