21 março 2011

REMEMBER ME - CAPÍTULO 8

Divirtam-se com mais um capítulo da nossa querida FIC! Ótima leitura!

Capítulo 08

“Eu tirei as minhas roupas e corri para o oceano
Procurando algum lugar para começar de novo
E quando eu estava me afogando naquelas águas sagradas

Tudo em que eu conseguia pensar era em você”

Keane
Ok, eu corri de volta para a casa com a firme intenção de perguntar pra ele se estes meus últimos devaneios eram mais algum tipo de lembrança.


Mas quando entrei na sala iluminada eu parei, respirando fundo. Rob tocava um violão distraído, mas levantou a cabeça quando ouviu meus passos. E eu emudeci. Como é que eu ia perguntar aquilo pra ele de novo? E se fosse só mais uma fantasia idiota?


-Tudo bem? – Perguntou num tom preocupado, colocando o violão de lado.


Eu dei um passo à frente, passando a mão pelos cabelos que só agora percebia estar cheio de areia. Aliás toda minha roupa estava cheia de areia.


-Droga! – Resmunguei e ele riu.

-Estava rolando na areia, Kristen?


Eu fiquei vermelha, porque lembrei no que eu estava pensando lá e mordi os lábios, desviando o olhar. Ele franziu o cenho.


-Ainda está mal com as fotos do casamento? Eu quis ir atrás de você, mas achei que preferia ficar sozinha.

-Não… Sim… quer dizer. Não estou mais… não é por causa daquilo e sim, eu precisava mesmo ficar sozinha. É muita informação pra processar.

-Eu sei, por isto que eu falei que não ia te contar nada. Eu sabia que ia ficar assim.

-Mas eu preciso saber! É horrível não saber nada sobre a própria vida!

-Mas você vai lembrar. Já lembrou de alguma coisa…

-Ah tá, se ficar lembrando coisas de sexo toda hora conta…!

Ops…


Ele me encarou.

-Você lembrou de mais alguma coisa?

Eu podia sentir meu rosto queimando.

-Eu não sei… talvez… desta vez estávamos na praia, acho que nesta praia mesmo, e estava frio… e… bem… você estava me beijando e me… despindo…


Eu respirei fundo.


-Isto aconteceu? – Perguntei por fim.


-Muitas vezes.


-Oh… – fica difícil de saber assim…


-Eu acho que você está lembrando.


Será que tinha alguma coisa errada com minha mente? Por que diabos eu só me lembrava de sexo?! Eu quis falar isto em voz alta, mas me calei. Era melhor nem prosseguir com aquela conversa. Eu não sei em que ficar me lembrando aquele tipo de coisa ia me ajudar. Pra mudar de assunto, me aproximei e peguei o violão.


-Não me contou que tocava.


-Você também toca, Kris.


-Eu fiz algumas aulas pra um filme, mas sou péssima. – Eu coloquei o violão no colo e comecei a dedilhar uma música qualquer e parei de repente o encarando surpresa – Como assim eu toco bem deste jeito?


Rob riu do meu assombro.


-Eu te ensinei.


Eu ri, adorando aquilo.


-Legal. – E continuei tocando e então parei o fitando – Não é esquisito? Que eu me lembre disto, de uma coisa tão banal e não me lembre nada de mais importante?


Por um momento ele apenas me fitou como se quisesse comentar algo, mas não falou nada.


-Vou fazer alguma coisa pra você comer. Deve estar com fome.


Eu coloquei o violão de lado.


-Eu vou subir e tomar um banho preciso retirar esta areia do corpo.


Subi quase correndo e entrei no chuveiro. Ainda pensando sobre o que eu tinha falado lá embaixo. Porque eu tinha esquecido? Fora apenas pelo acidente? De repente eu estanquei. Por que Rob nunca me falara do acidente?


Desliguei o chuveiro e me vesti apressada e desci atrás dele. Já tinha anoitecido quando entrei na cozinha. E lá estava ele, de novo no telefone. Mas desta vez não ria.


Seu perfil era sério, enquanto escutava o que a pessoa dizia do outro lado do telefone. De repente ele passou a mão pelos cabelos, como se estivesse nervoso. Eu dei um passo para trás, para que não me visse. Eu sabia que era horrível escutar atrás da porta, mas não consegui me conter.


-Não adianta insistir nisto. Nada vai mudar.


Mudar? Do que ele estava falando? Ele soltou um suspiro profundo enquanto seu interlocutor falava novamente.


-Você pode fazer como quiser. Eu não me importo.


E desligou. Eu ainda fiquei ali por mais um momento e então entrei. Ele me fitou distraído.


-Vamos comer.


Eu sentei a mesa. Devia perguntar com quem ele estava falando? Seria o tal N? Ou a tal N? Eu ardia de curiosidade. E porque ele estava tão sério? Podia não ser a mesma pessoa de ontem e hoje. Era melhor eu me ater ao meu plano principal. Perguntar do acidente. Mas em vez disto quando abri a boca me vi perguntando.


