28 junho 2011

TENIR MA MAIN - CAPÍTULO 7

E aí pervinhas será que quem mexe com fogo sempre se queima?? Ótima leitura!
Classificação: Maiores de 17 anos
Autora: Lore Volturi
Gênero: Romance/Drama 
Aviso: Sexo/Lemons


Capítulo 7
Kristen Pov


Eu tinha que confessar, era divertido demais ‘brincar’ com o Robert. Ele tinha aquela expressão de medo, toda vez que eu chegava perto demais dele. O jeito que ele me olhava, me fazia sentir como se estivesse no comando.
-Vamos Rob, confesse eu intimido você, não?!
Então aconteceu rápido, a mão dele que antes procurava a maçaneta da porta, agora tinha ido pra minha cintura, e ele tinha invertido as posições. Ele agora estava no controle, me colocando contra a porta, ele apertou meu corpo contra o dele. Abri a boca em choque, por essa eu não esperava.
-Você se acha bem espertinha, não?!
Não pude deixar de sorrir.
-Eu sou mais esperta que você. – Dei uma gargalhada. – Vamos, eu sei que você me quer.
Os olhos dele estavam tão perto, ficamos nos fitando por alguns segundos, testando pra ver quem ia cair primeiro. Meu olhar caiu para os lábios dele, sem querer. Em seguida estávamos nos beijando, foi mais violento que o do parque. Tinha urgência, agarrei o cabelo dele com força e ele apertou a minha cintura. A língua dele estava quente comparada a minha, nossas respirações já estavam irregulares. Eu mordi o lábio dele, ele soltou um gemido baixinho. Eu sorri enquanto os lábios ainda estavam grudados nos meus.
As mãos dele correram pela minha coxa, enquanto a barba dele roçava no meu pescoço.
“Confesse, você me quer! Eu sei que quer.” – falei baixinho.
Ele apertou mais o meu corpo contra o dele, me deu um beijo violento. E depois me soltou, olhando pra mim com respiração ofegante. Olhei pra ele sem entender.
-Não sou otário, pra entrar nesse seu joguinho. Você é gostosa, mas não vale a pena.
Ele saiu e bateu a porta.
Ok, por essa eu não esperava. Andei até a ponta da escada e ouvi ele perguntar pro Tom.
-Você vai assisti ao jogo aqui? Ou vem pro bar comigo?
-Acho que vou ficar por aqui. – O Tom respondeu.
-Ótimo, fica nessa casa que só tem mulher louca.
Saiu pela porta como um furacão.
Ok, eu devia dá um crédito a ele. Afinal, eu queria mesmo sacanear com ele. Brincar com esse tipo de idiota, advogadinhos de merda, me dava um prazer que só eu entendia.
Mas tinha algo nele que eu não entendia. Não fazia sentido, eu senti que ele tava tão excitado quanto eu, e mesmo assim ele parou.
Resolvi deixar o Tom e a Ashley lá em baixo, assistindo o jogo. Fui na minha mochila atrás dos últimos comprimidos pra dormi. Teria que arrumar um jeito de conseguir mais, sem receita médica, mas isso era algo pra se pensar depois. Agora eu só queria dormi e não pensar em nada.


X

Duas semanas depois.
Eu amava Londres, com chuva ou sem chuva era a cidade perfeita. Não tinha concreto demais, não tinha verde demais. As pessoas eram muito diferentes e muito educadas, à vezes educadas demais.
Eu estava me sentindo em casa, e eu me sentia bem assim. Não como os últimos lugares que eu tinha ficado, no Arizona, aquilo era o inferno, comparado àquela cidade, aqui eu estava no paraíso.
Estava deixando me levar, viver com a Ashley era fácil, era como na Flórida, era família. Provavelmente a única que eu podia chamar assim. Ela falava muito, na maior parte das vezes, fazia a conversa.
 Ela tinha conseguido um emprego pra mim, como hostess em um restaurante chique, por noite tinha gente que gastava cinco mil libras.
 Eles pagavam muito bem, mas o trabalho era um saco.
