30 julho 2011

TENIR MA MAIN - CAPÍTULO 30

E tudo que começa um dia termina não é mesmo? Curtam o penúltimo capítulo da nossa FIC, e segunda teremos o epílogo para vocês! =D
Classificação: Maiores de 17 anos
Autora: Lore Volturi
Gênero: Romance/Drama 
Aviso: Sexo/Lemons 

Capítulo 30

Kristen POV
Algum lugar - 25 de dezembro de 2010 – 01h30min

Meu coração deu um salto, eu podia gritar no meio de todas aquelas pessoas. Não podia correr o risco do Peter vê-lo, o bom é que não precisamos de muitas palavras e só com o olhar nos entendemos.
O perdi de vista por um segundo e então fui puxada pela porta da cozinha.
Um minuto eu estava correndo, no outro eu estava com a minha mão fortemente entrelaçada na mão dele.
Senti vontade de chorar, ele nunca desistiu de mim.
Corremos pela escada de serviço, sem olhar para trás. Minha desculpa de ir ao banheiro logo seria descoberta, mas nesse momento eu não ligava para nada, nem os sapatos que ficaram perdidos entre os degraus da escada.
Tudo que importava era a mão que segurava a minha com tanta força e me puxava para me tirar daquele pesadelo. Não tivemos tempo de dizer muitas palavras um para o outro, de novo não foi necessário, quando colocamos os olhos um no outro foi como se todo o resto ficasse muito claro.
Rob quase explodiu a porta da saída, e o  vento frio da noite de Los Angeles nos acertou em cheio.
Olhei para os lados, enquanto o Rob continuava a me puxar, fiquei surpresa ao ver que o carro do Jack estava logo ali.
-Rob, como você conseguiu esse carro?
-É uma longa história. Entra!
Ele não precisou falar duas vezes, eu já estava no banco de passageiro com o cinto e tudo.
Nunca vi o Rob dirigir tão rápido, ele arrancou com o carro em alta velocidade pelas ruas movimentadas, minha respiração já estava normal, em pouco tempo já estávamos longe do centro de L.A. e mesmo assim ele ainda dirigia a 120k/h.
Alisei a mão dele, quase não acreditando em quem eu o estava tocando e ao mesmo tempo tentando acalmá-lo.
-Rob, por favor, diminua a velocidade. Isso aqui é L.A., lembra? Não queremos a polícia parando o carro.
-Não quero correr nenhum risco.
-Nós já estamos longe, está tudo bem.
Ele tirou os olhos por um segundo da estrada e me encarou, finalmente entendeu que eu estava bem. Ele deu um suspiro de alívio, foi como se um peso tivesse sendo tirado das costas dele, até que o sorriso que eu amava apareceu.
Quase esqueci o quão lindo ele é.
-Pensei que não ia conseguir tirar você de lá, estava tão nervoso.
Eu mal podia acreditar que isso estava mesmo acontecendo, quando ele começou a falar, acho que foi chave para as lágrimas começarem a descer pela minha bochecha. Eu queria procurar alguma palavra na minha mente que pudesse, explicar para ele o quanto isso significava para mim.
O que ele tinha feito hoje foi mais do que qualquer outra pessoa já fez por mim, em toda minha vida.
Não importava quantas pessoas tinham me decepcionado, quem já havia traído a minha confiança, não importava, porque hoje eu tenho o Robert na minha vida. É muito mais do que eu podia sonhar em pedir.
Robert era o que me manteve viva durante todo esse tempo.
Era a razão para acreditar que a minha vida não precisava ser uma tragédia, mesmo com tudo ao meu redor tentando me convencer do contrário.
Só de estar ao lado dele naquele momento, já me sentia mais viva, meu coração batia descontrolado.
-Rob, eu acho que você precisa encostar o carro.
A mão dele ainda tremia no volante, aquilo me fez sorrir como uma idiota.
-Não, pode não ser seguro.
-Rob, me escute por mais que eu esteja feliz que você esteja dirigindo do lado certo da rodovia, é melhor você encostar o carro.
-Tudo bem.
Não conseguia tirar os olhos dele, o tempo todo.  Acho que esperava que ele fosse desaparecer como nos meus sonhos, ele sorria e depois me deixava. Mas ele estava aqui, ele veio por mim.
Ainda estávamos um pouco longe da saída, para poder encostar.
Rob foi ficando mais calmo, aquilo era ruim, não tinha como não me sentir culpada por estar causando isso, eu tinha passado a minha paranóia para ele.
Justamente quando eu terminei de pensar nisso, a realidade me acertou de novo.
E eu não precisei nem olhar para o celular, para ter a confirmação disso.
É claro que ele iria notar a minha ausência, já havia mais de uma hora que eu tinha sumido, só esperava que eu pudesse aproveitar a minha liberdade, por mais alguns minutos.
O celular vibrou mais uma vez.
Minha postura mudou, não olhei mais para o Rob que estava concentrado na estrada. Ele não tinha notado nada de diferente, acho que ainda estava um pouco nervoso, olhando para o retrovisor.
