Classificação: Maiores de 17 anos
Autora: Lore Volturi
Gênero: Romance/Drama
Aviso: Sexo/Lemons
Capítulo 25
Kristen POV
Londres, 15 de dezembro de 2009 – 22h30min
Eu não sabia o que estava colocando na mochila, mas acho que é normal estar com certa dificuldade em assimilar o que tinha acontecido nas últimas vinte e quatro horas, aquela manhã eu era uma pessoa, agora eu sentia que era apenas um corpo se mexendo de um lado para o outro, não conseguia evitar que meus olhos ficassem fora de foco o tempo todo.
Vai acabar logo.
Não sei com qual intenção, mas era a frase que eu repetia no meu cérebro o tempo todo, tentando me convencer de que tudo aquilo era mais um pesadelo e que eu acordaria gritando a qualquer segundo, a Ashley me traria um chá quente e nós iríamos para sala assistir desenhos até o dia amanhecer novamente.
Vai acabar logo?
Anos de fuga que não levaram a nada, eu estava aqui onde tudo tinha começado, novamente. Por que eu tentaria lutar contra alguém que parece ter o controle sobre cada passo que eu dou?
Ele tinha provado que era mais forte do que eu, matando a única coisa que me mantinha sã.
Com sorte o avião vai cair.
Puxei um moletom que estava embaixo de uma poltrona no canto do quarto, com ele veio junto uma revistinha do homem aranha, a primeira que ele tinha me emprestado pra ler. Sem precisar abrir a revista para lembrar a história, era o primeiro encontro de Peter Parker com a Gwen Stacy.
Passei a mão na capa, fechei os olhos tentei imaginar como seria tocar o rosto dele de novo.
A verdade é que naquele momento eu não sabia o que sentir, a não ser o vazio e o nada.
Tinha o palpite de que a raiva viria junto com o sol maldito daquele grande inferno que era Los Angeles. Com nada a perder eu só teria uma coisa em mente, mas só pensaria em como iria acabar com o Peter depois, por hoje eu só me deixaria ser arrastada como prisioneira pela última vez.
Guardei a revistinha na parte da frente da mochila. Antes de fechar, peguei dois comprimidos de Noctal e engoli sem água, isso devia me fazer apagar em quinze minutos.
Lá embaixo Alec e Nick estavam a postos me esperando, Peter tinha ido a um hospital, mas o soco que eu dei não teve força suficiente para quebrar, apenas para sangrar um pouco. Desci as escadas sem vontade, mas de cabeça erguida.
-Sua cavalaria espera princesa. – O Nick falou em tom de gozação, enquanto abria a porta do carro.
-Gostou de ficar manco idiota? Me chame de princesa de novo e eu arranco as tuas bolas fora.
Ele ficou sério e até o Alec conteve a risada.
Entrei no carro, o Peter estava inchado e as olheiras estavam começando a ficar muito roxas.
Ele não me olhou.
Não é fã da sua princesa?
Guardei meus comentários.
Não trocamos nenhuma palavra, ele só falou com o Nick.
-Dirija, a última coisa que eu quero é perder o vôo e ficar preso aqui.
X
Estávamos presos no engarrafamento, o idiota do Nick tinha pego a Waterlood Rod, ou seja, o pior caminho para se chegar ao aeroporto. Eu pouco estava ligando para o que estava acontecendo, o efeito do remédio estava começando a bater.
-Chefe, eu acho que tem um táxi nos seguindo.
-Você acha?
-Ele acabou de virar da Stanford, mas é quase certo.
-Cala a boca Nicholas e dirige. É só um táxi.
Um táxi nos seguindo? Mas quem poderia ser? Procurei não olhar para trás e lutar contra o efeito do remédio.
Nick arrancou na velocidade permitida por todas as outras ruas, quase ultrapassou dois sinais vermelhos, por pouco. O Peter não reclamou da velocidade, afinal chegamos ao aeroporto sem atraso. Quando o carro parou, ele segurou meu braço com força.
-Não tente nenhuma gracinha, garota.
Desci do carro, procurando algum sinal do táxi que podia estar nos seguindo.
Eles não poderiam me empurrar e me forçar entrar, com o Peter tudo era imagem e ele nunca criaria uma cena em um lugar público. Por outro lado, de que adiantaria? Nessa altura eu não queria ser salva, quando vi aquele carro cair deixei minha armadura cair junto.
