04 abril 2011

REMEMBER ME - CAPÍTULO 14

Nossa FIC tá chegando ao fim...=/ Como será que Kristen irá se adaptar a ideia de ser mãe?!Ótima leitura!

Capítulo 14

Eu torcia as mãos nervosamente e mordia os lábios com mais força do que deveria quando Rob parou o carro. Suas mãos cobriam as minhas.



-Pare com isto. – me advertiu.


-Eu não consigo.


Eu estava simplesmente apavorada. A vontade que eu tinha era de sair correndo sem olhar para trás.


-É apenas uma criança, Kristen.


-Ah sim. Uma criança que espera que eu seja mãe dela. Algo que eu não me lembro como ser.


-Apenas aja naturalmente. Se ficar nervosa, ela ficará também, e será muito mais difícil.


Sim, ele tinha razão. Ter uma crise histérica na frente da menina ia ser bem pior. Eu respirei fundo várias vezes, tentando me acalmar.


Olhei para frente, do outro lado da rua um portão grande foi aberto e várias crianças saíram para encontrar seus pais. Pais que não tinham crise de pânico só porque ia buscar seus filhos na escola.


Eu engoli em seco. Rob apertou minha mão.


-Se não estiver pronta para isto, podemos voltar e…


-Não. Eu preciso encarar. – e abri a porta do carro.


Rob deu a volta e segurou minha mão enquanto atravessamos a rua. Ao ver aquele mar de crianças, sabendo que a qualquer momento aquela que eu temia ia aparecer me deixou nervosa de novo.


Senti o pânico me dominar e estaquei, empalidecendo de medo.


-Kristen…? – Rob me chamou preocupado.


-Talvez devêssemos… – mas eu não consegui terminar, pois alguém deu um gritinho.


-Mamãe!


Oh Deus. Pra onde eu fugia agora? Eu podia ouvir seus pequenos pés correndo para nos alcançar, mas não conseguia me mover. Rob apertou minhas mãos.


-Kristen – sua voz era uma suave advertência e eu me obriguei a pensar racionalmente.


“Sem pânico. Apenas respire e tente agir normalmente” eu dizia a meu cérebro entorpecido.


Eu me virei ao mesmo tempo em que ela nos alcançou. Eu esperei, não menos apavorada, que, como da outra vez, ela pulasse me cima de mim. Mas ao chegar perto, ela hesitou.


Os olhos verdes temerosos foram de mim para Rob. Ok, eu a estava assustado. Que ótimo. Talvez agora ela pudesse correr de volta para a escola e dizer a seus amiguinhos que tinha uma mãe maluca.


-Está tudo bem, Agnes. – Rob falou se agachando para abraçá-la.


E eu pude ver ela cochichando algo em seu ouvido e Rob riu ao se afastar.


-Não, ela não vai desmaiar de novo se você abraçá-la – e ele me fitou – não é Kristen? – indagou numa mistura de advertência e encorajamento.


Eu limpei minha garganta e forcei um sorriso. O mais tranqüilo que consegui.


-Claro que não. – Falei rápido e bastou para que ela estendesse os braços para mim.


Eu hesitei apenas um momento, antes de me abaixar e abraçá-la. Ela era macia e quente e frágil e tão… viva. E eu me perguntei como é que ela tinha saído de dentro de mim.


Aquele ser completo.


Eu me afastei, aliviada por ter passado naquele primeiro teste. Ao menos não tinha desmaiado de novo. E nem saído correndo apavorada. E o mais importante. Agnes parecia aliviada também.


-Vamos? – Rob falou e a menina segurou na minha mão, me puxando em direção ao carro.


-Aonde vamos? – ela indagou quando entramos no carro.


-Pra casa.


-Pra nossa casa?


-É – Rob falou sorrindo enquanto dava partida e Agnes pulava no banco de trás.


E quando eu digo pulando, é pulando mesmo no sentido literal da palavra.


Eu olhei pra Rob meio assustada e ele riu.


-Ela está feliz porque desde que sofreu o acidente não fica em casa.


-Quem cuidou dela todo este tempo?


-Meus pais.


-Entendi.


