01 setembro 2011

LUCKY - CAPÍTULO I

Finalmente! Vamos conferir o primeiro capítulo de Lucky, a tão falada FIC? A FIC será postada de segunda a sexta sempre a noite. Sem mais delongas....
 Classificação: Maiores de 18 anos
Autora: Cella
Categoria: Saga Crepúsculo
Personagens: Bella Swan, Edward Cullen, Ement Cullen, Rosalie....
Gêneros: Romance
Avisos: Sexo

Capítulo 1
Bella's POV
"Tem certeza de que a Alice fez as reservas, Bella?" Edward perguntou, sem desviar os olhos da estrada à sua frente, já contornando a entrada do hotel no qual ficaríamos hospedados durante três dias.


Iríamos aproveitar o feriado de quatro de julho pra fugir da agitação de Nova York e também da chatice das reuniões de família na qual éramos submetidos há mais ou menos 26 anos.
"Claro que fez, Edward. Ali disse que ligou pro hotel na semana passada. Até parece que você não conhece a sua irmã. A essa hora já deve estar hospedada, completamente relaxada dentro da piscina, se embebedando com Jasper do lado." falei, rezando pra que a minha voz saísse firme.
Sabia exatamente onde Alice estava, tinha falado com ela assim que desembarcamos em Miami. Minha melhor amiga estava no Central Park, fazendo um picnic romântico com o namorado. A quilômetros de distância de onde Edward e eu estávamos naquele momento.
"Rose e Emm também vinham, não é mesmo?" Edward insistiu, me deixando em alerta.
"Claro que sim, Ed. Rose e Emm já devem estar no hotel, com Ali e Jazz." respondi, meio cansada.
O que tava acontecendo com ele? Por que toda aquela hesitação? Será que Edward desconfiava das minhas reais intenções?
Mas é claro que não, como ele poderia saber o que eu estava tramando?
Edward não tinha percebido a minha leve mudança nos últimos meses, como perceberia que aquela viagem era um plano da "BAR"?
Só pra esclarecer: BAR é a sigla do clube secreto que eu, Alice e Rosalie criamos quando estávamos no colegial e que até hoje ainda mantínhamos o tal clube em segredo. Era idiota, eu sei, mas era coisa de infância e tudo mais.
Ressuscitamos o clube secreto quando eu confessei, após uma crise de TPM e uma forte bebedeira, que eu estava apaixonada por meu melhor amigo, Edward Cullen. Alice, irmã de Edward ficou eufórica com a notícia e desde então resolveu que ia me ajudar a conquistá-lo.
No começo eu fiquei empolgada com a ajuda das garotas, mas conforme os nossos planos pra fazer Edward me notar iam fracassando, fui perdendo totalmente o ânimo.
Rosalie chegou a me dizer pra desistir, porque Edward era tapado demais e não merecia uma garota legal como eu. Alice foi a única das três que fincou o pé e disse que não ia desistir enquanto não fizesse o irmão dela me notar.
Há seis meses eu venho tentando de todas as formas fazer Edward perceber que eu não sou apenas uma amiga dele, que eu realmente posso ser uma mulher pra ele, não aquela garota que ele via pelada quando todos tomavam banho de banheira na casa dele quando tínhamos 5 ou 6 anos.
Mas parece que Edward ainda tinha essa imagem guardada da cabeça, porque era assim que ele me tratava, como se eu fosse a amiguinha idiota que nunca seria capaz de atraí-lo sexualmente. E sério, aquilo me irritava profundamente.
Todos sabiam que eu não era nenhum tribufu, sempre conseguia pegar os carinhas mais gostosos nas baladas, conseguia até fazer frente com Rosalie, que era a mais linda da "BAR".
E nem assim, nem mostrando que eu era uma mulher atraente, que podia ter todos os homens que quisesse, nem assim, Edward me notava.
Eu já estava quase jogando a toalha, quase partindo pra outra, sei lá, fazer uma viagem, pra tentar tirar aquele imbecil da minha cabeça, quando Alice surgiu com a brilhante ideia que nos levou até aqui.
