Com o lançamento do DVD de Cosmópolis nos Estados Unidos chegando, o diretor David Cronenberg, em mais uma entrevista, comentou sobre como foi trabalhar com Robert Pattinson e como o ator sempre o surpreende. Leia a seguir o artigo:
O vampiro da Saga “Crepúsculo”, o ator Robert Pattinson, interpretou também um sanguessuga, mas do tipo completamente diferente – o sanguessuga estilo “Wall Street”- no seu mais recente filme, Cosmópolis, com lançamento em Blu-ray e em DVD para o dia de Ano Novo. E o diretor David Cronenberg falou ao site “ETonline” que estava realmente muito impressionado com o que Rob sempre traz de novo, e, após toda sua bagagem acumulada, ele acaba por chegar a um ponto que ele está no set e as câmeras estão filmando, e toda sua atuação em “Crepúsculo” chega até a ser irrelevante.
“Ele me surpreende todo o tempo, com coisas novas e boas,” disse Croneberg. “Eu não realizo ensaios, e de início não tento moldar os atores. Sempre prefiro que a intuição deles os guiem, para saber até onde e como se entregam. Só então, se houver algum problema é que começo a tentar moldar a situação, manipulá-la um pouco. E eu fiz isso muito pouco com o Rob.”
Baseado no livro de Don DeLillo, “Cosmópolis” segue um dia na vida selvagem do multibilionário Eric Packer, que viaja sem rumo pelas ruas de Nova York em sua limusine enquanto realiza negociações de investimentos no banco de trás da limusine. Enquanto o dia avança, tudo isso passa a se transformar em uma odisseia sem fim, com um elenco de vários personagens que começam a rasgar esse mundo de Eric Packer em partes.
“Ele simplesmente diria para você agora ‘eu não tinha ideia do que eu estava fazendo, em nenhum momento’, e ele estaria sendo sincero com isso”, disse o diretor veterano sobre a desempenho de Rob. “Eu acredito que ele realmente não percebeu ainda o quão bom era sua atuação... Ele estava surpreendendo a si mesmo, mas ele estava surpreendendo a mim com sua imprecisão. Estava tudo indo bem. Quero dizer, no final de contas, apenas filmamos um ‘take’(tomada). Honestamente, a última cena, a última tomada foi com o Rob e o Paul [Giamatti]—em um único “take”. Foi uma cena muito extensa, longa. Ademais, muito intensa, emocional e sutil. Uma única tomada para os dois, e foi uma cena muito boa... Em verdade, nós já havíamos terminado as filmagens há cerca de 5 dias antes do previsto, e isso se deveu muito ao trabalho do Rob.”.
É claro que quando David Cronenberg fez o teste com o Rob, ele teve que se desvencilhar de toda bagagem trazida por ele em “Crepúsculo”, "Você muitas vezes tem que considerar o que chamamos de bagagem para um ator, e tem que decidir se é ou não um problema. Eu odeio ter que agir assim porque eu sei que eu estarei com um ator, às 3hrs da manhã, filmando pelas ruas de Toronto, e nada disso mais será relevante. Nós somos apenas duas pessoas que estão tentando fazer um filme. Então, as atuações anteriores, ou mesmo sua fama, ou a falta desta, ou qualquer outro fator que seja, passa a ser irrelevante. O que é relevante é apenas o que podemos fazer de forma criativa um para com o outro.”.
Por outro lado, quando se está financiando um filme, você tem que liderar os atores que têm certo peso e substância, para assim poder atrair possíveis investidores para que se possa ter o filme financiado, logo, é uma situação meio difícil e estranha,” continuou o diretor. “Além obviamente do fato dele ser sim um ator interessante e que cria grande expectativa em torno de um filme, gerando escolhas surpreendentes em termos de como estes eventuais investidores vêm o filme-- e ver o filme dar certo porque conseguimos os financiadores do filme--, depois de tudo isso, o fato de ter atuado em “Crepúsculo” torna-se meio que irrelevante, entende?”
O que mais importava ao Cronenberg foi o fato de que Robert “roubaria” as cenas, sobretudo por ter um carisma próprio: “Tudo começa de maneira muito sutil e simplória: teria ele a idade certa? E o visual correto? E quanto a sua presença na tela?” disse ele. “Ele está em todas as cenas do filme, sem exceções. E isso é algo muito raro em um filme. Mesmo quando se trata de Tom Cruise, você nunca o vê em todas as cenas. Mas nesse caso, se foge à regra, e por isso, tornava-se mais que imprescindível mostrar todo esse carisma de Rob. Nós tínhamos que transmitir a ideia de que você quer assistir ele por todo esse longo tempo e com toda a intensidade que era cabível, porque eu sabia que as câmeras estariam filmando o rosto de Rob o tempo todo.”
Mas é claro que não seria um filme de David Cronenberg se não tivesse a fixação do diretor pelo “oral e o anal”- temas muito presentes e proeminentes em filmes do diretor, como “Naked Lunch”, “Dead Ringers” e “Videodrome”-- e há uma cena particularmente divertida durante Cosmópolis em que o Rob é examinado por um médico em sua limusine, e descobre que tem uma "próstata assimétrica”.
"Os orifícios são a entrada e saída de nossos corpos, o que realmente traduz a ideia sobre a ‘identidade’ e os ‘limites’ de cada individuo, traçando onde se começa e terminam esses questões, e ao esmo tempo traçando onde começaria o ambiente ao nosso redor,” afirma Cronenberg em uma fisionomia séria, mas logo seguida de um riso, “Eu poderia fazer análises acadêmicas dos meus próprios filmes, mas isso não me obstaria de criar outros [novos filmes]... Você poderia fazer essa análise e fazer essas conexões entre os filmes, e você não deixaria de estar correto”.
Post: Mel
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