Eu olhei o movimento pela janela. Uma parte minha tinha curiosidade de conhecer os pais dele. Mas outra achava aquilo bem assustador também.


-O que eles acham… – eu fiz um movimento com a cabeça, não ia falar “minha amnésia” na frente de Agnes. – deste meu problema?


-Eles sentem muito.


-Eles… gostam de mim?


Rob sorriu.


-Porque não gostariam?


-Não sei… talvez pelo motivo que nos casamos – eu fiz de novo um movimento em direção a Agnes.


-Meus pais respeitam minhas escolhas. E eles amam Agnes.


-Que bom. – Suspirei, sem querer continuar o assunto.


Nós chegamos no prédio e Agnes corria a nossa frente, toda animada. Eu ainda estava bem receosa de fazer qualquer coisa errado. Aliás, eu estava receosa de fazer qualquer coisa na verdade.


Quando entramos no apartamento, Agnes correu para seu quarto, gritando algo sobre verificar se estava tudo no lugar, seja lá o que ela queria dizer com isto.


-Não foi difícil, foi? – Rob indagou.


Eu rolei os olhos.


-Não estou nem a uma hora com ela, não posso dizer muita coisa.


-Você vai ver que é fácil.


-Se você diz…


De repente o telefone celular dele tocou. Ele atendeu e falou algumas palavras rápidas, ficando tenso. O que seria agora?


-O que foi? – perguntei, quando desligou.


-Eu preciso sair.


-O que?Sair pra onde?


-Tem uma emergência no estúdio.


-Mas não pode me deixar sozinha com ela!


-Kris, eu não iria se não fosse realmente importante.


-Outra pessoa não pode resolver?


-Infelizmente não.


-Não pode fazer isto.


-Kris, pare de se apavorar.


-Eu não faço idéia de como cuidar de uma criança e ainda mais uma que espera que eu seja mãe dela! Você não pode ir.


-Eu voltou rápido.


-Por favor, não faz isto.


-Vai dar tudo certo. Meu telefone está na agenda. E a Agnes sabe de cor. Se precisar me liga. Ou liga para minha mãe.


Ele beijou minha testa e saiu.


-Traidor! – resmunguei.


Agnes entrou na sala.


-Mamãe, posso tirar esta roupa horrível?


Eu me virei para ela.


-Esta roupa não é horrível. – Falei a primeira coisa que me veio a mente ao ver o típico uniforme escolar.


Ela revirou os olhos.


-Claro que é!


-Bem… Não precisa mais dele hoje não é? Quer dizer, a escola acabou por hoje?


-Claro que sim.


-Então acho que você pode tirar…


Mas ela ficou parada no mesmo lugar.


-Você sabe se vestir sozinha não é? – indaguei.


Eu não fazia ideia. Tentei me lembrar de mim mesma aos quatro anos. Do que eu já era capaz de fazer, mas não consegui me lembrar.


-Ou talvez precise que eu te ajude? – falei como que pra mim mesma.


A menina me fitava mais confusa do que eu.


-Quer dizer… Eu não me lembro bem… mas sabe de uma coisa?Você pode fazer como quiser hoje! Ganhou o dia!


Agnes riu e se aproximou puxando minha mão em direção ao quarto.


-Mamãe! Você esta engraçada hoje.


Ai que ótimo. Ao menos eu a fazia rir. Vamos ver quando ela ia se cansar disto.


Ela me puxou pelo corredor até um quarto claro e infantil. Soltando minha mão, ela começou a abrir umas gavetas e retirar várias roupas de dentro.


-Eu posso escolher! Eu posso escolher! – cantarolava.


Curiosa eu comecei a olhar em volta. Ela ia abrindo todas as portas e eu ri ao ver as roupas. Nada de babado e rosa.


Havia muitas camisetas que pareciam com as minhas, mas em versão menor, muitos tênis e roupa de frio. Claro, estávamos em Londres. Havia alguns vestidos também.


A moda não havia mudado muito. Ou talvez nós que não seguíamos a moda.


-Gosto das suas roupas – comentei e ela riu.


-Claro que gosta, você que escolheu tudo.


Eu franzi o cenho.


-Eu não deixo você escolher?


