19 abril 2013

ENTREVISTA DE KRISTEN PARA A "FOTOGRAMAS"

Em sua entrevista para a Fotogramas durante o Festival de Cannes, Kristen fala sobre fama, as escolhas que fez em sua carreira, a multidão de fãs que conquistou graças à Saga Crepúsculo e, claro, sobre sua personagem em Na Estrada – On the Road, uma jovem cheia de liberdade. Confira a matéria:


A Kristen Stewart que encontramos em Cannes na premiere de Na Estrada – On the Road é diferente. Mais atrevida, mais livre. E não renega sua fama. O motivo de seu sucesso: ela é como seus fãs, e é por isso que eles gostam dela. Ela nos conta que é uma garota como qualquer outra.

Kristen Stewart (Los Angeles, 1990) é um ícone de talento. Com apenas 22 anos, já esteve na pele de várias figuras lendárias do passado e do presente. Como Joan Jett de The Runaways (Floria Sigismondi, 2010), sobre o punk rock dos anos 70 para o público jovem. Com Branca de Neve e o Caçador (Rupert Sanders, 2012) deu uma determinação contemporânea para a heroína dos irmãos Grimm. E como Bella Swan, da saga Crepúsculo, se tornou a Julieta da nova geração. Agora, em Na Estrada – On the Road, adaptação do famoso livro de Jack Kerouac, Stewart interpreta Marylou, a vital companheira de viagem de Sal Paradise e Dean Moriarty. E, apesar de toda essa história, ainda é uma jovem retraída encontrando seu lugar diante dos microfones dos jornalistas e dos flashes dos fotógrafos, que se surpreendem – ou de desconcertam – com seus look explosivos.

Para seu encontro com Fotogramas no Festival de Cannes, a atriz uma camiseta com a estampa do Picture This de Blondie (desenho de Dolce&Gabanna), mini-short preto, salto alto e jaqueta de couro da Balenciaga. 

“Cada vez me importo menos em ficar em frente de um microfone”, confessa a atriz com esse jeito de falar acelerado e instável, que se tornou a personificação perfeita da jovem. “Há um tempo eu me preocupava muito em proteger minha privacidade e não sabia muito bem como limitar isso. Com o tempo, fui me adaptando, me soltando um pouco. Além disso, tudo muda quando você passa a promover algo no que acredita profundamente, como acontece com meu personagem em Na Estrada.”. Stewart tenta passar uma imagem serena: modera suas palavras e reações; no entanto, seu instinto juvenil explode em súbitos surtos de excitação, como quando exclama: “Eu acho tãããão ridículo quando um ator tenta se vender como sendo um alguém super interessante! Tem gente que acaba se tornando um produto da própria mídia. Antes, me dava uma vergonha terrível que todo mundo pudesse me ver dessa maneira, por isso eu me mostrava totalmente fechada.”.

APRENDER A PERDER O CONTROLE

Como acontece com a maioria dos jovens norte-americanos, o romance "On the Road" foi para Kristen Stewart um espelho para derrubar os anseios da adolescência. “Sempre me identifiquei com o personagem de Sal Paradise, que é acima de tudo um observador. Não sou o tipo de pessoa que busca abrir caminhos. Não tenho a natureza de um líder. No entanto, o romance me despertou o desejo de crescer além das minhas limitações; ser um pouco mais como Dean Moriarty ou Marylou.” Assim, o filme dirigido pelo brasileiro Walter Salles permitiu Stewart vivenciar seu antigo guia espiritual. Muitas pessoas têm a impressão de que Marylou foi utilizada quase como um objeto pelo resto dos personagens, mas na verdade ela recebeu tanto quando deu. Para a atriz, a chave está na forma de rir da personagem. “Quando Marylou ri, o que faz de uma maneira expansiva e generosa, ela quer dar e dar para logo receber mais e mais. Eu, no entanto, tendo a rir por dentro, para mim mesma. Essa pequena diferença determina duas abordagens muito diferentes da vida,” conclui Stewart.

