Parece que o termo "Comeu o pão que o diabo amassou" se aplica a Kristen da nossa FIC, hein? Ótima leitura!
Classificação: Maiores de 17 anos
Autora: Lore Volturi
Gênero: Romance/Drama
Aviso: Sexo/Lemons
Autora: Lore Volturi
Gênero: Romance/Drama
Aviso: Sexo/Lemons
Capítulo 19
Los Angeles/Hamptons – Agosto - Dezembro de 2006
Eu tive que despertar a minha Lolita.
Durante as férias de agosto, eu não viajei. Minha mãe estava louca para explorar toda Europa, mas eu tinha um plano e fazer compras em Paris, não fazia parte dele.
Imagine a surpresa do meu querido “papai”, quando eu decidi que ia passar três semanas na casa, só eu e ele. Aos poucos comecei a perceber que em vez de abaixar a cabeça e temer o olhar do mostro, eu tinha que encarar e enfrentar de frente.
Aprendi a ter controle.
Comecei a usar a piscina regularmente, os muitos biquínis que eu tinha comprado agora finalmente tinham uma utilidade. Tinha um grupo de amigos presos em aulas de verão e viraram presença constante em casa, imagine a cara do Peter quando via cinco brutamontes enormes do time de futebol tomando banho na piscina da casa dele, comigo vestida em trajes minúsculos.
Acho que nesse dia eu vi uma veia saltar na testa dele.
As minhas gargalhadas enchiam a casa, junto com música alta e muito álcool. Eu sempre tinha uma amiga pra dormir no meu quarto por via das dúvidas, a noite sempre batia a insegurança. Mas ele sempre passava a noite fora, fazendo sabe lá Deus o quê.
E assim eu fui ganhando a confiança que eu precisava, até chegar à última semana.
Agora o tom que o Peter usava era mais rude, ainda educado, quando ordenou que eu comparecesse ao almoço da firma.
Passei o dia me preparando pro que eu teria que fazer aquela noite, engolindo meu orgulho com três doses de Absolut.
Então escolhi uma roupa bem discreta de bege para não chamar atenção, o problema seria a roupa de baixo nada discreta que eu estava preparando para o plano B.
O almoço foi como todos os outros, chato e entediante. Eu tinha que sorrir e dar risada das piadas sem graça, fazer o papel da enteada perfeita.
Tive que esperar a oportunidade perfeita, quando eu tivesse certeza quePeter não fosse notar a minha falta, o que demorou, mas aconteceu depois do almoço quando o assunto ficou mais sério.
Não tive problema algum em passar pelas secretárias e chegar até o escritório dele, foi mais fácil do que eu tinha imaginado, ninguém falou não para a “filha” do Facinelli. A secretária dele me encarou por alguns segundos, me estudando.
-Eu só vou descansar um pouco, acho que o salmão não me fez bem.
-Quer que eu ligue pra algum médico ou algo assim?
-Não, só preciso deitar um pouco.
Ela estava lá pela faixa dos quarenta, algo me disse que a minha mãe tinha dado um jeito para que ela não fosse muito bonita. Ela abriu a porta e eu me deitei no sofá de couro do Peter, fazendo a minha melhor cara de coitadinha.
-Obrigada.
Bastou ela fechar a porta, para eu começar a vasculhar todas as gavetas e prateleiras. Era um escritório bem grande, e eu não sabia quanto tempo ia ter. Abandonei os lugares óbvios e procurei por algum cofre ou algo do tipo. Fui para a mesa dele, e sentei na enorme cadeira de couro, o computador ia precisar de senha e eu não tinha tempo pra tentar adivinhar.
Então comecei a procurar nas gavetas.
Meu coração batia descontrolado. As primeiras só tinham controles remotos, outra com fotos da família, uma foto minha do tempo que eu morava na Flórida, senti nojo de pensar nele olhando aquela foto, guardei e passei para a última gaveta que por sorte estava destrancada, abri com cuidado e finalmente achei alguma coisa que valia a pena. Era uma pasta com uma espécie de dossiês tinha os nomes da minha mãe, o meu e o da minha avó.
