Boa noite pervinhas! Que tal descobrirmos como foi o natal desse casal ultra fofo? Ótima leitura!
Autora: Cella
Classificação: Maiores de 18 anos
Categoria: Saga Crepúsculo
Personagens: Bella Swan, Edward Cullen, Ement Cullen, Rosalie....
Gêneros: Romance
Avisos: Sexo
Capítulo 4 - Le Toi Du Moi*
*O você de mim – Carla Bruni
BPOV
A semana do Natal finalmente chegou e trouxe com ela o alívio de que eu tanto necessitava após dias sob forte estresse. Meus projetos estavam todos encaminhados na agência e, se tudo desse certo, a campanha na qual eu estava trabalhando há meses seria lançada no mercado logo na primeira quinzena de janeiro. Mais um ponto a meu favor na secreta batalha que travava com Clarice.
Desde que entrei na Publicis fui alvo de críticas nada construtivas e olhares que seguiam a linha inveja-desprezo-inveja, mas procurei não me importar; o fato de ser uma estrangeira proveniente de um país que, a meu ver, era odiado por 99,9% dos franceses só servia para aumentar a carga de pressão sobre meus ombros. Não era fácil lidar com os comentários maldosos que diariamente eram sussurrados em minhas costas, porém fiz de tudo para manter um mínimo de paciência e tranqüilidade – ainda que muitas vezes pensei em atirar tudo pelos ares e me livrar de uma vez por todas de tanta arrogância e prepotência. As únicas coisas que me prendiam ao emprego eram o amor que nutria por minha profissão e o ótimo salário que ganhava.
Confesso que a presença de Edward em meu cotidiano servia e muito para amenizar a sobrecarga de problemas que eu enfrentava todo santo dia; se não tivesse a certeza de que o encontraria em casa a cada final de expediente provavelmente já teria voltado aos Estados Unidos – desempregada e com uma séria crise de estafa. Só de pensar em uma coisa dessas sentia arrepios no corpo inteiro.
Como acontecia na maioria das empresas do mundo, meu trabalho entrou em um recesso temporário para as festas de fim de ano. O clima péssimo, fortes tempestades de neve que assolavam quase toda a Europa, acabou obrigando alguns estabelecimentos comerciais a fecharem antes do previsto. Por sorte, as agências de publicidade onde Edward e eu trabalhávamos anteciparam o encerramento de seus expedientes em cerca de dois dias. A notícia não poderia ter vindo em melhor hora, já que eu precisava mesmo de um tempo extra para organizar o apartamento e planejar o que faríamos com tanto tempo livre.
Se dependesse dele, passaríamos mais de uma semana trancados no quarto testando todas as posições do Kama Sutra. E eu realmente necessitava de um plano de urgência para salvar meu Natal e Ano Novo.
Nosso primeiro dia sem trabalho começou com uma irritante nevasca que acabou deixando o clima frio e preguiçoso. Resultado: passei metade da manhã em uma guerra monumental para conseguir levantar da cama. E fui obrigada a enfrentar outra batalha até fazer Edward parar de resmungar e sair do quarto, só para no segundo seguinte ter vontade de enfiar minha cabeça na parede ao vê-lo se arrastando rumo ao sofá e quase desabando em cima de Polainas, que dormia sossegado sobre uma almofada.
Eis ali um outro problema que me tirava do sério: a implicância de Edward com meu gato de estimação. Parecia que aquela briga estava longe de ter fim, já que a cada dia que passava ele estava mais e mais rabugento, sempre reclamando por causa da alergia e da forma como eu tratava o animalzinho. No fundo eu sabia que ele era ciumento e não suportava ter que dividir seu território com outro macho, ainda que fosse com uma bola de pêlos totalmente indefesa.
"Vai ficar nessa brincadeira por quanto tempo mais, Edward? Eu preciso de ajuda com a faxina do apartamento!" Sibilei puxando o edredom que cobria metade do corpo grande demais para um sofá de dois lugares.
"Hmmm, só mais cinco minutos, Bee." ele respondeu sonolento, enroscando os braços nas pernas como se fosse uma criança de três anos.
Em outra situação a cena certamente me faria abrir um sorriso boboca, mas hoje eu não estava disposta a ceder aos encantos de Edward. A faxina vinha em primeiro lugar; a diversão ficaria para depois.
Polainas arranhou meus pés com suas unhas pequenas, mas muito afiadas, e soltou um miado baixo, o que indicava que ele não estava nada contente com a interrupção de seu sono. Era só o que me faltava, já não bastava ter que conviver com um homem folgado agora teria que aturar um gato abusadotambém. Eu realmente merecia tudo isso mesmo.
Peguei o bichano no colo e coloquei-o sobre os ombros de Edward, mordendo os lábios para conter uma risada. Polainas bateu as patinhas em suas orelhas e então virou-se e passou a agitar o rabo comprido e peludo bem próximo ao nariz do preguiçoso. Contei até três e me afastei do sofá, bem a tempo de vê-lo gritar de susto e saltar pela sala sem conseguir parar de espirrar.
"PORRA BELLA, QUE MERDA É ESSA QUE VOCÊ FEZ?" Edward urrou roxo de raiva.
"Cansei das suas enrolações, tinha que arranjar um jeito de te acordar de uma vez!"
"Arranjou um jeito de me matar, isso sim. Puta que pariu, eu não tô nem conseguindo respirar direito." ele retrucou ofegante, abanando as mãos na altura do nariz.
