24 maio 2012

NOVA E ÓTIMA ENTREVISTA DE ROBERT PARA REVISTA FRANCESA!


A edição de maio da revista francesa Les InRockuptibles traz Robert Pattinson na capa e uma nova entrevista. Nela, Robert fala sobre “Cosmópolis”, seu gosto por leitura, musica, filmes… Nos conta novidades sobre seus projetos, e também confirma outros, sendo um inclusive, novamente com David Cronenberg! A entrevista é grande mas é um ótima leitura! Confiram:

imagebam.com
As presas de Robert Pattinson cresceram após a saga Crepúsculo. Ele está trazendo-as para retratar um ganancioso menino de ouro para Cronenberg. Charmoso e honesto, ele nos recebeu em Los Angeles. Por Jacky Goldberg.

A entrevista aconteceu no último andar da Soho House, com vista para Sunset Strip. Foi no pátio do clube privado, onde as cameras e telefones foram proibidos. Ele estava sem seu assessor de imprensa. Usava uma barba de três dias, um boné, calças marrom de um tecido grosso de algodão e uma camisa xadrez.

A entrevista durou uma hora.

Você vive em Los Angeles agora?
RP: 
Sim, por um tempo. No começo eu não sabia o que fazer lá e agora, quando eu estou longe, eu sinto falta. Ainda mais do que de Londres, onde eu cresci, mas todos os meus amigos se mudaram. Minha família ainda mora lá, mas eles querem vir para cá, o mesmo para meus amigos. É uma loucura, tudo que você precisa é passar um dia em LA para querer mudar-se. *risos*

O filme rompe com sua imagem do respeitável jovem moldado por Crepúsculo e dos poucos filmes que você filmou desde então. Você estava ciente disso enquanto você estava filmando?
RP: 
Claro. Estou com medo de ser estereotipado *ele pensa por um momento*... Como a maioria dos atores que começaram dessa forma: é importante diversificar bem cedo. Esse é o verdadeiro ponto. Na verdade, me foi oferecido o papel em Cosmopolis no meu último dia das filmagens de Amanhecer. Logo no momento em que eu pensei que eu estava com medo de me repetir e bam! Cronenberg está me chamando! É melhor do que qualquer coisa que eu poderia sonhar. Agora estou curioso para ver como o filme é recebido.


Pelo contrário, restringir-se a apenas filmes independentes e não fazer mais filmes de sucesso, não que assusta você?
RP:
 Sinceramente, se eu pudesse apenas fazer filmes como Cosmopolis, seria incrível. Mas eles são difíceis de conseguir Para dizer a verdade, eu não estou realmente interessado por estar à frente de grandes filmes. Primeiro, é mais difícil de fazer: você tem 20 pessoas para a quem responder - em Cosmopolis: apenas um.
Então, em geral, há dois únicos papéis possíveis nesses filmes: ou você é um adolescente que se torna um homem ou um adolescente que está completamente fracassado. Quando você tem 20 anos, tudo bem, você está se divertindo, você descobre um mundo incrível, as meninas adoram você. Mas não pode durar para sempre.

O que David Cronenberg te disse quando ele te chamou?
RP:
 Meu agente me enviou o roteiro há mais de um ano atrás, mas naquela época era Colin Farrell que estava escolhido para ao projeto. Eu disse a mim mesmo: "Poooorra, esse roteiro arrasa! Por que não me oferecem algo assim? E por que você me enviou o roteiro se o papel já ocupado!?" *risos* E um ano depois, do nada, David me chama: "Ei, você quer fazer esse filme?" Eu estava apavorado! O roteiro parecia muito complexo para mim. Um ano antes eu estava sonhando com isso e então me senti incapaz de tomar uma decisão. Levei uma semana para encontrar a coragem para retornar ao David.


Ele te explicou por que ele escolheu você?
RP:
 Não, nunca. Ele nem sequer me fez um teste. Quando lhe perguntei sobre isso, ele me disse que tinha um sentimento... Quando eu lhe disse que eu não tinha certeza do que o filme era, ele respondeu: "Eu também não, vamos descobrir juntos." É por isso que eu estou muito curioso para ver a reação das pessoas, ainda mais que o habitual.