O feriado de quatro de julho cairia em um sábado e seria perfeito pra colocar o plano em prática: um fim de semana em um hotel em Miami, apenas Edward e eu. Teria exatos três dias pra fazer com que ele me notasse e percebesse que eu estava apaixonada por ele.
No começo achei a ideia péssima, Edward estava de caso com uma colega da empresa onde ele trabalhava, a tal Jessica Stanley, loira, bonitinha, masmuitooo chata. Tava na cara que ele não iria topar a ideia de ir comigo pra Miami.
Mas aí Alice mexeu os pauzinhos e acabou convencendo o irmão a fazer a viagem. Tá, tá certo que ela enganou Edward, já que garantiu que ela, Jasper, Rose e Emm também iriam.
Seria como uma espécie de viagem pra comemorar a nossa amizade. Jasper e Emmett além de nossos amigos de infância, eram namorado e marido de Alice e Rose, respectivamente. Rose e Emm eram recém-casados e motivo de orgulho pro nosso grupo.
E então ali estava eu, quase me borrando nas calças de medo da reação de Edward quando percebesse que passaria um fim de semana comigo apenas.
Será que ele iria ficar chateado em ter que passar três dias inteiros ao meu lado? Será que iria desistir da viagem assim que soubesse que seriamos só nós dois ali naquele hotel? Oh meu Deus, ele não poderia desistir ou seria o meu fim. Eu ainda tinha a leve esperança de que aquele plano maluco de Alice ia dar certo e a gente ia se acertar.
"Chegamos." Edward anunciou e eu dei um pulo no banco, despertando dos meus pensamentos mirabolantes.
"É isso aí, chegamos." concordei, meio idiota.
Edward deu uma risada sem graça e saiu do carro, enquanto eu lutava pra retirar a porra do cinto de segurança, que parecia tirar uma com a minha cara e não me libertar.
"Vai querer um convite especial pra sair daí de dentro?" Edward bateu no vidro da janela, quando percebeu que eu estava demorando mais do que o costume pra sair de dentro do carro.
"O cinto." apontei pra faixa na diagonal que prendia meu corpo. "Não consigo me livrar do cinto." falei e ele entortou a boca, abrindo a porta do carro.
"Como sempre hein, Bee?" falou, rindo do meu jeito desastrado, usando o apelido de infância que eu tanto odiava. Edward me chamava daquele jeito, porque dizia que eu zunia que nem abelha ao invés de falar. Apelidinho da porra pra me irritar quando era criança.
"Cala a boca, Ew." retruquei, jogando com a mesma arma dele. Sempre que queria revidar às provocações dele, usava o termo que indicava nojo e repulsa pra irritá-lo. E sempre funcionava.
Edward sorriu e se debruçou sobre mim, pra alcançar a trava do cinto. O cheiro dos seus cabelos atingiu com força minhas narinas e eu senti meu corpo inteiro reagir.
Isso já tinha se tornado uma constante nos últimos seis meses, quando eu finalmente admiti que sentia algo mais por meu melhor amigo.
Estava extremamente sensível a qualquer coisa relacionada a Edward e sentia meu coração disparar cada vez que ficava próximo a ele. E aquilo era uma coisa absurda, já que eu nunca tinha me sentido daquele jeito na vida.
Como, após quase 20 anos de convivência com aquele homem, eu tinha que sentir aquelas coisas por ele? Não era justo, por que justamente eu tinha que cair de amores pelo homem que foi meu amigo de infância, meu conselheiro quando eu estava em encrencas amorosas na adolescência, meu salvador quando estávamos atolados na época da faculdade, meu confidente, quando nos tornamos adultos?
Me sentia uma completa imbecil apaixonada por um cara que nunca me vira como nada além de uma amiga.
Senti as palmas das minhas mãos coçarem e eu lutei comigo mesma contra o desejo de enterrar meus dedos na massa acobreada que cobria a cabeça de Edward. Os cabelos deles eram tão cheirosos e deveriam ser macios. Ai como eu queria poder puxá-los enquanto sentia sua boca beijando a minha...
"Pronto, livre do cinto." a voz rouca de Edward anunciou, me despertando outra vez dos devaneios incoerentes que consumiam minha mente naqueles últimos tempos. "Tá cada vez pior hein, Bee?" cutucou, rindo da minha cara.