-Eu gosto do que você escolhe. Minhas amigas não gostam muito – falou pensativa.


-Mas o importante é que você gostar. Não precisa ser igual aos outros.


Ela riu.


-Isto você sempre diz.


Eu ri também, olhando em volta.


Havia algumas bonecas. O cabelo de algumas estava bem esquisito e eu me lembrei que quando era criança gostava de cortar os cabelos das bonecas. Talvez Agnes tivesse a mesma mania. Meu olhar recaiu para um violão no canto do quarto.


-Você tem um violão? – indaguei espantada.


-Mamãe! Claro que é meu!


-Mas ele não é muito grande pra você?


-Papai vai me ensinar a tocar quando eu for grande. Igual ensinou você.


-Ah, entendi.


Eu a fitei e ela tentava tirar a roupa, sem muito sucesso. Eu me aproximei, meio cautelosa.


-Deixa eu te ajudar.


Eu podia ajudá-la, não podia? Minhas mãos tremeram um pouco ao ajudá-la a tirar a roupa e colocar o que ela tinha escolhido.


-Pronto – eu disse aliviada ao vê-la finalmente vestida.


Eu a fitei. Parecia uma miniatura de mim mesma. Era assustadoramente familiar.


-Estou com fome.


-Fome? – repeti. E agora?


Bem, era hora do almoço não é?


-Certo. Então vamos comer.


Nós fomos para a cozinha e eu parei. O que é que eu podia fazer? Eu não sabia fazer nada! E nem fazia ideia do que ela comia.


-O que você quer comer? – perguntei, tentando aparentar normalidade enquanto abria a geladeira.


-Eu posso escolher também? – falou animada, atrás de mim – Mas não tem nada aqui!


Claro. Fazia semanas que eu não estava ali, era normal a geladeira estar fazia.


-Hum, não tem nada aqui mesmo…


E agora? E agora? Eu tentava pensar numa saída. Mas meu cérebro parecia ter virado gelatina


-Olha, me espera aqui. Preciso fazer uma ligação.


Eu peguei o telefone e disquei o número do Rob.


-Alô?


-Sou eu. – Falei.


-Está tudo bem?


-Está… Quer dizer, mais ou menos. Ela disse que está com fome e não tem nada na geladeira!


Rob riu.


-Eu me esqueci disto. Porque não sai pra comer alguma coisa?


-Acho que é mais fácil mesmo. Já que eu não sei fazer nada! Como é que eu podia cuidar de uma criança sem saber fazer nada? – falei baixo para que ela não escutasse.


-Você sabe fazer alguma coisa Kristen.


-Eu duvido muito.


-Olha, tem uma chave em cima do aparador. É do carro da Megan.


-Ai que droga. Esqueci que roubei o carro dela!


-Não se preocupe. Eu falei que você ia devolver. Pegue o carro e leve a Agnes para comer.


-Mas eu não sei onde ir!


-Pergunte a ela.


-Certo. Acho que hoje é o dia de sorte dela mesmo. – Falei irônica.


-Eu vou demorar aqui.


-Qual o problema?


-Depois eu te conto. Qualquer coisa me liga.


-Certo.


Eu desliguei e Agnes estava olhando pra mim, ansiosa.


-Então, pronta?


-Sim! – ela segurou minha mão.


Eu dirigia cautelosamente pelas ruas de Londres.


-Onde você quer comer?


Ela falou o nome de uma lanchonete, que eu não fazia idéia de onde ficava. O Rob ia me pagar muito caro por isto, pensei.


-Sabe como chegar lá? – indaguei e ela riu.


-Não!


-Certo. Nós vamos descobrir!


Eu parei e perguntei. E segui, tentando me lembrar de todas as coordenadas. Mas uma hora depois eu ainda rodava sem fazer ideia de onde estava.


-Vai demorar? – Agnes falou já não tão ansiosa.


-Se eu soubesse – resmunguei – quer dizer, já estamos chegando.


-Minha barriga está doendo.


Oh Deus. Eu era péssima e ela ia morrer de fome por minha causa!


Finalmente eu avistei o nome do lugar que ela tinha falado e respirei aliviada.


