22 junho 2011

TENIR MA MAIN - CAPÍTULO 3

E aí pervinhas, gostaram de descobrir como funciona a cabeça do nosso Robert? O que será que esta, misteriosa Kristen esconde? Prontas para descobrirem um pouco mais desses nossos personagens?

Autora: Lore Volturi
Censura: Menores de 17 anos
Gênero: Romance/Drama



Capítulo 3



Kristen pov


*Na contagem 179° pesadelo.*

Eu corria pela grama verde dos vizinhos.


“rápido, mais rápido”


Um salto na mão, o outro tinha ficado em outro lugar. Estava de noite e não via direito onde eu estava pisando, rezei pra não ter um caco de vidro por ali.


Vi as luzes de lanterna do guarda noturno, me abaixei num arbusto. Meu vestido da Carolina Herera devia estar todo sujo nesse momento. Desejei estar sóbria, respirei fundo , de novo e de novo.


O guarda passou para próxima rua naquele carrinho de golfe ridículo.


Corri entre os quintais de alguns vizinhos, faltava pouco pra chegar em casa. Maldito seja o idiota que ligou pra polícia, a festa estava tão boa. Drew e eu no maior amasso.


Até que mudar pra Califórnia não tinha sido má idéia, aqui tinha uns caras bem gostosos, do tipo que eu nunca ia encontrar na flórida.


Corri mais um pouco, pulei um muro e finalmente estava na porta dos fundos da minha casa, no momento que eu parei me agachei e vomitei toda cerveja da festa.


Meu primeiro porre, eu nunca esqueci. Olhei para o meu vômito e senti vontade rir.


Tive sensação que alguém me olhava, mas não parei para espiar.


Entrei em casa e dormi com um sorriso no rosto, eu era foda! Ninguém nunca ia me pegar.


Descobri com o tempo que eu era ingênua e estúpida.






Londres, 1 de outubro de 2009 – 06h30min (Horário de LA) - 14h20min (horário de Londres)


Quando o taxi me deixou no na casa de porta vermelha, eu não sabia o que pensar.


*Flashback*


Ao ver o caixão do meu pai entrar naquele buraco escuro, eu estremeci. Não chorei, desde o acidente todos estavam preocupados, eu ouvia alguns sussurrando “Coitadinha, está em choque”. Eu não conseguia dar uma palavra, eu olhava a minha mãe gritando desesperada, gritando em um canto da casa, minha avó tentava consolar ela, mas então minha mãe começava a jogar coisas nas paredes. Levou umas seis horas até ela parar de chorar, depois de receber a notícia. Ela não conseguia olhar pra mim na hora, como que de alguma forma ela soubesse que a culpa era minha.


Então, quando eu senti aquele nó na garganta. Finalmente me dando conta do que estava acontecendo, ela foi a única a segurar a minha mão. A Ashley era como uma irmã pra mim. Nós nos conhecíamos desde sempre. E foi só quando ela segurou a minha mão boa (a outra estava engessada) foi que eu pude desabar.


Quando saímos do cemitério, na casa da minha avó ela se sentou do meu lado e trouxe um prato de cookies com leite. Eu ainda soluçava muito, ela era dois anos mais velha que eu, a irmã mais velha que eu idolatrava e confiava cegamente.


-Você tem que comer. – Ela colocou o prato na minha frente.


-Ele se foi. – Eu solucei.


-Eu sei Kiki, mas não se preocupe. Eu to aqui, eu vou cuidar de você!


-Promete? – Falei limpando o nariz.


-Eu prometo!Não vou nunca deixar o seu lado, irmãzinha.


*fim do flashback*


Mas ela não cumpriu a promessa.


Ela se mudou pra cá, com treze anos. Um pouco antes da minha vida virar um pesadelo. Nós choramos juntas, trocamos pulseiras de amizades, prometemos manter contato. Mas o oceano era muito grande e a idade muito volúvel, achei que ela tivesse esquecido de mim. No segundo e-mail que eu recebi ela falava como aqui era incrível e as pessoas eram gentis, falavam engraçado e como ela estava se dando bem. Desde então, minhas respostas foram ficando curtas e simples. Em épocas de prova ela não escrevia, mandava lembranças em natais, nunca esquecia meu aniversário. Mas eu parei de responder.


Agora eu estava aqui na porta da casa dela.


Levei a minha única mala, uns cinco degraus e olhei um bilhete.


