08 setembro 2011

LUCK - CAPÍTULO 6

Boa noite pervinhas!Parece que Edward entendeu tudo errado dessa história toda! No que será que isso tudo dará? Ótima leitura!
Classificação: Maiores de 18 anos

Autora: Cella
Categoria: Saga Crepúsculo
Personagens: Bella Swan, Edward Cullen, Ement Cullen, Rosalie....
Gêneros: Romance
Avisos: Sexo



Capítulo 6
Bella's POV
O voo de volta à Nova York não foi nada tranquilo. Passamos por algumas centenas de turbulências que faziam meu estômago revirar ainda mais, deixando um gosto bem amargo na boca. Desembarquei sob uma forte tempestade no começo da noite e senti um alívio tão grande quando cruzei o portão de embarque e não avistei nenhum dos rostos conhecidos à minha espera. Menos mal, eu pensei, pelo menos poderia ir para casa e esquecer que aquilo tudo estava acontecendo comigo.


Como sempre acontecia, demorei um século para conseguir um táxi naquela cidade que estava mais caótica do que nunca. As buzinas incessantes só deixavam a dor de cabeça ainda mais forte, elevando-a a níveis quase insuportáveis. Assim que chegasse em casa, iria tomar um bom banho quente e me enfurnar embaixo das cobertas pelo resto da noite.
Mas eu sabia que se ficasse sozinha dentro de casa iria piorar o meu estado de espírito. Não, eu precisava da companhia de alguém. Será que papai e mamãe estariam em casa? Poderia muito bem passar a noite na casa deles.
Assim que entrei no andar do meu apartamento, dei de cara com Alice e Rosalie me esperando na porta. Logo que me viram, lançaram olhares de tristeza e pesar.
"Ah, não, por favor, não! Não quero que sintam pena de mim!" gritei, quando Alice tentou me puxar em um abraço.
"O que aconteceu, querida? Pode me explicar por que Edward está tão mal humorado e por que você voltou no vôo antes do previsto?"
"Edward é um imbecil, Alice, o homem mais cego e tonto que eu já conheci na vida! É burro, infantil, absurdo.." despejei, enquanto tentava pegar as chaves de dentro da bolsa. Minhas mãos tremiam e eu acabei derrubando tudo no chão. Meu descontrole só me deixou ainda mais irritada.
"Deixa que eu pego pra você, Bella." Rose me impediu de recolher as coisas do chão e eu suspirei, passando as mãos pelos cabelos, bufando de ódio.
"Seu irmão é totalmente injusto, Alice!" sibilei, sentindo o queixo tremer por conta da mágoa contida na voz. "E-ele duvidou de mim, duvidou do que eu sentia por ele... duvidou até da minha amizade!" baixei os olhos e fitei os cadarços desfeitos do tênis. "Nunca pensei que ele pensasse tão mal ao meu respeito."
"Edward só está magoado por causa do plano, Bella." Rose tentou me tranqüilizar, quando nós já estávamos dentro do meu apartamento; Alice foi direto para a sacada, com o celular colado no ouvido, me deixando ainda mais irritada.
Rosalie tomou novamente minha atenção e sibilou:
"Acho que você deve dar tempo ao tempo, sei lá, deixa o Edward cair em si e ver que exagerou em tudo que te disse! Confia em mim, amiga, as coisas vão se encaixar, você vai ver."
Soltei uma risada de escárnio e sentei na beirada do sofá, enterrando a cabeça entre meus joelhos.
"Não sei se consigo mais confiar em alguém, Rose. Eu confiei em vocês com relação a esse plano e olha só no que deu. Não só perdi o homem da minha vida, como também perdi o meu melhor amigo." as lágrimas voltaram a turvar os olhos e eu puxei o ar com força, tentando prender o choro. "Acabei estragando tudo com essa babaquice de plano de conquista."
Rose se sentou ao meu lado e puxou meu rosto para junto do seu, me encarando muito séria.
"Ei, ei, ei, mocinha, vamos parar com isso agora! Já chega de ficar bancando a mártir, Bella! A burrada já foi feita, para quê ficar chorando agora pelo leite derramado?" Rosalie apontou o dedo na minha cara e praticamente rosnou: "E que história é essa de não confiar mais na gente, Isabella Swan? Você tá agitando exatamente do jeito que o Edward agiu! Para com isso, por favor! Nós sabemos as nossas responsabilidades como amigas, a gente sabe que errou te incentivando com essa ideia de plano, mas você também não é nenhuma jovem inocente e quando topou embarcar nessa, sabia dos riscos que corria! Agora para de chorar, porque eu estou quase tendo uma síncope por te ver tão triste e isso não é nada bom, nem para mim, nem pra você, nem pro bebê!" levou as mãos à barriga e eu fiz uma careta de arrependimento, antes de me atirar nos braços dela.
"M-me desculpa, Rose, eu não queria te deixar nervosa ou magoada." beijei a lateral do seu rosto, fungando e mandando de vez as lágrimas pra longe. "Eu confio demais em você e na Alice, pelo amor de Deus, nunca duvidem disso!" implorei, me afastando e encarando-a.
Rosalie rolou os olhos e afagou minha cabeça, rindo e enxugando as lágrimas.
"Eu tenho certeza disso, querida."
Nós duas sorrimos, cúmplices e eu percebi que Alice estava quieta demais, afastada de nós, encostada no parapeito da sacada do apartamento.
"Alice!" Rose chamou e Alice fez um gesto com a mão, sem se virar para nos encarar.
"O que será que aconteceu?" perguntei e Rosalie deu de ombros, pouco se importando.
Alice voltou para sala e sentou no vão entre mim e Rose.
"Pronto, já falei algumas boas verdades pro Edward!" falou, passando o braço fino em torno do meu ombro. "Meu irmão é um panaca mesmo, não sei como você conseguiu a façanha de se apaixonar por ele, Bella."
"O amor é cego, esqueceu disso?" Rose resmungou e Alice fez uma careta contrariada.
"O-o que você disse para ele, Alice?" eu estava realmente com medo dela ter estragado ainda mais as coisas.
"Mas no caso da Bella, o amor é cego, surdo, mudo e deficiente físico e mental, não acha?" Alice me ignorou completamente, enquanto respondia para Rose.
"Alice, o que você falou pro Edward-"
Rose retrucou e ela e Alice começaram mais uma das suas imensas discussões sobre temas sem o menor cabimento e que em nada contribuíam para me ajudar naquele momento. O estresse acumulado – aliado ao falatório das duas – inaugurou mais uma sessão de choro irracional.
"A culpa é toda sua por isso-" a frase de Alice parou no meio do caminho e ela e Rosalie estancaram assim que perceberam os soluços emergindo do fundo da minha garganta.
"Oh, minha querida!" sibilaram ao mesmo tempo, quase me esmagando em um abraço carinhoso.
"E-eu quero matar aquele idiota," rosnei, o rosto banhando em lágrimas. "E-eu quero acabar com ele, olha só no que eu me transformei! Estúpida, estúpida, estúpida!"
Rosalie puxou uma almofada e a colocou sobre suas pernas, me obrigando a deitar a cabeça ali; Alice esticou meu corpo e quando eu me dei conta estava estirada no sofá inteiro.
"A gente tá aqui para te ouvir, amiga! Temos a noite inteira para escutar você desabafar." Alice incentivou e eu funguei, limpando o nariz escorrendo com a manga da minha blusa.
"Nã-não q-quero falar sobre isso." sibilei, emburrada.
"Tudo bem então, então a gente fala sobre outro assunto." Rose falou.
"Também não quero falar sobre outro assunto."
"Então a gente fica calada, pronto!" Alice decretou.
Nós três caímos na gargalhada e eu comecei a sentir o choro cessando.
"Nós amamos você, Bells. E vamos ficar ao seu lado em todos os momentos, sem exceção. A gente te ajudou a se meter na encrenca, então ficamos com você quando as coisas derem errado. Não foi sempre assim?" Alice piscou, apertando a ponta do meu nariz.
