27 julho 2011

TENIR MA MAIN - CAPÍTULO 28

 Boa noite pervinhas... Prontas para descobrirem como a Kristen, da nossa FIC, passará no cativeiro? Estamos na reta final da nossa FIC, aproveitem! Ótima leitura.
Classificação: Maiores de 17 anos
Autora: Lore Volturi
Gênero: Romance/Drama
Aviso: Sexo/Lemons


Capítulo 28
Kristen POV
Hotel Bay Marion, Califórnia – 24 de dezembro de 2009 – 23h00min

Os dias eram longos demais, dentro da minha pequena bolha de “proteção”. Eu tive que começar a comer, por que Maria passou a fazer vigília enquanto eu comia o que quer dizer que ela não saia do meu quarto até eu deixar o prato limpo. A comida não era ruim e no final das contas a Maria só estava fazendo o trabalho dela, eu podia ser compreensiva com isso.

O que eu não podia ser compreensiva era a tentativa ridícula da mulher do Peter, com aquela barriga de sete meses, tentando agir como se importasse comigo.

Isso não sou eu tentando dar uma de “aborrecente”, já estou velha demais para isso.

Isso são mágoas e ressentimentos de uma vida sendo jogados na mesa.

Pela primeira vez desde que nós fomos morar naquela casa, ela pisou no meu quarto, isso normalmente não acontecia, espere me deixe reformular isso, ela ia ao meu quarto apenas pra pegar o cartão de crédito, quando eu começava a passar dos limites. Pra ela sempre foi assim, questão de dinheiro.

Quando ela entrou no meu quarto pareceu um estranho Deja vu, ela tinha a mesma expressão de quando me deu a notícia que iria se casar de novo, ela temia que eu fosse bater nela ou algo assim. Acho que de algum jeito estranho, que eu não sabia explicar... Minha mãe sempre teve medo de mim.

No começo ela tentava me entender, mas eu fui crescendo e ela simplesmente parou de me ouvir.

Eu sei que no fundo ela sabe que eu tenho motivos para ser meio desajustada, ela sabia o dano que estava causando em mim, evitando conversas, evitando contato, me deixando crescer cada vez mais distante dela, todas as minhas tentativas de aproximação eram sempre em vão, eu era um cachorrinho desesperado pelo osso que o dono segurava, sedenta por atenção e tudo que eu recebia era um meio sorriso e um olhar de paisagem.

Eu não tive uma mãe, ela e o nada eram a mesma coisa.

Agora comecei a achar o nada muito incomodo como um sinal vermelho gritando “OLHE PARA MIM”.

Tudo se tornava mais desconfortável ainda, por que eu não conseguia olhar para ela com aquela barriga.

Se ela soubesse...

-Querida você não quer sair desse quarto, está um dia tão lindo lá fora?

-Estou bem aqui.

Ela continuou parada perto da porta, sem saber como se aproximar.

-Eu estava esperando que nós pudéssemos conversar dar uma volta no jardim...

Claro, por que se eu for “dar uma volta” em outro lugar que não seja pela propriedade do Facinelli, tem uma grande probabilidade de eu ser eletrocutada.

Não respondi, esperei ela se dar conta de que aquilo era uma batalha perdida.

Observei pelo canto do olho aquela mulher dar um passo à frente, quando eu mudei o canal da televisão, tinha uma voz na minha cabeça que quase gritava.

”Isso não vai terminar bem.”

Então...

-Ai.

Ela soltou um gemido e segurou a barriga, olhei imediatamente.

-O que foi?

-É que o bebê chuta muito quando estou perto de você, ele sabe que é irmã dele.

Fiquei em silêncio.

Era um menino, um herdeiro para o patrimônio do desgraçado. Tinha um sentido para toda aquela bondade. Não demorou muito, ela estava lá do lado da minha cama.

-Você não quer sentir?

-Não obrigada.

Afastei-me mais, afundando no outro lado da cama.

Seguiu-se um minuto de silêncio, mas pareceu uma hora dentro da minha cabeça.

-Filhinha...

-Não me chama assim.

Meu coração deu um salto, começou a pulsar mais forte, quase como uma bomba relógio e não faltava muito até zerar. Não pude evitar o tom de voz, carregado de raiva. Eu não queria aquela conversa, ela estava terrivelmente atrasada para tentar ser a minha mãe, agora.

-Por favor, Kristen não seja difícil. Eu estou tentando...

-Tentando, o quê?

-Escute, eu sei que eu nunca fui a melhor das mães e eu sinto muito...

Dei uma risada involuntária.

-Você nunca foi a minha mãe... JAYMES, não se preocupe com isso agora. Eu tenho certeza que o Peter pode pagar as melhores babás do mundo, você não vai precisar se preocupar com coisas banais como dar atenção e carinho para essa criança.

As palavras saíram como metralhadoras.