O gerente me odiava em parte por eu ser americana e outra por vários outros motivos, estava sempre reclamando que o meu cabelo estava oleoso, a minha postura era desleixada, minha maquiagem mal feita, meus sapatos inapropriados, o meu cheiro de cigarro.
Imaginem como eu estava amando ouvir isso durante os sete dias que eu já trabalhava aqui.
Em outros tempos eu teria desistido no primeiro dia, mas eu devia isso a Ash. Então por ela, continuei indo para aquele massacre diário.
-Boa Noite, bem vindos ao Gordon Ramsey at Claridge’s! – Um sorriso falso. – Deixe eu lhes acompanhar até a sua mesa.
Diziam que até aquele pessoal da nobreza jantava aqui.
Eu voltei para o meu posto, essa noite estava calma. Eu podia terminar a fase cinco do joguinho no meu celular. Estava distraída demais, quando ouvi um pigarro, uma mulher mais baixa que eu, me olhou com ar de superioridade e deu um sorriso falso.
-Você não devia estar trabalhando, em vez de jogar no celular?
Respirei fundo.
-Em que posso lhe ajudar Senhora? – Ela deu sorrisinho que me deu náuseas.
-Senhorita, por favor! – Ela olhou para ao redor tirando o casaco. – Eu estou aqui em um encontro, mas acho que ele ainda não chegou.
-Geez, por que será? – Falei baixinho pra mim mesma.
-O que você disse? – Ela olhou séria pra mim.
-Eu perguntei se a Senhorita, gostaria de sentar no bar e esperar. – Ela olhou pro bar, pensou e olhou para o relógio.
-É, imagino que ele não vá demorar muito.
Espero que ela passe o resto da noite plantada naquele bar, que idiota. Ela sumiu da minha vista e eu voltei pro meu jogo. Não sei se foi a falta de atenção ou a raiva que eu tinha sentido pela loira idiota, que tinha me distraído ainda pouco. Mas o meu gnomo morreu logo em seguida “Game Over”.
-Que merda! – Falei, um pouco alto.
Mas o som da porta do restaurante abriu bem na hora e abafou o som. Quando olhei quem estava entrando, acabei me esquecendo por que tinha falado o palavrão.
-Ora, ora, ora. Vejamos quem vai jantar perto da porta da cozinha hoje.
-Oh Meu Deus, o que aconteceu por aqui? Isso aqui costumava ser um bom restaurante, agora deixam qualquer uma trabalhar como Hostess. – Ele falou num tom cheio de superioridade, que me fez sentir raiva de novo.
Olhei pra lista da noite e não vi o nome e nem sobrenome dele.
-Oh me desculpe, mas não tem nenhuma mesa reservada para um triste, rude e solitário advogadozinho de merda.
Ele sorriu, tirou o casaco e eu fiquei com raiva de mim, por me deixar babar nele de terno. Parecia mais alto e devo admitir mais bonito. Vai ver é uma coisa dos britânicos, até os mais chatos e idiotas, eram charmosos.
-Na verdade, eu estou esperando alguém. –Ele olhou pro bar.
Seria possível? Então a loira estúpida veio andando na direção dele. O idiota sorriu.
-Eu já estava me perguntando se você ia mesmo aparecer.
-Desculpe o atraso, sabe como é o trânsito.
-Tudo bem, contanto que não se repita.
Senti vontade de vomitar com aquela conversa.
-Desculpe interromper o casal, mas eu preciso saber em que nome estão as reservas.
-Hess, Georgia Hess.
Quê isso? Ela pensa que é James Bond pra falar assim?
-Se o casal quiser me acompanhar, por favor, vou lhes levar a sua mesa.
Eu esperava que a pior mesa fora da cozinha estivesse desocupada e estava ninguém gostava de sentar ali, também era o lugar mais barato do restaurante. Robert estava do meu lado direito.
-Uma garota fazendo reservas por você Robert. – Cochichei baixinho- Muita classe.
-Cale a boca.