Rosalie fazia cafuné na minha cabeça e eu logo comecei a me sentir mais leve, o peso no peito já não era mais assim tão insuportável.
"Eu amo vocês." sussurrei, suspirando alto.
"Pronta para conversar sobre o assunto?" Rose incentivou e eu meneei a cabeça, concordando.
E no segundo seguinte eu comecei, contando cada pequeno detalhe sobre o que tinha acontecido na viagem para Miami, à medida que eu colocava todas as minhas angústias e temores para fora, me sentia menos tensa e cada vez mais aliviada.
Era mesmo muito bom voltar pra casa.
[...]
Edward's POV
Mal cruzei o portão de embarque e dei de cara com Jasper e Emmett me esperando, com cara de poucos amigos. Mas que ótimo, tudo que eu mais precisava agora era ouvir liçãozinha de moral de dois babacas!
"Olha só, pessoal, eu realmente não estou com saco-"
"Alice pediu pra gente te levar pra minha casa agora!" Emm avisou, puxando a única mala que eu tinha na mão.
"Mas eu quero ir para min-"
"E nem adianta discutir." Jasper completou, me empurrando para dentro do Jeep de Emmett com tanta força, que eu literalmente tombei no banco de trás.
Resmunguei uma série de palavrões, enquanto Emmett saía do aeroporto e pegava a avenida congestionada que nos levaria até a sua casa, nos arredores do Central Park.
Ainda estava com raiva por tudo que tinha acontecido naquela manhã, minha vontade era socar a cara de cada um daquele bando de cretinos que tinham embarcado direitinho na brincadeira de Bella. Não conseguia acreditar que a minha melhor amiga – aquela em quem eu confiava cegamente – tinha me feito de palhaço a troco de nada!
Senti a raiva voltar a tomar conta do meu corpo e despejei mais alguns palavrões, dessa vez dirigidos a mim mesmo. Peguei o celular de dentro do bolso e percebi que havia uma mensagem na caixa postal. Apertei o botão para ouvir e levei um susto quando ouvi a voz de Alice tão furiosa,que as palavras saíam afiadas.
"Olha aqui, seu idiota sem cérebro, se você pensa que vai machucar a minha amiga, está muito enganado! Como pôde duvidar do que ela sente por você, Edward, como pode achar que a Bella queria brincar? Como você pode ser tão burro a ponto de achar que a Bella um dia seria capaz de te machucar, ainda mais dessa forma? Acha que ela seria tão cruel a esse ponto? Se você acha isso, então não a merece! Não sabe o quanto ela está sofrendo com essa história toda, não sabe como ela ficou quando descobriu que estava apaixonada por você!"
"Bella ficou desesperada quando finalmente se deu conta de que sentia algo mais por você e ficou ainda com mais medo quando percebeu que você não fazia ideia do que ela estava sentindo. E sabe qual foi o grande temor dela sobre essa história toda? Tinha medo de perder a sua amizade, Edward! E foi por isso que ela pediu a nossa ajuda, foi por isso que nós inventamos essa plano maluco! Fizemos isso por acreditar que você um dia pudesse deixar de ser cego e finalmente conseguisse enxergar a joia rara que sempre esteve do seu lado e que você nem ao menos fazia noção de que ela existia! Bella errou sim – por concordar com o plano que Rose e eu bolamos – mas foi só isso! É claro que você tem que ficar com raiva, mas não da Bella e sim de mim, da Rose, do Emm e do Jazz. O único erro que Bella cometeu foi ter se apaixonado por alguém tão cabeça dura quanto você!"
A mensagem tinha acabado há alguns segundos, mas eu não conseguia desgrudar o celular do ouvido. As palavras de Alice ecoavam na minha cabeça e era difícil processá-las. Já não sabia dizer se estava com raiva ou se me sentia aliviado depois daquilo, a verdade era que eu estava ainda mais confuso.
Emmett e Jasper discutiam sobre qualquer coisa e eu percebi que estávamos parados no meio de um engarrafamento gigante. Sem pensar em mais nada, abri a porta do carro e saí, me perdendo no caos que ocupava quilômetros e quilômetros de asfalto.
Tudo que precisava naquele momento era ficar só para poder colocar meus pensamentos em ordem.
[...]
Bella's POV
Os dias passaram agitados após o meu retorno à Nova York. Era estranho pensar daquela forma, mas eu já estava começando a me conformar com tudo que tinha acontecido. A dor no peito ainda estava aguda, mas já não era tão insuportável.
Não tinha mais visto Edward, ele parecia ter sumido da cidade. Não frenquentava mais os mesmos bares de sempre, não jantava no mesmo restaurante que costumávamos ir. Estava mais do que claro que ele queria me evitar.
No começo eu senti muita raiva daquele seu comportamento infantil, mas agora, passadas duas semanas que tínhamos voltado de Miami, começava a ficar incomodada com aquilo.
Eu sentia falta da companhia dele, sentia falta de dividir meus problemas, de conversar besteira com alguém que também falava besteira, de ir ao cinema num sábado à noite, porque não agüenta mais um dia trancado em uma boate cheia de fumaça e barulho, sentia saudades de ficar em casa com ele, bebendo vinho e se entupindo de porcaria, enquanto conversávamos sobre os tempos da infância e da adolescência.
Por mais que eu tivesse a chance de fazer tudo isso com qualquer um dos meus amigos, sabia que as coisas nunca seriam como eram quando eu estava com Edward. Era difícil de admitir, mas ele sempre foi o melhor amigo, aquele com quem eu podia contar a qualquer hora do dia, que me entendia e que me apoiava sempre. E aquele Edward sumira da minha vida assim que descobriu o plano insensato que eu tinha bolado para conquistá-lo. As lágrimas sempre enchiam meus olhos quando eu pensava nisso, quando era obrigada a admitir que tinha perdido de vez o meu melhor amigo.
Estava no meio do expediente de trabalho e por isso me obriguei a ficar calma e esquecer Edward, pelo menos até chegar em casa – que agora, mais do que nunca – tinha se transformado no meu refúgio.
Estava mexendo nas minhas correspondências, quando avistei uma carta de uma famosa empresa de publicidade francesa. Há seis meses atrás eu tinha mandando meu currículo para lá e logo em seguida tinha feito entrevistas e testes para trabalhar na sede matriz, em Paris. Já tinha até esquecido que estava concorrendo a uma vaga, havia meses que não recebia uma notícia sobre esse assunto.
Rasguei o envelope e levei um susto quando li a mensagem escrita na carta. Eu tinha sido aprovada em todos os testes e estava apta a preencher a vaga no setor de design na sede parisiense. Tinha apenas alguns dias para aceitar a proposta e assinar o contrato, que seria de um ano.
Fiquei um bom tempo fitando a carta inerte em minhas mãos, a mente considerando as milhares de possibilidades que surgiam à minha frente. A oferta de trabalho era ótima, o salário era muito maior do que eu ganhava no meu atual emprego.
Além do mais, eu iria morar em Paris!
E era esse a grande barreira que surgia. Será que estava preparada pra cruzar o oceano e ir morar em um lugar totalmente diferente? E o pior de tudo: estava pronta para deixar para trás os meus amigos? Estava pronta para deixar Edward?
Mas o que eu estava dizendo, desde quando Edward ainda fazia parte da minha vida? Além disso, ele – mais do que ninguém – tinha incentivado a me candidatar à vaga de emprego, aliás, Edward era o único que sabia que eu tinha feito os testes e as entrevistas. E então, por que ainda estava pensando se iria ou não aceitar aquela oferta de emprego irrecusável?

