11 julho 2011

TENIR MA MAIN - CAPÍTULO 16

Adorooooooooooooooooo reconciliações! Não pensem que tudo serão flores, muitas coisas ainda irão acontecer! Prontas para os próximos capítulos? Ótima Leitura!
Classificação: Maiores de 17 anos
Autora: Lore Volturi
Gênero: Romance/Drama 
Aviso: Sexo/Lemons
Capítulo 16

Kristen POV

Na contagem de sonhos: 1°

Era verão, eu estava em um jardim lindo.

O cheiro de cookies quentes.

Estava lendo o meu livro favorito pela milésima vez, a minha cabeça descansava na coxa do Robert.

Ele usava óculos e também lia um livro.

Nós devíamos estar com trinta e poucos anos.

Ouvi um grito de longe, era de uma criança.

Uma menina e um menino vieram correndo até nós dois.

-Mamãe, Papai... Um bicho, um bicho tentou me pegar!

Robert olhou para o garoto, muito sério. Ele tinha assustado a sua irmã.

-Vem cá filha, vai ficar tudo bem. Já passou!

O sonho se fechou naquele retrato.

Um piquenique em família.

Minha família.

Londres - Apartamento do Robert, 11 de dezembro de 2009 – 23h07min

Foi o primeiro sonho que eu tive desde os catorze anos de idade.

E por mais que parte de mim achasse clichê, iria guardar aquela imagem na minha retina, pra sempre.

Eu aprendi que rotina era bom. Eu aprendi que sexo regularmente era melhor ainda. Aprendi que talvez eu tivesse uma chance mesmo de talvez, com o tempo ser feliz. Quatro semanas depois da volta de Barnsley, eu agora encarava uma Londres coberta de neve, mas eu estou falando de muita neve mesmo. Tinham dias em que as pessoas não saiam de casa, falavam que não tinha uma nevasca assim em mais de oitenta anos.

Para uma garota da Flórida, olhar a neve e sorrir, só poderia ter uma coisa realmente muito boa acontecendo. Ele se chamava Robert Pattinson e estava me esperando em uma grande cama branca.

Eu estava na varanda do quarto, usando o casaco enorme dele e fumando mais uma vez o meu último cigarro.

Era a única coisa que ele exigia de mim, que eu parasse de fumar. Olhei para cama de novo, os dedos sujos de grafite, a boca entre aberta e o cabelo maior do que o de costume, indo para todos os lados. Os desenhos espalhados em uma mesa ali perto, inspirados em mim, uma guerreira com os cabelos longos e avermelhados e olhos verdes, ela tinha mais peito que eu, mas depois de muitos berros de raiva, ele me explicou que os desenhos da grafic que ele podia ser contratado, tinham que ser assim, mulheres com peitos enormes.

E ele que comprava o meu anticoncepcional, mas não tinha nenhuma mudança no meu corpo, eu não engordava de jeito nenhum.

Uma hora depois, quando ele ficou elogiando e falando que os meus seios eram a maior obra de arte que ele já viu, eu o perdoei. Nossas brigas eram as mais bobas, como a vez em que eu falei que se a Ashley não estivesse afim do Tom, eu teria chegado nele no bar.

Ele passou o dia sem falar comigo e eu só conseguia rir dele.

Mas o melhor vinha depois, nos entendíamos na cama como ninguém. Eu nunca tinha experimentado sexo com tanto sentimento, com carinho, com entrega. Ele me fazia sentir como se fosse uma deusa e eu tinha os melhores orgasmos.

Eu tinha tudo nas mãos para ser uma mulher completa, mas eu não podia deixar de olhar para aqueles olhos e não me sentir culpada por omitir tanta coisa do meu passado. E quando chegasse a hora de partir de novo, como eu faria?

Não, eu não queria deixar a imagem daquele sonho pra trás.

Nunca, ninguém tinha feito pra mim o que o Robert fazia. Eu acordava com beijos e café da manhã na cama. Eu me preocupava com coisas banais como, pegar roupa na lavanderia, ir ao supermercado, qual filme assistir a noite.