"Nah, deixa de ser frouxo e olha pra mim." notei que os olhos verdes estavam saltados de ódio assim que os encarei; bufei sem paciência e estendi a mão para limpar as bochechas, que estavam quentes e cobertas de pêlos cinzentos. "Não adianta fazer essa cara feia, porque você sabe que mereceu isso. Agora pare com esse drama, você deitou em cima da almofada do Polainas e não sentiu vontade de espirrar uma vezinha sequer."
Edward soltou um rosnado por entre os dentes, mas manteve-se calado enquanto eu espanava os pêlos de seu rosto; não pude deixar de rir ao notar o beicinho contrariado que preenchia seus lábios finos. Deus, ele mais parecia um bebê chorão e muito mimado!
Estiquei meu corpo e beijei a boca fechada em aborrecimento para selar a paz naquela manhã e dar início à maldita arrumação daquele apartamento pra lá de bagunçado; a princípio ele tentou desviar o rosto, mas logo senti as mãos grandes apertando minha cintura e trazendo meu corpo o mais próximo do seu. Pelo visto Edward já estava curado da crise de espirros, pois me beijava com uma fome quase desesperadora.
"Ok, agora que você está melhor, vamos começar a trabalhar um pouco por aqui?" me afastei bruscamente e precisei socar-lhe nas mãos para que ele me soltasse.
"O que quer que eu faça?" Edward perguntou entediado, repuxando os cabelos bagunçados daquele jeito que me deixava irritada.
"Para começar, pare de tentar arrancar os cabelos, isso me dá nos nervos!" Ele deixou os ombros caírem de tédio e seus olhos rolaram pela milésima vez naquele dia. "Escuta, Edward, eu não posso fazer tudo nessa casa, então preciso que você pare de bancar a criança e me ajude! Será que pode dar um jeito no nosso quarto enquanto eu limpo a sala e a cozinha?"
"Tá, tudo bem." ele cedeu sem desfazer a carranca aborrecida.
"Ótimo, é assim que se fala, meu amor." Abri um sorriso largo e bati palmas no ar. Finalmente ficaríamos livres da nuvem de sujeira que pairava sobre cada cantinho do apartamento.
"Você está ficando igualzinha a Alice, sabia?" Edward resmungou enquanto me via separar os materiais de limpeza sobre a mesa da cozinha.
"Isso não é verdade. Se eu estivesse parecida com Alice, você certamente estaria dormindo na sacada para aprender a nunca mais deixar a toalha molhada em cima da cama." Retruquei sem encará-lo. "Além disso, sua irmã não te recompensaria no final do dia com uma boa dose de sexo só para te relaxar." Sorri sacana e empurrei um balde grande com produtos de limpeza e algumas flanelas contra o peito dele; Edward piscou várias vezes antes de me fitar com um olhar brilhante de expectativa.
"Quer dizer que eu vou ganhar recompensa depois dessa exploração toda?"
"Se você parar de falar e começar a trabalhar, posso pensar sobre isso." sibilei esticando os lábios em um riso falsamente ingênuo.
"Maravilha!" era quase hilária a súbita empolgação que havia tomado conta dele. "Só uma pergunta, Bee; Será que você pode me dar essa recompensa bem ali na sacada?" Ele definitivamente havia pirado de vez.
"Hm, claro, por que não? A gente conversa melhor sobre isso mais tarde, ok? Agora, mãos à obra, Ed, temos uma faxina pra fazer." Lancei uma piscadela e acenei distraidamente até vê-lo sumir dentro do quarto e iniciasse a arrumação daquela zona.
Ainda fiquei alguns minutos, parada no meio da cozinha, considerando a idéia maluca de Edward. Era sem dúvida a coisa mais descabida que eu já havia ouvido. A sacada estava recoberta de neve e eu não ousaria colocar meu dedo mindinho no piso congelante. Sexo fora do apartamento estava definitivamente descartado, não havia a menor possibilidade de eu concordar com uma coisa dessas.
Sem chances.
Sugestão descartada por enquanto.
Talvez quando o frio desse uma trégua e a neve derretesse um pouco.
Hmmm... Quem sabe no verão?
[…]
Electric Twist – A Fine Frenzy
EPOV
Quando Bella me obrigou a ajudar na arrumação da casa eu não imaginei que a tarefa seria tão interessante. Como havia concordado em bancar o cara gentil e companheiro de todas as horas, ganhei uma promessa de sexo na sacada – meu desejo desde que coloquei o pé nesse apartamento; além disso, observar o jeito como ela se comportava enquanto fazia faxina era algo no mínimo divertido. E só Deus sabia o quanto eu amava diversão.
Minha tarefaera apenas cuidar do quarto e foi exatamente o que eu fiz; troquei os lençóis, arrumei os travesseiros, desamassei o tapete e varri todo o lixo que encontrei espalhado pelo chão direto pra debaixo da cama. Sabia que provavelmente levaria esporro de Bella quando ela descobrisse, mas resolvi não me importar. Eu estava feliz demais por passar algum tempo sem fazer nada e teria minha tão desejada transa na sacada do prédio. O moleque tarado dentro de mim não podia estar mais contente com tantas boas novidades.
Assim que terminei de dobrar as toalhas e colocá-las de volta no cabide do banheiro – Bella ia me adorar por isso – rumei até a cozinha em busca de uma cerveja. O frio do lado de fora estava de matar, mas do lado de dentro eu estava sentindo tudo muito quente. E pareceu piorar quando eu segui em direção à sala.
O lugar mais parecia uma filial do inferno e Bella era a manda-chuva do pedaço. E como era perversa remexendo aquela porra de bunda enorme enquanto cantava uma música de mulherzinha com extrema vontade. Ela fazia uma verdadeira mágica ao se equilibrar na mesa de centro – que agora estava encostada na parede – para organizar as dezenas de cartões natalinos que Alice, Esme e Rosalie fizeram questão de nos enviar nas últimas semanas.
