23 abril 2011

SÁBADO DE CINEMA COM KRISTEN STEWART - PARTE V

Nesse sábado estamos conhecendo melhor o filme onde a Kristen viveu sua primeira protagonista, Melinda Sordino. Que tal conhecemos uma crítica sobre o filme? Leiam e assistam ao filme para saber se vocês concordam ou discordam da critíca a baixo.

Crítica: O SILÊNCIO DE MELINDA



Assisti a esse filme graças a uma indicação no blog da Lola. O filme é de 2004 e bem desconhecido por aqui. Adaptação do romance “Speak”, de Laurie Halse Anderson, a película se revela uma boa opção tanto em matéria de cinema, quanto em matéria de reflexão.

O filme aborda a história de Melinda Sordino, uma garota que parece totalmente deslocada de seu ambiente escolar. Ela quase não fala, não dialoga com os pais e sofre uma série de agressões psicológicas na escola. No decorrer dos fatos, descobrimos por meio de flash-backs que Melinda as sofre porque no ano anterior havia chamado a polícia durante uma festa de seus colegas. Desde então, vem sendo alvo das chacotas. Já devem estar se perguntando o que essa história banal tem de interessante e é aí que descobrimos que Melinda fora estuprada por uma galã do colegial, seu colega de escola. O peculiar é que ela não conta o ocorrido a ninguém. Nesse, ponto o filme colegial se transforma numa denúncia a que todos deveriam prestar atenção.

O início do filme já revela a dicotomia entre Melissa e seus colegas em uma cena brilhante em que se focaliza um all-star e uma sandalinha rosa cheia de frufrus. Outra cena que merece destaque é a protagonista no banheiro, tentando desenrolar o papel higiênico com muita dificuldade. Quem nunca teve dificuldade para desenrolar papel higiênico? Principalmente aqueles de banheiro público que estão meio molhados e grudam como cola. É melhor nem usar! Naquele momento, principalmente em seu contexto (assista ao filme), percebemos que a trajetória de Melinda não será fácil.

Vida de colegial norte-americanoé difícil, e todos os filmes parecem enfatizar isso. No filme não é diferente. Todos os clichês estão lá: os professores freaks, a amiga loira papagaio, as líderes de torcida, o banho depois da educação física, o professor durão e moralista que persegue os alunos. Apesar de presentes, eles não chegam a atrapalhar o filme por inteiro.

O interessante de notar-se na história é um dos fatos principais que envolvem estupro, o que a Lola discute muito em seu blog. Grande parte das mulheres que vivenciam esse horror são vitimadas por um conhecido e acabam não denunciando a monstruosidade por culpa. Exatamente, leitores, muitas mulheres acabam se achando culpadas pela agressão (veja o absurdo dessa inversão!) e têm medo de se expor por uma série de motivos. Assim parece ocorrer com Melinda, seu silêncio a consome a cada dia, suas notas caem drasticamente e ela é obrigada a conviver diariamente com o galanzinho que a violou. Há uma cena fantástica que retrata esse fato, quando a protagonista está no refeitório e seu algoz chega em sua mesa para conversar e a envolve com os braços, como um abutre. É a cena mais forte do filme, ainda pior que a cena do estupro (Aliás, tarados de plantão, não aparece nada na cena; guardem seus instintos).

De resto, o filme cumpre a cartilha. O roteiro utiliza os flash-backs com competência e a direção faz um trabalho bem fetinho. A trilha sonora cai bem, em sintonia com os sentimentos de Melinda. A ausência de músicas em vários momentos combina com o silêncio da personagem. Os atores coadjuvantes não se destacam, mas também não matam o filme, estão lá e cumprem sua função. Já Kristen Stewart cumpre muito bem seu papel. Penso que, se nada atrapalhar seu caminho, Kristen vai se tornar uma grande atriz. Ela possui uma característica que, para mim, é fundamental para separar o joio do trigo: a voz do silêncio. Sim, ela consegue se expressar muito bem apenas por olhares e expressões faciais.

Assim, recomendo o filme para todos. O estupro não é uma questão puramente feminina, mas masculina também. É bom que haja cada vez mais homens que se proponham a ser ativamente contra essa prática brutal, uma vez que homem e mulher são apenas gêneros de uma mesma espécie. No fundo, somos todos seres humanos com as mesmas alegrias e medos. O nome original do filme, por si só, já é um apelo: SPEAK! (FALE!). O silêncio corrói.
 
Fonte: OEmbasbacado
Postado por: Sheyla Santos




Nenhum comentário:

Postar um comentário