Você já conhecia o trabalho de David antes?
RP: 
Sim, eu vi quase todos os seus filmes.

Quais você prefere?
RP:
 Provavelmente Videodrome [Experiência Alucinante no Brasil] ou Scanners [Scanners - Sua Mente Pode Destruir no Brasil]. Eu gosto bastante de Crash [No Limite no Brasil] também. Foi bem em França, né? Na Inglaterra, eu me lembro como as pessoas enlouqueceram por causa disso. Eles ainda o proibiram! Naturalmente, fez todo mundo quer vê-lo. Quando eu o assisto hoje em dia, me confunde que pode ter sido banido. É absurdo.

Você acha que seu status de 'vampiro' que atraiu Cronenberg? Em Cosmópolis, você interpreta um comerciante, de certa forma, os comerciantes sugam o sangue dos trabalhadores...
RP:
 *duvidoso* Talvez, sim... Podemos traçar um paralelo entre o capitalismo e o vampirismo, mas o filme não se concentra em um personagem que gostaria de destruir tudo. Esse cara está procurando algo. Ele já viu tudo e quer saber o que mais há - TEM que haver algo mais. É um filme muito triste no final. O comerciante tenta ser melhor, mas seus instintos e apelos o alcançam.

Você se sente próximo a ele?
RP:
 *balançando a cabeça* Mmm... Sim.. de certa forma. Na forma em como ele vê algo mais do que o que está na frente dele. Ele acha que o mundo não é só o mundo, que há um nível de compreensão muito mais elevado.

Você disse que o roteiro era complexo. Especialmente, o diálogo é muito literário. Esta é a primeira vez que você encara algo assim?
RP: 
David foi categórico sobre o respeito do texto, até a última palavra. Eu adorei o ritmo das linhas assim que eu li o roteiro, estava fora de questão destruí-lo. Normalmente, o roteiro representa apenas uma matéria-prima que precisa parecer real quando você diz diante das cameras. Aqui era diferente. Fazê-lo soar real não era suficiente para David. Ele está procurando um nível de realismo muito mais profundo. Lembrou-me do teatro, que eu não tenha feito há um longo tempo. Passar as noites memorizando as falas... em última instância, é bom e até mesmo libertador: repetindo as palavras, elas quase se tornam mecânicas.

Você já conhecia o trabalho de Don DeLillo?
RP:
 Eu só li Underworld há muito tempo atrás. Para o filme, claro, li Cosmopolis e desde então todos os outros. Eu sempre faço essa pergunta e eu não quero parecer estúpido *risos* Mas é muito difícil para mim falar sobre isso. Eu amo seu estilo, mas eu não tenho certeza se eu sou inteligente o suficiente para entender toda a gama de suas ideias.

Você é um grande leitor?
RP:
 Eu já li mais alguns anos atrás, mas é cada vez mais difícil para mim agora encontrar o tempo e a concentração necessária para fazê-lo.

Ouvi dizer que você gosta de Michel Houellebecq...
RP:
 Absolutamente! Você sabe que quase nos conhecemos em Paris? Ele deve ter lido uma entrevista onde eu falei sobre seus livros e ele me chamou quando eu estava em uma turnê promocional. Mas eu tinha medo de encontrá-lo. *risos* Eu me arrependo, poderia ter sido bom ter tido um jantar com ele. Mas eu adoraria trabalhar em uma adaptação de um de seus livros. Como se chama o último?

La carte et le territoire. Você leu isso?
RP: 
Ainda não, mas eu li a sinopse e seria um filme surpreendente. Todos as suas histórias poderiam fazer grandes filmes.

Alguns foram adaptados no cinema, exceto o último e Plateforme...
RP:
 Ah, eu não sabia! Foram bons filmes?

Extension du domaine de la lutte et, sim, muito bem. Eu não vi Les Particules élémentaires, dirigido por um alemão. E quanto a La possibilité d'une île, que ele (Houellebecq) dirigiu a si mesmo, é um filme muito estranho, com umas partes que são lindas e outras que são completamente fracassadas...
RP:
 Eu estou muito curioso para ver todos. Especialmente Extension... o meu favorito.