Sorri me divertindo, agora tinha chegado à mesa deles, pequena e desconfortável. Aquele era mesmo o lugar mais quente do restaurante.
-Tem certeza que não tem outra mesa disponível?
-Não senhorita, só essa está à disposição no momento.  – Eles se sentaram, a idiota da Georgia parecia claramente incomodada. – Aqui está o cardápio dos vinhos. Se me dão licença, eu vou chamar o garçom para servir vocês.
Robert segurou o meu braço. Olhei séria pra ele, logo ele largou.
- Poderia ver a cesta de pãezinhos, não tem aqui.
-O garçom vai trazer.
-Mas você já está aqui, não custa nada.
Apenas sorri e fui até a cozinha. Peguei a primeira cestinha de pães que tinha na frente, mas logo tive uma idéia. Joguei pimenta branca em cima.
Vamos ver se ele gosta dos pães idiotas!
Fui até a mesa deles e coloquei a cesta de pães no centro, sorri falsamente.
-Mais alguma coisa Senhor?
Robert sorriu triunfante e satisfeito, pegou um pãozinho. Isso filho da puta, come essa merda!
-Não eu estou satisfeito. – Ele colocou o pão na boca e mastigou.
Levou segundos até ele sentir o gosto da pimenta, a expressão dele logo mudou.
-FUC... – Ele pegou a taça de água e começou a beber água.
-Idiota, nunca mais tente bancar o engraçadinho comigo. – falei no ouvido dele.
Eu ia me virando para voltar ao meu posto, mas então a loira azeda resolveu se manifestar.
-Robert você está bem?
-Ele está ótimo. – Respondi dando um  tapa na costa dele.
-É impressão minha ou vocês se conhecem.
Me abaixei, mas na direção dela.
-Na verdade, é engraçado você comentar isso...
Ele chutou a minha perna por de baixo da mesa, doeu.
-NA VERDADE, o meu melhor amigo está saindo com a amiga dela. – Ele falou sério. – Nó nos conhecemos só de vista.
Eu tinha perdido a paciência com aquele cara, almofadinha de merda.
Peguei uma cadeira e sentei, ele encheu o copo de água e continuava a beber.
-Não, querida! ELE está mentindo, nos conhecemos semana passada, em um pub e eu chupei o pau dele, é gostoso. Você deveria experimentar!
Encarei o rosto da loirinha estúpida, chocada com a mentira que eu tinha acabado de tocar. Queria muito rir, depois olhei pra cara do Robert, agora todo molhado, tinha cuspido a água.
Olhei dele pra ela, dela pra ele. Sorri triunfante.
-Bom, é isso. Bom jantar!
Me levantei, não olhei para os lados pra ver a reação das outras pessoas do restaurante.
O Gerente veio andando na minha direção com aquela postura de quem tinha um pau enfiado no cu.
-A senhorita poderia me explicar o que aconteceu naquela mesa?
-O que acontece é que ‘EU ME DEMITO!’- Ele arregalou os olhos, pelo jeito que eu tinha gritado e quase cuspido na cara dele. – Amanhã eu passo aqui pra pegar meu dinheiro.
Então peguei o meu casaco e saí pela porta da frente.
Era o trabalho mais longo que eu tinha tido nos últimos dois anos e tinha durado uma semana.
Que belo avanço Kristen
x


ROBERT POV
Gordon Ramsey at Claridge’s, 10 de outubro de 2009 – 20h09min
Isso tinha mesmo acabado que acontecer? Eu olhava a Georgina se levantando e indo até a porta do restaurante e levei pelo menos dez segundos até me dar conta que deveria está fazendo alguma coisa.
-Georgina, por favor, espere! – Eu me levantei e corri atrás dela.
Ela olhava para as outras pessoas no restaurante.
-Você tem idéia do quanto isso foi humilhante?
-Imagino, mas eu posso explicar...
-Não, não quero saber. Eu pensava que você era diferente dos outros, não que ficava andando com qualquer uma... Ainda mais fazendo esse tipo de coisa. – Ela fez um som de nojo, estranho.