-Olha, chegamos!


Ela riu novamente animada.


-Falei que estávamos chegando.


-Tem certeza que consegue comer tudo isto? – perguntei preocupada ao vê-la pedir praticamente todos os itens do cardápio.


-Você disse que eu podia escolher!


-Claro que sim. Coma o que quiser.


E ela comeu. Tanto que estava vomitando antes mesmo de sairmos dali. E eu me perguntava o que tinha feito de errado. Ela disse que conseguia comer, não disse?


-Agnes, você está bem? – indaguei preocupada e ela me fitou muito pálida.


-Eu quero ir embora.


-Eu sei.


Eu a peguei no colo e a levei para o carro, me sentindo muito culpada. Mas o que eu podia fazer agora? Levá-la ao médico? O que se fazia nestes casos? E eu nem tinha um celular para ligar para o Rob. Melhor seria ir pra casa. Claro que eu me perdi de novo e eu a fitava toda hora, me perguntando se ela iria passar mal de novo. Mas ela me surpreendeu com suas palavras meia hora depois.


-Estou com fome.


-Fome? Você acabou de comer tudo aquilo e ainda passou mal!


-Minha barriga está vazia agora!


Sim, fazia sentido. Eu avistei um supermercado e parei.


-Vamos comprar alguma coisa então.


Ela nem parecia que estava doente há alguns minutos enquanto empurrava um carrinho maior que ela dentro do supermercado.


-Posso escolher aqui também?


-Sim, mas só vai comer o que eu deixar.


Ok, agora eu tinha aprendido isto pelo menos. Ela começou a pegar várias coisas e então eu me distraí ao ver algumas revistas. E franzi o cenho ao ver um rosto conhecido na capa de uma delas.


Nikki Reed. Ela sorria ao lado de um homem moreno e a manchete dizia algo sobre um divórcio. Nikki estava se divorciando? E eu nem fazia ideia de que ela era casada! Quantas coisas mais haviam acontecido naqueles anos todos? Eu sacudi a cabeça e olhei em volta.


Cadê a Agnes?


-Agnes?


Eu voltei para o corredor onde ela estava e nada.


-Agnes! – gritei.


E nada. Eu comecei a ir em todos os corredores. Mas ela tinha desaparecido feito fumaça.


-Hei, viu uma menina de uns 4 anos por aqui? Ela estava empurrando um carrinho – perguntei a uma funcionária que sacudiu a cabeça negativamente.


-Droga!


Eu continuei procurando começando a me apavorar e então eu vi o carrinho perto da saída, mas nada de Agnes.


Será que ela tinha saído dali? Eu parei, começando a entrar em pânico.


Eu tinha perdido a minha filha. Eu sai do supermercado e fui até o carro. Nada. Voltei, tentando não me desesperar.


-Escuta – falei a um segurança – eu preciso achar uma criança.


E passei a descrição pra ele.


-Não se preocupe, nós vamos ajudá-la.


Ele me olhou como se me conhecesse. Claro, agora era bem capaz de vender a história da atriz relapsa que perdia a própria filha pro primeiro jornal sensacionalista que encontrasse. Mas eu não tinha tempo de me preocupar com aquilo agora. Eu vi um telefone público e corri pra lá. Rob atendeu depois de alguns toques.


-Rob!


-O que foi? – ele perguntou preocupado.


-Eu a perdi. Eu não sei o que aconteceu… Ela sumiu – eu atropelava as palavras.


-Kristen, acalma-se e fale devagar. Cadê a Agnes?


-Eu a perdi – gritei! – você não me ouviu?


-Como assim a perdeu?


-Ela estava do meu lado uma hora e no minuto seguinte… sumiu.


-Onde você esta?


-Num supermercado – eu passei o nome.


-Avisou a segurança?


-Sim, eles estão procurando… Rob, eu sinto muito… eu me distraí… não sei o que aconteceu…


-Fique calma. Estou indo para aí.


Eu desliguei e o segurança apareceu.


-A acharam? – indaguei.


-Não, mas já avisamos a polícia.


-Polícia?


-Não se preocupe. Ela não deve ter ido longe.


-Ela é só uma criança… e eu a perdi.


