06 julho 2011

TENIR MA MAIN - CAPÍTULO 13

Carammmmmbaaaa! Parece que a Kristen desabafou tudo o que tinha para desabafar, o que deixou nosso Robertinho muito mal, mas será que essa Kristen é tão rancorosa assim? Ótima leitura! 
Classificação: Maiores de 17 anos
Autora: Lore Volturi
Gênero: Romance/Drama 
Aviso: Sexo/Lemons 

Capítulo 13
Kristen POV

The house of Barnsley, 21 de novembro de 2009 – 08h15min
Eu não dormi aquela noite, quando voltei para o meu quarto a Ashley já devia estar no seu décimo sono. Como eu a invejava, por dormir tranquilamente. Estava tentando me convencer de que não era a culpa que me deixava dormir.
Na minha cabeça, eu fiz o que tinha que fazer. Fogo com fogo, certo?!
Ninguém me machucava e saía cantando vitória. Você me machuca, você paga.
Então por que eu não estava satisfeita?
Se a “justiça” tinha sido feita. Por que  sentia aquela sensação ruim correndo dentro de mim?
Me senti enjoada.
Corri para o banheiro no final corredor, tranquei a porta e vomitei só a água que eu tinha bebido ontem à noite, meu estômago doía. Minha tosse podia acordar a casa toda, era uma boa idéia terem nos colocado no último andar.
Sentei ao lado da privada, sem forças.
Você é tão ridícula Kristen, deixando se amolecer por um deles.
A parte calculista do meu cérebro, ria da minha ingenuidade voltando à tona.
Ao levantar e ver meu rosto no espelho me senti tonta de novo. Era como olhar o fantasma da garotinha que eu tinha deixado na Califórnia. A idiota que batia carros do ano, que destruía quartos de hotel, dava festas na casa da piscina para chamar a atenção da mãe que só vivia em clínicas de estética.
Eu não queria ser aquela criança de novo. Então por que eu tinha agido como uma ontem à noite?
Joguei água no meu rosto, lavei até ficar decente. Escovei os dentes, olhando para o meu reflexo com raiva, escovei com mais força, depois cuspi sangue e pasta de dente.
Se machucar não ia adiantar nada, idiota
O que está feito, está feito!Não tem como voltar atrás.
Você vai ter que lidar com isso, Kristen.
Bati com força no mármore do banheiro. A porta abriu logo em seguida num rompante.
-O que aconteceu?
Ashley pareceu assustada quando abriu a porta.
-Não foi nada.
-Eu ouvi um barulho, pensei...
-Pensou errado. – Respirei fundo, para não descontar minha raiva na Ashley. – O que temos na programação de hoje?
Ela pareceu surpresa por eu querer passar mais um dia aqui e começou a falar sobre o que teríamos que fazer. Seriam cinco refeições, esse pessoal gosta de comer. Café da manhã, então o que eles chamavam de almoço pequeno. Antes das duas da tarde, teríamos o almoço, seguido por uma partida de críquete que tomava conta de quase toda tarde, então o chá do final da tarde. Hoje teria o primeiro jantar simples à fogueira, com jogos de mímica e amanhã seria o jantar formal.
Ótimo, dia programado para eu não ficar pensando em bobagens.
Nos arrumamos e descemos para encarar aqueles ingleses e seus chás em vez de café. Eu mataria por um café hoje.
Elizabeth sentou na nossa mesa e fez um gesto para um dos garçons.
-Bom dia queridas, dormiram bem?
-Como um anjo. – Menti.
-Que bom.  – Ela sorriu sincera. – Imagino que Ashley já esteja acostumada com o nosso café da manhã tradicional, mas eu mandei os empregados fazerem café para você Kristen.
Então surgiu na minha frente uma xícara de café preto.
-O - Obrigada! Não precisava se incomodar... – Fiquei completamente sem jeito.
Por que ela estava sendo tão boa comigo? Ela não tinha idéia do que estava acontecendo?
-Não é incomodo nenhum. É o mínimo que eu posso fazer. Você salvou minha vida.
-Liz, eu só liguei para ambulância... não foi...
-Foi muito mais do que os outros que estavam ali, fizeram. Por favor, aproveite o seu café da manhã.
Aqui e em Londres tinha notado que o café da manhã deles era meio nojento. Por isso a Ashley ainda mantinha os hábitos culinários da Flórida, tinham uma coisa que se chamava ‘Beans on tost’, que era uma torrada coberta com molho de tomate e feijão, não parece ser tão ruim falando assim, mas é nojento de olhar. Eu fiquei com as panquecas, bacon e cogumelos. Aquela torrada não parecia normal.
Depois do café da manhã, Liz nos chamou para caminharmos pelo jardim.