Apaguei o cigarro, dentro da garrafa de Heineken e escondi no canto que ele não procurava.

Voltei pra cama e observei os sinais das costas dele, fazendo desenhos com os dedos.

Era normal sentir toda essa felicidade? Por que eu ficava esperando algo ruim acontecer?

Deitei ao lado dele na cama, olhando a sua boca, baba escorrendo no travesseiro, coloquei a mão na boca para não rir. Me aproximei aos poucos, a minha respiração na pele dele e ele ainda não tinha acordado.

Beijei as sardas no ombro dele, subindo até o pescoço e finalmente ouvi um gemido.

-Oh Deus, de novo? Assim você vai me matar, eu preciso de comida, repor as energias.

-Não mandei você ser um Deus do sexo.

Só nessa hora ele abriu os olhos.

-Sério? Deus do sexo?

Um sorriso safado surgiu nos seus lábios.

-Não pode ficar convencido.

-Tarde demais!

Mordi o ombro dele.

-Aut...doeu!

-Não estou com sono, vamos fazer alguma coisa.

-O que aconteceu? Pesadelo? Achei que não tivesse mais pesadelos?

Ele se sentou na cama, me olhando preocupado.

Eu tive que sorri.

-Não, não foi um pesadelo. Na verdade foi um sonho, um dos bons. Não tinha há muito tempo, um desses.

-Isso é bom, o que aconteceu no sonho?

-Você nunca vai saber, eu vou levar pro túmulo.

Ele coçou o queixo, despreocupado enquanto eu sorria. Depois ele partiu pra cima de mim, fazendo cócegas, eu era fraca desistia logo.

-PARA!PARA! Por favor...

-Vai me contar?

-Não, é pessoal.

Ele ficou sobre mim, me cheirando. Depois surgiu a expressão de reprovação.

-Você fumou?

-Foi o último, eu juro.

-Como aquele da semana passada, que também foi o último?

Fiz o meu melhor bico de arrependida. Ele nunca ficava bravo comigo por muito tempo, principalmente quando eu fazia bico.

-Vamos, quero comer alguma coisa.

Ele me carregou, até a cozinha. Era assim, eu passava os fins de semana aqui e os dias de semana ele ia pra casa da Ashley. Depois de Barnsley, constatei que não conseguia dormir longe dele.

Não usávamos a palavra ‘N’ pra nos referirmos um ao outro, eu não gostava. Eu também não segurava na mão dele e ainda não tinha explicado a minha cicatriz. Por esse tipo de coisa, ele ainda ficava chateado comigo, mas eu dava um jeito de reverter à situação. O problema é que o tempo ia passando e eu podia sentir ele frustrado com isso.

-O que vai ser? Pizza gelada ou Cereal?

-Depende... a pizza é de quê?

-Bacon e requeijão.

-Uhhh, pizza gelada.

Comemos pizza gelada com Heineken, no balcão da cozinha. Era possível ficar feliz com coisas simples como essa? Ou quando nós conversávamos banalidades até de manhã? Eu tirava fotos mentalmente desses momentos, com medo de perder isso algum dia.

Vê? Todas as vezes que eu olhava para o Rob eu tinha esse medo. De não ver mais aquele sorriso, de não ter mais o toque dele, de não sentir a sua barba na minha pele.

Eu não estava preparada pra contar a verdade, ainda não.

-Rob

-Hm?

-Ta sujo, bem aqui.

-Onde?

-Aqui.

Lambuzei o requeijão da pizza na cara dele.

-Muito maduro Stewart. Muito maduro da sua parte.

Não me contive, cai em risadas. Ele ficou lá olhando pra mim, com as sobrancelhas levantadas, era uma cara cômica que ele fazia.

-Você adora jogar coisa na minha cara.

-Não fica bravo, é mais gostoso comer da sua pele.