Corei com força quando Edward se afastou de mim, me sentindo uma adolescente tendo uma paixonite aguda.
Droga, eu precisava ser tão imbecil daquele jeito? Não basta ser taxada de desastrada pelos amigos agora ia ter que admitir que era uma babaca apaixonada por um cara que não fazia ideia de que eu estava completamente caída por ele.
É, eu sempre fui desastrada mesmo, até no campo amoroso fazia jus ao apelido.
Deixe-me explicar essa onda toda de apelidos. Cada um no nosso grupo de amigos era definido por uma palavra: Eu, a desastrada; Alice, a intrometida; Jazz, o avoado, Emm, era o sem-noção; Rose, a gostosona e Edward, bem, ele era... o galinha.
Não poderia ter escolhido pessoa melhor pra me apaixonar, poderia?
[...]
"Como assim só tem um quarto reservado?" Edward perguntou à recepcionista, o tom levemente indignado.
Revirei os olhos escondidos sob os óculos escuros e dei uma olhada no relógio, sem realmente ver as horas.
"Eu sinto muito senhor, mas só há uma suíte reservada no sobrenome Cullen." a mulher respondeu, meio entediada. Já deveria estar acostumada com esses ataques de indignação dos clientes.
"Isso não é possível." Edward murmurou, se voltando pra mim. "Alice reservou um quarto pra nós dois. Não há nenhum quarto reservado no seu nome, Bella."
Tentei me manter séria, agradeci aos Céus por ainda estar de óculos, e sibilei:
"Não acredito nisso. E agora?"
"Vamos ter que dividir o quarto. Não há mais nenhum disponível, o hotel está lotado." Edward falou, passando as mãos pelos cabelos e eu lutei pra manter a boca fechada ou era capaz de começar a babar na frente dele. "Se importa em dividir o quarto comigo, Bella?"
Quase tive um ataque histérico quando ele me perguntou aquilo. Era CLARO que eu não me importava nem um pouco, até porque já tinha vindo preparada para essa viagem sabendo que passaria três noites dormindo ao lado de Edward.
"C-claro que não." gaguejei, querendo me socar. "E você?"
"Óbvio que não." Edward respondeu, me fazendo soltar fogos de artifício por dentro. Graças a Deus ele não tinha desconfiado de nada ainda.
Seguimos para o quarto reservado e eu sorri quando me deparei com a cama de casal. Alice tinha acertado em cheio na escolha do quarto.
Edward retirou os óculos escuros e deu uma gorjeta para o funcionário do hotel que trouxera as nossas malas, enquanto eu seguia pra sacada, ávida pra ter uma visão melhor da praia particular do hotel. Aquilo ali era mesmo o paraíso.
"Bom, até que enfim chegamos." Edward comentou, se debruçando na sacada ficando à centímetros do meu corpo.
Seu braço direito roçou despretensiosamente no meu esquerdo e eu me afastei como se tivesse levado um choque. Soltei um longo suspiro e tentei me controlar, estava parecendo uma demente agindo daquele jeito.
"Isso aqui é lindo, não é mesmo?" ele continuou, sem me encarar, os olhos fixos em algum ponto do mar brilhante.
"Lindo." murmurei, observando os raios de sol atingirem a cabeleira ruiva de Edward, deixando ainda mais avermelhada. OMG, eu precisava me controlar ou iria enlouquecer na primeira hora sozinha ao lado daquele homem.
Edward se virou bruscamente e eu quase cai da sacada, os olhos verdes me encarando de um jeito intenso.
"Bom, eu vou tomar um banho e depois a gente pode descer pra almoçar, o que acha?" perguntou, sem perceber a revolução que os seus olhos causavam em meu corpo. Como Edward não percebia o quão afetada eu ficava diante da sua presença?
"T-tudo bem." respondi, coçando a cabeça de um jeito estranho, sentindo meu coração acelerado e a boca seca.
Sintomas constantes da minha paixonite por Edward.
"Ah, Bee.. " ele parou no meio do quarto e falou: "Pode ligar pra Alice e descobrir em que quarto ela e Jasper estão? Aì podemos almoçar todos juntos." concordei com um aceno de cabeça frenético demais e senti meu cérebro sacolejar dentro da caixa craniana.