A ficha da minha avó tinha como local indefinido. Desde que a minha mãe tinha casado com o Peter, minha avó tinha sumido das nossas vidas, a Jaymes também não fazia muito esforço para tentar acha - lá. A questão é que a minha avó não estava mais em Tallahasse, isso me deu uma sensação estranha como se a minha última esperança estivesse desaparecendo bem na minha frente.
Acho que como plano eu sempre pensei em correr para o colo da minha avó, ela era a que sempre cuidava de mim.
Procurei mais algumas coisas, a gaveta tinha um fundo falso, quando consegui tirar foi só pra encontrar uma arma, não toquei e nem tive tempo. Ouvi a voz da secretária e imediatamente coloquei tudo no lugar.
Meu coração bateu acelerado.
Ele notou a minha ausência lá em baixo.
Sentei melhor na cadeira tentando parecer relaxada, alisei o meu cardigan para ficar impecável, o laço estratégico do lado estava preparado, cruzei as pernas em cima da mesa e observei a vista, olhei pro céu rezando para ter forças e conseguir fazer o que eu tinha que fazer em seguida.
Ouvi o som da porta abrindo, mas não olhei de primeira. Não queria ver o rosto dele, ainda.
-Você tem um belo escritório, Peter. Me pergunto por que não vim aqui antes?
Ele não falou comigo, a porta ainda estava aberta.
-Sarah!
-Sim, senhor.
-Não passe nenhuma ligação pra mim, Ok?! Estou encerrando o expediente por hoje.
-Ok Senhor!
Então ele fechou a porta, eu engoli o ar seco, meu corpo respondeu ao medo que eu tentava disfarçar colocando um sorriso safado no rosto. Vamos Kristen, você consegue!
-Escritório não é um lugar para crianças brincarem, princesa.
-Oh Peter, Peter!
Levantei devagar, agora olhando nos olhos do demônio, desconfiado. Dei a volta pela mesa e me encostei de postura relaxada, tentando aparentar que aquilo tudo era muito normal.
Eu precisava mostrar que tinha o controle da situação.
-Você realmente acha que eu sou uma criança, Peter?
Desmanchei o laço do meu cardigan, revelando o corset preto que eu estava usando por baixo, que devo dizer deixava os meus seios maiores do que realmente eram. Por essa ele não esperava, a expressão de confuso no rosto dele me fez sorrir.
Podia apostar que ele não tinha idéia do que estava acontecendo agora, quando sentei em cima da mesa e observei ele respirar fundo, colocar a mão direita no bolso e com a mão esquerda ele desabotoou um dos botões do blazer cinza.
-O que você está fazendo?
-O que o senhor acha que eu estou fazendo?
Dei o meu melhor olhar safado. Vamos idiota, faça alguma coisa.
Ele se movimentou lentamente, andou até mim.
Confesso que senti medo, mas não importava agora ele não olhava para o meu rosto, o meu corpo chamava mais atenção.
Mas quando ele estava na minha frente e eu me preparei pra sentir o toque dele de novo, ele parou.
-Por que eu sinto que estou prestes a cair em uma armadilha, princesa?
A voz baixa e educada trazia uma ameaça silenciosa.
-Por que você não confia em mim.
Ele sorriu mostrando todos os dentes, prepotente.
-E eu não confio em você.
Me odiei com a força de mil sois, pelo que eu fiz em seguida, o beijei.
Foi como apertar o botão para um desastre acontecer.
A partir dali não tinha mais volta.
Dessa vez ele quis fazer diferente, me tocou com uma espécie de devoção, eu não queria. Eu queria terminar aquela sujeira do jeito mais rápido. Ele tirou o meu cardigan e a minha saia, pra ficar me observando um bom tempo, ali preparada para o sacrifício.
Primeiro ele me apalpou pra ver se eu tinha algum microfone. Deslizou a mão pelas minhas costas e depois a barriga, eu não era burra. Ele devia saber disso.
Assim que o Peter acabou de me revistar, ele começou a cheirar o meu cabelo, meu pescoço. Meu estômago revirou com aquilo. Mas consegui fingir gemidos de excitação.
Eu fui dura, fui rápida, fui fria, fui artificial.
Ele apertava a minha coxa com força, achei que fosse chorar com tanto nojo.