Beijei o maxilar lambendo o requeijão do seu rosto. Beijei todo, até subir a boca. Fiquei na ponta dos pés, ele ainda estava imóvel. Olhei pra ele fazendo bico.

-Não pode parar agora.

Sorriso torto no rosto.

Deslizei o dedo indicador pelo seu peitoral, era melhor quando ele andava pela casa sem camisa, deslizei as mãos até o abdome dele, onde geralmente ele sentia cócegas. Rocei meu nariz no pescoço.

-Então... já está alimentado?

-Qualquer dia você vai me matar.

Ele beijou minha testa, a ponta do meu nariz, minha boca.

Brinquei de fazer círculos na nuca dele enquanto ele aprofundava o beijo, as nossas línguas travando uma disputa deliciosa. Senti as mãos grandes descendo pelo meu quadril.

Ele adorava me carregar por diversão, me colocou no balcão da cozinha jogando a caixa da pizza no chão.

Ele começou a alisar a minha coxa. Logo senti meus mamilos enrijecerem.

-Vai admitir que eu sou seu namorado?

Fiz que não com a cabeça, sorrindo.

Ele sempre fazia isso, até agora eu ainda não tinha cedido.

-Você sabe que agora vai ter que pagar o preço por isso, não é?!

-Eu sou uma garota má. Pode me punir.

Uma mão dele começou a alisar o meu sexo, por cima da calcinha. A outra desabotoava a camisa azul dele e ele massageava o meu seio direito.

Ele afastou a calcinha e começou a brincar com a minha excitação.

Golpe baixo

-Você gosta disso, não é?

-Sim.

Minha voz saiu rouca, o polegar dele estava fazendo maravilhas lá em baixo.

-Deus, como você está tão molhada.

Fechei os olhos e segurei no balcão, enquanto ele me penetrava com um dedo. Os movimentos circulares e as entradas eram lentas, ele sabia bem onde fazer a coisa certa.

Um grito mudo veio na minha garganta, quando ele me penetrava agora com três dedos longos. Dedos de pianista, minha perdição.

Ele levantou uma das minhas pernas segurando quase na altura do ombro dele, agora ele fazia movimentos mais fortes dentro de mim e o polegar no meu clitóris.

-Eu sou o que pra você Kristen, hein?!

Ele ia fazer isso mesmo? Agora?

-Deus Rob....Oh Meu...

Eu não conseguia formular uma frase.

-Diga amor... Vamos, você não me quer?

Esse homem tinha mais força na mão do que aparentava, ele ia mais fundo. Num gemido alto, eu soltei pela primeira vez o que ele queria ouvir.

-Namorado! Você é meu namorado.

-Hm, bem melhor!

Ele sempre me ganhava assim.

Ele entrou em mim sem pressa, senti ele me preencher aos poucos e logo estava inteiro dentro de mim. Uma descarga elétrica passou pelo meu corpo, as reações que meu corpo tinha com Robert, era quase surreal.

Eu sabia que era amor, não tinha como explicar a felicidade que eu sentia. O toque dele, tudo.

As investidas eram fortes, e gozamos juntos.

Eu não conseguia falar as palavras, mas eu sabia que ele podia sentir.

Nós tínhamos medo de falar alto, mas era real.

Eu tinha baixado a minha guarda, tinha achado o meu lugar.

Era ao lado dele.

X

Pela manhã nós tomamos banho e no caminho da casa da Ash, comprei os ingredientes do almoço. Eu queria fazer alguma coisa de casa, apesar de já ter começado a me acostumar com algumas comidas daqui. Queria fazer uma torta de maçã.

A Ashley ficou de fazer o prato principal, mas eu duvidava que ela estivesse na cozinha, hoje tinha jogo, então ela não faria outra coisa a não ser olhar pra TV.

Por via das dúvidas, levei macarrão e almôndegas.

O Rob era um monstro com fome, comia qualquer coisa e nem reclamou, pagamos tudo e fomos caminhando até casa.