Apenas quando ouvi o barulho água escorrendo que eu pude libertar o fôlego, sufocada demais.
Peguei o celular de dentro do bolso e disquei rapidamente o número da caixa postal que Alice tinha me dado antes de eu sair de casa. Só iria conseguir me comunicar com ela através daquele número, pra evitar suspeitas de Edward.
Às vezes eu achava que Alice era alguma agente do FBI. Aquela mulher desconfiava até da própria sombra!
Pobre Jazz.
Ouvi o clique da chamada sendo atendida e suspirei, ao ouvir a voz melodiosa da minha amiga:
"Acho que já podemos começar a dar o primeiro passo no plano, não é mesmo, B?" abri a boca pra responder, mas a fechei imediatamente, me sentindo uma tonta. Aquilo ali era apenas uma mensagem gravada.
"Muito bem, agora que estamos de acordo vamos às instruções. Edward deve estar faminto, ele sempre fica com fome depois de passar muitas horas dentro de um voo." sorri ao relembrar da viagem até Miami, Edward comeu não só o lanche servido pelos comissários, como ainda filou um pouco do meu. Balancei a cabeça e tentei prestar atenção no que a voz de Alice me informava naquele momento. "Leve-o pra almoçar no restaurante do hotel, mas não aquele tradicional. Eu pesquisei na internet e descobri que o hotel que vocês estão hospedados tem um restaurante especialista em comida mexicana. E Edward ama comida mexicana. É a sua chance de ganhar alguns pontos com ele."
Fiz uma nota mental sobre o restaurante mexicano. Eu sabia que Edward adorava comida latina, apimentada e exótica. Fomos a um restaurante brasileiro no fim do ano passado e ele quase passou mal de tanto que comeu o tal churrasco gaúcho.
Naquela época éramos apenas amigos. Eu nem fazia ideia de que iria me apaixonar por ele alguns meses depois.
"Depois que almoçarem, eu sugiro que você o convide pra fazer um passeio de barco. Se quiser marcar mais um gol com meu irmão, convide-o pra fazer um mergulho. Como você mesmo sabe, Edward adora esportes radicais e de contato com a natureza." a voz de Alice continuou.
Claro, esportes radicais eram a cara dele! Tínhamos feito uma viagem para Nova Zelândia quando tínhamos 18 anos e foi Edward quem me incentivou a saltar de bungee jumping.
Mergulho, anotado.
A porta do banheiro abriu e eu larguei o celular em cima da cama como se ele tivesse me queimado. Mas o que tinha realmente me queimado era a visão do corpo escultural de Edward ainda molhado, os ombros fortes cheios de gotículas de água, que caiam dos cabelos, agora escuros, grudados na testa.
A toalha enrolada na cintura oferecia um convite irresistível aos meus dedos, que não viam a hora de arremessar o tecido longe pra ter a visão do paraíso diante dos meus olhos.
Para com isso, Bella! – gritei mentalmente, desviando os olhos do corpo de Edward.
"Não consigo nem lembrar quando foi meu ultimo banho com água gelada." ele comentou bobamente, abrindo uma mala e retirando uma boxer preta, uma bermuda caqui e uma camisa pólo azul.
É, meus olhos seguiam cada movimento daquele homem.
"Aconteceu alguma coisa?" Edward franziu o cenho ao me encarar.
Levei meio segundo pra perceber que ele estava falando comigo. Meus olhos estavam fixos nos contornos definidos da barriga à minha frente.
"Hã?"
"Você tá bem, Bella? Tá pálida!" comentou, me encarando com preocupação.
"Ah,e-eu.. c-claro que eu tô bem, p-por que não estaria?" gagueira súbita era horrível. Mas que merda, Bella!
"Sempre foi péssima mentirosa, Bee. Anda, me diz o que foi que aconteceu." Edward insistiu, sentando ao meu lado e acabou respigando algumas gotas de água em meu rosto.
Meu Deus, daí-me forças pra não agarrar esse homem nesse momento e estragar tudo que foi planejado!
Respirei fundo e peguei o celular ao meu lado, tentando lembrar com clareza do que fora combinado.