Alec me escoltou, fazendo questão de me fazer sentir a arma que estava na parte de dentro do paletó dele.
Eles não tinham notado que eu não ligava para aquela merda toda?
Quando pulamos a fila, pois o Doutor Facinelli nunca fica em pé por mais de cinco minutos esperando alguma coisa, minha mente começou a imaginar se acontecesse um acidente na cabine do piloto e o avião caísse.
Não seria uma morte dolorosa suficiente para o Peter, eu teria que trabalhar nisso.
Seria mais um passo para admitir que eu estivesse perdendo a minha sanidade? Olhar a tela de embarque e desembarque e pensar se a vida na prisão não seria melhor do que viver sob o mesmo teto que o Peter.
Eu digo que isso é sinal de perfeita lucidez.
Olhei as pessoas indignadas na filha, olhando feio para o Peter que passava pelo detector de metais, uma velhinha parecia jogar praga com o olhar, eu poderia rir se ela não tivesse parado e me dado o mesmo olhar.
Aquilo me fez pensar no que eu estava planejando, me tornar uma assassina não me tornaria uma pessoa melhor que o Peter.
A questão era se isso iria importar por muito tempo.
Nick estava passando tirando os sapatos para poder passar pelo detector, ouvi uns xingamentos mais altos vindos da fila, parecia que alguém estava querendo furar a fila.
Desejei ter mais um comprimido para dormi.
-Kristen...espera.
Era a minha vez de passar pelo detector, mas a Ashley estava gritando com um guarda do aeroporto segurando o braço dela.
-Senhorita, você não pode passar para sala de embarque sem uma passagem.
-Por favor, senhor segurança, eu só preciso falar com a minha irmã.
Larguei a minha mochila com o Alec e fui até ela.
-Que merda Ashley, o que você está fazendo aqui?
Depois de todo o trabalho que eu tive.
-Eu...precisava...segui...no... táxi.
Ela tentou falar sem fôlego, pela bochecha rosada deu pra notar que ela tinha corrido muito até chegar aqui.
Olhei para trás, eles não fariam nada com os seguranças do aeroporto por perto e as pessoas olhando.
-Ash, você precisa ir embora.
Ela me ignorou.
-Eu preciso te dar uma coisa.
Que merda era essa? Por que ela não me obedecia? Ela obedeceu todo mundo a vida toda.
Péssima hora para ser rebelde Ashley.
Em seguida ela tirou a jaqueta vermelha e colocou em volta de mim, depois me abraçou.
-Tem um recado dentro do bolso esquerdo, leia quando estiver sozinha.
Continuei parada sem falar nada, ela me beijou na testa.
-Taxímetro ficou ligado, eu tenho que ir.
Ela apertou a minha mão, olhando bem nos olhos.
-Te vejo em breve.
Então ela foi embora correndo, como chegou.
Andei de volta ao detector de metais, todos olhavam pra mim. Aquilo não tinha sido uma alucinação do remédio nem nada.
Coloquei a jaqueta na esteira, junto com a minha mochila e os sapatos.
Nada apitou.
Entrei no avião vestindo a jaqueta que a Ashley tinha me dado. Peter pareceu não fazer muito caso do que tinha acontecido, quando se sentou na poltrona da primeira classe tomando um sedativo, Alec que tinha ficado do meu lado, como cão de guarda, olhou torto observando a jaqueta.
-Mulheres...puff.
Eles não tinham desconfiado de nada, mal podia controlar as minhas mãos suadas segurando o papel dentro do bolso.
-Vou ao banheiro.
Alec imediatamente agarrou meu braço.
-Não tenta nenhuma gracinha, pirralha.
-Eu quero mijar idiota, larga meu braço.
Ele soltou meu braço sem fazer cena, eu também não queria. Peter estava de olhos fechados, mas a poucas cadeiras de distância.
Andei em passos largos até o banheiro mais próximo, minhas mãos tremiam quando eu tranquei a porta e desenrolei o papel com uma única frase, escrita em caligrafia apressada de uma professora de jardim de infância, as palavras que sopraram um vento de felicidade no meu rosto, mesmo ali na cabine fechada do avião.
“Ele está vivo.”
Continua...
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