O toque insistente do meu celular interrompeu os pensamentos e eu suspirei, antes de atender à chamada.
"O-oi Alice."
"Olá querida! Só estou ligando para avisar que vamos fazer uma reunião na casa da Rose essa noite. São as semifinais da NBA e Jazz e Emm estão malucos com isso. Como a Rosalie anda pilhada demais por causa da gravidez, achei que podíamos passar a noite juntas, para colocar o papo em dia e-"
"E-ele vai?" minha voz falhou instantaneamente.
"Edward foi convidado sim, mas eu não sei se ele vai. O imbecil tá saindo com uma vagabunda nova e-" Alice parou de falar assim que percebeu que tinha cometido uma gafe das feias e eu soltei uma risada rouca, tentando não cair no choro.
"T-tá tudo bem, Alice, seu irmão é livre para fazer o que quiser da vida dele."
"Eu sinto muito, Bella-"
"Não sinta, Alice." interrompi, mordendo o canto da boca, lutando contra as lágrimas de mágoa e de ódio que estavam prestes a desabar. "Eu vejo você na casa da Rose às 7! Até mais."
Desliguei o telefone na mesma hora e dessa vez eu me recusei a ser fraca. Mais do que nunca eu sabia o que deveria fazer. Peguei a carta à minha frente e o telefone e disquei o número da empresa de publicidade em Paris, já sabendo o que deveria dizer.
Não havia mais como voltar atrás naquela decisão recém-tomada.
[…]
"Você chegou bem na hora!" Rosalie murmurou, abrindo a porta da sua casa e me deixando entrar.
"Ah, você trouxe donuts! Como soube que eu estava com desejo de comer donuts?" tomou a caixa das minhas mãos, me fazendo sorrir.
"Não é muito difícil de adivinhar uma coisa dessas." dei de ombros e lancei um olhar em direção à sala.
Senti o rosto empalidecer – como se o sangue tivesse sido drenado do meu corpo. Parado ao lado de Emm e Jazz,estava Edward, com uma garrafa de cerveja na mão, os olhos vidrados na tv à sua frente. Ele parecia bem relaxado ali, xingando o jogo de basquete, rindo e fazendo piadas ao lado dos amigos.
"Alice me disse que ele não viria." rosnei para Rosalie, que me empurrava para dentro da cozinha.
"É, eu também achei que ele não viria." confessou, enchendo a boca com os donuts que eu tinha trazido.
"A-acho melhor ir embora, não vai ser legal-"
"Nada disso, Bella!" Rose advertiu, falando de boca cheia. "Já está mais do que na hora de vocês dois pararem com isso e tentarem resolver essa história como adultos que são!"