O que é que atrai sobre Houellebecq?
RP:
 Ele é descrito como um cínico escritor mas está completamente errado, assim como em Cosmopolis: na superfície, esses personagens podem parecer maus, mas eles apenas tentam, desesperadamente, viver suas vidas e acabam decepcionados toda vez. Essa decepção que os anima, e às vezes os destroem, está cheia de esperança se você estiver disposto a perceber isso. Martin Amis tem uma concepção/visão similar a esta. Mas agora eu provavelmente estou falando bobagem, faz muitos anos desde que eu os li. *ele ri e bebe novamente café* Fez tudo o que produziu Whatever* na França? Eu não posso acreditar. Este é o tipo de filme que só podemos ver em seu país. Você tem uma visão engraçada do que é comercial ou não, você sabe disso? Cosmopolis: só um francês* poderia produzi-lo.

*Whatever é o título em inglês de Extensão du domaine de la lutte
*Ele está se referindo a Paulo Branco

Sem dúvida. É como se os grandes cineastas americanos que têm uma audiência apenas, ou principalmente, na França: Coppola, Ferrera...
RP:
 Eu fiz uma audição para Ferrera um dia, mas eu não consegui o papel. Foi antes de Crepúsculo. Eu senti como se tivesse feito a minha melhor performance, eu quase quebrei meu braço e ele disse: 'Sim, ok, não é ruim.' Eu comecei a chorar, foi muito constrangedor! *risos* Eu quero muito ser capaz de falar francês. Um monte de coisas que eu quero são em francês.

Oh, sério? Como o quê?
RP:
 Eu tenho um projeto com Jean-Stéphane Sauvaire, que dirigiu Johnny Mad Dog. É chamado de Mission: Blacklist, um filme sobre a busca e captura de Saddam Hussein. E você sabe o quê? Ele quer filmar no Iraque. Sim, foda-se! Ninguém mais teria coragem de fazer isso! Todo mundo quer que ele vá para a Tunísia, mas ele insiste: isso acontece no Iraque, eu estou filmando no Iraque. Ele está certo! Pelo menos, contanto que não se sequestrado. *risos*

Com que outros diretores franceses você gostaria de trabalhar?
RP:
 *sem hesitar* Audiard. Ele é um dos meus preferidos. Eu vou fazer tudo que posso para ver seu novo filme em Cannes.

É a primeira vez que você está indo?
RP:
 Não, mas eu só vim para fazer divulgação. Você se sente como uma espécie de idiota nessas situações, como uma bandeira viva. Imagino que quando você está em competição, é um sentimento completamente diferente. Quando eu penso sobre isso, eu digo a mim mesmo: Veja, você não estragou sua vida completamente. Cannes... Eu nunca vou poder agradecer o suficiente a David por isso.

Você ia muito ao cinema, quando você era criança?
RP:
 Não muito aos cinemas, mas eu gostava de alugar VHS. Havia sempre várias meninas nos corredores da locadora. *risos* Acabei por fazer amizade com o dono da loja, um verdadeiro fanático por filmes. Eu sempre tentei pegar filmes de classificação para maiores escondido dele. Eu queria ver filmes violentos, mas ele me daria filmes que eram muito artísticos. É assim que eu vi alguns filmes de Cassavetes aos 12 anos, alguns de Godard também... *ele pausa por um momento* que eu quero muito fazer um filme com Godard. Esse é o tipo de coisas surreais que eu sonho... É por isso que eu fiz Crepúsculo! *ele ri e então suspira*

Que tipo de infância que você teve?
RP:
 muito chata, para ser honesto. Eu queria ser um músico. Eu fiz os ensaios e pequenos concertos. Isso é tudo. Mais tarde, entrei para um clube de teatro, com muitas meninas bonitas lá. *risos* Eu queria ficar apenas nos bastidores, não me interessava interpretar. Mas um dia, eu apenas fiz..

