07 março 2011

REMEMBER ME - CAPÍTULO 2

Olá pervinhas do meu coração! Ansiosas para saberem o que aconteceu com essa Kristen, sete anos mais velha e desmemoriada? Ótima leitura!!

Capítulo 2

“Estou tão cansado, mas não posso dormir

De pé na beira de algo muito profundo

É engraçado como sentimos tanto mas não podemos dizer palavra

Gritamos por dentro mas não podemos ser ouvidos

Eu vou lembrar de você

Você vai lembrar de mim?”

Sarah Mclachlan


Quando eu acordei novamente, eu não abri os olhos. Minha mente registrando os últimos acontecimentos bizarros e por um momento achei que estivesse sonhado. Que estava no meu quarto, na minha casa e a qualquer momento minha mãe entraria no quarto, dizendo que eu estava atrasada pra algum teste, ou que havia alguma ligação do Michael a minha espera.


Mas mesmo antes de abrir os olhos, eu sabia, bem lá no fundo. Não adiantava me enganar. Aquela realidade não fazia mais parte da minha vida.


Há 7 anos.


Casa, família, Michael. Senti um aperto no peito.


Tudo isto tinha ficado perdido nos sete anos que minha mente havia apagado misteriosamente.


E no lugar havia apenas um estranho de cabelo bagunçado e sotaque inglês.


Que dizia me conhecer todo este tempo. E sabe Deus de que tipo de conhecimento estava falando.


Antes que eu conseguisse achar uma saída na minha mente obscura para aquela confusão a porta se abriu e o mesmo médico que havia conversado comigo ontem entrou.


-Olá, Kristen, como se sente?


-Perdida. Ele sorriu complacente


-Eu entendo. Mas estou aqui para tentar ajudá-la


-Eu estou mesmo com… amnésia?


-A partir do momento que não se lembra de nada que aconteceu durante sete anos da sua vida, sim, está.


-E isto é… permanente?


-Não temos como saber. Você pode lembrar as coisas aos poucos, ou tudo de uma vez, ou lembrar apenas algumas coisas. Ou até mesmo…


-Nunca lembrar – murmurei


-Sim, isto é possível. A mente humana ainda é um total mistério. Mas a boa notícia é que não há nenhuma seqüela física. Está com algumas escoriações e vai se sentir dolorida por mais alguns dias, mas estará nova em folha em pouco tempo.


-E sem lembrar de nada.


-Ainda lembra quem é… Algumas pessoas nem isto.


Eu respirei fundo. Então devia me sentir grata por ainda saber meu nome e lembrar quase 18 anos da minha vida?


Eu gemi, desalentada. Deus, eu não tinha mais 17 anos.


Aquilo era muito, muito estranho. Quantas coisas mais eu havia perdido?


O que tinha acontecido na minha vida durante aqueles sete anos?


Por mais que eu tentasse havia apenas um buraco negro na minha mente. E nada mais.


Mas eu podia perguntar, não podia? Alguém iria me contar.


A imagem do estranho me veio à mente.


Seria ele a única pessoa que poderia me dar as respostas?


Antes que eu seguisse minha linha de pensamento uma enfermeira entrou no quarto.


-Olá, já se sente bem? Acho que gostaria de tomar um banho.


Eu sorri agradecida. Banho. Coisas normais. Acho que ia fazer me sentir melhor. A enfermeira me ajudou a ir até o banheiro e eu percebi o quanto estava debilitada. Eu mal consegui me apoiar nas minhas pernas.


Depois que voltei para o quarto, com minha nova camisola de hospital eu me perguntei onde estariam minhas coisas.


E onde estaria minha família?


Porque eles ainda não estavam ali?


-Por favor, será que você pode conseguir um telefone? – indaguei, estranhando que não houvesse um no quarto.


Mas aí me lembrei que estava em coma a duas semanas. Na certa concluíram que eu não precisava de um.


-Claro que sim. Eu já volto.


Assim que ela saiu, ele entrou. Eu prendi a respiração ao vê-lo.


Parecia mais bem recomposto do que no outro dia. Havia trocado de roupa, mas a barba continuava pra fazer e os cabelos continuavam bagunçados.


-Olá – ele sorriu meio inseguro e eu me vi sorrindo de volta, da mesma forma insegura.


Era estranho que, no intervalo de poucas horas, ele houvesse meio que se transformado no meu único porto seguro.


Ao menos até alguém que eu realmente conhecesse aparecesse. Este pensamento me fez ficar séria novamente.


-O que está fazendo aqui? – indaguei friamente


Ele ficou sério também de novo, e eu pensei ter visto aquele lampejo de angústia em seu rosto e me senti culpada.