Senti o suor começar a escorrer nas mãos e tentei disfarçar o nervosismo, alisando a saia no corpo e em seguida, tirei o casaco e o joguei em um banco afastado.
"O-onde está Alice?"
"Foi comprar algumas coisas pro jantar." Rosalie sibilou, chupando os dedos, após ter devorado a caixa inteira de doces que eu tinha acabado de trazer. "Vamos lá para sala assistir ao jogo-"
"Não, Rose, eu prefiro ficar aqui-"
Rosalie girou os olhos, impaciente, e me puxou pela mão, decidida.
"Nunca te disseram para não discutir com uma mulher grávida?" perguntou, me arrastando cozinha afora. "Fica quieta e me obedeça!"
Entramos na sala e nenhum dos homens ali pareceu notar a nossa presença, já que estavam bastante concentrados em xingar os jogadores à cada lance que faziam.
"Olha só quem chegou, pessoal!"
"Até que enfim, Alice-" Edward parou de falar assim que percebeu que não era de Alice que Rosalie se referia. Seu rosto ficou tão vermelho quanto eu sabia que o meu estava naquele momento.
"Hei, Bells, até que enfim resolveu sair da toca!" Emmett saudou, levantando e me puxando em um abraço esmagador.
"Também senti sua falta, Emm." sibilei, rindo de nervoso. Meus olhos recusavam a se afastar do chão, cientes do poder que as iris verdes de Edward exerciam sobre mim.
"Como vai, Bella?" Jazz me abraçou assim que Emm me libertou.
"Tudo bem e você, Jazz?" sorri e logo senti um horrível desconforto, quando ele se afastou de mim.
Um silêncio sepulcral se instalou bem ali no meio da sala e eu desejei abrir um buraco e me enterrar. Droga, por que tinha inventado de aceitar aquele convite de jantar com os amigos naquela noite?
Rosalie percebeu o desconforto evidente e quebrou o silêncio:
"Emm, Jazz, acho que precisam me ajudar a colocar mais cerveja para gelar!" mas que grande ajuda aquela dela! Quando eu penso que ela vai me tirar do buraco, é que ela me afunda ainda mais nele.
Emmett e Jasper correram atrás de Rosalie cozinha adentro e novamente o silêncio tomou conta da sala pequena daquela casa. Edward e eu nos encaramos por alguns segundos e eu agradeci aos céus por ele ser o primeiro a quebrar a aura de tensão evidenciada entre nós.
"Que tal se você se sentasse um pouco, hein?"
Me limitei a fazer um aceno de cabeça e fiz o que ele sugerira.
"Hum.. q-quem está ganhando?" apontei para a tela da tv, sem olhar para Edward.
"Os Knicks é claro!"

"Ah, claro."
Novamente o silêncio voltou a tomar conta da sala e eu comecei a brincar com os fiapos que escapavam da blusa que usava.
"Quer uma cerveja?" Edward mais uma vez quebrou o silêncio.
"N-não, obrigada." parecíamos dois estranhos que tinham acabado de se conhecer.
Estava odiando aquele clima que parecia fincado ali naquela sala.
Me levantei em um salto e anunciei:
"A-acho que é melhor eu ir embora." peguei meu casaco, que Rosalie tinha pendurado nos cabides logo na entrada da sala e tentei procurar minha bolsa, sem ter a mínima noção de onde tinha a deixado.
"Bella, eu-"
"Ufa, até que enfim consegui chegar aqui-"Alice entrou na sala naquele exato segundo, agitada como sempre, mas a sua euforia cessou assim que ela percebeu o clima pesado entre mim e Edward.
"Chegou agora, Bella?" perguntou, fitando o casaco que eu tinha nas mãos.
"S-sim, Alice e já estou de saída!"
"Como assim 'Já estou de saída?'" Alice berrou tão alto, que no mesmo instante, Rose, Emm e Jazz entraram na sala, esbaforidos.
Soltei um longo suspiro e voltei meus olhos para Edward, que me encarava de forma indecifrável. Desviei o olhar rapidamente, temendo as lágrimas de ressentimento que estavam prestes a brotar.
"E-eu a-acho que não foi uma boa ideia eu ter vindo aqui-"
"Por que não?" Alice e Rosalie cutucaram, levemente irritadas.
"Ah, gente, por favor, quem vocês querem enganar? Não dá pra forçar um clima de amizade e companheirismo que não existe mais entre alguns de nós." meus olhos automaticamente se fixaram em Edward, que trincou a mandíbula, visivelmente contrariado. "E-eu não quero acabar com a reunião dos meninos, não quero estragar o jogo de basquete deles, então é melhor que eu vá embora."
"Bella, não tem nada a ver-"
"Bella tem toda razão: não dá pra forçar um clima que não existe mais entre nós." Edward finalmente se manifestou, calando de vez a boca de Alice.
Engoli a seco e finquei os dentes no lábio inferior com tanta força, que temi rasgar a pele fina e sensível da boca.

