12 julho 2011

TENIR MA MAIN - CAPÍTULO 17

Vamos descobrir o que a Kristen, da FIC, esconde durante todo esse tempo? Ótima leitura!
Classificação: Maiores de 17 anos
Autora: Lore Volturi
Gênero: Romance/Drama 
Aviso: Sexo/Lemons
Capítulo 17

Kristen POV

Eu me lembro do meu pior pesadelo como se fosse hoje.

Eu me lembro da dor.

Eu me lembro do vazio.

Eu me lembro da repulsa.

Eu me lembro do meu pior pesadelo, por que eu o vivi.

Eu me lembro, por que nunca acordei.


Tudo começou com um casamento.

Tallahassee - Flórida, 30 de maio de 2004

Foi o dia em que a minha mãe casou de novo. Eu entrei na igreja com o vestido rosa, meio infantil pro meu corpo já desenvolvido. Ela sorria em um Vera Wang, mais caro do que a nossa casa. O nome dele era Peter, advogado criminalista da grande Los Angeles.

Nunca soube como eles tinham se conhecido.

Só soube que eles se conheceram e seis meses depois ele a pediu em casamento.

Eu tinha quatorze anos e a minha melhor amiga tinha se mudado para Londres, eu estava vivendo uma semi-realidade. Eram tantas coisas para digeri, ao mesmo tempo.

Mas o Peter tornava tudo fácil.

Ele ganhou a minha confiança, era quase como ter o meu pai de volta.

Pizza surpresa de noite, ursos de pelúcia maiores do que eu.

Um computador novo, melhor do que o de todos da minha escola.

Eu era uma criança muito fácil de ser comprada.

Mas os presentes não eram o que me fizeram amar o Peter, era o abraço, o carinho, contar histórias quaisquer, me dando completa atenção.

Era a figura paterna que eu precisava desesperadamente.

E então eles disseram na frente do padre.

“Eu aceito.”

Mais uma vez a minha vida deu um salto.

Los Angeles - CA, 18 de agosto de 2005

Eu nunca vou esquecer a data.

A vida na Califórnia não era nem de longe parecida com a da Flórida. Descobri que usar sandálias, era nojento. Short jeans e camiseta branca te faziam um mendigo. Em apenas um mês eu deixei de ser a mendiga de Tallahassee, que usava jeans furado e camiseta rosa de segunda mão, para garota it da Califórnia que usava Hudson Jeans, Jimmy choos, Rock and Republic, D&G, Prada, entre outros.

Tive a sorte de ser “adotada” pelas meninas mais descoladas do colégio. Amigas por interesse, é claro, foi por meio delas que eu descobri o quão poderoso e rico o Peter era de verdade. E mesmo assim, eu ainda o achava um santo.

Deixe eu te ensinar uma coisa.

Ninguém tem tantos zeros seguidos na conta bancária, sem mexer com sujeira.

É claro que os milhões vinham de defender políticos corruptos, psicopatas filhinhos de papai, enfim, gente que devia ta apodrecendo na cadeia.

Depois de um ano de casados, Peter e Jaymes, minha mãe, quase não se viam. Ele viajava a trabalho o tempo todo, ela vivia em clínicas de estética, organizava brunchs para caridade e coisas do gênero.

Mas quem disse que eu precisava de atenção?

Eu tinha amigas, tinha um cartão de crédito sem limite, eu tinha um namorado, eu tinha maconha e álcool.

A vida era boa.

Nesse dia, ia ter uma festa na casa de um dos amigos do Michael. Nós já estávamos namorando a uns bons três meses. Nós só tínhamos transado uma vez e não tinha sido muito bom, então eu tinha a esperança que naquela noite fosse melhor.

Eu gostava do Michael, nós fomos amigos por um bom tempo antes de namorar, antes dele eu ficava com vários meninos, cheguei a ficar com cinco dos jogadores do time de futebol americano, foi por causa do Michael que eu deixei o Drew que era tão burro e artificial como as minhas amigas. O Michael era meu amigo, ele não era como as outras pessoas aqui, ele era inteligente, centrado e muito atencioso.