O corpo pequeno dobrou-se ao meio e eu pensei que fosse morrer afogado com a quantidade de cerveja que inundou meu nariz; definitivamente não conseguia superar o fascínio que os quadris daquela mulher excercia sobre mim. Eram perfeitos, grandes, redondos e tão gostosos de apertar emorder. Me sentia como um pervertido por não conseguir pensar em nada além da vontade louca de deixar a marca de meus cinco dedos na curva bem feita da bunda de Bella.
Nem o fato dela estar vestida com uma calça de moletom gigante amenizou as idéias que minha mente safada tramava; se ela não parasse de chacoalhar a droga daquele corpo gostoso pra caralho eu não iria responder por mim. Sim, eu era um filho da puta que só pensava em sexo e isso era inteiramente culpa de Bella.
"Pare de me olhar com essa cara de cachorro no cio e me ajude com os porta-retratos, Ed. Não tenho o dia todo." Meu queixo caiu quando a ouvi sibilar, sem nem ao menos me encarar. Como é que ela sabia que eu a estava secando como um babaca sacana?
"Você é tão fácil de ler, sabia? Como um livro aberto." Bella murmurou pegando algumas fotografias de Audrey que Rosalie havia enviado junto com os cartões para colocá-las no aparador sobre a pequena lareira que não funcionava havia quase meio século.
"Cala a boca, sua atiçadora dos infernos." Resmunguei e sentei a mão em sua bunda; ela gritou alguns palavrões e tentou me chutar no ombro, mas eu consegui desviar. Bella girou os olhos impaciente e voltou sua atenção à fileira de fotografias e miniaturas expostas sobre o tampo de madeira.
"O que quer fazer depois da faxina?" eu perguntei e encostei o rosto na altura das coxas grossas cobertas pelo tecido de algodão da calça; ela me olhou de esguelha e eu ergui o rosto para lhe dar um sorriso esticado até as orelhas.
"Você é tão idiota." Guinchou em meio a risinhos engraçados. "Estava pensando em pegar um cinema no começo da noite ou quem sabe sair pra beber por aí, sei lá, faz tempo que não saímos. Sinto falta de me divertir com você."
"Mas a gente se diverte, Bee. Você é a minha maior e melhor diversão. Minha Disneyland particular." Eu a ouvi soltar um suspiro alto e logo em seguida um gritinho abafado quando mordi a lateral de sua coxa direita.
"Dá pra você parar de pensar em sexo por pelo menos dois segundos e me ouvir? Eu tô falando sério, Edward, cansei de viver nesse esquema casa-trabalho-casa. A gente precisa variar um pouco, sabe? Respirar ar puro de vez em quando."
Ela tinha razão, estávamos mesmo precisando de um pouco mais de vida social. Não lembrava a última vez que saímos para curtir uma noite em Paris. Sempre colocávamos a culpa no clima excessivamente frio da cidade e assim ficávamos acomodados naquele apartamento velho e entediante.
"Tudo bem, a gente sai hoje a noite, Bee." Bella largou os porta-retratos de qualquer jeito e se atirou em meus braços me beijando no rosto várias vezes. Eu gostava de vê-la feliz, me deixava com uma sensação de cócegas na boca do estômago.
"Obrigada, Ed, você ainda é um idiota pervertido, mas eu te amo assim desse jeito." Deixei escapar uma gargalhada enquanto observava o jeito como ela se pendurava no meu corpo e enroscava as pernas no meu quadril.
"Também te amo, gostosa." sorri e deixei meus lábios brincarem com os seus só pra sentir a cosquinha em minha barriga se espalhando pelo corpo inteiro.
[…]
Bella demorou uma eternidade até finalmente decidir para onde queria ir em nossa primeira noite livre e quando me contou, senti vontade de enfiar minha cabeça na privada. Tanta discussão pra nada, iríamos mesmo assistir um filme no cinema e depois parar em algum bar pra beber até que um de nós entrasse em coma alcoólico. Super!
Como já esperava ela escolheu uma comédia romântica daquelas bem melosas e que fazia onze entre dez mulheres chorar como bebês recém-nascidos; senti vontade de meter uma bala direto em meu cérebro, mas como não encontrei nenhuma arma ao meu alcance, acabei tendo que suportar a sessão de tortura medieval como o bom cara apaixonado pela namorada que eu era. Em outras palavras, um babacão que arrastaria a língua no asfalto se sua mulher pedisse. Engole essa, panaca!
Saímos do cinema no fim da tarde e eu estava com a garganta seca por uma cerveja; ia beber o triplo essa noite só pra ver se conseguia recuperar um pouco do meu orgulho de macho, que fugiu quando percebeu a cilada em que me enfiei ao deixar Bella escolher nosso programa da noite. Eu era mesmo um grande imbecil.
"Porcaria de filme estúpido." Resmunguei alto demais e acabei despertando o olhar de Bella, que me encarou com intensidade. De cara pensei que ela fosse me dar uma bronca e começar uma ladainha que acabaria me deixando com vontade de me atirar em frente ao primeiro carro que encontrasse no caminho, porém nada aconteceu.
Ela apenas suspirou cansada e voltou sua atenção para o Blackberry que carregava nas mãos. Muito estranho.
"Hey Bee, tem um pub aqui perto, no cruzamento da sexta. Os caras da agência me disseram que a cerveja de lá é ótima. A gente pode beber um pouco antes de ir pra casa, que tal?"
