Capítulo 20
Lembra dos bons tempos que tivemos?
Eu deixei-os escapar de nós quando as coisas ficaram feias
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Apoiando-me num passado que não me deixa escolher
Uma vez houve um escuro profundo
Você me deu tudo que tinha
E eu vou lembrar de você
Você vai lembrar de mim?
Sarah Mclachlan
Eu estacionei em frente a imensa casa branca e sai do carro. O vento bateu em meus cabelos e eu olhei para o mar agitado. Nuvens negras se aproximavam no céu da tarde.
Eu respirei fundo e entrei na casa silenciosa. Caminhei pelos cômodos do andar de baixo a procura de Rob, mas não o encontrei.
-Rob? – Chamei subindo as escadas.
Entrei em nosso antigo quarto, mas também estava vazio. Franzi o cenho ao perceber a arrumação. Não parecia de maneira alguma que Rob tinha dormido ali, porque ele era extremamente bagunceiro. Mas não havia sinal dele naquele quarto.
Eu rumei para os outro quartos, abrindo as portas, mas todos estavam arrumados.
Até que só restou o quarto de Agnes. E quando eu entrei, estanquei surpresa.
Estava vazio. Nada dos seus móveis infantis ou os brinquedos que ela guardava ali.
O que estava acontecendo ali? Cadê suas coisas?
Eu desci e disquei o número do celular de Rob. Era óbvio que ele não estava na casa.
Mas apenas chamou e caiu na caixa postal. Não deixei recado.
O que eu tinha pra falar só podia ser dito pessoalmente. Comecei a sentir um aperto de inquietação. No caminho até ali, eu me sentia mais ansiosa do que qualquer coisa.
Queria chegar logo e dizer tudo a Rob.
Queria poder olhar em seus olhos e… o que? Pedir pra voltar? Pedir desculpas por ter mentido sobre Michael?
Meu estômago deu uma volta. Comecei a me sentir sufocada e sai da casa.
Ignorando o vento frio, caminhei pela areia, sentei em frente o mar e esperei.
Eu ouvi o barulho do carro se aproximando e parando em frente a casa e senti meu coração disparar.
Me levantei e me virei no exato momento em que ele me viu. Seu semblante era indecifrável, quando caminhou até mim.
-Kristen? O que faz aqui? – indagou tenso.
Eu mordi os lábios subitamente nervosa. Um vento mais forte varreu meu cabelo, me cegando e eu tentei tirá-lo do rosto.
-Preciso falar com você. – falei por sobre o vento.
-A Agnes está bem?
-Sim, está na casa da sua mãe – então eu me lembrei do quarto vazio – por que o quarto dela está vazio? Cadê suas coisas?
-Eu pedi para tirar. Está tudo voltando para Londres.
-Por quê?
-Eu vou vender a casa.
-Vender esta casa? Porque faria isto?
-Não tem mais motivo para mantê-la.
-Eu não entendo… A casa é nossa, ia fazer isto sem me consultar…
-Eu ia falar com você quando voltasse. Vim apenas acertar algumas coisas, colocá-la a venda e providenciar que tudo fosse tirado daqui.
-Porque tomou esta decisão?
-Kristen, eu…
Rob desviou o rosto por um momento, os dedos passando pelos cabelos e quando voltou a me fitar, seus olhos eram tão vazios que eu senti um frio por dentro.
-Eu falei com os advogados, para formalizar nossa separação.
A chuva começou a cair, mas a tormenta que se formava dentro de mim era mais perigosa do que a tempestade que começava a cair em cima de nós.
-O que? – indaguei num fio de voz.
-Não tem mais sentido continuar adiando. Você tem razão. Não há mais nada a ser salvo. Acabou.
Acabou Acabou…
Eu comecei a tremer. O mundo desaparecendo a minha volta. Eu lutei para respirar.
-É isto que queria me dizer quando voltasse? – eu nem sei como consegui continuar falando.
-Sim.
-Então é isto mesmo que você quer?
-Sim. Eu cansei desta história. É melhor seguirmos em frente, virar a página. Vai ser melhor assim.
-Você não acha que… talvez devêssemos conversar melhor sobre isto? – eu talvez estivesse soando desesperada, mas quem se importava?
-Pra que? Se não tem mais amor Kristen, não há motivo pra continuar.