"Hum.. bem, aconteceu um problema sim." disse, olhando fixamente pros meus dedos, que remexiam no celular, abrindo e fechando o aparelho, externando meu nervosismo.
"E então?" Edward perguntou, alguns segundos depois.
"O-o quê?" ergui os olhos pra encará-lo e depois recuei rapidamente, sabendo que estava a ponto de perder o juízo.
Por que eu fui me apaixonar por aquele homem?
"Você tá começando a me deixar preocupado. O que foi que aconteceu, Bella?" inquiriu, inquieto dessa vez.
Anta, Bella! Presta atenção no plano e para de ficar agindo como uma anta!
"Ah, sim, é.." respirei fundo e fechei os olhos. "Emmett sofreu um pequeno acidente e fraturou a perna esquerda. Por conta disso ele e Rose não virão mais pra cá. E sua irmã ficou presa na entrega da nova coleção da loja de roupas e –"
"E todos furaram o passeio." Edward completou, batendo as mãos nos joelhos antes de se levantar. "Como sempre acontece, não é mesmo?"
Soltei uma risadinha abafada e concordei com a cabeça. De fato isso sempre acontecia no nosso grupo.
Perdi as contas de quantas vezes Alice organizou viagens e no final as únicas pessoas que iam era Edward e eu. Pelo menos a irmã dele era um pouco responsável e sempre reservava quartos no sobrenome Cullen, assim não teríamos problemas quanto a hospedagem.
Só que daquela vez meus amigos boicotaram a viagem em grupo de propósito, apenas pra ajudar a amiga desesperada e apaixonada pelo amigo que não fazia ideia do que estava acontecendo.
"Mais uma vez." concordei, me levantando da cama.
"Isso já não é surpresa nenhuma, não é, Bee? Sempre sobra pra gente." Edward sorriu, pegando uma das minhas mãos, entrelaçando na sua.
Tentei me manter o mais natural possível diante daquele contato inocente, mas senti meus dedos formigarem quando entraram em contato com a pele dele.
"Lembra quando viajamos pro Canadá?" Edward perguntou, me encarando com diversão nos olhos. "Aquela foi uma das melhores viagens da minha vida."
Sorri ao relembrar dos dias que passamos em Vancouver, quando tínhamos pouco mais de 17 anos. Foi a nossa primeira viagem sem o acompanhamento dos nossos pais.
Tínhamos ido até o Canadá apenas pra assistir ao show do U2, já que não tínhamos conseguido juntar grana a tempo pra acompanhar a turnê nos EUA.
Edward pediu dinheiro emprestado pro pai, alegando que precisava comprar uma peça pro carro. Tudo mentira! Foi com essa grana que conseguimos fazer a viagem e assistir ao show.
"Mas é claro que eu lembro! Alice nos ajudou a forjar nossas carteiras de identidade." Edward riu, concordando. "Sinto saudades dessa época." comentei, tentando engolir o nó que se formara em minha garganta diante das lembranças do nosso passado juntos.
Era tão difícil admitir que desde àquela época eu já era apaixonada por ele, mesmo sem perceber. Lembro que Edward e eu tínhamos ficados bêbados pela primeira vez após o show e foi aí que nos beijamos. Foi apenas uma coisa de momento, ato impensado por causa da bebedeira. Naquela época aquilo passou desapercebido por ambos, mas agora eu tinha plena certeza de que foi naquele momento que eu senti algo diferente por ele.
"Eu também." Edward sibilou, me abraçando com carinho, me fazendo encostar a boca na pele macia do seu peito. Respirei fundo e tentei não retesar meu corpo por causa do contato inesperado e amigável, mas eu mais parecia um bloco de gelo. Se me movesse poderia estragar tudo. "A gente tem umas boas histórias pra contar, não é mesmo, Bee?"
"Muitas." murmurei, meio débil. O cheiro de sabonete e aroma natural da pele dele estava me deixando zonza.
Edward riu e se afastou um pouco, apenas o suficiente pros nossos olhos se encontrarem.
"Qual foi a nossa ultima viagem juntos?" perguntou.
"Chicago." respondi, quase que instantaneamente.
Seu sorriso se ampliou e ele concordou:
"Claro, pro congresso de publicidade no ano passado."