“Kristen, estou na escola. Sinta-se a vontade, não vou demorar. Beijos Ash”


Peguei a chave embaixo do tapete e entrei, arrastei a mala com calma pra dentro. Logo vi que era mesmo só podia ser a casa dela, tinha cheiro de lilás. Tudo decorado em um jeito que lembrava a casa da minha avó, nossa avó. Eu respirei fundo com a lembrança da NanaStew. Foi por causa dela que eu estava aqui. Ela mantinha contato a Ash, em uma tentativa de boa ação minha avó tinha dado meu número pra ela. Na primeira ligação a Ashley fez toda conversa, eu respondia com falso entusiasmo e quase não prestava atenção no que ela falava, mal sabia eu que ia precisar fugir de novo.


Londres pareceu uma boa escolha, longe o suficiente.


Olhei algumas fotos na estante. Um artigo de jornal emoldurado. Alguns troféus. Claramente alguém gostava de se exibir.


“Garota prodígio”


Nerd, como sempre.


Ela agora era professora de pirralhos, pra deixar eles tão nerds quanto ela.


Então conforme, fui olhando mais retratos e a decoração do lugar, por um segundo tive a sensação que meu coração parou quando olhei duas garotinhas em um jardim brincando com uma mangueira. Uma delas estava no colo de um homem bonito, cabelo preto, sorriso radiante, camisa verde da cor dos olhos. Senti um nó na garganta, meu pai.


Não via foto dele, há tanto tempo. Minha mãe tinha se livrado de todas.


Eu tinha os olhos dele, vai ver por isso ela não suportava me olhar.


Deixei a foto no lugar, isso tinha sido uma má idéia. Vir pra cá, uma vida nova. Quem eu estava tentando enganar. Ao me virar, ouvi um barulho na porta, meu primeiro instinto era me esconder, mas acabei me lembrando que não precisava fazer isso afinal eu estava em outro país e logo a Ashley já estava entrando na sala, de cabeça baixa com um jornal na mão e a bolsa na outra e depois olhou pra cima, seus olhos se fixaram em mim, eu não soube o que fazer.


Parecia que ela estava em choque ou alguma coisa assim, depois um sorriso radiante no rosto em seguida, ela correu pra me abraçar.


-Você tá aqui Kiki!


Primeiro, eu não lidava bem com as pessoas me abraçando. Segundo, eu odiava que me chamassem de Kiki e terceiro, eu era muito boa atriz, logo ela não ia perceber o meu desconforto.


-Tinha alguma dúvida?


Nos separamos e ela me olhou da cabeça aos pés por alguns segundos, completamente feliz, feliz demais. Eu não estava acostumada com aquilo.


-Uau, você mudou tanto.


-E você não mudou muito. – Tentei soar como um elogio, ela ainda tinha um pouco daquele jeito de criança. - E não pegou o sotaque deles.


-Imagina, tenho orgulho de ser americana. – Ela falou se divertindo. – Gostei do cabelo, diferente.


-Ah obrigada! Eu gosto de mudar bastante. – Ajuda a não ser reconhecida, completei mentalmente.


Mas uns segundos em que ela me olhou com alegria


-Uau, você deve estar faminta! - Ela me puxou para a cozinha e apontou a cadeira pra me sentar. – Eu sei que comida de avião é horrível, o que quer comer? Tenho chá, suco, uns bagles. – Ela revirava a geladeira.


-Não, na verdade comi bem no avião... não precisa! – Soltei um bocejo involuntário.


-Uau, como eu sou burra você ainda está no horário da América. – Ela fechou a porta da geladeira- Vem! Eu vou te mostrar o quarto que eu preparei pra você.


Nós subimos as escadas, era uma típica casa britânica tinha três andares, toda seguindo o estilo clássico, Ash tinha me falado o que os avós paternos tinham deixado a casa pra ela. Olhei em volta, três quartos. Ela me levou ao segundo maior ao lado do dela e abriu a porta foi a minha vez de dizer “Uau”, era lindo. O branco do quarto podia cegar alguém que não tivesse acostumado com luz, tinha uma janela que dava para o Parque “Allure”, a cama estava impecável, o cheiro do de rosas no ar não era enjoativo, lembrava o cheiro da nossa infância.


O lugar todo dava uma sensação de paz, fazia muito tempo que não dormia em um lugar que não fosse um hotel barato de beira de estrada.


-Eu sei que é pequeno, mas ...


-De jeito nenhum Ash, é perfeito! Obrigada! – Agradeci com sinceridade.


-Ah imagina, vai ser bom ter uma companhia por perto. – Ela falou se distraindo ao olhar ao redor. – Enfim, vou deixar você descansar, ali tem o banheiro.


Ela mostrou o banheiro pequeno que tinha ali no canto.


-Se precisar de qualquer coisa é só gritar.


-Ashley, eu não tenho palavras pra agradecer o que você está fazendo por mim.