Continuei tentando fazer a minha defesa, apesar de não ser bom nisso.
-Mas ela está mentindo, eu posso explicar, me deixe explicar.
Ela pegou o guarda-chuva e se virou pra mim.
-Adeus Robert!
E assim, mais uma foi embora. Ela era filha de uma das amigas do clube do livro, da minha mãe. Amanhã, assim que eu acordasse já teria uma mensagem de voz da minha mãe falando aquele sermão de sempre.
-O que eu fiz? HEIN DEUS? O QUE EU FIZ PRA MERECER ISSO? – Gritei com raiva olhando pro céu.
Algumas pessoas olharam torto pra mim, eu não liguei. Estava cansado demais pra me importar.
Caminhei até a primeira loja de conveniência mais próxima, eu só queria comprar minha cerveja, um hot pocket e ir pra casa.
Peguei cinco hambúrgueres, estava com muita fome, não me julgue! Quando peguei a carteira, lembrei de novo da americana. Devo dizer que durante a semana, pode ter sido que meus pensamentos tenham vagado e eu me lembrei da noite no parque, depois do beijo no quarto dela.
A última coisa que eu imaginava que fosse acontecer era encontrar ela naquele restaurante.
O Tom andava de papo com a amiga dela no telefone, podia ficar sério entre eles então eu sabia que existia a possibilidade de ver ela, não sei.
Digamos que eu não queria pensar muito nisso, mas depois de hoje. Não sabia nem o que pensar.
A chuva tinha dado uma trégua, Londres tinha um clima meio volúvel nessa época do ano. Eu estava com a cabeça a mil, a insegurança começava a bater. Eu sabia muito bem que os promotores do caso do Artie eram implacáveis. Eu já tinha escutado uma história de queeles fizeram uma testemunha chorar, só com um olhar.
Provavelmente era mentira, mesmo assim não conseguia ficar tranquilo.
Decidi ir caminhar um pouco pra clarear as idéias.
Estava perto do Hyde Park, mas lá não tinham muitos adolescentes e casaizinhos  nessa hora.
Talvez eu devesse desistir de forçar a barra com esses encontros, sempre acabavam mal. Eu não gostava de términos, saíamos os dois machucados. Talvez o problema não seja elas, talvez eu não esteja me esforçando realmente.
Parei num banco e admirei a ponte de Londres, tomei mais um gole da minha cerveja.
-Aposto que está pensando em mil jeitos de arruinar a vida “daquela americana idiota”.
Uma voz falou atrás de mim, já disseram uma vez que não é fácil se livrar do Dd???iabo. Acho que é verdade.
-Deus, já não bastava arruinar o meu encontro. Agora vem me atazanar?
-Arruinar o seu encontro? Eu te salvei de uma roubada, aquela mulher era um pé no saco. Você devia me agradecer.
Eu não estava com vontade de discutir, não tinha mais paciência e nem saco. Ela notou isso, tomei mais um gole da minha cerveja e voltei minha atenção pro céu nublado. Olhei de canto de olho, ela tinha se sentado na outra ponta do banco.
Ela puxou um cigarro de origem duvidosa, eu fingi que não vi. Ela tragou e depois soltou bolas de fumaça. Ela olhou na mesma direção em que eu olhava, até surgir uma ruga no meio da testa.
-O que estamos olhando exatamente?
Ela realmente pensa que pode fazer isso? Chegar aqui sentar comigo e puxar conversa, depois do que tinha acabado de acontecer. Bebi o resto da minha cerveja e joguei a garrafa fora, peguei outra.
-Você não tem que estragar encontros de outras pessoas? Arruinar outras vidas? Furtar outras carteiras?
-Nossa, parece que alguém está de mau humor!
Só podia ser piada, não? Seria capaz de existir um Ser que conseguia ser irritante só de respirar perto de mim?
-Por favor, eu tive um dia difícil. Você já fez estragos suficientes aqui.
-Oh, coitadinho dele! – Ela falou tirando sarro. – Dia ruim no trabalho? Não entregaram o café colombiano pela manhã? Não... Deixe-me ver, gastou o salário em ternos italianos...não  Deixa-me adivinhar, o máximo que vai ter que fazer é pegar um dinheirinho com o papai...