Eu comecei a tremer. O homem colocou a mão nas minhas costas tentando me acalmar.


A polícia apareceu minutos depois me enchendo de perguntas e não demorou muito para Rob também aparecer. E estava com Agnes.


-Agnes!


-Eu a encontrei. – Rob falou.


-Encontrou? Onde?


-Tem um parque aqui perto, onde ela gosta de ir.


-E ela simplesmente saiu e foi pra lá?! – eu estava a beira de um ataque de nervos.


E fitei a menina enraivecida.


-Você sabe o que fez? Eu quase morri de preocupação! Até a polícia foi chamada! Você tá louca?!


A menina se encolheu toda e começou a chorar.


-Hei, Kristen… – Rob segurou meus ombros – chega. Acabou.


Eu respirei fundo, tentando me acalmar.


-Me desculpe… eu perdi o controle.


Me virei para Agnes.


-Me desculpe, eu… – Mas ela se encolheu em direção a Rob.


Meu coração se apertou. Que tipo de mãe eu era? Primeiro eu a perdia e depois a culpava por isto, a deixando assustada. Eu era péssima.


-Vamos embora.


Nós seguimos em silêncio até em casa. Agnes estava sonolenta, depois de chorar o tempo inteiro e Rob a levou para o quarto.


Eu peguei o telefone sem fio e entrei no banheiro, discando o número da única pessoa que podia me ajudar naquele momento. E quando eu ouvi a voz conhecida eu desabei.


-Mãe…


-Kristen, o que foi, você está bem?


-Não – eu comecei a soluçar, deixando-me escorregar para o chão.


-Kristen, o que foi?


-Porque não me disse? Como pode ter escondido de mim que eu tenho uma filha?


-Oh, Kristen. Estávamos apenas tentando protegê-la. Há quanto tempo sabe?


-Desde ontem…


-Você lembrou?


-Não… Eu não lembro de nada. Eu não sei como ser uma mãe… eu estou fazendo tudo errado… acho que ela me odeia…


-Kristen… claro que a Agnes não te odeia.


-Eu a perdi hoje… foi horrível… eu não sei como cuidar dela, como… droga, como posso ser uma mãe? Eu não lembro dela, não lembro de estar grávida, de nada dos quatro anos de sua existência… eu não sei como fazer isto…


-Você sabe sim. Apenas não se lembra.


-Eu não sei o que fazer.


-Eu sinto muito, querida. Queria estar aí com você.


-Eu queria voltar no tempo. Queria…


-Não fale isto. Você sabe que no fundo não quer nada disto. Você não se lembra Kristen, mas esta é a vida que escolheu pra você. É a vida que tem agora.


-Quantas coisas mais estão escondendo de mim? Quantas coisas mais eu irei descobrir? Estou tão cansada disto…


Eu pude sentir sua hesitação do outro lado da linha e parei de respirar.


-Kristen, olhe…


De repente a porta se abriu e Rob apareceu.


-Kristen? – minha mãe me chamou.


Eu encarei Rob.


-Depois nos falamos.


E desliguei. Ele se aproximou e retirou o telefone das minhas mãos e me puxou. Eu esperava por uma bronca. Ou uma briga. Talvez até merecesse. Mas em vez disto, ele me abraçou. Eu deixei que seus braços tão familiares agora me envolvessem e encostei a cabeça em seu ombro.


-Eu sinto muito – murmurei.


-Eu sinto mais, acredite.


Eu o fitei.


-Ela me odeia não é?


Ele passou a mão por meu rosto.


-Claro que não. Neste momento ela está te esperando.


-Me esperando?


-Sim, ela quer que você a ponha pra dormir. E acho que quer pedir desculpas também.


-A culpa não foi dela… eu não devia ter me distraído.


-Ela sabe que não pode fazer isto. E não se sinta tão culpada. Crianças fazem isto o tempo inteiro.


-Eu queria saber destas coisas…


-Você vai descobrir.


Eu respirei fundo quando seguia pelo corredor até seu quarto. Ela estava sentada na cama e parecia meio receosa quando me viu.


-Oi – eu falei, mais receosa do que ela.