Respirei fundo e logo mudei de posição para me esfregar nele, eu não sentia nada, já ele não foi preciso muito esforço pra ele ficar excitado. Senti a sua ereção na minha coxa, quando ele murmurava coisas patéticas.
”Não acredito que você está fazendo isso.”
”Isso princesa”
Não era como se o Facinelli fosse um gordo nojento, não. Ele tinha o corpo definido, em forma pra idade dele, notava que ele sempre era preocupado com a aparência.
A mão dele deslizou abrindo o meu corset, ele ficou segurando meus seios o tempo todo.
Ele não me beijava só me tocava. Era estranho, mas por outro lado eu não tinha tempo para entender a mente perturbada dele.
Eu era o ponto fraco do Peter, ele ficava completamente alucinado quando eu fiquei em cima dele, fingi gemidos de prazer quando ignorava que ele entrava e saia de mim. Idiota de pau pequeno.
Mal podia esperar pra jogar isso na cara dele, qualquer dia.
Por um momento quase perdi o controle e achei que fosse chorar, mas reprimi qualquer sentimento e esperei ele gozar, o que não demorou muito pra acontecer.
Depois disso não olhei pra cara dele, mas ele nem se deu conta, estava chocado demais pra isso, assim perdia toda a graça da brincadeira.
Me vesti e sai anunciando.
-Vou levar o motorista comigo.
Ele concordou com a cabeça ainda sem reação.
Segurei o soluço até chegar em casa, me trancar no banheiro e chorar no chuveiro, mas não tinha como esfregar e limpar o nojo que eu sentia de mim agora.
Levou umas boas duas horas até eu me recompor e colocar a cabeça no lugar.
Mantenha o foco Kristen. Esse era o meu mantra.
Eu tinha o Peter sobre controle, depois foi só agir com calma e conseguir o suficiente pra sair dali.
Eu só não contava com duas coisas, a primeira seria a minha falta de sangue frio e a segunda, o que eu ainda ia aprender.
Nunca confie em ninguém, nem mesmo na sua sombra.
X
Whittier - Califórnia , Janeiro de 2007
Eu era uma garotinha ingênua, estúpida e nojenta.
Não que eu transasse com o Peter regularmente, mas ainda assim transava.
Isso já é motivo para me odiar pelo resto da vida.
Felizmente, apesar dessa minha falta de inteligência. Eu era esperta, e com o tempo o Peter confiou em mim. Já não me revistava, e eu consegui colocar escutas e câmeras no escritório dele, era incrível como depois de transar ele falava bastante.
Nós já tínhamos transado até na cama da minha mãe, o que você acha que isso diz sobre mim? Que tipo de pessoa isso me torna? Acho que eu era tão doentia quanto ele.
Só que aquela altura eu já não ligava para mais nada.
Eu só queria saber de três coisas, a primeira era acabar com o Peter, a segunda era o quanto de álcool eu conseguia consumir até não sentir o meu rosto e terceiro era acabar com o Peter de novo.
Eu me perdi por um tempo.
Chegava a sair para beber e ir direto ao escritório do Peter, ele gostava quando eu tomava o controle da situação, inúmera vezes ele deixava bem claro que eu era a única pessoa que podia dominar ele.
O sexo com o meu padastro era assim frio, agressivo e nojento.
Como eu disse, eu era doente.
Já não me preocupava com tantas coisa, continuava gastando todo dinheiro que eu podia, em festas e roupas, claro agora eu podia.
Eu estava de condicional, isso significava que tinha algumas liberdades. É o que você ganha quando transa com um sociopata.
Então eu conseguia escapar depois da aula, contratei um cara para tentar achar a minha avó, tudo financiado pelo Peter. Era uma montanha de dinheiro, mas eu sabia que ele não ia sentir falta, eu estava acostumada a esbanjar com tudo.
Levou um mês até o detetive achar ela, no interior do Texas uma cidade chamada Baytown.
Agora era só entregar o que eu tinha para a polícia e eu tinha pra onde correr.
Falando assim parecia fácil.
Eu consegui gravar conversas do Peter falando sobre os trabalhos sujos dele, eu tinha cópia da planta da tal “fábrica de tecido” que era uma fachada, no subsolo eles lavavam dinheiro sujo do tráfico de crack. Como já tinha dito antes, ninguém tem tanto dinheiro sem mexer com sujeira.