Eu não ia tolerar ela ficar lá tirando sarro de mim. Não mesmo.
-PORRA, CALA A BOCA.
Falei alto, mas ela não se assustou nem nada. Apenas deu um sorriso torto, um trago no cigarro e se virou e olhando pra mim, como quem esperasse mais.
-Assim é melhor.
-O quê? – perguntei frustrado.
-Quando se tem um dia ruim e as coisas estão mal. Você não pode ficar quieto e olhando pro céu, esperando uma solução mágica aparecer. Você tem que gritar, chutar, bater, colocar pra fora. Ou então vai te corroer por dentro, te devorar vivo. “Se a vida te dá um chute no estômago, você chuta de volta duas vezes mais forte.” – ela sorriu. – Aposto que se sente melhor agora.
Olhei para Kristen espantado, era a primeira vez que eu a ouvia falar tanto e algo que realmente fazia sentido.
Ela estava certa, me sentia melhor.
-Posso saber da onde você tirou essa filosofia? Não me parece o tipo de pessoa que tem dias difíceis, você entra em parques privados, furta carteiras, mente com uma cara de pau incrível.
Já tinha parado pra observá-la, me parecia o tipo de pessoa que não se deixava abalar por nada. Ela era segura demais, destemida demais, im?pertinente e ainda assim, eu conseguia ver que aquilo não era tudo, os olhos dela escondiam uma tristeza quieta, se é que pode dizer assim.
- Você pode, por favor, superar a história da carteira?! Deus, não seja um bebê! – Ela deu um trago no cigarro. – E esse tipo de coisa, a gente não inventa se aprende.
Eu tive que rir.
-O que foi?
-Você fala como se fosse uma velha.
-Talvez eu seja, isso tudo aqui – ela fez um gesto apontando pro rosto. – É botox.
Nós rimos juntos, acho que pela primeira vez. Ela conseguia ser agradável, quando queria.
-Essa é a hora em que você me oferece uma cerveja Robert.
Olhei para ela meio desconfiado por alguns segundos. Ela levantou as mãos.
-Prometo ficar longe da sua carteira. – Fez uma careta.
-Pode pegar uma. – Ela pegou a sacola e tirou uma, mas deu uma olhada no resto da comida.
-Uau, como você é um garoto saudável. Aqui tem mais hot pocket do que eu já comi em toda minha vida.
-Eu tenho cara de quem sabe cozinhar?
Eu sabia o número de todos os restaurantes que faziam delivery em Londres. Era mais prático, do que eu tentar cozinhar.
-Hm, você tem cara de que não sabe fazer muitas coisas.
-O que você quer dizer com isso? – Ela estava sorrindo, não podia ser bom.
-Eu não sei, é só a impressão que eu tenho de que você não é do tipo de cara que sabe chutar uma bola direito ou sei lá, qualquer atividade física.
Ela tinha acertado, eu só sorri. Geralmente levava um mês a até elas se darem conta de baixo do terno e do advogado, ainda tinha um cara que nunca foi a um jogo de futebol.
Ela tomou um gole da cerveja, diferente daquele dia, ela bebeu com calma.
-Então.
-Então.
Olhei pra ela por uns bons segundos, eu não queria falar que eu estava realmente intrigado com ela. Tudo naquela garota me atraia, por mais que eu não quisesse admitir.
-Essa não é aquela parte em que você fala que só namora o quarterback, do time de futebol?
Ela me olhou, dando a resposta com um sorriso iluminando seu rosto.
-O que você acha?
Observei ela colocar a garrafa na boca e beber mais um gole.
Eu queria beijá-la, mas isso tendia a estragar as coisas. Então me contive, veio um vento forte e ela tremeu de frio.
-Toma. – Eu fui tirando o meu casaco pra dar a ela.
Ela riu, mas foi logo me parando.
-Não precisa Robert, eu to bem.