Para impressionar uma garota?
RP: 
Exatamente. Acabei por interpretar em algumas peças, um agente me viu e me contatou. Ainda é ela que cuida de mim hoje. Na semana seguinte, eu fiz um teste para atuar em Tróia com Brad Pitt. Eu disse a mim mesmo “que porra é essa!”. Naquela época eu não entendia nada do que eu estava fazendo, me levou 6 anos para entender.

Toda a exposição sobre Crepúsculo te chateia? O fato de que você está sendo seguido o tempo todo por paparazzis?
RP: 
Seu mundo se encolhe de repente e é desagradável, sim. Mas ao mesmo tempo, você pode transformar essa atenção a seu favor. Mesmo que as pessoas te odeiem, eles estão pensando em você. Como um simples expectador, talvez eu diria a mim mesmo: “que diabos Cronenberg está fazendo com que cara?”Isso só me dá mais uma razão para lutar, para me testar, para provar que estão errados.
Quero dizer, é o suficiente, estamos autorizados a fazer coisas de merda de vez em quando! *risos*

Nem tudo precisa ser jogado fora em Crepúsculo. O primeiro era bonito ...
RP: 
Eu concordo. Eu o vi de novo recentemente. Catherine [Hardwicke] é realmente talentosa. Ela dirige e ela é um membro do publico também, do tipo que treme quando dois personagens se beijam, e pula quando é assustador... O primeiro foi lindo porque surpreende: Catherine nos deixou em paz para filmar este pequeno filme que ninguém se importava. O estúdio teve menos riscos para os filmes seguintes. Eu acho a mistura de erotismo e pudor muito estranho. É difícil de fazer e classificar o estilo Cronenberg. Os personagens não têm uma relação feliz e legal o suficiente com os corpos. É realmente tortura.

No que você está trabalhando agora?
RP:
 Eu vou fazer um filme sobre The Band, aquele que tocou com Dylan: um bonito roteiro sobre a natureza da composição. Estou preparando um filme de suspense também, com um roteiro muito bem escrito também. Não tem um diretor ainda. Milhares de diretores franceses estão na fila para fazer. Alguns anos atrás, a américa latina era onde acontecia, parece que é a vez da França agora ... Estou filmando um outro filme com Cronenberg, mas eu não sei quando ele quer começar a filmar. Vai ser o seu primeiro nos Estados Unidos e ele promete que vai ser muito estranho. Os próximos dois ou três anos vão ser cruciais para mim. É agora que tudo acontece.
Você participou do Coachella, vimos a fotos on-line. O que você ouviu?
RP: 
Bem, nada ou quase nada por causa dos paparazzis. É realmente frustrante. Tudo o que você quer é ver um show em paz, dançar um pouco, e tem todos os 20 caras tirando fotos e fotos. Você se sente como um idiota nesse caso. Eu consegui ver Radiohead... Beirute, foi muito bom. E eu vi um pouco da abertura de Justice. Adoro seus vídeos.

O dirigido por Romain Gavras?
RP:
 Sim, Stress. Outro francês que arrebenta.

Além das bandas que você mencionou, que tipo de música você gosta?
RP: 
Recentemente, não muito, com exceção de uma banda de hip-hop. Death Grips, é uma mistura de rap e música techno. É muito hardcore, não que eu costume gostar, mas eles têm algo, um gênio indefinível. Alguns anos atrás eu tive uma grande fase Van Morrison, uma verdadeira obsessão. Ouço bastante jazz e música clássica também. Eu devo estar ficando velho.

Eu li em algum lugar que você admirava atores pornos. Isso é verdade?
RP:
 Eu disse isso? *risos* Eu não me lembro disso, mas por que não? O assunto me interessa. Eu sempre quis fazer algo em torno deste assunto. É uma das coisas mais interessantes acontecendo em nossa geração, você não acha? Todo mundo vê, mas não quer dizer isso em voz alta. É como um evento e ninguém quer escrever sobre ele. Tentei dois anos atrás, mas levou a nada. Você já assistiu os AVN [Adult Video New] Awards? É hilário. Existem muitas dessas pessoas e eles são tão orgulhosos do que fazem... E quando se trata de lutar pela liberdade de expressão, eles são os primeiros da fila. Nós só podemos admirá-los.

Post: Mel

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