"Tanto faz, Edward. Cerveja é só cerveja." Ela deu de ombros sem desgrudar os olhos do celular. Mas que porra estava acontecendo pra fazê-la mudar de comportamento de uma hora pra outra?
"O que é isso, Bella?" Perguntei quando paramos na calçada esperando que o sinal ficasse verde para pedestres. "Você tá com raiva por que eu achei o filme uma merda? Se foi isso, eu-"
"Não é nada disso." Ela guardou o celular no bolso do casaco e cruzou os braços no peito; seu rosto estava fechado em uma careta dura e eu estava começando a ficar preocupado.
"Podemos ir ao Chai ao invés do pub? Por favor." A súplica escapou na forma de um soluço e todas as minhas suspeitas se concretizaram. Havia acontecido algo de muito estranho com Bella e eu agora queria saber o quê.
Cruzamos as ruas cheias de Paris em direção ao café pequeno e de pouca movimentação; Bella adorava o lugar e sempre o escolhia como destino dos nossos domingos. Almoçávamos quase todos os finais de semana no Le Au Chai de l'Abbaye, ou simplesmente Chai, como era conhecido pelos franceses e moradores da cidade.
"Estou precisando de uma xícara de chocolate e dois pedaços de tarte aux pommes." Ela anunciou assim que nos acomodamos em uma mesa no fundo do restaurante; seus olhos insistiam em não desviar dos pés, mas eu podia apostar que estavam vermelhos de choro. A ponta do nariz arrebitado entregava tudo.
"Por que está chorando, Bee?" Questionei assustado e ela negou com a cabeça enquanto enrolava dos dedos nos botões do casaco.
Uma garçonete nos abordou e eu fiz os pedidos com impaciência. Bella finalmente levantou o rosto e me lançou um meio sorriso antes de esfregar a mão no nariz molhado de lágrimas.
"A francesinha ficou interessada em você, quase te comeu com os olhos." Sibilou rindo com uma voz rouca de choro contido.
"Hm, até que ela é bem gostosa, mas vou ter que dispensar por hoje." Murmurei lançando um olhar comprido em direção ao corpo da garçonete que estava debruçada sobre o balcão principal, sorrindo de forma exagerada. "Anda, Bee, me diz o que aconteceu pra te deixar triste desse jeito."
"Meu pai," ela inspirou com força e mordeu o canto dos lábios, nervosa. "liguei pra casa dos meus pais antes de sairmos e Charlie atendeu. Ele não me deixou nem começar; desligou na minha cara." Completou com um sorriso amargo na boca.
"E eu só queria saber se Renée gostou do presente que mandei." Bella enterrou o rosto nas mãos pra tentar sufocar mais um soluço; não deu muito certo e isso só a fez derramar mais algumas lágrimas.
Droga, eu detestava vê-la chorando desse jeito, me deixava mal pra cacete.
"A cada dia que passa eu vejo o quanto meu pai me odeia e nunca vai me perdoar por todas aquelas brigas que tivemos no passado." Ela sussurrou em uma voz magoada. "Charlie não me deixou sequer falar com Renée. E eu queria desejar um Feliz Natal à ela." minha garganta fechou ao ouvi-la chorar baixinho e eu precisei empurrar minha cadeira para um pouco mais perto da sua. Passei os braços em torno dos ombros encolhidos e beijei o alto de sua cabeça, aproveitando para embalá-la de leve.
Bella soltou a respiração com força e afundou o rosto em meu peito, grunhindo timidamente. Deixei meus dedos entrelaçarem-se aos seus, fazendo carinho na palma da mão pequena até que as lágrimas fossem embora de vez.
"Melhorou, amor?" perguntei quando ela fungou e puxou um lencinho de papel para secar os olhos. Bella fez que sim com a cabeça e me deu um beijo no rosto com seus lábios molhados de sal. Sorri feito criança.
"Sabe, Ed, se eu pudesse voltar no tempo nunca bancaria a filha rebelde com Charlie. Assim era bem provável que eu ainda tivesse o amor do meu pai."
"Charlie te ama, Bee. Ele só precisa parar de agir feito um cabeça dura e esquecer o passado." murmurei sem soltar suas mãos e ela se limitou a me lançar um olhar triste. "Além disso, como alguém pode deixar de amar você, hein? Pra mim parece impossível." consegui fazê-la abrir um sorriso lindo que praticamente me obrigou a sorrir em retribuição.
"Você é tão bobo." a boca vermelha estava de volta ao meu rosto e já seguia em direção à minha. "É o meu bobão favorito." Bella roçou o nariz em meu queixo antes de me dar um selinho que logo se transformou em um beijo demorado.
"Te amo." sussurrei com os lábios colados aos seus; ela riu e arranhou os dentes no canto da minha boca, descendo até o pescoço.
"Obrigada por isso." sua testa grudou em meus ombros enquanto Bella mordia de leve meu peito sob a camisa. "Eu também te amo. Muito."
Nossa comida chegou e ela saltou na cadeira, animada, falando em seu típico tom agitado sobre como estava faminta e como amava o cheiro da torta de maçã daquele lugar. Ri do jeito como ela virou a xícara de chocolate nos lábios, imediatamente resmungando porque a bebida estava quente demais. Aquela era a Bella que eu adorava e que havia me conquistado no primeiro sorriso.
"Pra agradecer você, vou deixar que coma uma fatia da minha torta, mas não se acostume, ok? É só por hoje." gargalhei ao vê-la piscar divertida e oferecer uma garfada da comida. Aceitei o gesto e antes que ela percebesse roubei mais dois pedaços, fazendo com ela me rosnasse uma bronca feia.
A forma como ela brigava comigo tinha cheiro e gosto de torta de maçã.