Hoje apesar de sol, ainda estava muito frio.

Chegamos lá, no meio da partida do Liverpool e Manchester United.

Tom por incrível que pareça estava torcendo junto com a Ash, os dois nem piscavam quando nós entramos pela porta.

-FOI IMPEDIMENTO! JUÍZ LADRÃO!

-FILHO DA PUTA!

O Rob sentou na outra poltrona rindo dos dois.

-Bom dia pra vocês também.

Sorri olhando o meu novo grupo de amigos, isso era comum nas nossas manhãs de sábado. Mas quando tinha jogo, geralmente rolava muitos palavrões. E se o time de alguém perdia, íamos ter que aturar uma sessão de choro, sim tinha lágrima e tudo.

Nessas horas eu tinha que controlar o riso.

Ouvi o telefone tocar, a Ashley ia atender. Mas eu não queria que ela perdesse a concentração do jogo.

-Deixa Ash, eu atendo.

Cheguei em dois pulos no telefone, do outro lado da sala. Ainda estava dando risada, quando atendi.

-Liverpool GOO REDS! Alô...

Minha risada e brincadeira logo acabaram quando ouvi a voz do outro lado.

-Kristen, não desliga! É o Jack, preciso falar com você.

Eu não sabia, mas aquela ligação estava prestes a mudar tudo.









Robert Pov

Na contagem de namoradas que eu amei: 1° Kristen

O jeito que ela ria de uma piada sem graça que eu fazia.

O mau humor matinal.

O jeito como ela mexia no cabelo quando ficava impaciente, nervosa ou feliz.

Como ela gostava de quatro colheres de açúcar no café.

As pequenas sardas no lado esquerdo do ombro dela.

Como ela roía as unhas durante um filme.

Absolutamente tudo, eu amava simplesmente tudo em Kristen Stewart.



Londres, 13 de dezembro de 2009 – 05h40min

Eu tinha abandonado a minha razão horas atrás, ontem de manhã a Kristen tinha atendido um telefonema e depois de uns cinco minutos eu notei que ela tinha uma expressão estranha no rosto. Pegou o casaco, saiu pela porta e não voltou mais.

Tom e Ash tinham ligado para vários lugares, saímos para bares e parques ainda sem sinal algum dela. Queria entender o que estava acontecendo, quem tinha ligado e o que tinham falado pra ela fugir daquele jeito.

Eu estava no carro do Tom, dirigindo pela terceira vez no mesmo bairro.

Dei meia volta e fui procurar em outro lugar, fui até Camden. Nunca tinha vindo aqui antes, só ouvia falar das festas que davam aqui pela parte da noite. De dia meio que funcionava como comércio, vendia calças, discos antigos de punk rock, era uma rua para músicos, também era o lugar mais fácil de achar de tudo, maconha, crack, esctasy, heroína, entre outros.

Eu sabia que poderia encontra - lá em um lugar como esse, no fundo eu sabia. Mas eu sinceramente desejava estar errado dessa vez.

Olhei os pub’s velhos, em alguns a música ainda estava alta.

Quanto mais eu andava por ali, mais a minha agonia aumentava. Podia sentir que ia explodir a qualquer momento, estava um frio absurdo em Londres, até pra mim que estou acostumado. E quanto mais tempo passava, mas eu achava que ia encontrar a Kristen jogada em algum canto, desacordada.

Mais algumas barracas e alguns pub’s. Cinco caras me oferecendo ‘bagulho’ de qualidade, três me olharam estranho, mas eu estava de barba, então não tinha cara de ser tão certinho assim. Depois de quase uma hora procurando, ainda nem tinha sinal dela.

Andei pela rua duas vezes de cima a baixo e já estava considerando entrar em todos os club’s. Cocei meus olhos cansados, eu precisava de um café. Tinha procurado a noite toda.

Desespero tomava conta de mim.

Agachei-me, me apoiando nos joelhos.

Pense Rob!Pense!