Mesmo coberto de neve o lugar era lindo, tinham cerejeiras tão lindas, algumas árvores ainda tinham um pouco de verde. Parecia que tudo tinha sido planejado com cuidado, aqui era lindo no inverno, como eu já podia imaginar também devia ser agradável no verão.
 No caminho a Liz contou história daqui e como o Pai do Rob amava esse lugar, os olhos dela ainda brilhavam quando falava do marido, nunca tinha nem sombra de tristeza na voz dela, era sempre com pura admiração e carinho.
A irmã dela, Claireera também muito simpática como a mãe do Rob, elas eram de uma família de classe média, os pais delas trabalharam e todo dinheiro que tinham era investido na educação delas. Foi só no primeiro ano de faculdade que ela conheceu Charles, o pai do Rob.
Desde então eles passaram todos os dias juntos.
Era uma daquelas histórias que você não acredita, até escutar da boca de quem viveu.
Senti inveja do Rob, ele teve os pais mais incríveis que eu já conheci.
A morte de Charles parece ter tido um grande impacto na vida dos filhos, a Vick se mudou para Paris e pelo que a Liz contou, foi um período difícil para Robert, o único homem da família.
-Ele resolveu assumir essa responsabilidade, eu sempre soube que ele não queria seguir advocacia. Conversei com ele inúmeras vezes, mas acho que ser psicóloga e mãe, fazem com que seus filhos não te dêem tanto crédito. Diploma é só um papel, não conta pra nada com seus filhos!
Ela riu, com pouco humor.
-Ele é mesmo insistente quando quer.
Acrescentei sorrindo, sem querer.
-Você parece com sono querida, por que não descansa um pouco antes do almoço. A tarde vamos ter a clássica partida de críquete, você não vai querer perder.
-Ok!
-Se você não se sentir disposta, mando alguém lhe levar almoço.
-Não precisa Liz, eu estou bem. Só preciso de um cochilo e  fico bem.
Voltei para a casa desejando que Elizabeth não fosse tão boa comigo. Ia ser tão mais fácil se ela fosse uma velha chata, ia ser mais fácil se eu não gostasse dela ou do filho dela.
Não tinha visto nem sinal dele naquela manhã, o quarto estava vazio quando eu saí e quando voltei.
Cheguei ao quarto no terceiro andar já estava cansada demais para pensar, apenas desmaiei na cama.
X
Almoço – 14h00min
Dormi mais do que tinha planejado, me sentia bem melhor. Olhei a janela lá fora, a neve caindo fraca, era tudo tão claro aqui, tão bonito.
De um lado dava para ver o lago lá em baixo, com algumas partes congeladas. Do outro lado aqui no jardim, eu podia ver o Billy com alguns tacos estranhos, parecido com os de baseball, só que mais curtos e umas coisas de madeira de cada lado do campo. Ele conversava com outros homens, acho que deviam combinar alguma coisa sobre a tal partida de Críquete.
Ouvi uma batida na porta, pensei que fosse da Ashley.
-Pode entrar.
Para minha surpresa era a Victória, irmã do Rob.
-Com licença, Kristen.
Me virei, ela era tão alta e bonita como o irmão. Ela deixou uma bandeja na cama e sorriu pra mim.
-Acho que nós ainda não fomos propriamente apresentadas, eu sou Victória, irmã do Robert. Mas pode me chamar de Vick, só a mamãe me chama de Victória.
Ela estendeu a mão sem luva pra mim, nós apertamos às mãos. Eu ainda me mantinha um pouco distante, o que ela estava fazendo no meu quarto?
-Trouxe seu almoço, a mamãe disse que você parecia um pouco indisposta.
-Não, eu estou bem. Era só sono.
-Ah, fico feliz em saber. Assim você pode participar da partida de críquete, se quiser.
-Talvez, eu não sei muito bem como se joga.
-Oh é fácil, você pega logo o jeito.
Sentei na cama, olhando a comida que ela trouxe pra mim. Era uma torta, com uma cara suspeita. Não queria parecer mal educada, mas eu não ia comer aquilo. Tomei um gole do suco de laranja, que era seguro e tinha o mesmo gosto em todos os países.  
-Então Kristen, você é o motivo do meu irmão querer voltar para Londres?
Engasguei.
-Como?
-Ele estava pensando em voltar para Londres hoje, pela manhã bem cedo, mas o convenci a ficar. Ele odeia esse lugar, eu sempre soube. Desde que o papai morreu, ele não gosta de vir muito aqui, só que eu não pude deixar de notar certa tensão entre vocês.
Continuei em silêncio.
-Sabe, é normal casais brigarem. O Rob leva uma briga como sendo fim do mundo, ele não entende que relacionamentos precisam de esforço e dedicação.
Limpei a garganta, alto e claro, interrompendo o discurso dela.