"Já chega vocês dois!" Rosalie gritou e se posicionou em frente à porta da sala, me impedindo de sair. "Tá mais do que na hora dessa picuinha toda acabar! Pelo amor de Deus, vocês são amigos há vinte anos, não há vinte minutos! Já tem intimidade o suficiente para resolver essa situação da forma correta!"
"Rosalie, eu não quero falar sobre isso-"
"Bella não pensou nos vinte anos de amizade quando resolveu se divertir com aquele plano ridículo." Edward acusou, já bastante irritado.
Ia começar mais uma nova rodada de acusações e eu não sabia se estava realmente pronta para encarar aquilo novamente. Estava estressada demais para rebater aquelas injustiças dele e não fazia a menor questão de fazer isso.
"N-não quero mais falar sobre esse assunto. Já disse tudo o que tinha a dizer sobre isso, cada um tem o direito de tirar suas próprias conclusões e-"
"E ver que você só queria se divertir um pouco com a cara do seu melhor amigo." Edward voltou a me acusar, me deixando ainda mais magoada.
"Será que você ainda acredita nisso, Edward?" Alice perguntou, furiosa. "Depois de tudo que eu te disse sobre esse assunto você ainda é burro o suficiente para não ver as asneiras que está falando?"
"Deixa, Alice, Edward tem o direito de pensar desse jeito, assim como eu tenho o direito de não me pronunciar mais sobre essa história toda. Acabou, Alice, não tem mais volta." decretei, fitando meus próprios pés.
Novamente o silêncio se instalou entre nós e dessa vez eu não tive forças para suportar toda aquela tensão que estava massacrando meu corpo inteiro. Senti as lágrimas escapando antes mesmo que me desse conta e eu ergui o rosto, travando o queixo, tentando parecer confiante.
"Eu nunca escondi de ninguém quem era, nunca sequer fiz tipo, nunca fingi ser alguém que não sou. Todos aqui sabiam como eu gostava me divertir e de ser livre para fazer o que bem entendesse. Sabiam também que não gostava de me prender a ninguém, que sempre preferi ficar a ter um relacionamento sério." disparei e tratei logo de continuar, ou iria ficar impossível, já que começava a sentir os soluços irrompendo garganta acima.
"Mas todos aqui sabem o quanto prezo a amizade de cada um, sem exceção. Sabem que eu morreria por todos vocês, que faria tudo para vê-los felizes, que jogaria tudo para o alto se isso os fizessem felizes. Pensei que todos aqui soubessem que isso era verdade, mas parece que as coisas não são bem assim." respirei fundo e ergui os olhos, fixando-os em Edward. "Ao menor dos erros eu fui apedrejada sem qualquer tipo de defesa. E antes que digam que estou tentando fugir da culpa, aviso logo de que isso não vai acontecer. Eu errei, sim, Edward." agora já falava diretamente com ele, meus olhos o encaravam com decisão. "Errei por cair de cabeça e acreditar que aquele maldito plano fosse surtir algum efeito, mas eu vi que agiu de forma contrária. Mas em momento algum, eu quis te machucar, em nenhum instante eu brinquei com você. TUDO aquilo que nós vivemos juntos foi genuíno, pelo menos para mim. E tudo aquilo que disse a você naquela noite do lual foi a mais pura verdade." limpei os olhos com as costas das mãos e soltei um longo suspiro. "Pensei que você confiasse um pouco mais em mim, mas vejo que estava enganada.
Ninguém teve coragem de se pronunciar após aquele meu desabafo e eu aproveitei que estava com a palavra para anunciar a decisão que tinha tomado.