Foram meses de estudo sobre os podres do Peter, vasculhei em sites todos os casos que ele já tinha participado.
Ainda passava as tardes no escritório dele, quando ele não estava. Descobri um cofre atrás dos livros, onde ele guardava fotos minhas e de outras garotas que deviam ter no máximo treze ou doze anos.
Pedófilo doentio
O meu medo aumentou mais ainda, quando vi as fotos minhas de biquíni quando eu estava na piscina, fotos minhas chegando de madrugada em casa, escondida. Ele sabia de tudo, o tempo todo.
Vomitei no cesto de lixo do escritório nesse dia.
A mente daquele homem era doentia em um nível que tinha que ser analisado por médicos psiquiátricos. E parabéns pra você Kristen que fodia com um doido varrido, para o fazer falar.
Acho que comecei a ter um pouco de razão depois daquilo.
Ver as fotos foi o ponto chave para eu começar a organizar a minha fuga, eu podia descobrir mais podres, mas ia levar mais tempo e se eu continuasse naquela vida, ia terminar louca que nem ele.
Eu tive ajuda da Anna, para conseguir manter todo o material longe da minha casa, ela me ajudava a gravar e editar tudo. Tanto os vídeos como os áudios, eu não entrava em detalhes sobre o porquê eu queria fazer isso, mas ela via de perto o que ele era capaz de fazer.
Sempre deixava o meu carro de tanque cheio, com uma mala pronta no porta mala, só por via das dúvidas.
Fiz pesquisas de bairros em Nova York, marquei em mapas pontos de parada, para quem faz a viagem de carro.
Claro que isso era só para despistar os bruxos, eu sabia que eles iam revirar o meu quarto atrás de pistas.
X
Próximo de entregar o material ao promotor de justiça, a Anna me convenceu a checar uma das boates que o Peter era dono, ficava fora da cidade e eu não queria me arriscar, não quando já estava ficando cada vez mais difícil evitar o Peter, mas ela tinha um bom argumento. Mais uma prova contra o Peter, mais dificuldade de se livrar do processo ou prisão.
Eu não contava que isso tudo fosse acabar em prisão, afinal ele era dono de uma firma que tinha os melhores advogados do país, ele mesmo era um dos mais respeitados.
Como colocar um sujeito desses na prisão?
Eu tinha uma chance pequena, por isso o melhor era entregar a bomba pelo correio, correr e assistir o circo pegar fogo de longe.
Fomos até a tal boate, onde tinham garotas menores de idade trabalhando. Já não era tão estranho , ter que colocar aquela roupa minúscula, o vestido preto que eu estava vestindo hoje tinha sido comprado pelo próprio Peter.
Entramos sem problema, o lugar parecia ser um clube normal, tinham muitas garotas da nossa idade e muitos velhos também. Era um dia da semana e a casa estava cheia.
Ela conseguiu com que passássemos para a área vip, as luzes vermelhas frenéticas e a música pop horrível que tocavam, não possibilitaram que eu deixasse o meu lado atriz trabalhar. Eu estava sem paciência, queria ir para casa.
Até quando eu ia ter que ficar vivendo aquele teatrinho de Lolita?
Uns velhos gordos estavam sentados nos sofás de couro, a Anna me puxou para ir sentar junto com eles. Nos ofereceram bebidas, mas nem para isso eu tinha ânimo.
Não demorou muito para eles fecharem uma cortina fina, que dava mais privacidade. No total eram cinco homens entre os seus quarenta e cinquenta anos e contando comigo e Anna seis garotas, um dos homens deitou uma menina, que não devia ter nem quatorze anos, na mesa do centro.
Eles levantaram a camiseta dela, deixando a barriga à mostra, prepararam as finas fileiras de cocaína, e cheiraram. Olhei para as outras, duas se esfregavam no mesmo cara.
Nessa hora mesmo eu quis ir pra casa, senti uma sensação ruim e não era só o nojo.
-Vamos Anna!
Levantei-me num impulso rápido e puxei ela comigo, desci os degraus quase correndo. No meio da pista a Anna me parou.