[…]
BPOV
"Bee... o telefone... faz parar." Edward bocejou e rolou o corpo pro lado, quase esmagando minhas pernas. Empurrei o travesseiro pra longe e despenquei da cama – literalmente – apertando os dedos nas têmporas ao ouvir o toque estridente do aparelho gritar sem parar.
Quem seria o louco que estava ligando a essa hora do dia?
Corri até a sala e agarrei o telefone com mais força que o costume pronta pra passar um sermão em quem quer que fosse, mas a voz do outro lado foi mais rápida e disparou um "Feliz Natal" tão alto que eu despertei por completo.
"Alie... o Natal é só amanhã de manhã." atestei com um ganido e deixei o corpo cair no sofá gelado. Eu só queria voltar pra cama e dormir até não aguentar mais.
"Uau, quanta empolgação! Estou ligando porque mamãe quer saber se você e Edward gostaram dos presentes."
"Esme ainda tem dúvidas sobre isso? É claro que amamos, Alice. Seu irmão parecia um garotinho quando abriu o presente da mamãe e do papai." eu ri e puxei a caixa desembrulhada que continha a camêra profissional de última geração que Carlisle e Esme haviam enviado para Edward.
Ele não parou de fotografar um segundo desde que recebera o objeto, alegando que precisava testar tudo para saber se funcionava, mas eu comecei a desconfiar de suas intenções quando o peguei tirando fotos minhas enquanto tomava banho. Safado maldito!
"Como estão as coisas por aí? Edward e você estão bem? E a cidade, continua linda como sempre?" Alice disparou agitada e eu sorri ao sentir o peito pequeno de saudade daquela baixinha. Meus amigos faziam uma falta horrenda todos os dias, e isso parecia piorar com a chegada das festas de fim de ano.
Fiz um breve resumo sobre minha vida em Paris e Alice vez ou outra emitia reações de surpresa, alegria e nostalgia. O choro rompeu quando eu deixei escapar baixinho que queria voltar pra casa só pra comer os biscoitos de nozes que ela assava todos os anos e logo estávamos soluçando ao telefone.
"Você e Edward farão falta essa noite." Alice murmurou fungando alto. "Vai sobrar mais peru e isso é horrível." ela sibilou recomeçando a chorar; apertei os lábios para não gritar e enxuguei o rosto com as costas das mãos.
Ficamos em silêncio por alguns segundos por não conseguirmos pronunciar nada sem que caíssemos no choro.
"Preciso desligar agora. Jasper e eu vamos ajudar na arrumação da casa de Rosalie, aí vou ter que acordar mais cedo." a reunião seria na casa de Emmett e Rose, como foi combinado desde que a gravidez de minha amiga foi descoberta. Era a forma de agradecer pelo ano que estava indo embora e comemorar a coisa mais importante que havia acontecido: a chegada de Audrey.
"Promete que vai entrar no skype antes da meia noite? Quero ver e falar com todo mundo, preciso ver minha afilhada."
"Ela está cada dia mais linda, você vai babar na tela, já tô vendo tudo." Alice riu para minimizar seus soluços que estavam ainda mais fortes que os meus. "Nos falamos mais tarde, dê um tapa em Edward por mim. Eu amo vocês!"
Deixei o telefone no sofá e deslizei pelo couro fitando o teto envelhecido do apartamento. Meus dedos tamborilaram no encosto da poltrona e respirei fundo várias vezes até sentir meus olhos livres do líquido salgado que insistia em escapar sem meu consentimento.
Por que saudade doía tanto afinal?
[…]
A véspera de Natal começou triste, mas não demorou muito tempo para assumir a atmosfera alegre e feliz característica da data especial. Edward despertou mais enlouquecido do que nunca, fazendo planos para a nossa noite e implicando com Polainas do mesmo jeito de sempre.
Almoçamos sushi que ele trouxe quando foi comprar pasta de amendoim e geléia, já que – segundo suas próprias palavras – o café da manhã do dia 25 não seria o mesmo sem sanduíche de pasta de amendoim com geléia de morango. Era uma espécie de tradição idiota que cultivávamos desde nossa infância e nunca tivemos coragem – e vontade – de abandonar.
Por volta das três da tarde, Edward começou a preparar o peru pra nossa mini ceia da noite e eu o ajudei na cozinha, arrumando a sobremesa e as frutas típicas da época, que iriam enfeitar a mesa.
Polainas passou o tempo inteiro agarrado aos pés de Edward e ele a todo momento escorraçava meu gato; obviamente recebeu alguns socos no peito e olhares feios meus, mas não parecia se importar e continuou atazanando o bichinho o resto do dia. A sensação era boa, aconchegante e muito familiar. Talvez fosse apenas o arzinho do Natal pairando no ar, mas algo me dizia que era mais do que isso.
Minha torta de avelã e chocolate ficou pronta no fim da tarde e eu tive que escondê-la no fundo da geladeira para que Edward não atacasse o doce. O plano não deu muito certo, então nossa ceia natalina – como sempre acontecia ano após ano – teria apenas metade da sobremesa; a outra metade estava confortavelmente escondida na barriga dele.
"Aceita uma taça de vinho, madame?" ele se aproximou com um meio sorriso enquanto eu arrumava a mesa de jantar com velas e enfeites em verde e vermelho.
"Merci, monsieur." sibilei e bebi um pouco do líquido adocicado. "Terminei tudo por aqui, vou tomar um banho e começar a me arrumar."
"Quer companhia nesse banho?" Edward propôs com a mão roçando a curva da minha bunda.