Abaixei meu olhar, sem que ele olhasse li a mensagem com o celular dentro da bolsa.
Não estou em clima para brincar de gato e rato, Princesa.”
Eu podia jogar o celular pela janela, ignorar e fingir que aquilo não estava me afetando.
Acho que a sua mãe, suportou essa última fuga. Então seja uma boa menina e venha se despedir.”
Não importava para onde eu corresse, ele sempre teria algo que me prenderia algo que eu amava e não perderia a chance de destruir na minha frente.
Ele usaria a última carta que tinha para me atingir.
Olhei de novo para o Rob ao meu lado, lembrei de como por muito pouco eu não o perdi antes, será que eu correria esse risco de novo?
O que veio em seguida não foi mais uma mensagem e sim as coordenadas, um endereço de uma casa que não ficava longe daqui. É claro que o celular tinha GPS, se eu não fosse ao seu encontro ele me acharia de alguma forma.
Quando assimilei o que estava acontecendo, o Rob já tinha encostado o carro.
-O que aconteceu?
Escondi o celular antes que ele pudesse ver qualquer coisa, depois saí do carro.
Olhei pro céu e pedi forças.
-Isso não vai ser fácil.
Falei comigo mesma, algo que eu fazia muito naqueles dias. Conversas comigo mesmo, eu sei o que parece, estou ficando meio louca. Talvez.
Corri a mão pelo meu cabelo, tentando me acalmar. Milhares de coisas passavam pela minha cabeça ao mesmo tempo, tentei me acalmar me focando em uma coisa só.
Olhei a estrada ao nosso lado que estava pouco movimentada, só nessa hora me lembrei que era natal.
Foi quando todas as vozes na minha cabeça me fizeram lembrar uma coisa, eu nunca tive um natal normal, talvez quando eu era um bebê ou algo assim. Mas nunca fui uma daquelas crianças que ficava ansiosa para o Natal.
O último que eu passei com o meu pai, foi no hospital, pois eu tinha quebrado a perna, depois de cair tentando tocar à estrela no topo da árvore de natal, era uma das últimas boas lembranças que eu fazia questão de guardar na memória, quando achava que estava perto de esquecer o rosto dele. Foi só o meu pai que ficou comigo no hospital, minha mãe teve que ficar em casa com os convidados e o resto da família.
Mesmo assim, na manhã de natal ela fez questão de levar torta para o hospital.
Acho que ela sempre teve um jeito próprio de demonstrar que me amava, não era tão claro como o meu pai, mas ainda assim.
Não foi apenas essa lembrança que me fez tomar a decisão. Eu não seria como todos aqueles que me traíram, me deram as costas. Era a minha oportunidade de ser diferente, melhor que eles.
Acho que meu olhar ficou muito tempo perdido olhando os carros passarem, quando voltei a ter foco o Rob já me segurava e tinha a expressão preocupada.
Ele devia ter notado que alguma coisa estava estranha em mim, mas não falou.
Resolvi não falar também.
Em vez disso deslizei a minha mão lentamente do ombro para a nuca dele, deixei a minha mão se perder um pouco pelo cabelo dele e em seguida o puxei para um beijo, não era um beijo normal. Meus lábios buscaram os dele com mais sede que o normal, com mais força, com mais intensidade, com mais paixão do que qualquer outro beijo, ele correspondeu, na mesma medida, na medida certa que devia ser... Nosso último beijo.
Eu tive que o afastar, ambos sem fôlego.
-Eu espero que um dia você possa me perdoar por isso, Robert.
Não olhei mais nos seus olhos, não tive coragem. Não sei que expressão ele tinha no rosto quando lhe apliquei o golpe que o deixou inconsciente, ironicamente foi o mesmo que eu fiz naquele dia no lago, no primeiro dia que nos conhecemos.
Eu tinha que achar algum ponto de humor naquilo tudo.
X
Segui as coordenadas que estavam no celular, não foi difícil conhecia bem aquela área, já que eu costumava dirigir para Laguna o tempo todo.
Evitei encarar o corpo do Rob desacordado no banco ao meu lado, eu estava fazendo um favor a ele, mesmo assim ainda era doloroso.
Eu não podia correr o risco dele tentar me impedir.
Lembrei do canivete na minha bolsa, do meu plano original.
Por um breve momento, tudo poderia ser diferente, mas não melhor. Nunca seria melhor, enquanto eu estivesse fugindo.
Podia estar louca, mas uma louca com uma idéia fixa na cabeça.
Eu nunca mais vou fugir.”
Acredite quando eu digo que eu queria que o meu final feliz fosse do jeito que o Robert tinha planejado, nós dois sozinhos de mãos dadas, um belo pôr do sol.
E naquela noite ele tinha provado ser um herói, ele me salvou quando eu precisei, ele foi a máquina que me manteve respirando até agora.
Por favor, acredite quando digo que eu queria ter um final de conto de fadas.
 Mas eu tive que fazer uma escolha e essa escolha implicava um sacrifício.
E eu não queria que o meu herói fizesse parte disso.