-Kristen, mas a gente dirigiu até aqui. Vamos só ficar por aqui em baixo e gravar mais do lugar, Ok?
Eu estava completamente seduzida pela vingança, eu queria achar mais podre. Ela sabia que esse era o meu ponto fraco.
-Não, nós estamos indo.
-Espera, pelo menos eu comprar uma água?
Ela foi ao bar.
Encostei-me em uma escada qualquer, para esperar. Minha coragem para terminar aquilo tinha ido por água abaixo, eu iria embora amanhã mesmo. Anna demorou, eu já estava perdendo a paciência.
-A fila estava enorme, desculpe. Você está pálida, bebe um pouco de água!
Bebi da garrafa de água que ela tinha me oferecido.
Pobre Kristen, sempre confiando nos outros.
Tudo que eu lembro antes de apagar de vez era, o Alec aparecendo no meio das pessoas que estavam dançando.
-Me Desculpe.
-Anna sua vadia.
Eu só via um borrão agora.
A droga fez efeito, eu apaguei.
X
Eu não teria conseguido tudo aquilo sem ajuda da Anna, que era meio hacker e conseguia toda aquela parafernália para eu conseguir gravar tudo que o Peter falava, sim ela me ajudou da mesma forma que me destruiu. Jogou tudo que eu tinha pela janela.
E por quê?
Universidade Ivy Legue financiada pelo Peter.
Eu só fiquei sabendo disso depois de um tempo, quando pesquisando pela internet achei um artigo do jornal em que falava das conquistas da menina do Kansas que tinha ganho uma bolsa universitária integral, o artigo era uma grande merda falando como ela era um exemplo a ser seguido.
“Quem liga para um advogado estúpido, mentalmente instável se eu posso cursar Yale de graça?”
Acho que foi algo mais ou menos assim que a Anna pensou quando me largou lá, no meio do nada.
Grande exemplo a ser seguida, vadiazinha de merda.
Acordei em um quarto escuro, não dava para enxergar absolutamente nada. Tudo que eu sentia era sede e as minhas mãos amarradas com uma camisa ou algo do tipo. Pela primeira vez em muito tempo, eu senti medo.
Ouvi passos andando do lado de fora.
Não tinha janelas, eu não sabia há quanto tempo eu estava desacordada.
A qualquer momento alguém ia entrar, tentei controlar o meu pânico e respirar fundo, e tentar livrar pelo menos uma das minhas mãos.
Quantas vezes eu ia ser lembrada de que no meu caso, sorte não era uma coisa que eu podia contar, não. Sorte é uma coisa que eu nunca conheci.
Um passo ficou mais próximo, mais alto. Tentei desfazer o nó com a boca, mas era tarde demais, a porta abriu e só um pouco de luz e uma sombra grande em seguida. Mais uma vez eu estava fodida.
-Oh, não perca seu tempo princesa. É um nó de marinheiro, eu mesmo fiz.
O Peter falou com aquele tom bem humorado e tranqüilo.
Ele fechou a porta, tudo continuou escuro até que, com o controle, ele acendeu uma lareira. Ergui minha cabeça e não demonstrei medo, ele ia me matar. Eu ia morrer sem demonstrar nenhuma emoção, eu não ia dar esse prazer a ele.
-Vejamos o que temos aqui. Fotos, documentos, gravações.
Ele mostrou pra mim a pasta e com os CDs, DVDs. Basicamente tudo.
Claro que ele tinha todas as provas que eu juntei contra ele, por que a Anna é tão cretina assim.
Em seguida, jogou tudo na fogueira.
Era tão patético que eu tive que rir.
-Eu acho bom que você ache isso engraçado, princesa. Fico feliz em saber que eu divirto você.
Fiquei em silêncio, ele não estava mais rindo.
-Você sabe que merece um castigo, agora, não sabe?
Encarei o rosto do meu monstro pessoal, os olhos de um azul cinza, escuro de ódio. Eu mexi com a besta e ele estava louco pra me ver em pânico. Se tinha uma hora para me vingar, essa hora era agora.
-O que você vai fazer? Me estuprar, abusar de mim? Opa, espera...você já fez isso. – Sorri sentindo satisfação em colocar tudo para fora. – Deixa eu ver, você pode matar meu namorado, mas espera... Você já fez isso também.