-Me desculpe. – eu falei passando os dedos na testa – e que isto é tão… estranho. Sei que me disse que nos conhecemos, mas… eu ainda preciso me adequar a isto tudo.


-Eu sei. Não quero que se preocupe.


Eu ri sem humor


-Impossível. Eu acordei de um coma achando que estou com 17 anos quando na verdade sete anos se passaram. Sete anos dos quais eu não me recordo de nada.


-Você vai se lembrar – ele falou convicto


-Vou? – indaguei cheia de uma triste ironia – o médico disse que há a possibilidade de eu nunca… – eu me calei, respirando fundo. A dor que aquilo me causava era enorme.


-Kristen – ele pronunciou meu nome com pesar e eu tive a impressão que ele queria me tocar, mas se continha, e que isto era difícil pra ele.


E o pior era me dar conta que havia uma parte minha, talvez aquela parte subconsciente dentro de mim, a parte que se lembrava ele, que também ansiava por isto.


E de novo eu me perguntei quem era ele. Eu podia perguntar de novo. Podia exigir respostas.


Mas eu tive medo. Medo do que eu iria ouvir. Medo de não gostar do que eu ia ouvir.


-É… você…Robert, não é?


-Sim. – ele falou


-Eu te chamo de Robert? – indaguei curiosa – ou Rob?


Ele riu. E eu senti algo se mexendo dentro de mim, com aquele riso.


-Sim, todo mundo me chama de Rob.


-Certo… Rob. Eu queria saber… Eu preciso, na verdade. Falar com a minha família. Porque eles não estão aqui? – de repente um medo cego me tomou – está tudo bem com eles não é? Minha mãe? Meu pai.


Deus, tanta coisa acontecia em sete anos…


-Sim, estão bem.


Eu respirei aliviada.


-Então porque não estão aqui?


-Porque eles estão longe.


-Longe?


-Kristen, não estamos em Los Angeles.


-Estamos em outra cidade


-Em outro país seria mais exato.


Então eu me toquei. Não era só ele que tinha sotaque inglês. O médico também tinha. E aquela enfermeira.


-Que diabos eu estou fazendo na Inglaterra?


Mas antes que ele respondesse, eu segurei a cabeça com as mãos.


-Que saco! Como eu posso não me lembrar? O que estou fazendo aqui é só uma das perguntas não é? Têm tantas outras! Eu não sei nem quem eu sou mais!


-Você ainda é a mesma Kristen.


-Não tenho mais 17 anos


Ele sorriu


-Algumas pessoas achariam isto bom.


-Eu quero falar com a minha família. Não importa que esteja na Inglaterra. Eu sofri um acidente! Eles têm que estar aqui!


-Eles virão, assim que possível.


-Eu falarei com eles por telefone então. Eles devem querer saber como eu estou.


-Eu já falei com eles


-Você conhece minha família?


-Sim.


Eu mordi os lábios nervosamente. Estava na hora de fazer a pergunta. Aquela que eu temia.


-Rob… quem é você? – indaguei num fio de voz


Ele deu de ombros.


-Meu nome é Robert Pattinson, e eu sou ator.


-Oh… Você é ator também? Foi assim que nos conhecemos?


-Pode-se dizer que sim.


-Há sete anos não é?


-Sim.


-Como nos conhecemos?


Sim, era mais fácil começar assim. Do começo. Eu podia me preparar pelo o que vinha a seguir. Mas antes que ele pudesse falar qualquer coisa a enfermeira entrou no quarto.


E disse que precisava tirar minha pressão. Eu concordei de má vontade.


-Onde estão minhas coisas?


Ela sorriu para Rob. Era impressão minha ou ela parecia… deslumbrada?


Eu revirei os olhos irritada, sem nem saber por que.


-Eu trouxe suas coisas, Kristen, não se preocupe.


Certo. Ele tinha acesso a minhas coisas.


-Quando irei embora daqui?


-O médico disse que terá alta em poucos dias.


Eu respirei aliviada. Sim. Teria alta e voltaria para os Estados Unidos.


-Está sentindo-se melhor? – a enfermeira indagou solícita


-Sim, bem melhor. Gostaria de vestir algo meu.


Ela sorriu complacente.


-Claro.


-E onde está o telefone que eu te pedi?


Ela trocou um olhar com Robert e eu franzi o cenho ao vê-lo sacudir a cabeça afirmativamente.


-Eu já vou buscar.


Ela saiu do quarto silenciosamente.


-O que foi isto?


-Isto o que?


-Ela te pediu permissão?


-Claro que não.


-Sei – eu bufei


A enfermeira voltou minutos depois e me deu o telefone. Eu hesitei antes de ligar. Será que ainda era o mesmo numero? Disquei ligeiramente trêmula.


E senti grande parte da tensão indo embora quando ouvi a voz conhecida do outro lado do telefone.