-Tudo para minha irmãzinha! – Ela me abraçou. – Pode ficar o tempo que for.


Depois se retirou ainda sorridente, depois que ela saiu do quarto. Eu olhei em volta, tudo impecável e organizado. Ela devia ter arrumado tudo, tinha toalhas, xampu e até pantufas do lado da cama. Eu sentei exausta na cama, ela tinha sido tão boa comigo.


“Vamos Kristen, não estrague as coisas como sempre!”


Robert POV


Restaurante Isay Weinfeld – 1 de outubro de 2009 – Uma hora antes de a Kristen chegar a Londres – 13h09min






Depois de entregar o relatório, fui encontrar com a minha mãe, nós tínhamos esse ritual de comer juntos aos sábados. Tinha um restaurante brasileiro que ela amava e logo hoje eu estava particularmente feliz, as inúmeras perguntas sobre tudo que estava acontecendo comigo, não iam me deixar de mau humor. Ela ficava sempre preocupada com a minha vida, se eu namorava ou deixava de namorar. A Senhora Elizabeth Pattinson, tinha todos aqueles defeitinhos, só que acabava que na verdade era a minha melhor amiga.


Cheguei atrasado ao restaurante, mas ela me esperava sorridente.


-Olhe pra você, está feliz. – Ela se levantou e me deu um abraço.


-Dá pra notar, hein?! – Eu tinha entregado o relatório a tempo, não mandei um office boy e expliquei para o Tio Phill, que eu estava preparado para defender o caso, ele pareceu quase convencido, era meio caminho andado. Com sorte o “talvez” indicasse que eu podia realmente ir em frente com o caso.


- Sim, você é meu filho! Conheço cada pedacinho de você, meu querido. Não consegue me esconder nada. – a encarei – Tudo bem, o jeito que você entrou no restaurante, foi o que denunciou. Caminhar confiante e de cabeça erguida, e você fez a barba, é meio parecido com o andar que o seu pai dava quando ganhava um caso.


-Ok Mãe! – Eu francamente nunca me acostumei como a minha mãe sabia analisar uma pessoa assim, tão rápido como os caras do CSI. Ela sempre foi um detector de mentiras. - Por que a senhora não relaxa? Não é por isso que as pessoas se aposentam?


Peguei o cardápio para escolher o meu prato.


-Desculpe-me meu filho, velhos hábitos nunca morrem. – Ela abaixou meu cardápio e me olhou- Também já pedi o prato do dia pra você.


-Ok Ok! Já vi que a senhora tá demais hoje. – falei sorrindo e abaixando o cardápio.


Peguei o celular e desliguei, ela me analisou por alguns segundos, às vezes ela não era nada sutil e eu definitivamente estava tentando evitar um assunto, ela ia perceber isso até o fim do almoço.


-Você está tentando me esconder alguma coisa. – BINGO.


Eu me controlei pra não deixar transparecer nada, por mais que o meu impulso fosse passar a mão no cabelo. Ela me encarou por muito tempo, e eu desviei o olhar. Vinte e quatro anos e eu nunca aprendi, que não dá pra esconder as coisas dela.


-Você terminou com a Emile? – Ela perguntou, mas tinha tom de afirmação.


-O quê? – Eu não sabia como ela fazia isso. – Como? O quê? Ahh quer saber? Esquece.


-Então, porque você terminou com ela?


-Bem, nisso você errou. –Falei com sorriso de vencedor. – Veja bem, ELA terminou comigo.


Peguei um pedaço de pão, que tinha numa cestinha e comecei a comer.


-Uau, você conseguiu terminar o terceiro relacionamento esse ano e está orgulhoso disso. É isso mesmo? – Ela colocou a mão no queixo e com aquele olhar de preocupada. – Será que tenho que te indicar algum colega meu?


-Oh Mãe, pelo amor de DEUS! Eu to bem. – Ela não se convenceu. – Além do mais, ela era francesa, você sabe que as mulheres francesas são piores e mais complicadas do que as mulheres comuns.


-Inventar essas desculpas, não vai me deixar menos preocupada com você meu filho. Você claramente é incapaz de manter um relacionamento, isso não é normal.


Mães se preocupavam com coisas mais idiotas, qual o problema de não manter um relacionamento por mais de três meses, sempre foi assim comigo.


-Doutora, eu tenho vinte e quatro anos. Eu sou jovem! Ninguém na minha idade está planejando casamento.


-Você sabe muito bem que relacionamentos fracassados são comuns na sua vida desde sempre Robert.


Odiava quando ela falava o meu nome desse jeito, naquele tom de psicóloga.