-Fico feliz que você tenha senso de humor, filha.
-AGORA, você me chama de filha? Por que não me lembro do Senhor me chamar assim, quando se masturbava me olhando, não é “Papai”?
O sorriso desapareceu do rosto dele, era a minha vez de dar uma gargalhada histérica.
-Você não acha que eu realmente gostava de transar com você, não é Peter? Afinal você tem um pau pequeno, não consegue satisfazer nenhuma mulher. Me diz, como é se sentir usado?
Ele me deu um tapa na cara, foi forte senti um pouco de sangue na boca e cuspi. Continuei encarando o rosto dele, ainda sorrindo e fingindo não sentir a dor.
Ele ficou de costas, encarando a lareira.
-Você gosta de clássicos, princesa?
-Odeio!
O medo e a adrenalina pulsavam juntos. Estava tudo perdido e eu tinha certeza que ia morrer.
-Então eu vou colocar uma música melhor. Ah sim, uma que me lembra você querida.
Ele colocou a música para tocar tão alta, que se eu tentasse gritar ia ser inútil.
O Peter pegou dois dos ferros ao lado da lareira e deixou lá. Em certo momento ele começou a cantar e dançar no ritmo da música imitando o piano e às vezes batia palma.
“You're just a little girl now
You're just a girl who misses her dad”
You're just a girl who misses her dad”
Depois ele arrumou uma poltrona no centro do quarto, não tinha muita coisa ali, com o pouco da claridade, deduzi que ainda estivesse naquela boate, à decoração era cafona e tinha espelhos no teto, mais alguns sofás e a lareira.
“But you feel so clean
Well she craves affection
So I use protection
And I know she loves me
She loves everybody”
Well she craves affection
So I use protection
And I know she loves me
She loves everybody”
Minha concentração estava em não demonstrar emoção nenhuma. Mas eu não consegui, Peter tinha aquele olhar de louco, veio dançando até mim. Eu queria chorar, ia morrer nas mãos de um sujeito assim.
Ele pegou um controle e fez descer uma corrente, não queria nem imaginar que tipo de gente usava esse quarto. Peter me tirou do chão, desmanchando o laço e falou no meu ouvido.
“Fique bem quietinha, Ok Princesa? Eu quero fazer isso direito.”
Nessa hora eu perdi o controle, o que ele ia fazer?
O homem era o dobro do meu tamanho, me colocou nas costas dele e carregou até a corrente, colocou o que seria umas algemas de couro. Tirou o meu vestido e depois me largou, fiquei na ponta dos pés com os braços esticados pra cima, só de calcinha e sutiã.
Não dava para ele me matar logo?
As lágrimas escorriam com mistura de medo e raiva.
-Não dá para simplesmente dar um tiro em mim? Me matar de uma vez?
Falei mais ele não me escutou, aumentou mais o volume da música. A próxima coisa que eu vi foi ele andando com o ferro tão quente e de ponta quase em fogo. Tentei encolher meu corpo, mas pendurada só fazia meu braço doer ainda mais.
Ele virou meu corpo de costas.
-SE MEXER VAI FAZER UM ESTRAGO MAIOR PRINCESA.
Ele gritou antes de me marcar com ferro quente, meu grito de dor foi abafado pelo som da música, a dor foi excruciante. Não suportei e em seguida desmaiei.
X
Acho que algo aconteceu comigo naquela hora que eu fiquei desacordada, não sei exatamente da onde veio a força pra fazer o que eu fiz em seguida.
Acho que eu fiquei apagada por umas boas horas, quando acordei estava em um sofá. Tudo da cintura pra cima doía, mas não tanto quanto as minhas costas, onde agora eu tinha uma “tattoo” nova. Estava vestida com uma camisa de botões, era dele tinha aquele perfume francês que eu não suportava.
Do meu lado tinha um balde de gelo, do lado, dois comprimidos e água.
Ele era louco se achava que eu ia tomar qualquer coisa que ele me desse.
Minhas mãos ainda estavam amarradas com uma corda grossa, mas eu podia andar.
Eu não tinha tempo para tentar entender porque o Peter tinha as atitudes que tinha, como ontem a noite eu tinha sido torturada e hoje eu tinha roupa limpa e remédio pra dor.