-Nós, não temos um relacionamento. Eu e Rob, nós não namoramos.
-Ah... Então perdoe minha gafe. Ele falou tão bem de você, que eu tive essa impressão.
Ela não parecia envergonhada. Fiquei sem falar nada, bebi outro gole de suco. E como ele podia estar falando coisas boas de mim, depois de ontem a noite? O que teria de bom pra falar de mim? Me odiei por ser tão curiosa.
-Bom, eu vou indo. Aproveite o seu almoço.
-Obrigada.
Elas faziam uma boa dupla Vick e Liz. Só não tinham idéia de quem que elas queriam trazer para o meio delas, existem mil garotas em Londres, dez vezes melhores do que eu e perfeitas para o Rob.
Justo a que estava tentando afastá-lo.
Ou não, eu ainda estava aqui. Ouvindo histórias sobre a família e a infância dele, conhecendo um mundo que eu nunca faria parte.
Sentei na cama frustrada, nem eu me entendia mais. O que eu ainda estava fazendo aqui?
Por que eu ainda não fugi, como estava acostumada a fazer?
Mas eu não pensei nisso por muito tempo, pensei nele tentando ir embora essa manhã.
Se ele ainda não odiava Barnsley, eu tinha dado mais um motivo para odiar.
X
Críquete – 15h00min
Pontualidade britânica não falhava.
Eles já estavam a postos, achei melhor nem participar, tinha regras demais e eu podia jogar o taco na cabeça de alguém, claro que ‘sem querer’.
Sentei entre a Ashley e Elizabeth para acompanhar a partida, era algo parecido com baseball. Tinha onze jogadores de cada lado, uma bola de couro e tacos.
-Ashley, qual é a graça desse jogo? Como é que ganha isso?
-Bem, o jogo mesmo pode durar uns cinco dias. Mas esse aqui só deve durar umas três ou quatro horas.
-Uau, tudo isso? Vou morrer de frio aqui.
A Liz sorriu, esfregando as mãos. Está mesmo muito frio.
-Metade dos dois times já passou da idade de jogar isso, deve acabar a tempo do chá.
Nós concordamos e a Ashley continuou a explicar.
-Ganha quem conseguir eliminar todos os adversários ou quem tiver mais corridas.
-Ok! Não parece ser tão chato.
Apenas duas mulheres estavam jogando a Vick e a irmã da Liz, Jennifer. Vick, Tom e Rob estavam no mesmo time, com mais oito caras, tios e primos do Rob. No outro time estava Billy, o assistente dele que não parecia saber jogar e parecia estar morrendo de frio, a tia Jennifer, o namorado da Vick e mais sete pessoas que eu não conhecia.
O jogo começou com o time do Rob perdendo, de cara pude ver que o Billy era um cara muito competitivo, cada vez que o time do Rob perdia um “wickets”  ele comemorava dando aqueles gritos de machão quando ganha alguma coisa estúpida. Eu não gostava daquele cara.
A Vick e o Tom eram os melhores batedores deles, o Rob ainda estava no jogo por sorte.
Passado uma hora de jogo, me peguei roendo a unha.  Tinha tirado a luva, me dava agonia.
O Time do Billy estava ganhando, Vick e o Rob estavam contra o Michael e o assistente. Até que o assistente do Billy, que nunca tirava o rosto do blackberry, jogou a bola e Vick conseguiu arremessar longe, depois disso ficou empatado.
O Billy já não comemorava tanto, tinha expressão de raiva. Bufava e eu podia jurar que ele iria derreter aquela neve, se perdesse a próxima batida.
Agora era ele contra o Rob, frente a frente.
-Você sabe que todos no escritório vão comentar essa partida, não Robert?
Billy estava tentando provocar.
-Só joga a bola, Ok?!
E o arremessador jogou, o Rob acertou em cheio, correu, correu, correu e ganhou.
Por essa ninguém esperava.
Pulei na cadeira vibrando, sozinha. Algumas das senhoras que estavam assistindo bateram palmas, mas não muito alto. Eu era a única que aparentava estar feliz com a vitória do Rob. Ashley nem estava por perto, não sei em qual parte do jogo ela sumiu. Elizabeth estava na cozinha vendo alguns detalhes do jantar.
Billy, como eu tinha imaginado não soube encarar muito bem a derrota. Ele lançou o taco para o meio do mato, no meio das árvores.
Todos já tinham entrado, quando o Robert olhou na direção dos espectadores. Nossos olhares ficaram presos por alguns bons segundos. O rosto sujo de lama e suor, com o sorriso de orelha a orelha pela vitória se desfez. Ninguém realmente ligava e a única que restava ali, era eu a pessoa que ele  mais devia odiar agora.
Depois disso, nossos olhos não se cruzaram mais.