Mordi o lábio inferior tentando conter o choro que estava prestes a tomar conta de mim ao relembrar que naquela viagem, Edward e eu passamos três dias inteiros trancados dentro do quarto do hotel, por causa da tempestade de neve que assolava a cidade.
Três dias que passamos regados a conversa fiada, lembranças dos velhos tempos e um bom vinho francês.
Aquelas lembranças só faziam confirmar o que era óbvio desde sempre: eu o amava há muito mais tempo do que pensava.
"E aí, parceira, por que não vai tomar seu banho, enquanto eu troco de roupa por aqui mesmo?" perguntou, me fazendo dar um salto pra longe dele.
Era tão fácil perder o rumo nos braços de Edward.
"C-claro." respondi, passando as mãos pelos cabelos, tentando afastar a nuvem que cobria meu cérebro, me deixando incapaz de pensar claramente.
Peguei minhas coisas dentro da mala e quando ia entrar no banheiro, Edward me chamou.
"Sim?"
"Já que a gente tá por aqui, já que vamos ser só nós dois novamente em uma viagem, eu prometo que a gente vai se divertir." Edward sorri, me dando uma piscadela, fazendo meus joelhos ficarem moles.
"Claro que vamos. A gente sempre se diverte." falei, minha voz saindo meio histérica por conta da emoção que tomava conta do meu corpo.
Fechei a porta do banheiro com uma certa relutância, lutando contra a vontade de ficar ali no quarto, observando o homem dos meus sonhos totalmente nu na sua perfeição.
Respirei fundo e enterrei minha cabeça na pia, ligando a torneira e deixando a água gelada esfriar meu rosto e os meus pensamentos.
Eu prometo que a gente vai se divertir. A frase de Edward ecoou na minha cabeça e eu sorri, tentando me agarrar naquele fio de esperança.
Se dependesse de mim, Edward iria experimentar outros tipos de diversão, completamente impróprios e bastante prazerosos.
[...]
"Ainda tá com raiva de mim?" Edward perguntou, tentando passar o braço em torno dos meus ombros, mas eu me esquivei, meio contrariada.
"O que você acha?" revidei, sentindo a língua ainda travada, as palavras saindo de um jeito estranho, meio grogue.
Percebi que ele lutava pra não cair na gargalhada e aquilo só estava me deixando ainda mais irritada.
"Eu não tive culpa, Bee e você sabe disso. Como eu ia saber que você é alérgica a abacate?" Edward se defendeu, me puxando pelo braço, dessa vez conseguindo me agarrar pelos ombros.
"Devia ter me dito que a comida mexicana leva abacate em quase todos os pratos!" retruquei, ainda sentindo os lábios inchados.
Assim que chegamos no restaurante mexicano, Edward decidiu que comeríamos burritos. Como eu era leiga em matéria de comida mexicana, acabei aceitando a sugestão dele. Só não fazia ideia que o tal burrito era preparado com uma tal de guacamole, que é feita com abacate. E todo mundo sabia que eu era alérgica a abacate! Todos, menos ele.
"Ainda tá muito inchado?" perguntei, sentando em um dos bancos espalhados pela orla da praia.
"Um pouco." Edward respondeu, passando o lenço que enrolava um cubo de gelo no canto dos meus lábios. "Mas já tá bem melhor."
Revirei os olhos e soltei um suspiro exasperado, me sentindo a mais completa idiota. Ótimo, aquilo era tudo que eu tinha pedido a Deus naquele momento! Ficar com a cara inchada e a boca parecendo um balão! Nada sexy!
"Vai passar logo, Bee. Você já tomou o remédio, logo seu rosto e a sua boca desincham." Edward tentou me tranquilizar, esfregando a mão em um dos meus braços.
Senti vontade de chorar naquele momento. Tudo que eu menos queria era que Edward me visse daquele jeito, falando como uma drogada, com a língua pesada e enrolada, os olhos pequenos por causa do inchaço no rosto.
Droga, eu devia estar parecendo um monstro inchada daquele jeito!
"Se quiser voltar pro hotel.." Edward começou, ao ver que eu estava quase chorando, me encarando de um jeito preocupado e até consternado.
"Não, você disse que a gente ia se divertir. E eu quero me divertir!" falei, pegando o gelo da suas mãos, colocando na minha boca, que ardia por causa da alergia.