O pai dele se matou, quando ele tinha dez anos e desde então ele fazia terapia, e isso tinha tido um efeito muito grande na personalidade dele. Ele era um dos melhores alunos do colégio, mas ainda sim andava com o pessoal descolado por que ele vendia antidepressivo, e outros comprimidos que ele conseguia para todos daquele colégio. Sim, todo mundo era chegado em um comprimido no café da manhã.

Como você deveria assistir aula sem tomar alguma coisa? Como você vai se concentrar?

O Michael era praticamente o culpado por todas as notas altas dos cdfs do colégio.

Mas não me olhe assim, foi graças ao Michael que eu nunca me viciei em nada. Ele não era viciado, só tomava o que tinha sido diagnosticado pra ele, tinha muito cuidado com isso. Afinal ele não podia consumir o produto que vendia, eram negócios. Eu nunca tomava nada do que ele vendia, só ajudava a vender no banheiro feminino.

A mãe dele era atriz, sempre estava em alguma locação no Alaska ou na Austrália. Ele a odiava, mas sempre que ela ligava fazia uma voz meiga, como se sentisse saudade de verdade.

Ele era tão bom ator como ela, essa foi outra coisa que eu aprendi com ele.

-Conheça a sua “platéia”, olhe nos olhos da pessoa e acredite em casa palavra que você está falando.

Então ele tinha se criado sozinho.

Tínhamos isso em comum.

Mas não era tão ruim pra mim, ainda tinha atenção do Peter alguns minutos por dia, ele fazia questão de falar comigo, antes de ir dormir. Eu contava sobre o colégio, sobre a plástica mal feita no nariz de uma menina da minha idade.

E nos finais de semana eu falava que ia dormir mais cedo, por causa da semana cansativa. Então a roupa ficava de baixo da camisola, depois de dar boa noite, eu ia pro meu quarto, trocava de roupa e esperava o Michael.

A festa estava ótima, como todas as outras que nós dávamos todos os fins de semana.

Os meninos jogavam beer-pong, as meninas conversavam sobre os sapatos falsificados de alguma menina, quando a polícia chegou e levou todo mundo detido.

Com muita insistência das minhas queridas amigas, e contra a minha vontade eu liguei pro Peter, o único advogado que eu conhecia. Quando discava o número eu pensei: “Peter vai entender, eu vou conversar com ele. Posso inventar uma história, ele é meu amigo. Isso não é nada demais.”

Hoje eu vejo o quanto eu era estúpida. Não tinha como inventar uma história, eu tinha mentido, eu tinha sido detida, eu estava na polícia, vestindo uma saia tão curta e maquiagem tão forte, que podiam está me confundindo com uma puta qualquer.

Eu quase pensei que tinha me safado, quando ele chegou à delegacia às três da manhã de terno italiano, postura impecável e sorriso no rosto quando conversava com o delegado. Ele liberou todo mundo, eu só disse em voz baixa “obrigada” por todo mundo.

Ele deu um sorriso e aceno na cabeça, mas nenhuma palavra.

No caminho pra casa, eu vomitei na Ferrari dele e mesmo assim ele não falou nada.

Aquilo era estranho, por que ele não brigava comigo, me xingava ou coisa assim?

Entramos pela cozinha, eu não suportava o silêncio.

-Você não vai brigar comigo?

Silêncio.

-Peter, por favor, não conta nada pra mamãe. Por favor!

Então ele me deu um copo de água.

-Essa noite vai ser um segredo meu e seu, beba isso.

Suspirei aliviada, ele não ia contar nada. Mais uma vez o Papai Peter salva o dia.

Bebi a água que tinha um gosto estranho e ele me levou até o quarto.

Eu estava tão cansada, tão sonolenta, senti meu corpo pesado. Tinha sido uma noite longa.