"Obrigada, mas não. Você precisa ficar de olho na comida que ainda está no forno e, por favor, tente parar de beliscar a torta que está na geladeira. Precisamos de uma sobremesa pra mais tarde."
"Não se preocupe, Bee. Já escolhi o que vou comer depois do jantar." senti um tapa estalar na lateral das minhas coxas e revirei os olhos com pesar. Edward era incurável mesmo.
"Bee?" ele chamou quando eu estava na porta do quarto. "Seu presente de Natal está em cima da nossa cama. Quero que você use ele essa noite." meu coração disparou dentro do peito e eu corri agitada.
Uma caixa retangular enfeitada com laços dourados me esperava com paciência. Desfiz o embrulho delicado e senti o corpo escorrer em direção ao colchão assim que pus o olhar no presente de Edward. Ele só podia estar brincando com a minha cara.
O espartilho era fino e semi transparente, adornado com fitas de veludo cor de vinho; um diamante pequeno brilhava na junção do bojo farto do sutiã. Uma peça romântica e bastante comportada... até eu enxergar o complemento. A calcinha era minúscula e ficaria presa ao corpo apenas por fitas do mesmo tecido das que enfeitavam a parte de cima.
Aquilo ali poderia ser descrito como tudo, menos romântico e comportado. Mais parecia o figurino de uma devassa que vivia em algum cabaré francês. Meias 7/8 pretas e uma cinta liga de renda completavam o visual nada discreto.
"Gostou do presente, Bee?" Edward surgiu de repente com um sorriso enviesado que não escondia seu contentamento. Ele estava se divertindo com a minha cara de susto.
"Você esqueceu as algemas e o chicote." sibilei irônica ainda boquiaberta por causa do tamanho da calcinha. Aquele fiapo de pano não cobria absolutamente nada! "O que deu em você pra me comprar uma coisa dessas?" segurei a peça mínima na ponta do dedo, fitando-o espantada.
"Você não gostou?" os olhos verdes me avaliavam com certa apreensão; respirei fundo e joguei a lingerie de volta na caixa antes de levantar para encará-lo.
"Não era bem isso o que eu estava esperando de presente de Natal, mas obrigada de qualquer jeito." recolhi a bagunça enquanto escondia o rosto para que ele não percebesse a expressão desapontada estampada bem ali.
Eu passei mais de um mês planejando o que daria a ele de presente e ele me retribuía daquele jeito, com uma lingerie depravada e totalmente nada a ver comigo?
"Cacete, esqueci a comida no forno." Edward escapou pra fora do quarto e eu suspirei derrotada, sem forças pra reagir.
A meia noite ainda estava longe de chegar e eu já havia sofrido minha primeira decepção de Natal.
[…]
Estava terminando de me arrumar quando ouvi o barulho das patinhas de Polainas arranharem o piso de madeira do quarto. Sorri e peguei-o no colo para ajeitar a gravata vermelha em seu pescoço peludo; ele miou irritado por não conseguir puxar o pingente de minha pulseira.
"Amorzinho, esse não é o seu brinquedo." recoloquei-o no chão e deixei que ele corresse em direção ao tapete felpudo ao lado da cama; Polainas rolou sobre o tecido grosso e acabou se distraindo com sua própria cauda.
"Bee, Alice e Jasper estão no skype e querem falar com você." Edward gritou da sala.
"Hey, pessoal!" saudei meus amigos enquanto sentava ao lado dele em frente ao computador.
"Como está a noite de Natal em Paris?" Alice perguntou animada.
"Congelante." respondi com um meio sorriso sem graça. "E aí?"
Jasper contou que Nova York acordou sob uma grossa camada de neve, mas aos poucos o clima foi esquentado e o começo da tarde estava ameno e bem agradável. Edward e ele engataram um papo sobre basquete quando eu fui até a cozinha buscar um copo com água; ao voltar, encontrei Esme e Rosalie se espremendo em frente à câmera. Meu coração saltou uma batida mais forte ao fitar o olhar esverdeado de Rose me sorrindo de forma exultante. Ela estava mais linda agora, que se tornara mãe.
"Alice acabou de retirar do forno uma bandeja de biscoitos de nozes." Esme sibilou rindo da careta engraçada que Edward fez ao ouvi-la falar.
"A gente tem peru e torta de avelã." ele retrucou alegre.
"Meia torta." eu o corrigi sorrindo para Esme. "Seu filho comeu a outra metade mais cedo."
"Típico." nós rimos ao mesmo tempo e ele resmungou baixinho.
"Onde está minha afilhada?"
"Emmett está tentando fazê-la dormir um pouco, enquanto eu ajudo Esme e Alice na cozinha." Rosalie informou e no segundo seguinte sumiu do campo visual da webcam; o rosto bochechudo de Audrey apareceu em seguida e eu não contive os suspiros, encantada com cada pequena reação que o bebê esboçava.
Emmett e Carlisle gritaram seus desejos de Feliz Natal enquanto Esme, Alice, Rosalie e eu não paravámos de falar sobre o desenvolvimento ligeiro da filha de minha melhor amiga; Edward apenas observava tudo com um sorriso aberto no rosto.
O tempo pareceu voar e quando eu dei uma olhada no relógio do computador, levei um susto: faltava pouco menos de quinze minutos para a meia noite em Paris.
"Oh Meu Deus, já é quase meia noite!"
"A gente precisa desligar, os fogos vão começar daqui a pouco e vai ficar impossível ouvir qualquer outra coisa." Edward murmurou.
Alice chamou Jasper e todos se posicionaram em frente ao computador apenas para gritar um "Feliz Natal" em uníssono. Edward encerrou a chamada quando os primeiros rojões foram ouvidos cortando o ar da Cidade Luz.