"Bom, já que todos estão aqui, eu tenho um anúncio a fazer: há alguns meses me candidatei a uma vaga em uma empresa na França e hoje recebi a boa nova, o emprego é meu!" sorri tentando parecer empolgada, mas os olhos me denunciaram, derrubando mais alguns lágrimas sem o meu consentimento. "Vou me mudar em uma semana."
Ouvi os gemidos de surpresas e recebi olhares de susto assim que terminei de falar.
"Bella, isso é absurdo, você não pode ir-"
"Mas eu vou, Alice e nada do que você me diga vai fazer com que eu mude de ideia." respondi, enquanto fitava Edward, que me encarava com uma expressão insondável.
Precisava sair dali o quanto antes ou logo iria cair na minha própria fraqueza.
"Bella, tem certeza de que isso é mesmo necessário?" Jasper perguntou e eu acenei com a cabeça, enfática.
"Certeza absoluta."
"Mas, Bella-" Rose e Emm murmuraram ao mesmo tempo e eu fiz um gesto para que eles parassem onde estavam.
"Já falei tudo que tinha que falar. Preciso ir agora." peguei minha bolsa, que finalmente localizei, encostada no aparador.
Saí da casa de Rosalie sem nem ao menos olhar para trás, batendo a porta com força, querendo fugir o mais rápido que eu pudesse. Só percebi que tinha começado a chover quando ouvi o chapinhar dos meus sapatos de salto nas poças d'água espalhadas pela rua. Ergui os olhos e tudo que consegui ver foi neblina e a torrente de água que massacrava Manhattan.
Era difícil explicar o que estava passando na minha mente naquele momento, mas eu estava aliviada. Tinha conseguido despejar tudo que queria que Edward soubesse, agora sabia que podia seguir a minha vida sem arrependimentos. Ninguém poderia dizer que eu não tinha ido até às últimas conseqüências em busca do que eu mais queria: o amor de Edward. Mas agora estava mais claro que aquilo era algo impossível de acontecer.
Levei um susto quando percebi um carro parar no meio fio e o vidro da janela foi abaixado, enquanto uma figura projetava a cabeça para fora e gritava:
"Entra no carro agora!" reconheci a voz instantaneamente.
E a ignorei da mesma forma.
Continuei andando na calçada, a chuva e o vento forte açoitavam meu corpo com força, mas eu não conseguia me importar. Na verdade estava adorando ficar ali, sob a torrente de água que desabava dos céus.
"Você tá surda ou quê?" a mesma voz perguntou, mas agora estava muito mais próxima de mim. Virei o corpo na direção daquele timbre inconfundível e acabei colidindo com o corpo quente, que pertencia ao mesmo dono da voz sensual.
"O que você quer?"
"A gente precisa conversar." Edward sibilou, me puxando pelo braço, querendo me levar para dentro daquele seu estúpido Volvo brilhante.

"Não temos nada pra conversar."
"Por favor, Bella." Edward pediu em uma voz atormentada.
Mas nem diante daquele pedido suplicante eu cedi. Estava exausta e tudo que menos queria naquele momento era conversar, ainda mais com ele.
"Já dissemos tudo que tínhamos a dizer um ou outro, Edward. Você não confia mais em mim e eu não vou ficar mais aqui, tentando te fazer voltar a acreditar. Eu cansei disso, sabia?" perguntei, puxando meu braço das suas mãos, mas ele impediu que eu me afastasse.
As gotas de chuva que caíam na sua cabeça eram respingadas para o meu rosto, me fazendo cuspir a água a toda hora.
"Por que aceitou o emprego em Paris, Bella?"
"Porque é a coisa certa a fazer! Eu não poderia largar a oportunidade de trabalhar em uma das maiores agências de publicidade do mundo-"
"Você tá querendo fugir, é isso?"
"Por que eu fugiria?" quase tive um ataque histérico diante de tanta prepotência.
"Você não pode ir para Paris, Bella!" Edward agora segurava meus dois braços, me sacolejando levemente enquanto falava.
"E por que não, Edward?" esbravejei, tentando me afastar mais uma vez. "O que você ainda quer comigo? Já não basta ficar me tratando como se eu fosse nada, de ficar me julgando como se eu fosse uma qualquer, você agora resolveu que pode me dar ordens? Quem pensa que é, me diz? Você não passa de um imbecil, egocêntrico, grosso, burro, cego, cabeça dura, injust-"
As palavras perderam os sentidos assim que eu senti a boca quente de Edward sobre a minha, apenas os nossos lábios se tocavam naquele momento. Senti um soluço de susto emergir na garganta e logo em seguida, já sentia o deslizar da língua macia na minha boca, varrendo para longe qualquer pensamento coerente que pudesse passar na minha cabeça.
Com grande esforço eu me afastei, o rosto pegando fogo e o coração batendo fora da normalidade.
"Por que você fez isso?" perguntei, a voz estava alterada pelo turbilhão de sensações que o meu corpo era acometido.
"Não vá para Paris, Bella." Edward pediu, a testa encostada na minha, a respiração ofegante resvalando nas minhas bochechas.
"Me dá um motivo, Edward. Te peço apenas um motivo." sussurrei, sentindo o peito arfar violentamente.
"Bella, eu.. eu.."
Edward abriu e fechou a boca várias vezes e depois ficou calado, me fitando de forma confusa e desesperada. Engoli a seco e comecei a me afastar, já sentindo as lágrimas escorrendo, confundindo com as gotas grossas de chuva.
"Você pensou demais." balancei a cabeça e girei nos calcanhares, fugindo de Edward como o diabo foge da cruz.
[...]
"Tem certeza de que quer mesmo fazer isso, Bella?" Alice perguntou, enquanto nós seguíamos pelos corredores do abarrotado John F. Kennedy International Airport, o maior e mais conhecido aeroporto de Nova York.
"Certeza absoluta, Alice." respondi, remexendo na bolsa, tentando verificar se não tinha esquecido alguma coisa.
"A gente vai sentir sua falta, Bells." Emm sibilou e eu sorri e parei para abraçá-lo.
"Não mais do que eu, pode apostar, Emm."
"Ei, vocês, parem de me fazer chorar!" Rosalie pediu, soluçando, agarrada na camisa de Jasper.
Gargalhei alto diante da cena e vi que era chegada a hora que eu mais temia. Respirei fundo e tentei controlar o choro mais uma vez, precisava ser forte para encarar mais essa situação.
"Bom, acho que tá na hora." comentei e fiz uma careta ao perceber os olhos de Alice brilhando por causa das lágrimas que já estavam começando a se acumular nos cantos.
"Por favor, não quero ninguém chorando por aqui, então eu vou ser rápida com essa coisa de despedida." respirei fundo e fitei o teto bem projetado. "Hum.. por onde posso começar? Dizer que eu amo vocês é pouco comparado ao que existe dentro de mim! Vocês são a minha família, minha vida, os melhores presentes que alguém pode ganhar! Sou muito sortuda por ter cada de um vocês aqui do meu lado, me apoiando, me colocando em encrenca, me fazendo pagar mico quase sempre." soltei uma risada e mexi na barra da blusa que estava usando. "Eu só tenho que dizer que vou sentir muitas saudades de cada um e que nem por um segundo sequer eu vou deixar de pensar em vocês e espero sinceramente que vocês façam o mesmo!
"Oh, minha querida!" Rosalie irrompeu em um choro descontrolado e se agarrou em mim com tanta força que comecei a ficar sufocada.
"Eu amo você e esse bebê que tá aí dentro, ouviu?" sibilei, tocando-a na barriga, que começava a despontar. "Cuida bem dele, tá bom?"
"Eu te amo." Rose sussurrou e eu a beijei no rosto ternamente.
Sorrimos e eu me afastei para abraçar Emmett.
"Cuida bem da minha Rose e do meu sobrinho, Ursão!" ordenei e ele me abraçou em mais um daqueles seus afagos sufocantes.
"Vou sentir sua falta, Viúva Negra."
"Eu também, Emm." dei um tapinha no peito forte e corri para abraçar Jasper.
Sem que ninguém percebesse, tirei uma caixinha de veludo do bolso do casaco e entreguei a ele.