Olhei pelo canal Regent. Ela deve ter pego o metrô, devia estar por aqui. Procurei pelas partes onde tinham bancos ou algo que ela possa se encostar.

Não precisei caminhar muito.

Ali estava ela, uma camiseta branca de banda, rasgada deixando o sutiã preto aparecer.

Ela sabia que alguém se aproximava, o olhar doentio. Ela tinha tomado alguma coisa.

Eu sempre tive uma queda por garotas com problemas, mas agora eu estava sentindo que a Kristen seria a pior de todas.

Ela ainda tinha aquela barreira que mesmo depois das últimas semanas ainda estava lá firme, me impedindo de entrar e conhecer os segredos que ela não contava pra ninguém.

O andar frenético, cabeça baixa e a pouca roupa naquele frio. Há quanto tempo ela estava aqui?

Ela exalava medo, nunca tinha notado tanto medo nos olhos de alguém.

A maquiagem preta borrada, ela tinha chorado.

Eu me aproximei com cuidado para ela não fugir, a impressão que eu tinha era que ela estava preparada pra se jogar no canal a qualquer momento.

Eu já estava a poucos passos, quando ela finalmente olhou nos meus olhos.

-Kristen.

Ela ficou parada e em seguida desmoronou em mais lágrimas e pânico. Me abaixei um pouco pra lhe olhar nos olhos.

-Não vou deixar nada te acontecer. – Me levantei e estendi a mão pra ela segurar. – Por favor, vem comigo. Vamos sair daqui.

-Você não sabe o que está fazendo Rob. – Ela soluçava e tremia de frio.

-Eu estou ajudando, er... uma amiga. – fingi uma tosse. Em uma tentativa de humor. - É isso que eu estou fazendo.

Ela sempre se divertia, quando me via sem jeito. O modo como eu falei ‘amiga’, fez com que ela desse um sorriso, ela não gostava de ser chamada de namorada, achava cafona. Mas seus olhos ainda estavam preocupados e muito vermelhos.

-Você não vai gostar de mim, quando eu terminar de contar a minha história.

-Bem, esse é um risco que eu vou correr.

Ela se levantou e foi andando na minha frente, mas não segurou a minha mão e quase não aceitou o meu casaco.

Andou na minha frente e ela sempre recuava quando eu tentava tocar nela.

Aquilo estava me assustando demais, ela sentou no carro abraçando os joelhos, murmurando coisas sem sentido que eu não conseguia ouvir.

No caminho liguei pra Ash e pro Tom avisando que tinha encontrado ela.

Mas quando falei em levar ela pra casa da Ashley ela teve um surto e disse pra eu levar ela pro meu apartamento.

-Eu não quero ver mais ninguém, ninguém pode me ver!

Então ela começou a chorar de novo, um choro desesperado, ela coçava os olhos soluçando. Eu não sabia se dirigia ou a abraçava.

Quando finalmente nós chegamos ao meu apartamento, ela olhava para todos os lados parecia que alguém ia pular na frente dela a qualquer momento. Foi só quando nós entramos e ela finalmente se sentou no sofá que ela se acalmou, ficou encolhida no canto.

-Kristen, por favor, me fala o que está acontecendo.

-Ele está procurando por mim, mas ele não pode me achar. Não, eu estou muito longe.

Fiquei de joelhos na sua frente, pra poder ver seu rosto melhor.

-Ele quem? Você não está fazendo sentido. O que você tomou?

-Eu tomei? Não... Não, não lembro. Era roxo.

Peguei um cobertor que estava na poltrona mais próxima e embrulhei ela. Nada do que ela falasse ia fazer sentido agora, mas eu sabia que o que quer que fosse, era muito grave. Não podiam ser só as drogas falando.

Tudo que eu sabia era que a ligação que tinha começado tudo isso, tinha vindo de um orelhão em Albuquerque, no Novo México. Eu sabia que ela já tinha passado por lá, em algumas conversas ela falou os lugares que ela já esteve, Arizona, Texas e Novo México. Olhei o mapa, eram os três estados abaixo da Califórnia.