XXX

A casa ficava em uma encosta de algumas colinas, uma área privilegiada, provavelmente com a melhor vista de todas as outras que tinham ali perto. Tinham plásticos cobrindo os vidros da porta da frente, latas de tinta perto da entrada, a garagem cheia de materiais de construção e mesmo assim ainda dava para perceber a obra de arte que era aquela mansão.
Olhei o rastro de sangue que tinha ao lado do carro do Peter, que dava para a entrada da casa.
Não era hora para perder a calma. Era a hora de manter a frieza e mostrar o que ele tinha me ensinado, depois de todos esses anos.
Entrei pela cozinha, pelo pouco sangue que eu vi no chão, achei que eles tinham entrado por aqui também. A cozinha estava equipada, já tinha fogão e geladeira, um armário com copos e pratos, todos com a minha cor favorita quando eu era criança, lilás.
Por impulso peguei a maior faca que tinha no faqueiro a mostra no balcão.
Uma faca?
Ele provavelmente devia ter uma arma, eu estava sendo ingênua. Mesmo assim segurei o cabo com força e caminhei para a sala, sem fazer barulho, olhando com calma tudo ao redor.
A sala dessa casa era quase um aquário, em vez de paredes seguiam-se uma série de janelas de vidro que davam vista para o mar e o céu sem estrelas lá fora, um lustre antigo no teto era o que iluminava o ambiente.
Havia uma parede sem vidro, que trazia o vento muito frio para o ambiente, era lá que estava o Peter de costas, ele não estava vestindo o paletó, estava com a camisa amarrotada, ele tinha as mãos para trás e eu pude ver que tinha sangue cobrindo as duas mãos.
Ele olhava para o mar que batia furioso lá em baixo.
Não consegui dar um passo a frente, meu olhar seguiu até a minha mãe desmaiada no sofá marrom perto do que era para ser uma lareira, o vestido branco estava encharcado de sangue da cintura para baixo. Aproximei rapidamente e me ajoelhei ao lado dela, o rosto estava pálido, mas ela ainda tinha pulso.
-O que você fez com ela?
Ele respondeu sem se virar.
-Dessa vez eu não fiz nada, ela teve um aborto no caminho para cá. Eu já esperava por isso, os médicos tinham avisado que a gravidez na idade dela era de risco. Não há nada que se possa fazer.
Peter falou sem rodeios, assim rápido sua voz era séria, como eu jamais tinha ouvido antes.
-Como não há nada que se possa fazer? Você podia ter levado ela a um hospital.
-Ela não teria conseguido, eu sei disso. Sua mãe é velha.
Seria possível sentir mais ódio daquele homem?
Não respondi por mim, segurei a faca com mais firmeza e avancei para cima dele.
Só não contava com o reflexo rápido dele, ele se virou a tempo de segurar meus braços, a minha mão ainda segurava com firmeza a faca, estava completamente fora de mim.
Eu não perdi só na desvantagem da altura, mas na força também. Ele entortou meu braço até me forçar a largar a faca. Quis chorar, por me sentir tão fraca.
Pela primeira vez, o Peter me encarava sério. Os olhos arregalados, a boca pálida e a testa suada.
Era a primeira vez que eu via o SR. TOC, completamente sujo e descontrolado.
-Quando você vai entender? Hein criança? Quando vai parar de lutar contra? Por que não aceita isso?
Ele não estava fazendo sentido algum, de todas as vezes que vi o monstro que vivia dentro daquele homem, aquele foi o que me assustou mais.
-Você não vê, não é?
Não respondi.
-Nós somos a mesma coisa, princesa. Você e eu.
Ele me segurou para mais perto dele, massageando a minha cicatriz que ele mesmo tinha feito.
-Você é minha, a única razão pela qual aceitei me casar com essa mulher inútil, que não foi capaz de me dar um herdeiro. Como é possível que você não aceite logo o fato que nós fomos feitos um para o outro. Desde que eu coloquei os olhos em você, eu soube. Aqueles olhinhos verdes, que escondiam tanta raiva... Eu sempre quis domar, cuidar e ter você para mim.