"Você ama a Alice, não ama?"
Jasper me fitou surpreso e apenas balançou a cabeça, concordando.
"Então não perde mais tempo, pede ela em casamento ainda hoje, Jazz, por favor, não deixa para amanhã o que você pode fazer hoje." sussurrei, abraçando-o com força.
"Obrigada, Bells, eu te amo."
"Eu também, meu querido."
Me afastei de Jasper e nós trocamos um olhar cúmplice antes de eu voltar a atenção para aquela que mais estava sofrendo com a minha partida.
"Por favor, não chora!"
"Não estou chorando!" Alice retrucou, a voz tremida a denunciando.
"Vem aqui." puxei o corpo pequeno de encontro ao meu e afaguei os cabelos espetados, enquanto nós chorávamos em silêncio.
"Eu sinto tanto-"
"Shh, não fala mais nada, Alice!" ordenei, enxugando as lágrimas, fugando e me afastando, apenas o suficiente para fitá-la nos olhos. "As coisas estão do jeito que deveriam estar, não há mais o que discutir sobre isso."
Alice revirou os olhos, contrariada, e tentou insistir:
"Mas eu não me conformo-"
"Você tem que se conformar!"
Respirei fundo e passei as mãos pelos cabelos, fugando.
"Nunca ia dar certo, Alice." sibilei, cheia de pesar.
"E-eu falei com ele hoje, disse a hora do seu voo."
Senti o chão se perder sob meus pés.
"Ele não vem." murmurei, enfática.
"Como pode ter tanta certeza disso?" Alice perguntou, aborrecida.
"Porque eu sei que é verdade." soltei um suspiro e tentei sorrir, mas não tive muito sucesso. "Deixa as coisas como estão, Alice, vai ser melhor para todo mundo."
O anúncio do meu voo só fez o coração se comprimir ainda mais dentro do peito, enquanto os olhos ficavam turvos e borravam a imagem dos meusmelhores amigos parados à minha frente, os soluços eram o único som que eu conseguia identificar em meio ao burburinho que acometia o abarrotado aeroporto de Nova York.