Eu estava contando com que ainda fosse dia.
Caminhei até a porta, mas ainda estava trancada. Ele não era idiota a esse ponto.
Concentrei-me em livrar as minhas mãos, para alguma coisa aqueles cremes todos que eu comprava serviram, minha mão era bem lisa e fina, consegui depois de uns bons minutos me livrar do laço.
Esperei paciente atrás da porta até alguém entrar pela porta, eu não ligava quem fosse. O máximo que podia acontecer, seria alguém me matar. Pelo resto eu não ligava.
Então, o que eu mais temia abriu a porta.
Foi apenas uma questão de segundos, o Peter entrou e se deu conta de que eu não estava no lugar, antes que ele olhasse para trás eu usei a corda e por trás coloquei no pescoço dele. Ele caiu de joelhos, mas só porque foi pego de surpresa.
Os braços dele logo vieram tentar me impedir, eu não tinha força suficiente para sufocá-lo. Logo peguei a primeira coisa ao meu alcance, a corrente que estava no chão. Tive pouco tempo, ele era mais forte só que velho. Antes que ele pudesse se virar pra mim, atirei a corrente na cabeça dele.
Quando ele caiu de costas no chão, vi um pouco de sangue na orelha esquerda. Pensei que ele estivesse inconsciente, mas ele ainda tossia. Peguei a arma que estava nas costas dele e saí do quarto, o mais rápido possível. Não olhei para trás.
Andei por um corredor longo, que tinha um papel de parede vermelho muito cafona. Eu não tinha saído do lugar, ainda era a boate. Já estava amanhecendo, não encontrei com ninguém no caminho.
Meu coração batia em um ritmo louco, quando eu corria tentando não fazer barulho, com uma arma na mão.
Quando cheguei à portaria, eu sabia que teria pelo menos um dos capangas. Sorte era o Nick, ele não era forte. Ele fechou meu caminho, ficando na frente da porta.
-Onde você pensa que vai?
-Eu vou dar o fora daqui.
Falei apontando a arma para ele, ele tentou abaixar os braços.
-MÃOS AONDE EU POSSA VER IDIOTA!
Ele colocou as mãos para cima.
-Você não vai conseguir ir para muito longe, criança.
Eu estava tremendo, respirando fundo e tentando manter a calma. A adrenalina era tanta que eu não sentia quase nada no meu corpo, a dor só era uma lembrança.
-CALA A BOCA! E passa a chave do carro.
A chave estava em cima do balcão, ele segurou no ar.
-Coloca no chão e chuta ela pra mim.
Ele fez como eu pedi, abaixei sem tirar os olhos dele e peguei a chave.
-Menina, você sabe usar isso? Não devia brincar com armas, pode fazer xixi na cama de noite.
Ele falou sorrindo, aquela confiança toda me irritava. Respirei fundo e dei um tiro na perna dele. Ele gritou um palavrão e caiu no chão.
-Escuta bem o que eu vou dizer seu filho da puta, nojento. Eu tenho cópia de toda a merda que o seu chefe esconde, eu vou acabar com ele. E vocês três vão para o inferno junto com ele. Entendeu?
Ele ficou segurando a coxa, no chão gemendo de dor.
-Me responda, ENTENDEU?
-Entendi.
-Então diga isso ao seu chefinho.
Andei de costas, ainda olhando para o Nick deitado no chão. Já mais perto da porta, me virei para correr e não olhar o que eu estava deixando para trás. Entrei no meu carro e encarei a estrada na minha frente, pisei no acelerador.
Tinha imaginado aquele momento mil vezes na minha cabeça.
Imaginava felicidade, sensação de liberdade.
Mas tudo que eu sentia agora estava longe disso.
Eu sabia que aquilo não tinha sido o fim de tudo, eu não tinha todas as provas de antes. O que eu tinha agora eram apenas fotos, tinha perdido as gravações, tudo de mais concreto a Anna guardava.
Eventualmente ele ia me achar, mas eu não ia facilitar as coisas.
A marca nas minhas costas ia me lembrar todo dia, que o meu pesadelo ia continuar.
Enquanto ele estivesse livre, eu não ia ter paz.
Continua....
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