Os olhos dela encheram de lágrimas, me convenci de que deviam ser os hormônios da gravidez.

Não me importei, ignorei o remorso. Ela nunca sentiu pena de mim, por que eu sentiria dela?

-Oh, me desculpe... – Falei com uma frieza calculada. – Será que eu magoei seus sentimentos dizendo essas coisas? Prefere que eu fique aqui calada, minta e aceite as suas desculpas. Para depois nós duas irmos ao parque e você comprar sorvete pra mim.

-Por favor... Filha.

Ela tinha a voz fraca, as lágrimas agora estavam descendo pela bochecha rosada.

Era tarde demais para tentar segurar o que eu guardei por dezenove anos.

Pude ver que aquilo estava fazendo mal, mas eu queria mais. Uma parte de mim se sentia bem, em falar essas coisas em magoar. Eu sabia que era mais forte que dor física.

Eu ia fazer ela lembrar daquelas palavras e carregar a culpa.

-Eu disse para não me chamar assim, você não tem o direito. Você não é minha mãe, minha mãe morreu naquele acidente de carro junto com o meu pai. Eu tive que conviver com o fantasma dela, o que restou dela. Esse fantasma que me olhava, me acusando, como se eu fosse a culpada do outro motorista estar de porre e avançar o sinal.

Eu mal tinha percebido que agora, estava quase gritando com ela.

-Não faça essa cara de coitada, não finja remorso por ter errado comigo. Você chegou tarde demais, o estrago já está feito.

Levantei da cama, decidi que era hora de sair mesmo daquele quarto. O trabalho já estava feito, ela iria pensar naquilo antes de dormir. Mesmo sabendo disso, antes de abrir a porta, dei uma última olhada para a minha mãe, sentada na cama se abraçando.

-E sabe de uma coisa Jaymes, eu sinceramente desejo que esse bebê tenha mais sorte do que eu tive.

Depois dessa tarde ela não olhou mais nos meus olhos, passei pela porta sem bater.

Suspirei, era quase um suspiro de alívio já do lado de fora, não tinha me dado conta que ainda não estava sozinha.

Um par de olhos verdes me encarava, não pareciam assustados e sim receosos. O que não era comum para ele, mas o motivo daquela atitude só podia ser por que ele provavelmente tinha escutado toda discussão.

Minha segunda surpresa do dia, meu segundo tapa na cara.

Jackson não sabia o que fazer, ele tinha uma expressão que era difícil de decifrar.

Queria saber a quanto tempo ele estava ali, ouvindo aquilo tudo.

Olhei para ele, com aquelas botas texanas e o jeans surrado meio velho e a camisa branca um pouco folgada. Tudo indicava que definitivamente ele não pertencia aquele lugar, não vou negar que nos primeiros segundos eu fiquei em choque, e então depois a surpresa passou, ele tinha um envelope na mão.

O pagamento pela traição.

Ele abriu a boca para tentar falar alguma coisa, mas não saiu.

Outro pedido de desculpas hoje? Será mesmo que todo mundo resolveu limpar a consciência?

Por que facilitar as coisas para os outros?

Acho que não andei, quase corri até ele. Seu corpo não se mexeu um centímetro e ele sabia o que vinha em seguida, pois foi o próprio que me ensinou.

No último segundo, eu não fechei a mão e sim dei um tapa com o máximo de força que eu tinha.

-Out, Kristen... Eu sinto...

Não deixei o terminar, eu estava de saco cheio daquela frase.

Dei uma joelhada no estômago dele, Jack se encolheu em dor e se segurou na parede.

-Quero meu carro de volta Jackson.

Continuei meu caminho como se nada tivesse acontecido.

Ele não tinha acontecido, ela não tinha acontecido.

Nada disso deveria ter acontecido.

X

Não senti que era natal, me senti indo a um funeral. Era para aquele tipo de teatro que o Peter tinha se casado, jantares importantes com os amiguinhos advogados.

Negócios, negócios, negócios.

Era só isso que importava.

Aparências, aparências, aparências.

Coloquei o vestido caro, calcei o Jimmy Choo desconfortável, passei o batom de marca nos lábios e o ignorei o perfume.

Perguntei-me se Peter iria colocar alguma coleira, para me impedir de fugir, hoje não tinham seguranças, nem Daniel nem Alec. Aparentemente um pedido da esposa dele, que não ficava mais vontade na presença deles.

Ao entrar no carro ele me deu um celular, claro bloqueado para fazer chamadas.

“Não queremos nenhuma chamada(ligação) internacional, não é?”

Aquelas coisas não me incomodavam mais, eu daria um jeito em tudo.

Minha mente estava clara, nessa noite.

Eu não posso hesitar.

Eu não vou hesitar.

Tem que ser feito, o que tem que ser feito.

Durante muito tempo eu levei os socos, hoje era o dia de revidar.

Continua...

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