-Me desculpe por ter sumido hoje – ela pediu.


Eu sentei ao seu lado.


-Apenas se me desculpar por ter gritado com você.


-Eu perdôo você também.


Eu ri e ela me abraçou.


-Eu senti saudades de você – ela falou de repente, contra meus cabelos e eu senti vontade de chorar.


A culpa me oprimia. Ela sentira minha falta quando eu nem sabia de sua existência.


Eu a fitei.


-Não vai mais precisar sentir minha falta. Porque eu estou aqui e não vou mas me afastar.


-Você estava doente.


-Sim.


-O papai me disse… que não se lembra de algumas coisas.


-Sim, é verdade.


-Mas não se preocupe. Eu vou ajudar você a lembrar.


Eu sorri.


-Claro que sim. Agora acho que é hora de dormir.


Ela riu e eu a ajudei a colocar o pijama e a se deitar. Seus braços me envolveram mais uma vez, antes dela se virar e dormir quase imediatamente.


Eu sai do quarto e segui pelo corredor até meu próprio quarto. Rob estava ao telefone, mas desligou ao me ver.


-Quem era?


-Sua mãe.


-Oh… vocês tem segredos.


Ele riu.


-Não. Ela ligou de novo pra saber se você estava bem. Está? – ele indagou se aproximando.


-Acho que vou ficar – respondi.


Suas mãos enquadraram meu rosto.


-Vai dar tudo certo Kris.


-E se eu não me lembrar… de Agnes? – murmurei receosa.


-Ela vai esperar, como eu.


Eu sorri, ficando na ponta dos pés para beijá-lo.


-Acho que eu amo você.


E então eu parei, assustada com o que havia acabado de falar. Ele pareceu surpreso também e o ar se encheu de uma doce tensão. Eu tinha mesmo dito aquilo? Ou melhor, eu sentia mesmo aquilo?


Ao fitar seus olhos, eu não precisei pensar muito. Era a mais pura verdade. Meu coração disparou no peito. De medo. E de algo mais. Que eu nem sabia definir. Então ele sorriu, seus dedos afagando meu rosto.


-Você acha?


Eu mordi meus lábios, num arremedo de sorriso.


-Bem, eu não estou certa das minhas prioridades no momento. Há tanta coisa me rodeando, tanta loucura, mas quando estou assim com você… eu sinto que tudo é real. Mesmo não me lembrando… eu sinto que nós somos reais. – eu encostei a testa em seu queixo – e sim, eu não tenho certeza do que sinto, mas acho que eu amo mesmo você…


E então ele me beijou. E fez tudo de ruim ir embora.


Todo o mais ser esquecido, a não ser a pressão de seus lábios sobre os meus e as mãos, que tiravam minhas roupas enquanto me levava pra cama.


O calor se espalhava sobre minha pele, onde ele tocava, onde ele beijava, causando um curto circuito em meus sentidos. Enterrei os dedos em seus cabelos, o trazendo de volta pra mim. Seus olhos verdes me fitaram, tão intensos, tão perfeitos. E eu senti meus ossos derretendo. E mesmo não me lembrando de quase nada, eu sabia que nunca quisera tanto alguém antes.


A necessidade que eu tinha dele era mais que física. Era quase dolorida.


Seus dedos percorreram a lateral do meu corpo, me arrepiando e pousando entre minhas coxas. Eu fechei os olhos por um momento, gemendo e então os abri novamente, para vê-lo me preencher lentamente a princípio e depois aumentar os movimentos, até que eu perdesse qualquer controle, me agarrando a seus ombros, sem fôlego içando meu corpo em direção a ele e deslizasse numa bem vinda inconsciência de tudo o mais que não fosse seu peso sobre o meu e as sensações explodindo dentro de mim.


Eu ainda respirava rapidamente, ao sentir seus dedos retirando gentilmente os fios de cabelo do meu rosto e abri os olhos para fitá-lo.


-Você me ama? – perguntei sem me conter.


Ele sorriu, daquele jeito só dele.


-Eu amo você desde o dia que te conheci.


Eu sorri, o abraçando. E pela primeira vez, eu senti que tudo realmente daria certo.






Continua…

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