Os olhos dele ficaram fora de foco, tão arregalados. Tão insano.
Meu cérebro dizia para reagir, mas eu estava em choque com tudo que ele falava. Eu era uma criança quando conheci esse monstro, o que ele estava falando?
-Tinha tantos planos, para essa casa, a nossa casa, para você e nosso filho. Eu fiz tudo direitinho, mas você insiste em não cooperar comigo, princesa. Nós podíamos ser tão felizes.
Eu estava mais do que assustada, fiquei petrificada, tentava empurrar e afastar o corpo dele, mas ele me puxava para um abraço sufocante. Ele tinha passado da linha da insanidade, para o Peter não existia nenhuma linha.
-Você destruiu a minha vida, você não quer me ver feliz.
-Shissh...eu fiz o que era o certo para você, meu amor.    
Aquelas palavras nunca soaram tão estranhas como agora. Senti um frio correr a minha espinha, medo... Genuíno medo.
Peter não estava preso a fachada de advogado educado, era como um animal faminto que saia da jaula.
Era assim que ele me olhava, como se tivesse fome.
Pela primeira vez, eu tive medo demais para me mexer, eu não conseguia. Ele continuava a me apertar, a cheirar meu cabelo e passar os dedos no “F” nas minhas costas. Comecei a bater o queixo, o vento era frio e estávamos muito próximos da janela, três passos e pronto, ninguém sobreviveria uma queda dessas.
A mão dele estava em todos os lugares. Uma mistura de nojo e raiva me invadiu junto com aquela sensação de Deja- vu. Só que hoje eu não era aquela garotinha de quatorze anos, não era fraca e muito menos ingênua. Hoje eu tinha forças para fazer o que eu deveria ter feito, cinco anos atrás, revidar.
Empurrei o máximo que pude o corpo e o mais rápido que pude dei um passo para trás e dei uma joelhada no entre as pernas dele, o acertando em cheio.
Entre o grito de dor que ele soltou, Peter me jogou no chão. A queda não doeu, consegui me afastar o máximo dele, me arrastando pelo chão.
Então aconteceu tudo tão rápido.
O breve olhar de cólera quando ele avançou para cima de mim. Minhas mãos procuraram com urgência qualquer coisa, a faca estava ali perto, tão perto só alguns centímetros. Eu estava quase alcançando quando ele me puxou pelo tornozelo, mas eu não desistiria fácil, com mais um impulso consegui alcançar a faca, ao mesmo tempo o Peter vinha novamente para cima de mim, dessa vez ele jogou o corpo inteiro sobre o meu.  Com o impacto e a força do golpe, imediatamente eu pude sentir o sangue dele escorrendo entre os nossos corpos.
Larguei a faca como se tivesse levado um choque, mal pude acreditar na força que tinha se apoderado de mim, para fazer aquilo. Dessa vez ele não gritou de dor, o que eu ouvi em seguida foi uma gargalhada doentia.
Com a camisa encharcada de sangue agora não só da minha mãe, mas dele mesmo, Peter se levantou e sorriu para mim.
-Eu sempre te amei.
Ao dizer isso, ele deu três passos para trás.
E então ele não estava mais lá.
Fechei meus olhos e me encolhi em um choro silencioso.
X
Em seguida veio o caos.
Eram paramédicos, policiais e até o Rob.
Eles todos pareciam vultos rápidos.
Não consegui me mexer por um tempo, até o policial me levantar e falar que eu teria que ir com ele. O Rob esteve lá o tempo todo, falando que era meu advogado.
Eu sorri ao ouvir aquilo.
Todos olhavam para mim como se eu fosse uma louca.
Estava dentro do carro da polícia, quando olhei pela janela e observei o olhar preocupado do Rob. Segurei a mão dele.
-Está tudo bem, Rob. Acabou. Eu posso acordar agora.
Uma lágrima escorreu pelo rosto dele.
Então nos afastaram e eu fui levada para delegacia, mas estava tudo bem.
Pois pela primeira vez em muito tempo, eu ia dormir em paz.
FIM

Epílogo na próxima semana! 

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