-Quem é N?


-O que? – Ele me fitou ainda distraído.


-N… ontem quando você estava rabiscando, ao telefone, rabiscou a letra N.


Ele me fitou divertido.


-Por que N tem que ser alguém?


-Porque as pessoas costumam fazer isto às vezes… escrever o nome de quem está falando… ou uma letra.


Eu comecei a me sentir ridícula. Sim, quem me garantia que N era uma pessoa? Mas que pergunta mais idiota. Ele continuava a rir e eu fiz um movimento com as mãos.


-Esquece… foi idiota isto.


Ele não falou nada.


-Eu queria saber… como foi meu acidente? – Perguntei.


Ele me encarou, agora sério.


-O que quer saber?


-Como foi? Onde eu estava indo?


-Estava indo para Londres.


-Vindo de onde.


-Daqui.


-Daqui? Sozinha?


-Sim.


-E eu estava sozinha aqui ou com você?


-Comigo.


-E porque eu voltei sozinha?


Ele passou a mão pelos cabelos.


-Porque precisava voltar.


Precisava voltar? Isto não era resposta. E de novo aquela sensação estranha de que ele queria me esconder algo. Ou muitas coisas.


-Porque eu precisei voltar sozinha?


-Trabalho.


-Oh… eu estava filmando?


-Pode-se dizer que sim.


-Sim ou não?


-Sim.


-E você também não estava filmando? Porque estava aqui?


-Era fim de semana.


-E você não voltou?


-Não.


Eu mordi os lábios. Que beleza. Ele ia ficar dando aquelas respostas monossilábicas. Era óbvio que tinha mais ali do que ele queria me mostrar.


-E você ficou sozinho aqui?


-Sim.


Eu comecei a me irritar.


-E como foi o tal acidente?


-Foi perto de Londres, você perdeu a direção do carro, porque estava chovendo.


-Oh… estava chovendo muito?


-Sim.


-E mesmo assim você me deixou ir sozinha?


-Você devia se conhecer um pouco mais. Se decidiu ir sozinha, não iria te impedir.


Bem, ele tinha razão. Eu era mesmo assim. Mas ainda tinha a sensação de que havia algo que não se encaixava.


-Porque temos portas fechadas aqui? – Indaguei de repente.


-O que?


-Portas fechadas. Eu vi várias delas. Por quê?


-É uma casa grande. Não precisamos de todos os quartos.


-Eu quero ver. Os quartos. Agora.


E me levantei não deixando dúvidas que não iria aceitar meias respostas. Ele começou a rir.


-Kris, eu nem sei onde estão as chaves.


Eu bati na mesa.


-Não me interessa! Nem que você tenha que arrombar, elas vão abrir!


Ele ficou impaciente.


-Você acha que eu escondo o que lá dentro? Por acaso algum cadáver?


-Se não tem nada pra esconder, não tem porque não abri-las!


Eu virei às costas.


-Estou te esperando lá em cima.


Eu subi as escadas, enfurecida. Eu realmente não fazia ideia no que podia me esperar atrás daquelas portas. Mas eu intuía que era algo que podia mudar tudo. Rob subiu uns 10 minutos depois com um molho de chaves na mão.


-Não disse que não sabia onde estava? – Ironizei.


-Eu liguei para a Megan.


-Ah – Eu sabia que estava agindo meio irracionalmente, mas não me importava – Abra!


Eu falei em frente à primeira porta. E ele a abriu. E dei um passo para dentro, acendendo a luz e nada. Era um quarto comum, com uma cama de casal. Eu o fitei.


-Pelas minhas contas ainda temos mais 5 deste.


E segui em frente. Ele abriu a segunda porta e era um quarto idêntico ao primeiro.


-Mais quatro!


Os outros dois eram um pouco diferentes e tinham duas camas de solteiro. Mas no penúltimo eu me surpreendi. Estava totalmente vazio.


-Por que este está vazio? – Indaguei.


-Como eu disse muitos quartos.


-Mas se os outros estão decorados…


Ele deu de ombros.


-Acho que faltou este.


Eu bufei, indo em frente.


-Bem, falta um só.


Ele me encarou com a mão na fechadura.


-Tem certeza?


-Abre logo esta merda. – Resmunguei, sentindo meu coração disparar.


Ele perguntara se eu tinha certeza? A porta se abriu e eu acendi a luz e arregalei os olhos. Não era bem um quarto comum. Era como se fosse um quarto de bagunças. Eu entrei e reconheci algumas coisas minhas ali. Coisas antigas e outras que eu nunca tinha visto. Eu arregalei os olhos ao ver aquele prêmio que parecia uma pipoca da MTV jogada num canto.


-Eu ganhei mesmo isto?


Ele riu.


-Deve ter uns 10 por aqui.


-Todos meus?


-Alguns meus, mas a maioria é sua.


-Nossa!


Então, embaixo de várias pipocas eu vi outro prêmio e parei de respirar, quando peguei a estatueta dourada.