A deixei dormindo no sofá, fechei as cortinas pra claridade não incomodar quando ela acordasse, acabei adormecendo no chão, com o notebook ligado no meu colo, eu estava tentando procurar o que seria essa droga roxa, que tinham dado pra ela, mas foi em vão.

X



Ela me acordou, já eram mais ou menos umas nove horas da noite. Ela já tinha tomado banho, estava vestindo a minha camisa velha, aparentava estar mais calma também.

-Não levante rápido demais, você dormiu no chão suas costas devem estar doendo.

Ela me ajudou a sentar no sofá, realmente minhas costas doíam muito. Mas isso era o de menos. Depois de me ajudar a sentar, ela se afastou. Sentando na outra ponta do sofá.

-Por que não me acordou antes? Você está melhor?

Ela não conseguia me olhar nos olhos.

-Estou.

Ela tossiu um pouco, eu devia ter colocado ela pra tomar um banho quente assim que chegamos, mas eu estava tão atordoado que não consegui pensar direito.

-Eu vou fazer um chá pra você, acho que pode ficar gripada.

-Foi só uma tosse Rob, eu vou ficar bem.

O tom sério na voz dela indicava a raiva silenciosa que ela guardava estava vindo à tona. Eu já tinha visto aquele olhar antes, não terminou bem.

-Eu vi o que você tava pesquisando.

Ela pegou o computador.

-Eu queria saber quanto tempo ia levar pra passar o efeito do que você tinha tomado.

-Eu não estou falando disso, na outra aba.

Ela virou a tela pra mim, apontando o mapa com o zoom nos estados. Novo México, Albuquerque. Uma lista de orelhões da cidade.

-Você não vai achar o Jack, ele está fugindo também. Deve estar indo pro Canadá uma hora dessas.

-Você vai me dizer o que está acontecendo?

-Rob, eu preciso que você entenda uma coisa antes que eu comece a te contar a minha história. Você tem essa imagem de mim, me tem em um pedestal que eu nunca mereci estar. Eu te peço, por favor, não me odeie, eu não sei se vou suportar.

As lágrimas de novo, ela abaixou a cabeça.

Aproximei-me, mas ela colocou as mãos se protegendo e impedindo que eu pudesse abraçá-la.

-Só, me escute ok?!

Fiz que sim com a cabeça, esperei paciente que ela se recuperasse pra falar.

-Eu fugi de casa em janeiro de dois mil e seis, eu tinha dezessete anos e nunca olhei para trás.

Aquilo não me chocou, afinal muitas pessoas fogem de casa. Continuei a ouvir com atenção, cada palavra e respiração pesada que ela dava, reunindo coragem pra contar o que a perturbava tanto durante todo esse tempo.

-Eu estou fugindo do meu pai.

Seus olhos cheios de fúria finalmente levantaram para me encarar. Um sorriso irônico e sem humor algum no seu rosto.

-Mas o seu pai, eu achei...

Ela se levantou, mostrando a cicatriz nas costas.

-O F, é de Facinelli, o nome dele é Peter Facinelli. Ele é meu pai, padrasto, amante, chame do que quiser. É por causa dele que eu estou aqui.

As últimas palavras não faziam sentido. Amante?

-Ele fez isso com você? Você deixou que ele fizesse isso em você?

-Não, essa foi a última vez que ele tocou em mim. Eu estou fugindo desde então.

Eu olhava pra ela completamente confuso.

-Eu não entendo.

-Ele está procurando por mim. Ele já matou todos os meus amigos, colocou a minha avó no asilo, provavelmente pra não ter que lidar com a minha mãe e agora ele quer me matar. Eu sei disso, ele vai me achar e ele vai me matar.

Seu corpo tremia em pânico, os olhos arregalados de medo, ela não piscava.

Eu mantive a aparência calma enquanto, eu temia pela sanidade daquela que eu amava.

-Conte-me tudo!

Continua....

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