-Mãe!


-Kristen! Você está bem querida?


-Claro que não! Como é que eu sofro um acidente e vocês nem estão aqui?


-Nós estávamos aí. Ficamos aí até a poucos dias. E voltamos quando disseram que você estava fora de perigo.


-E porque foram embora?


-Tínhamos compromissos, querida. Mas iremos voltar assim que possível. Como está se sentindo?


-Horrível.


-Não fique assim. Isto é passageiro. Vai se lembrar de tudo.


-Já esta sabendo? – eu encarei Rob.


-Sim, Rob nos ligou assim que acordou.


-Mãe, é sério este negocio de sete anos não é?


-Eu sinto muito, Kristen. Você sabe que é. E eu também acho que sua mente só esta confusa. Daqui poucos dias tudo isto passa


-Se você diz!


-Eu tenho certeza. O importante é que está fora de perigo. Nós iremos em pouco dias ver você.


-Mas eu preciso saber tanta coisa! O que eu estou fazendo aqui pra começo de conversa! Estava em algum tipo de filmagem é isto?


-Porque não pergunta ao Robert? Tenho certeza que ele responderá todas as suas questões, até que esta sua amnésia passe.


Meu olhar cruzou com o dele, tensos.


-Por que eu não o conheço – eu sussurrei, querendo que ele não ouvisse meus temores.


Mas é claro que ele tinha ouvido. Desviei o olhar. Minha mãe deu um suspiro cansado.


-Kristen, confie nele ok. Tudo vai ficar bem.


-Eu o conheço mesmo há sete anos?


-Conhece sim.


Eu queria perguntar mais. Mas não na frente dele.


Quando ele fosse embora, eu podia ligar pra minha mãe de novo.


-Tudo bem. Eu esperarei. O médico disse que terei alta em poucos dias.


-Isto é ótimo. Agora preciso desligar. Seu pai te liga mais tarde.


-E, mãe…


-Sim?


Lá vinha a questão mais difícil.


-E o Michael? Eu… nós ainda…


-Não, Kristen. Você pode não se lembrar agora, mas já se passaram sete anos e muita coisa muda neste tempo.


Eu fechei os olhos com força. Sabia que Rob me fitava, mas eu não queria ver o olhar dele.


-Desde quando?


Mas eu já sabia a resposta


-Sete anos.


Eu suspirei pesadamente. Michael. Mais que meu namorado. Meu amigo. Estivera comigo desde os meus 13 anos. Era estranho pensar que ele não fazia mais parte da minha vida.


-Tudo bem.


-Amo você querida, tudo vai ficar bem


Eu desliguei. Não iria discutir mais. Não na frente “dele”. Minha mãe dissera para confiar. Mas era difícil confiar sem saber de nada. Não, nada ia ficar bem. Eu queria voltar no tempo. Só isto. Eu queria esconder o rosto entre as mãos e chorar. Mas engoli o nó na garganta.


-Se sente melhor agora? – ele indagou suavemente.


Eu o fitei incisivamente.


-Eu quero que me diga, agora, sem rodeios. O que você é pra mim? Por acaso eu e você… nós… nós temos algum tipo de… relacionamento?


-Sim, nós temos.


Então meus temores eram verdadeiros. Este cara que eu nunca tinha visto na vida, não só me conhecia há anos, não só fazia parte da minha vida há a anos. Nós tínhamos um relacionamento. Eu mexi o cabelo nervosamente


-Isto é… esquisito. Eu não… não me lembro de você. Como pode isto? – sussurrei – se nós somos… de alguma maneira… íntimos… porque eu não me lembro?


-Acho que eu também não gostaria de saber? Acha que e fácil pra mim ficar aqui olhando você me tratar como um estranho? – De novo aquela dor. Era quase insuportável.


-Eu sinto muito – me vi dizendo. E eu realmente sentia.


De repente eu queria saber tudo. Tudo o que eu tinha perdido. Cada detalhe daquela história. Da nossa história.


-Você vai me dizer? Vai me contar o que aconteceu nestes sete anos?


-Não


-Por que não? Isto não é justo! Eu posso nunca me lembrar!


-Eu sei. Mas eu tenho que acreditar que você vai lembrar.


-Então é isto? Vai me deixar no escuro, até que eu me lembre? Se é que eu vou me lembrar um dia?


-Não. Eu a ajudarei a lembrar


Eu me recostei de repente me sentindo muito cansada para entender aquela lógica.


-Você precisa descansar.


Sim, eu já sentia minhas pálpebras se fechando.


-Você vai embora?


-Eu não vou a lugar algum. – ele disse e eu me senti bem com aquilo.


Eu não queria que ele me deixasse. Não ainda. Não quando eu não sabia quem ele era pra mim.


Continua...

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