-Ok, o que a senhora quer? Netos? É isso que está preocupando a senhora?- Meu tom foi ficando cada vez mais rude. Minha paciência se esgotando. – Foi por isso que a senhora me chamou aqui? Pra ficar analisando cada detalhe da minha vida?


Então eu percebi que fui meio duro na minha resposta. O rosto dela se fechou por alguns segundos, depois ela olhou pro prato que o garçom tinha acabado de servir. Forçou um sorriso.


-Me desculpe mãe. – Afinal ela só queria ajudar.


-Não querido, vamos comer. Chega de falar dessas coisas. – Ela deu outro sorriso forçado.


O resto do almoço ela falou de coisas banais, perguntei como estava indo o clube do livro que ela participava, falamos do tempo. Ela contou que a Victória, minha irmã que mora na França, está bem, ela sofreu um aborto espontâneo três meses atrás, mas parecia estar bem agora.


Enfim, eu evitei falar de mim e ela não insistiu.


Mas ficou feliz quando disse que talvez fosse sair com Tom hoje à noite.


X


Depois do almoço desastroso com a minha mãe, eu fui pela primeira vez encontrar com o cliente que eu estava ansioso para conhecer.


Era o criador do Graphic Novel que estava sendo plagiado por uma grande empresa, o que infelizmente era comum, com internet os grandes figurões só precisavam entrar na internet e ver a história de um nerdzinho qualquer em um blog ou fórum e mudar os nomes dos personagens, pronto!Ganhar dinheiro em cima do talento dos outros era muito fácil.


Era a primeira causa que eu realmente estava empolgado para defender.


Nossa reunião foi breve, ele não precisava tentar me convencer, eu acreditei na causa desde o inicio.


-Não se preocupe Arthur. – Eu confirmei pra ele. - Nós entraremos num acordo, se eles não quiserem, eu lhe garanto que se nós formos para o tribunal, eles vão se arrepender.


-Puxa, cara eu espero que eles entrem num acordo. Eu conheço meus direitos, quero pelo menos o reconhecimento.


Eu entendia o cara, simpatizava com ele.


Mackelin, tinha dezenove anos e estava na faculdade de artes. Era magrinho, esquelético, usava óculos de armação preta e tinha cara de quem tinham enfiado a cabeça na privada durante vários anos do colegial.


Uau, tudo isso soava familiar.


Não vou mentir, quando entrei na casa do Arthur fiquei pasmo. Ele tinha uma enorme coleção de quadrinhos, maior do que eu já tive. Quando comprei meu novo apartamento, fui obrigado a “doar” minhas coleções. Afinal advogados não têm 30 caixas de quadrinhos da Marvel.


Enquanto eu esperava por ele na sala, não resisti e tentei copiar o desenho do pôster que ele tinha na parede da sala, era da primeira edição do Thor. Tão bem trabalhado, podia tirar uma foto, mas por impulso talvez quando dei por mim já tinha desenhado na folha de trás do relatório.


Antes de sair, o Art deu uma olhada.


-Uau, você é muito bom nisso.


-É? Quando eu tava na universidade fiz alguns cursos, mas depois mudei para me focar em direito. Mas sempre gostei de desenhar. – Não achei que ele fosse confiar muito em mim como advogado se eu explicasse que desenhava desde que eu ganhei minha primeira revistinha em quadrinhos, eu tinha dez anos.


-Não vou mentir, você é muito bom! Olha, eu tenho um cartão aqui em algum lugar. – Ele foi até a escrivaninha e de baixo de vários papeis tirou um cartão. – Aqui, esse cara é o “Gandalf” dos quadrinhos daGraphic Novels, só tenho esse cartão, você devia ir até ele. Se ele disser que você é bom, talvez não precise usar mais terno afinal de contas.


Olhei pro cartão, estava ali uma oportunidade única.


Trabalhar com quadrinhos era meu sonho desde sempre.


-Obrigado Cara. – Peguei o cartão e guardei na carteira.


Então, eu saí com mais confiança de lá.


E se o tal cara gostasse do meu trabalho? Será que eu finalmente poderia ter a carreira dos meus sonhos? Procurei não pensar muito nisso, tinha que me concentrar no caso.


Conseguir um acordo, evitar ir para um tribunal afinal ia envolver fazer um bom discurso, e Deus sabe que eu não sou bom em falar com o júri, era o mesmo que andar pelado pelos corredores do colégio.


Minhas terríveis lembranças do colegial foram interrompidas pelo meu celular.


Era o Tom.


- Ei Irmãozinho! Tá de pé hoje à noite?


-Claro! Agora mais do que nunca, eu tenho um motivo pra comemorar.



Nenhum comentário:

Postar um comentário