-Não, você tá tremendo. Não deve ter se acostumado com o clima daqui.
Ela aceitou, e sentou mais perto de mim. Senti meus batimentos cardíacos aumentarem.
 Será que dava para ser mais idiota Rob? Ela só está sentando do seu lado, vocês não vão transar. Uma garota dessas nunca transaria com você.
Apesar de que não foi o que pareceu naquela noite do lago e depois no dia seguinte, no quarto dela.
-Eu pensei que cavalheirismo estivesse extinto. – Ela esfregou as mãos, pra aquecer.
-Eu tenho meus momentos.
O silêncio não era desconfortável, o frio não era desconfortável e ficar ali sentado no banco com ela era surpreendentemente... Confortável.
-Robert, tem uma coisa que eu não entendo. – Ela se virou pra olhar pra mim. - Você não é igual aos outros advogados que eu conheci.
-O que eu tenho de diferente? – Ela tinha conhecido muitos advogados? Guardei a pergunta pra mim.
-Quase tudo, mas pra começar. Você é humano. – Ela olhou pra frente e riu.
-Bem, então isso é uma coisa boa.
-Pode apostar você é provavelmente o único advogado que eu gosto. A maioria de vocês não tem alma. Mas você parece ser um dos bonzinhos.
 Bonzinhos?Isso soou mal, mas devo dizer que aquilo estava fazendo um bem danado pro meu ego, eu não estava acostumado com elogios e coisas do tipo.
-Fico feliz, mas não pretendo ser por muito tempo. Se eu ganhar o próximo caso, talvez eu possa trabalhar com algo que realmente gosto.
-Jura? O que seria isso?
-Eu queria desenhar pra uma Grafic Novel. Talvez, ainda não sei se sou bom.
-Tipo quadrinhos? – Ela parecia chocada. – Uau, isso é demais.
Não esperava ver ela empolgada com isso, mas já fiquei feliz dela não ter tirado sarro da minha cara.
-Você acaba de subir cinco degraus no meu conceito.
Nós rimos juntos, e o celular dela tocou. Ela passou a mão no cabelo, como quem pede paciência.
-Você quer apostar quanto que é a Ashley?
Ela se levantou e foi atender o celular. Soltei um bocejo, eram dez da noite e eu já estava com sono. Rob você está ficando velho.
Não demorou muito ela voltou.
-Ela já sabe que eu me demiti.
-E agora? O que você vai fazer?
-Procurar outro, não?! To acostumada com isso.
Ela tirou o meu casaco, dobrou lentamente e colocou no meu colo.
-Vou indo nessa, antes que a Ashley surte.
-Boa sorte, com o novo emprego.
Ela foi caminhando, provavelmente ia pegar o metrô. [i]Vamos Robert, você vai deixar ela ir embora assim?[/i]
-Kristen!! – Corri até consegui alcançá - la. – Na semana que vem... O Tom.
-Vai dar uma festa, eu tô sabendo.
Me senti um idiota, como ela sabia? Eu fiz uma careta.
-Eu moro com a Ashley, esqueceu?
O Tom vivia falando da Ashley nos últimos dias, como ela era daquelas pra casar. E pro Tom, falar isso de uma torcedora do Red’s podia ser amor mesmo.
Ela deu aquele sorriso lindo, se divertindo com a minha falta de jeito.
-Eu estava pensando em te convidar, acho que você já ia mesmo.
-Talvez. – Ela mordeu o lábio. – Eu te ligo.
-Me deixa te dar meu número.
 Procurei no bolso do casaco. Ela sorriu mostrando um cartão na mão, por que eu estava surpreso?
-Como...?
-Pode ficar tranqüilo, hoje só peguei o cartão, Rob. A gente se vê por ai, Londres não é tão grande assim.
Como ela fazia essas coisas? Eu devia ficar preocupado? Não, eu estava intrigado demais pra ligar pra qualquer outra coisa. Coloquei meu casaco, ainda tinha um pouco do cheiro dela.
Se antes eu me policiava para não pensar nela, agora ia ficar mais difícil de controlar.
Continua...

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