Essas diferenças de caráter fizeram com que Stewart tivesse dúvidas na hora de abordar a personagem Marylou. “Eu me preocupava em não ser capaz de perder o controle e me deixar levar. Por sorte, consegui (ri para si mesma). Geralmente, desconfio dos atores que se gabam de que um personagem os mudou como pessoas, mas é verdade que, em algumas vezes, um personagem pode te mostrar uma parte de si mesmo que estava oculta. Interpretar Marylou me demonstrou que posso ser como ela.” Neste passeio pelo lado selvagem da vida, Stewart teve que montar um trio de ficção com os atores Sam Riley e Garrett Hedlund. “Na verdade, a cena do trio foi mais simples que as outras cenas de sexo, que foram mais íntimas e intensas. Foi uma das primeiras cenas que filmamos e eu estava obcecada em falar como a verdadeira Marylou: eu queria imitar a forma de falar que tinham nos anos 40. Estava tão preocupada em como soava minha voz, que quase me esqueci que estava semi-nua!”

FAMA E CREPÚSCULO

Há poucas jovens atrizes atualmente que tenha experimentado de forma tão intensa como Kristen Stewart o fenômeno fã. O que a atriz acha da legião de seguidores que a idolatram fervorosamente? “As celebridades tendem a serem colocadas em um nível diferente do resto das pessoas, mas eu gostaria de dizer aos meus fãs: Nós somos parecidos! Somos iguais!”

A mensagem pode ser lida como um pedido de ajuda: não deve ser fácil viver sob os olhares atentos dos fãs... e dos paparazzi. Por sua vez, desde o questionado altar em que a fama lhe oferece, Kristen Stewart se sente com alguma responsabilidade para com seus fãs? A atriz se mostra cautelosa. Está ciente de que Marylou de Na Estrada – On the Road – uma garota ansiosa por experimentar a liberdade espiritual e sexual – não é um personagem modelo no sentido tradicional do termo: “As pessoas são livres para eleger seus modelos. Acho que se você não tem idade o suficiente para ver e entender um filme como esse, não deveria assisti-lo.”. 

E por falar em fãs, é impossível olhar para trás e não lembrar da passagem de Stewart pela turbulência teen que foi a Saga Crepúsculo. “Lembro perfeitamente do momento em que me dei conta de que ia ser um sucesso maior do que era esperado,” explica a atriz. “Foi na Comic-Con, em San Diego, de 2008. Eu esperava um encontro pequeno com os fãs, estava convencida de que tinha estrelado apenas um filme pequeno e estranho. E então apareceram 6.000 fãs! Foi surpreendente e chocante.” Havia nascido uma estrela.

A MATURIDADE DA ESTRELA?

Não há dúvidas que o trabalho de Kristen Stewart em Na Estrada – On the Road é um salto de complexidade e maturidade na trajetória da jovem estrela. No entanto, a atriz afirma que suas decisões não correspondem a um grande plano: “Não tenho muito tato em relação ao futuro da minha carreira”. Stewart reconhece “que minha participação na Saga Crepúsculo ofuscou o resto do meu trabalho,” como, por exemplo, seu papel como a filha diabética de Jodie Foster em ‘O Quarto do Pânico’ (David Fincher, 2002), seu trabalho sendo dirigida por Sean Penn, no drama ‘Na Natureza Selvagem’ (2007) ou sua participação no drama de Greg Mottola, em ‘Férias Frustradas de Verão’ (2009).

Para argumentar que essa não é uma mudança repentina, Stewart fala de outros trabalhos que entraram em temas comprometidos: “com apenas 13 anos, protagonizei ‘O silêncio de Melinda’ (Jessica Sharzer, 2004), um filme que se tratava do trauma de uma menina que foi estuprada. Talvez eu fosse muito nova para fazer um filme como aquele, mas me mudou como atriz e me revelou o verdadeiro potencial do cinema. E depois teve ‘Corações Perdidos’ (Jake Scott, 2010), onde fui uma stripper adolescente. Se isso não é um filme maduro...” arremata Kristen.

Post: Mel

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