-Isto aqui e um...


-Oscar. – Rob completou.


-É seu?


-Não.


Eu coloquei a mão em frente à boca.


-Eu ganhei um Oscar. Isto e muito bizarro!


Ele sorria agora e eu senti meu coração disparando um pouco ao reconhecer aquele olhar. Orgulho.


-Você ganhou sim. E está na sua mão.


-Uau. Ganhei pelo o que?


-Joan Jett.


Eu coloquei o prêmio onde eu achei.


-Isto é bizarro demais da conta!


Ele sorriu e estendeu a mão.


-Satisfeita? Podemos descer?


Eu segurei sua mão, me sentindo meio envergonhada pela cena. E totalmente estafada emocionalmente.


-Me desculpe… por isto.


-Não se desculpe. Deve ser horrível se sentir assim.


-É horrível sim – Eu larguei sua mão – Eu preciso… ficar sozinha.


-Kris…


-Por favor, não me siga.


Eu desci as escadas e me voltei de novo para mar. Eu ia chorar. Sentia o nó se formando na minha garganta e não queria que ele visse. Não desta vez. Eu estava tão cansada de viver no escuro.


Tudo o que eu queria era lembrar. Se nós tínhamos uma vida antes daquele maldito acidente. Eu queria lembrar.


De alguma maneira, ao forçá-lo a abrir aquelas portas, eu achava que haveria algum grande segredo revelado. Como se dentro de mim, eu soubesse, bem lá no fundo, que havia algo que eu estava deixando passar.


Algo vital. O vazio por dentro quase me corroeu. Sem pensar, eu andei para o mar e entrei. A água ensopando minha roupa, meus cabelos. Mergulhei e quis que o mar levasse toda minha angústia. E minutos depois eu me senti realmente melhor.


Não totalmente bem. Mas já não sentia aquele vazio horrível. Então de repente eu percebi que não estava sozinha.


Rob estava ao meu lado.


-Ficou louca? – Ele quase gritou, a voz cheia de um terror mal contido.


-O que foi?


-Eu vi você entrando no mar, de roupa e tudo…


-Me deu vontade. – Respondi simplesmente.


Ele estava de frente pra mim agora, a água batia em nossos ombros.


-É perigoso. Eu temi por você.


E então eu me senti culpada. Ele realmente parecia preocupado comigo.


-Me desculpe. – Eu apenas segui um impulso.


-Eu achei… que estava perdendo você de novo... – sua voz não passava de um sussurro contra a água e eu senti meu coração disparando e um tremor percorrer meu corpo e não era do frio da água.


Estava escuro, mas eu podia ver seus olhos brilhando em direção aos meus e foi como se uma força estranha e inexorável me ligasse a ele. E eu me aproximei através da água, até que estivéssemos apenas há alguns centímetros de distância.


-Me beija. – Pedi, mirando seus lábios tão perto dos meus. – Me faz lembrar de novo, de como é quando está comigo? – murmurei quase em desespero, me aproximando ainda mais, roçando meu corpo no dele, o hálito quente banhou meu rosto e eu senti seu gosto em minha língua. – Eu quero lembrar… de como é amar você… – Meus braços subiram como se tivessem vontade própria para sua nuca – E eu não quero que seja apenas uma lembrança, eu quero que seja real…


Minhas palavras foram engolidas por seu beijo. Eu gemi, derretendo por inteiro, seus braços me rodearam e me apertaram e eu passei as pernas em volta de seus quadris. Era melhor que em meus sonhos. Era melhor que qualquer lembrança confusa.


Era quente, quase palpável. Era real. E eu enterrei os dedos nos cabelos espessos e molhados, entregando-me as sensações.


Os lábios deixaram os meus para trilhar um caminho de puro fogo por meu rosto, minhas pálpebras fechadas, minha têmpora. Eu apenas ofegava presa num redemoinho de excitação tão grande que achava que derreteria e me fundiria com as ondas caso ele me soltasse.


As mãos masculinas percorriam minhas costas, meus quadris por cima das roupas molhadas, como se já conhecesse meu corpo de cor e salteado. E ele conhecia.


E de alguma maneira, eu conhecia o dele também. Não era algo racional. Mas puro instinto. Meu corpo reconhecia o dele. Era simples assim. As mãos em meus quadris me apertaram mais e eu gemi, perdida, ao sentir sua ereção.


E a excitação dele me deixou ainda mais consciente da minha própria excitação, do calor úmido e pulsando entre minhas pernas.


-Abra os olhos Kris. – Ele pediu e eu obedeci.


Nós ofegávamos sobre água, tão juntos e ao mesmo tempo tão distantes.


-Olhe nos meus olhos se você puder se lembrar… Você se lembra? – Perguntou num murmúrio rouco, as mãos se insinuando para baixo da minha camiseta, tocando minhas costas – Você se pergunta por que se lembra sempre disto… eu digo que é porque é quando nada mais importa a não ser eu e você.


Continua…



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