Corri até a sacada bem a tempo de ver os desenhos coloridos pintarem o céu muito escuro; Edward se aproximou e passou os braços ao redor dos meus ombros, rindo antes de me beijar no topo da cabeça de forma gentil.
"Joyeux Noël, Bee." ele sussurrou em meu ouvido com sua voz aveludada.
"Feliz Natal, Edward." abracei-o com carinho, sentindo a luminosidade gerada pelos fogos dançando em minha pele.
O celular dele tocou, me assustando. Tentei me afastar para que ele atendesse a ligação, mas Edward segurou meu pulso e estendeu o aparelho na palma da minha mão. Senti a testa franzir em confusão e o encarei sem entender nada.
"O que é isso?" perguntei olhando o número desconhecido piscar várias vezes na tela brilhante.
"Seu verdadeiro presente de Natal." ele me deu uma piscadela antes de voltar os olhos em direção aos fogos luminosos.
Minha respiração estava escassa e meus dedos tremiam quando eu atendi o celular; tudo pareceu perder o sentido no momento em que eu ouvi a voz familiar do outro lado da linha.
"Mãe?" questionei com a garganta fechada. Meu nome ecoou em meus ouvidos e eu deixei as lágrimas inundarem meus olhos sem controle.
"M-mãe, e-eu te amo. Não sabe o quanto sinto saudades de você e do papai, embora nunca diga isso a vocês." sibilei com a voz rouca de choro. Meu peito estava inflado em um misto de dor e profunda alegria, e eu não conseguia controlar a vontade de rir em meio a torrente que banhava meu rosto por inteiro.
"Também amamos você, querida. E sentimos demais a sua falta." Renée murmurou emocionada e eu gargalhei feito uma criança histérica com a visita do Papai Noel. Eu estava literalmente pisando nas nuvens naquele momento.
"Bella, tem uma pessoa aqui querendo te desejar um Feliz Natal." senti a cor fugir de meu rosto e quase deixei o celular despencar de minhas mãos. Parecia que havia um terremoto dentro de mim, já que eu não conseguia parar de tremer. "Fica com Deus, querida. Eu amo você."
Fitei Edward com pavor quando ouvi o grunhido de trovão atingindo meus ouvidos. Charlie pigarreou algumas vezes antes de se pronunciar e àquela altura eu não era capaz de dizer meu próprio nome. Estava anestesiada de apreensão.
"Feliz Natal, filha." foram apenas três palavras, mas a meu ver Charlie havia declamado o poema mais lindo que eu já ouvira.
O choro dessa vez estava incontrolável e eu precisei agarrar a borda gelada do mármore da sacada ou provavelmente cairia desfalecida no chão. Queria dizer a meu pai tantas coisas, porém o nó em minha garganta permitiu que eu apenas soluçasse enquanto ouvia sua respiração sempre forte chiando no aparelho telefônico.
"M-me perdoe." consegui sussurrar ainda chorando.
Charlie permaneceu em silêncio por alguns segundos e eu pensei que ele tivesse encerrado a ligação. De repente, ele disparou:
"Nós precisamos ter uma conversa séria, Bella, já está na hora de resolvermos nossos assuntos como dois adultos." meu pai fez uma pausa demorada e então confessou. "Só não esqueça de que eu te amo e isso não vai mudar nunca. Cuide-se, filha. E volte logo pra casa, sua mãe e eu sentimos sua falta."
"Eu te amo, pai. Muito, muito, muito." não tive força alguma para continuar falando e logo a chamada foi encerrada, deixando pra trás um rastro de felicidade que eu há muito tempo não experimentava.
Meus dedos chacoalhavam de nervosismo e eu senti os dentes morderem a carne dos lábios enquanto encarava o visor do celular sem realmente prestar atenção em algo; eu ainda estava flutuando no ar de tanta alegria.
Edward observava a noite parisiense encostado no batente da porta, as mãos nos bolsos da calça jeans e a expressão de orgulho amarrada ao rosto. Os olhos verdes muito claros se fecharam em pinças quando ele me deu um sorriso cúmplice; avancei em sua direção para abraçá-lo com vontade, sendo prontamente envolvida por seus braços enormes e sempre tão aconchegantes.
"E-eu... não sei o que dizer. Parece que estou sonhando." confessei amassando seus cabelos em meus dedos enquanto ele deixava um rastro de beijos em meu pescoço. "C-como, como conseguiu isso?"
"Segredo de Natal." eu gargalhei e deixei meus lábios brincarem com seus levemente. "Você não pensou que ia ganhar apenas uma lingerie, pensou?" meus olhos tímidos me entregaram e foi a vez dele rir alto.
"Obrigada, Ed. Esse foi o melhor presente de Natal do mundo."
"Disponha." ele encostou nossas testas e mordeu a ponta do meu nariz gelado. "À propósito, pode jogar fora o outro presente. Eu sei que você odiou."
Encostei meu corpo no dele um pouco mais e subi a boca em direção à sua orelha; suguei rapidamente o lóbulo macio antes de sussurrar:
"Tenho uma idéia bem melhor. Não saia daqui, eu volto logo." escapei em direção ao quarto sem dar chances de ele me impedir.
Demorei alguns minutos até conseguir fechar o espartilho apertado, mas o resultado fez valer a pena. Minha cintura nunca esteve tão marcada e isso consequentemente deixava os quadris muito mais acentuados e arredondados. A calcinha mínima era o cheque mate do visual.
Edward ia enlouquecer.