"Mas você tá desse jeito-"
"Você disse que não tava tão inchado-" fiz um beicinho ao perceber que Edward só tinha dito aquilo pra me tranquilizar."Preciso de um espelho agora!" gritei, pulando do banco, correndo até um carro parado há alguns metros de onde estávamos.
Quase caí pra trás ao ver meu rosto praticamente deformado por causa do inchaço.
Os olhos estavam quase sumindo de tão estreitos, as bochechas pareciam ter dobrado de tamanho e a boca parecia que tinha passado por uma sessão de botox muito mal aplicado.
"Aaaaah, eu tô parecendo um ET!" choraminguei, virando o rosto, evitando encarar o monstro que estava refletido no espelho.
"Não seja exagerada, Bella. Tá inchado sim, mas também não precisa fazer todo esse drama." Edward murmurou, me levando de volta pro banco onde estávamos sentados há minutos atrás.
"Para de tentar me convencer que eu não estou horrível, porque eu sei que eu to parecendo um balão de tão inchada!" sibilei, enterrando o rosto entre as mãos.
A primeira parte do meu plano pra seduzi-lo tinha ido por água abaixo. Como ia conseguir dar uma de mulher sexy com o rosto parecendo uma bola de basquete?
"Pra mim você continua linda do mesmo jeito." Edward comentou, de um jeito tão despretensioso que eu quase pensei ter ouvido coisas, pura invenção da minha perturbada e cheia de antialérgico.
Nunca, durante quase 20 anos que eu o conhecia, tinha recebido um elogio vindo da parte dele. Edward nunca disse que eu era bonita, nem quando eu tinha certeza de que estava bonita.
Ele já tinha me visto várias vezes com um visual arrasa quarteirão e nem assim disse que eu era bonita, quanto mais linda.
Sério, eu só podia tá inventando coisa!
Percebi que Edward me olhava intensamente, como se tentasse ler alguma coisa na minha expressão.
Tá vendo só, eu disse que estava imaginando tudo aquilo. Ele devia tá com pena ao ver meu rosto tão inchado e deformado do que jeito que estava.
"O que foi? M-meu lábio estourou, não foi?" perguntei,levando a mão à boca, tentando ver se havia algo de anormal ali.
Mas não encontrei vestígios nenhum de sangue na pele inchada.
"Não, não foi nada." Edward respondeu, mas continuou me encarando de um jeito estranho e perturbador. Ele nunca tinha me olhado daquele jeito antes. "É que, nossa, nunca tinha percebido que os seus olhos eram cor de avelã. São lindos." continuou, ainda me fitando.
Abri e fechei a boca tentando responder aquele comentário, mas não consegui esboçar qualquer tipo de reação.
Estava assustada demais com suas palavras e ainda tinha quase certeza de que aquela conversa era fruto da minha imaginação afetada pelos analgésicos e antialérgicos.
"Isso é estranho, não acha? Quer dizer, eu te conheço há tanto tempo e não sabia que os seus olhos não eram simplesmente castanhos." murmurou, quase me hipnotizando com o tom verde água dos olhos dele. "Eles têm cor de chocolate derretido. E mesmo quase totalmente fechados ainda consigo ver que são tão brilhantes e tão.. profundos." inconscientemente, Edward se inclinou na minha direção, apenas pra analisar melhor meus olhos.
O que estava acontecendo aqui? Por que ele estava me olhando daquele jeito? Por que resolveu prestar atenção na cor dos meus olhos justo naquele momento?
Será que ele não podia esperar pra começar a me elogiar quando eu estivesse usando algum vestido sexy e o meu rosto estivesse voltado ao normal?
Aquilo não podia tá acontecendo, podia?
"E-edward, eu-" comecei, mas fui interrompida ao sentir uma pancada forte na cabeça, que me fez cair meio zonza no colo dele.
Meu único pensamento antes de cair na inconsciência foi que eu deveria ser muito azarada duas desgraças quase simultâneas podiam acontecer a uma pessoa em apenas um dia?
E onde foi parar aquela história de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar?
É.. eu só podia mesmo ter pregado chiclete na cruz.
Continua....

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