X
Robert POV
Jantar - 20h00min
A raiva que eu sentia pelo meu tio, tinha se transformado na minha primeira vitória em uma partida de críquete na família. Sempre que eu jogava, era o primeiro a ser eliminado e hoje pela primeira vez, eu tinha conseguido acertar a bola. Não uma, mas várias vezes.
Quem foi que disse que Wii não ajuda na coordenação motora?
Não desci para o chá, fui tomar um banho e tirar aquela roupa suja de lama e neve. Também não vi sinal do Tom, afinal tinha sido uma boa ter ficado.
Queria saber qual seria a história contada no escritório, na segunda feira.
O subordinado tinha ganhado do chefão, The Beast, como ele era chamado nos corredores. Não era só eu quem sofria na mão do tio Billy, o próprio assistente Andrew só faltou se borrar na calça depois que errou uma tacada.
Eu ganhei. Eu ganhei. Eu ganhei.
Era melhor do que nos vídeo games. Aqui eu sentia minhas costas doendo, minha perna latejando, meus pés fodidos e claro, eu estava feliz.
Ou quase.
O par de olhos verdes, ainda me encarava furioso quando eu fechava os olhos.
E eram os únicos olhos que estavam lá quando eu ganhei.
Joguei uma camisa branca de botões e um blazer cinza por cima, ainda bem que hoje o jantar ia ser casual. Não estava nem um pouco a fim de colocar terno e participar de toda aquela coisa tradicional.
O Jantar foi tranquilo, já estavam todos bêbados por volta das dez. Se tem uma coisa que todos aqui sabiam fazer era beber, menos a minha mãe. Mas só por ordens expressas do Tom, que por sinal nem tinha dado sinal de vida desde que saiu do jogo.
Estava na mesa da minha irmã, com minha mãe e a Kristen. Por sorte, não estávamos de frente um para o outro, nem próximos.
Ela estava em uma conversa animada com a Tia Jen, minha Tia contava uma série de piadas obscenas, as duas riam, mas eu tentava bloquear a risada da Kristen, não a ouvia há tanto tempo.
Antes eu era o causador daquelas risadas.
Virei dois copos de uísque.
Minha mãe tinha conseguido o que queria, Kristen estava confortável no meio da nossa família, como eu ia dizer para Senhora Pattinson que qualquer ilusão que ela tenha de que eu e Kristen possamos chegar a ter alguma coisa, foi pelo ralo na noite passada?
Como eu ia dizer que tinha sido um canalha e agora ela estava me punindo?
Eu tinha vergonha de mim mesmo.
Mas agora ambos estávamos machucados.
Éramos dois idiotas, querendo a mesma coisa e nos ferindo, nos privando de merecer algo bom, pela primeira vez. 
Sentia uma raiva silenciosa dentro de mim. Ganhar na merda do jogo não era nada, eu não tinha ganho ela de volta.
O jantar estava sendo uma longa tortura com ela ali sentada a poucos passos de mim. Quando terminei de descontar minha raiva no bife, Alexander, o namorado da Vick levantou a taça de champanhe. E pediu atenção de todos.
-Com licença, sinto muito interromper o jantar, mas tenho que fazer uma coisa.
O sotaque francês era carregado, mas dava para entender.
Ele se virou para minha irmã, sentada ao seu lado e ficou de joelho. Podia sentir todas as mulheres do salão pararem de respirar.
-Victória Elizabeth Pattinson, eu te amo mais que a minha própria vida. Quando eu olho para você todos os dias, eu sei que sou plenamente feliz.
Ele tirou uma caixa pequena de dentro do bolso e colocou a taça de champanhe na mesa. A Vick já estava chorando.
Eu não queria estar ali, era extremamente desconfortável e impossível não olhar.
-Eu prometo te fazer feliz, todos os dias das nossas vidas. Você aceita se casar comigo?
-SIMMMMMMMMMMMM!
Minha irmã gritou a plenos pulmões.
Eles se abraçaram e se beijaram e quando eu vi a família completamente embriagada estava erguendo taças de champanhe pelo casal feliz.
Eu estava feliz por minha irmã, era isso o que eu ficava repetindo mentalmente. Ver o sorriso dela admirando o anel gigante que o noivo tinha colocado no dedo dela, eu nunca tinha visto ela tão radiante assim antes. Dei um suspiro, sim eu estava feliz por ela.
Mas o par de olhos verdes me encarou entre os abraços e comemorações. Aquilo me acertou em cheio.
Vick merecia toda aquela felicidade, mas aparentemente eu não.
Existia pior Ser naquela sala do que eu?
Em vez de comemorar com a minha irmã, só conseguia pensar na minha própria desgraça.
Kristen estava certa, eu era estúpido, egoísta e ingrato.
Quem vai amar alguém assim?
Continua...

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