Peter me deitou na cama, colocou minhas pernas no colo dele.

-Está melhor, querida?

-Eu to me sentindo estranha.

-É do remédio querida, vai ficar tudo bem.

Mas não ia, eu não sentia a minha boca e algumas partes do meu corpo. Tudo girava em câmera lenta, até a voz do Peter estava estranha. O que estava acontecendo.

Olhei pro teto, depois olhei pro meu corpo. Ele tinha tirado os meus sapatos, estava massageando os meus pés, mas tudo que eu sentia era um formigamento.

-O que está acontecendo? Peter?

Ele foi até a porta, achei que ele tivesse ido embora, mas ele ficou alguns minutos parado de costas, ouvi um clique de longe, ele tinha trancado e voltou até a minha cama.

-O que?

-Eu não gosto que mintam pra mim, Kristen.

Ele nunca me chamava assim. Olhei pro rosto na minha frente, a respiração em cima na minha pele, um olhar doentio. Quem era esse homem?

O tom era áspero, ele cuspia as palavras na minha cara.

-Você disse que ia dormir, não disse?

Eu não conseguia responder, sentia sede. A minha garganta parecia um deserto, levei a mão ao meu pescoço, sem entender o que estava acontecendo.

-Você mentiu pra mim Princesa. Sabe, de uma coisa. EU NÃO GOSTO QUE MINTAM PRA MIM.

Acho que foi nesse momento que as lágrimas começaram.

Não tinha forças pra levantar os meus braços, para me defender. Enquanto ele rasgava a minha roupa, rindo desvairadamente.

-Está usando lingerie, Kristen? Já é mulherzinha? QUER QUE EU TE TRATE COMO MULHER?

Um grito mudo, preso na minha garganta.

Eu podia sentir parcialmente as mãos dele no meu corpo, tocando nos meus seios pequenos e na minha calcinha. Tentava me encolher, me proteger, mas ele era mais forte e eu estava drogada.

Não, por favor, não.

Ainda sem conseguir ouvir a minha voz.

O choro veio, junto com gritos silenciosos de socorro.

Ele ficou em pé se afastando de mim.

Tinha acabado? Ele tinha sentido pena de mim.

Eu estava livre?

Em um segundo de alívio, abri os olhos.

Lá estava o mesmo olhar frio e doentio do meu “pai”.

A calça nos joelhos, sem cueca, se tocando.

Fechei os olhos com força tentando esquecer aquela imagem.

Monstro!Monstro!Monstro!

A minha mente girava, em círculos febris de dor.

Quem eu estava enganando? Eu era uma criança.

O desespero cresceu em mim, como nunca antes. Juntei toda força que eu tinha pra me debater na cama, para gritar.

Não, por favor, não

Eu falava, mas a minha voz não saia. A minha garganta doía, cada vez mais seca.

Olhei a minha mão morta balançando no ar, eu conseguia movimentar, mas não sentia, não tinha controle.

Não senti, quando ele me puxou, segurou a minha mão e colocou nele.

Fechei os olhos com força e virei meu rosto pro lado, meu estômago dava voltas, eu queria vomitar de novo.

Fui largada de novo na cama, tentei me cobrir, mas de novo mãos maiores me seguraram. Ele abriu as minhas pernas, ficando no meio delas.

Nessa hora os meus sentidos me traíram, como eu desejei não sentir nada.

O corpo duas vezes maior que o meu, em cima de mim, me tocando, entrando em mim com fúria.

Lutei, lutei com tudo que eu tinha em mim.

AJUDA!! POR FAVOR

Meu grito foi abafado pela mão dele, enquanto ele se derramava em mim.

Sem forças, sem voz e sem inocência.

Ele me deixou ali.

Eu estava suja, quebrada, doente e com frio.

Me afoguei no escuro e lágrimas.

Eu vivia com o demônio, e aquela noite tinha sido só o começo.
Continua...


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