"Bom, eu disse que ele não vinha." sibilei, limpando as lágrimas grossas com as costas das mãos.
"Bella," Alice tentou sibilar, mas eu fiz um gesto vago com a mão, impedindo-a de falar.
"Tá tudo bem, Alice." respirei fundo e peguei a maleta que estava largada aos meus pés. "E-eu vou ficar bem."
"Te amo, amiga." Alice correu e me abraçou mais uma vez, me beijando no rosto seguidas vezes. "Eu te amo tanto."
"Eu também, mon petit.¹" sibilei e Alice soltou uma risada, me dando um tapa no ombro. "Je vous voir à Paris²!"
"J'adore, mon cher.³" Alice respondeu, enquanto eu me afastava, pegando o carrinho com as malas que Jasper segurava.
"Eu amo todos vocês!" sibilei, começando a me afastar.
Passei os olhos em cada uma das quatro figuras paradas à minha frente e não conseguir conter a nova onda de choro que acometeu.
"Bella," Rose e Alice chamaram e eu sorri, por entre as lágrimas.
"Au revoir, meu amores!" e me virei de costas, incapaz de continuar olhando aquela imagem tão triste.
Segui apressada até o portão de embarque, rezando para me manter o mais confiante possível. Preferi não olhar para trás, ou sabia que iria encontrar Alice e Rosalie chorando sendo consoladas por Jazz e Emm. Não estava com o mínimo saco para ficar olhando casalzinhos românticos abraçados. A mágoa por tudo que tinha acontecido entre mim e Edward ainda era latente.
Já estava entregando as passagens para a comissária, quando senti meu corpo inteiro retesar ao ouvir a voz rouca e inconfundível que fazia meu coração bater com tanta força que chegava a deixar meu peito dolorido.
"Edward." o nome escapou em meio a um soluço fraco que tomou conta da minha garganta.
Levei um susto quando ele parou à minha frente, me fitando com os olhos verdes atormentados, bastante ofegante, já que tinha literalmente corrido pra me alcançar.
"Não posso deixar que você faça isso, Bella, você não pode ir para Paris!" sibilou, falando tão rápido que eu comecei a sentir a cabeça zonza.
"Edward-"
Ele tapou a minha boca com a sua mão forte e eu senti o peito arfar imediatamente.
"Agora é a minha vez de falar, Bella. E por favor, me escuta, eu prometo que serei breve." respirou fundo e passou a outra mão nos cabelos, visivelmente nervoso.
"Vamos lá, como eu posso começar essa conversa?" perguntou, pensativo. "Só posso te dizer uma coisa: eu te amo, Bella." deu de ombros, retirando lentamente as mãos da minha boca. "Você sempre foi uma das pessoas mais importantes da minha vida, aquela que sempre esteve ao meu lado cada vez que eu precisei. Você era a minha confidente, aquela que me fazia rir, que me dava bronca quando eu merecia e até quando não merecia." soltou uma risada rouca e logo depois seu rosto assumiu uma expressão séria. "E o que eu fiz para retribuir tudo isso? Absolutamente nada! Pelo contrário, acabei com tudo por ser tão cego, tão burro e tão idiota como você mesma disse."
"Como pude duvidar de você, Bella? Como pude ser tão imbecil a esse ponto? Você é a mulher mais maravilhosa desse mundo e eu fui cego demais por não enxergar isso! E agora tudo que eu posso fazer é implorar para que você não vá! Preciso de você, Bella, preciso de você ao meu lado como a minha amiga, a mulher da minha vida, a amante perfeita... preciso de cada pequena qualidade e pequeno defeito que compõe a Bella que eu amo, a garota que eu vi crescer e se transformar na mulher linda que me deixou louco com o menor dos toques! Eu não sei se isso é amor, paixão ou qualquer outro sentimento que não consigo descrever, mas eu sei que não posso viver sem você, Bella, nem agora nem nunca! Você é a mulher da minha vida, lembra?"
Edward soltou um suspiro alto e eu apenas o fitei, os olhos arregalados, a boca mais escancarada impossível. Ficamos um bom tempo nos encarando e ele franziu o cenho, confuso, quando eu dei um passo para trás, começando a voltar para o portão de embarque.
Edward tentou me puxar, mas eu fiz um gesto para que ele ficasse onde estava.
"Eu te amo também, mas não posso mais ficar, preciso ir, Edward. Não posso mais voltar atrás, não agora."
"Por favor, Bella, não vai, eu imploro." era difícil manter uma postura séria quando você via o homem da sua vida chorando bem diante dos seus olhos. Mas aquilo era necessário, era impossível voltar atrás àquela altura do campeonato.
Por quanto tempo eu esperei pelo momento que Edward fosse me dizer aquelas palavras todas e agora eu nem podia me dar ao luxo de sonhar em jogar tudo pro alto. Tinha responsabilidades, não podia largar tudo por algo que nem tinha certeza de que poderia dar certo.
"Eu te amo." sussurrei e sorri, meio sem vontade.
"Bella, não-" Edward balançou a cabeça de um jeito afetado, completamente desesperado.
"Je vous voir à Paris, Edward!" gritei e me virei em seguida, correndo para dentro da sala de embarque, chorando de dor e tristeza.
As coisas estão como deveriam estar e era assim que iriam continuar.

[...]


Edward's POV
Fiquei um bom tempo parado ali na mesma posição em que Bella tinha me deixado, sem acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Então era isso? Ela tinha ido embora mesmo?
Senti uma mão pequenina repousando no meu ombro e me virei para encarar Alice, que me fitava com olhos gentis.
"Sinto muito."
"Tudo bem, a culpa por isso tudo ter acontecido é única e exclusivamente minha. Cheguei muito tarde e perdi a chance da minha vida de ter a Bella pra mim."
"Você a ama, não?"
"Sim." suspirei, passando as mãos pelos cabelos, tentando desfazer o nó grudado bem no meio da garganta.
"Não só como amiga, Edward, você a ama como mulher?" Alice insistiu e eu suspirei mais uma vez, sem saber como explicar aquilo.
"E-eu realmente não sei, Alice, mas quer saber, isso não importa! O fato é que eu estava disposto a tudo para ficar com a Bella e queria que ela soubesse disso, mas parece que cheguei tarde demais."
Alice soltou uma risadinha fraca e se virou para me encarar.
"Nunca é tarde, meu querido irmão idiota! Você tem todo o tempo do mundo para provar para Bella que a ama." Alice respondeu, me dando um tapinha na cara. Logo depois, seu rosto se fechou em uma careta de curiosidade: "O que a Bella te disse antes de ir embora?"
"Sei lá," dei de ombros, meio emburrado. "Alguma coisa em francês, que eu não entendi, acho que foi Je vous-
"Je vous voir à Paris!" Alice exclamou, dando um salto ao meu lado. "Vem comigo agora, Edward!" e pegou a minha mão puxando para perto de um dos vários guichês das companhias aéreas do aeroporto.
"O que você tá tramando, sua maluca?" perguntei, observando-a pegar o celular e discar alguns números.
"Maninho, você tem uma viagem marcada para Paris e é para agora!"
[...]
N/a's:
¹mon petit = minha pequena.
²Je vous voir à Paris. = Vejo você em Paris.
³J'adore, mon cher = Te adoro, minha querida.


Continua...

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