E não deu outra. Os olhos de esmeralda pareciam em brasa quando eu caminhei de volta pra sala aquecida; a maneira como a boca carnuda estava escancarada fez meu peito encher de expectativa e um suor frio brotou nas palmas de minhas mãos. A tremedeira em meu corpo recomeçou, agora devido à excitação explícita que nos cercava.
"E então, gostou?" quase não reconheci o timbre rouco e sensual que pulou de meus lábios repentinamente.
Vi Edward passar as mãos nos cabelos de bronze sempre tão desarrumados, me lançando um sorriso torto sacana antes de voar em minha direção e tomar meu corpo com lábios, mãos e suspiros que deixaram minhas pernas bambas.
Minha visão escureceu por completo quando senti sua língua provocando todos os cantos de minha boca; logo eram os dentes que se deliciavam com a carne sensível de meus lábios e produziam um calor intenso que já queimava a linha fina da ponta dos pés. Minhas mãos se esconderam nos fios ruivos mais compridos que o normal, abrindo caminho para que as unhas encontrassem o couro cabeludo macio.
Ele gemeu em minha boca e fincou as mãos enormes em cada lado de minhas coxas para içar-me até seu colo; Edward aproveitou o movimento para promover uma pequena fricção entre nossos corpos e ambos grunhiram de contentamento.
A pele dos meus quadris arrepiou ao sentir a aspereza da toalha de mesa e eu arregalei os olhos de susto quando senti os dedos rápidos dele trabalharem nos laços que prendiam o espartilho ao meu corpo; suas digitais estavam frias e ao tocarem no vale entre meus seios provocaram uma série de tremores por onde passavam. Minhas costas caíram sobre o móvel de madeira e eu acabei derramando uma taça de vinho em meus cabelos; o liquido alcoólico manchou a curva de meu pescoço e escorreu lentamente até repousar exatamente no ponto onde os lábios de Edward brincavam.
A sensação dele chupando meus seios, aliada ao odor forte do vinho fez minha cabeça girar atormentada e eu ergui as pernas para que pudesse pinçá-las ao redor da cintura de Edward. Ondulei o corpo fazendo com que meu sexo molhado pulsasse contra o seu. Ele abriu um sorriso lascivo e permitiu que eu continuasse a pequena masturbação, até que minha respiração sumisse no ar e meus olhos rolassem sem controle nas órbitas.
Convulsões me atingiram quando ele arrastou a testa e a boca aberta em minha barriga até encontrar a renda fininha que cobria o meio das pernas. O tecido foi arrancando pelas laterais e logo eu podia sentir os lábios de Edward sugando meu sexo com vontade. Ele fez questão de deslizar os dentes pelo meu ponto mais sensorial e eu gritei em êxtase, procurando com as mãos alguma âncora em que pudesse me segurar. A garrafa de vinho quase explodiu em meus dedos e eu rapidamente derramei a outra metade do liquido em meu corpo, deixando que o álcool corresse em direção à sua boca.
"Mmmm, perfeita." ele resfolegou limpando os últimos resquícios do vinho e de meu pequeno orgasmo.
Comecei a ficar impaciente quando ele se afastou para retirar as calças e libertar o membro duro; dobrei o corpo e agarrei-o pela cintura, deixando minhas mãos brincarem um pouco com ele, alisando da base até a cabeça, circulando-a com a ponta de meu polegar. Edward gemeu e abocanhou meus lábios de maneira rude, arrancando um suspiro de protesto que rapidamente se transformou em rendição.
"Vem, Ed, me deixa te sentir dentro de mim." implorei sem largá-lo e o guiei ao local exato onde eu o esperava. As vozes saíram baixas ao sussurrarem algumas incoerências quando nossos corpos finalmente encontraram o encaixe certo.
Minhas pernas subiram até a curva de seus ombros e Edward agarrou meus cabelos, obrigando-me a empurrar a cabeça para trás para que ele tivesse acesso livre ao meu pescoço ainda grudento de vinho. Em contrapartida, minhas mãos afundaram em suas costas, buscando o apoio necessário que eu precisava para deixar o vai e vem de nossos corpos ainda mais fácil e profundo.
Pedaços de nozes e o resto de algumas uvas amassadas escorriam pela curva da minha coluna assim como as gotas de vinho que pingavam de meus cabelos enquanto Edward me balançava – sempre mais forte e mais rápido a cada segundo; meu calcanhar iscou sua nuca quando ele amarrou sua mão grande em um dos meus seios, massageando-o de maneira áspera.
Meu grito de êxtase foi tão alto quando Edward gozou que eu jurei que meus ouvidos ficariam surdos para sempre; quando meu segundo orgasmo chegou – dessa vez mais intenso e muito mais duradouro – eu não tinha mais forças para esboçar alguma reação. Apenas os dedos dos pés se manifestaram, engelhando em bolas e transmitindo impulsos elétricos a cada cantinho do corpo.
Edward rolou para o meu lado e deixou a boca pairando na altura de meu ombro; a forma como sua respiração quente escapava pinicava minha pele e causava arrepios que ondulavam meu ventre sem que eu tivesse controle. A sensação era indescritível.
"Nós vamos direto pro inferno." murmurei quando fui capaz de tragar o ar normalmente.
"Eu sei." Edward riu e beijou o início de minha clavícula, sugando de leve as últimas gotas de vinho que ainda se escondiam em minha pele. "Feliz Natal,Bee." girei os olhos e puxei seu rosto para junto do meu, lambendo seus lábios com calma.
Nenhum de nós tinha pressa afinal e as nozes espetando minhas costas já não faziam o menor incômodo. Aquilo era tão gostoso e eu desejei ficar assim por um bom tempo.
"Feliz Natal, Ed."
Continua..
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