14 fevereiro 2013

GERALD NICOSIA FALA SOBRE ON THE ROAD E SOBRE COMO CONHECEU KRISTEN!

O jornalista e crítico literário Gerald Nicosia, inclusive autor de uma das maiores biografias de Jack Kerouac, “Memory Babe”, fala sobre o adaptação em filme de “On The Road” em um recente artigo, e também em como foi conhecer Kristen e os envolvidos no filme. Confira abaixo:


Quando o diretor brasileiro Walter Salles finalmente conseguiu financiamento para fazer seu filme de “On the Road” em maio de 2010, e me pediu para ser o primeiro “sargento” do Acampamento Beat em Montreal, eu senti uma responsabilidade enorme vendo que sua tão esperada oportunidade não havia sido apagada. Eu sei o quão difícil seria não se deixar levar pela maré de glamour da “Terra dos Filmes”, mesmo este claramente não sendo uma produção de Hollywood. Eu tentei pensar sobre o que essa história, “On the Road”, realmente era – o que isso significava para o seu criador, e não necessariamente para as milhões de pessoas que alegam serem seus herdeiros. Eu pensei no escritor de 29 anos, Kerouac, recém-casado, sem meios visíveis de apoio, vivendo com sua maravilhosa porém conturbada esposa jovem Joan, no sobrado temporariamente vazio de um amigo falecido (Bill Cannastra), colando juntos 20 metros de folhas de papéis finos de arte japonesa de Cannastra para criar um rolo de 120 metros, e sentando-se uma noite para colocar para fora a história de sua louca vida até aquele ponto a fim de que Joan pudesse entendê-lo, seu humor louco, seu consumo excessivo de bebidas, sua loucura contínua.

Nós todos sabemos onde as melhores e mais elaboradas intenções levaram, e eu devo admitir que quando eu conheci todas aquelas estrelas em Montreal, eu fiquei tão seduzido por todo o glamour da “Terra dos Filmes” quanto qualquer fiel e trabalhador da região de Midwesterner normalmente ficaria. Eu disse para eu mesmo que, estas eram apenas pessoas comuns como eu era, mas, encontrando-me a poucos metros deKristen Stewart em uma camisa desabotoada, ou de um incrivelmente bonito e com uma aparência relaxada de James Dean, Garrett Hedlund, em uma camiseta e botas de motoqueiro, eu iria começar a tropeçar em minhas palavras, gaguejar, corar, e encarar como se fosse uma criança de 5 anos. Hollywood tem feito isso conosco – nos dando esses seres humanos maiores que a vida, e que nunca deixam de nos intimidar e nos fazer sentir pequenos. Eu teria que continuar relembrando eu mesmo, de que eu era o professor e eles eram os estudantes. O que quer dizer, isto se tornou um pouco mais difícil para eu, pressionar eles com as qualidades espirituais de “On the Road” naquela situação.

E no entanto, eu me tornei amigo de todos os grandes atores, e nós saíamos juntos para o bar de nosso hotel em Montreal. Eu comecei a gostar de Garrett, Kristen, e Sam Riley imensamente, e a sentir que eles tinham uma chance tão boa quanto qualquer um, de retratar o intenso e impulsivo trio formado por Cassady, Lu Anne, e Kerouac. Conhecer eles foi aprender que eles todos tinham dons maravilhosos, bem como grandes inseguranças em como conectar-se com as pessoas que eles estavam interpretando. Sam têm tido um pequeno tempo como um músico de rock-’n'-roll que foi divido entre ser uma estrela de filmes – ele na verdade tinha algum receio sobre como seria ser alguém famoso como Kristen, pela qual nós sempre tínhamos que entrar no hotel, através da entrada subterrânea secreta para não sermos cercados por seus fãs. Naquilo, ele não era diferente do próprio Kerouac, que quis criar uma prosa maravilhosa mas não ser assediado como o “Rei dos Beats”. [..] E Kristen – apesar de ser, fisicamente muito diferente de sua personagem, que na vida real era grande e loira– havia muito de Lu Anne/”Marylou” dentro dela. Ela manteve sua enorme inteligência bem escondida debaixo de sua sexualidade e boas maneiras; ela se importava imensamente com as pessoas, tanto aquelas que ela conhecia pessoalmente quanto aquelas cujo a necessidade urgente parecia exigir que ela os alcançasse; e, talvez mais como Lu Anne/”Marylou,” ela tenha aprendido a ser totalmente autoconfiante, mesmo em sua adolescência, prezando a independência acima dos homens, dinheiro, poder, ou qualquer um dos outros luxos que atrizes de Hollywood são conhecidas por cobiçar.

A quantidade de pesquisa que eles todos tinham apresentado – do diretor Salles aos menores membros da equipe – foi fenomenal. Salles arranjou outros instrutores para vir ao “Acampamento Beat”; e apesar de a própria Lu Anne Henderson ter falecido recentemente, eu o informei de Anne Marie Santos, filha de Lu Anne, que veio para Montreal e compartilhou memórias, fotos, e muito mais com todos eles, mas especialmente com Kristen, é claro, que tem muitas vezes reconhecido o quanto ela se beneficiou não só da ajuda de Annie como uma espécie de consultoria, mas de sua orientação espiritual e encorajamento também. De fato, tudo parecia no caminho certo para um bom filme ser feito.

Eu comecei a tocar a fita em uma pequena sala no “Acampamento Beat”, onde estavam apenas eu mesmo, Sam Riley, Kristen, e Walter. Kristen parecia pouco à vontade com o humor cru, racial e sexual da fita; Sam Riley, sempre com a intenção de aprender a sua parte, escutou atentamente, silenciosamente; mas Garrett entendeu todas as piadas, riu estridentemente, algumas vezes até maldosamente, de tudo que Kerouac dizia.

Leia o artigo completo (em Inglês) incrível dele AQUI.

Post: Mel

Nenhum comentário:

Postar um comentário