Se não tem mais amor. As palavras entraram na minha mente feito ferroada. Queimando tudo por dentro. Destruindo tudo pela frente. Eu estava cega.
E vazia.
Onde antes havia esperança, agora havia só a dor profunda.
-Certo, vá em frente. Peça o divórcio. Eu vou embora.
Eu me virei, ignorando os pingos grossos que caíam sobre mim.
-Kristen! – eu ouvi sua voz atrás de mim.
Por um momento, eu tive vontade de me virar e dizer a ele o que tinha vindo fazer ali.
Mas desisti.
Não havia mais nada dentro de mim. E eu desejei por um momento nem estar grávida.
Estava tudo perdido. Irreversivelmente.
-Kristen, não pode dirigir neste tempo – eu ainda o ouvi me chamando através da tempestade, mas ignorei, entrando no carro e dando partida.
Eu mal via a estrada, tamanha era a chuva, mas prossegui. Pisei fundo no acelerador, querendo manter a maior distância possível entre eu e o que ficara pra trás. Minha vida.
As lágrimas me cegaram e eu solucei enquanto as horas prosseguiam e o dia virava noite. E então eu não sei bem quando eu perdi o controle. Se foi a luz do outro carro com o farol alto em minha direção. Se foi a estrada escorregadia. O carro já não estava sob meu comando e a última coisa que eu vi foi a buzina alta de outro carro, quando saí da estrada.
E depois veio a escuridão. Eu voltei ao presente. Estava deitada sobre o tapete frio em posição fetal. As mãos sobre meu ventre vazio. O meu último pedido fora concretizado ao final. Eu perdera meu bebê. As lágrimas vieram amargas.
E eu chorei por tudo. Pelo passado que não podia ser mudado. Pelo presente que eu tinha estragado. Pelo bebê que eu quis mais que tudo e que não existia mais. Quantas vezes um coração podia ser quebrado?
Eu me sentia vazia por dentro. Era um vazio que nunca mais ia ser preenchido, porque eu o havia perdido. E isto não podia ser consertado.
O meu bebê se fora. E a única coisa que eu queria no momento era que Rob estivesse ali comigo. Mas ele se fora também. Eu o mandara embora. Mais uma vez. Quantas vezes um coração podia ser quebrado?
-Kris…
Eu ouvi sua voz na minha mente. Não, não era na minha mente. Eu abri os olhos e ele estava ali. A poucos metros de distância. Eu me sentei, o fitando através dos olhos inchados.
-Eu o perdi – murmurei num fio de voz.
-Você lembrou…
Eu sacudi a cabeça afirmativamente. Seus olhos sobre mim eram cheios de dor. E eu senti de novo o nó na minha garganta.
-Eu desejei não estar grávida… quando você disse aquelas coisas… eu quis… – um soluço se formou dentro de mim e eu cobri o rosto com as mãos.
-Kristen – sua voz chegou até mim cheia de angústia.
-Por que não me disse? – eu o fitei novamente – de tudo que me escondeu…
-Eu não queria que você sofresse… eu… – ele passou a mão pelos cabelos num gesto nervoso – eu me sentia culpado por tudo o que tinha dito, por ter deixado você ir…
-Eu fui te contar que estava grávida – eu dei de ombros – eu achava… que podíamos começar de novo… que haveria uma segunda chance…
-Foi você quem me mandou embora Kristen. – Acusou.
-Estava tudo muito confuso entre nós. Tão diferente. Tão desgastado… Eu estava tão cansada de todos aqueles rumores horríveis… Eu não podia mais te prender a mim, afetar sua carreira daquele jeito…
-Dane-se minha carreira. Era nossa vida.
-Quando nós brigamos aquele dia. Eu falei do Michael da boca pra fora.
-Eu sei.
-Sabe?
-O Michael me falou. No dia seguinte… que eu passei com você… Ele me disse que nunca houve nada entre vocês.
-Eu apenas quis ajudá-lo e ele nem merecia estar no meio dos nossos problemas.
-Por que mentiu Kristen?
-Eu não sei… eu queria te ferir… queria que você me deixasse em paz… mas eu não tinha paz… eu nunca mais tive paz…Acho que eu sempre soube que estava lutando contra o inevitável. Quando eu descobri que estava grávida, eu fiquei feliz. Eu queria que voltássemos a ficar juntos. Tínhamos feito isto uma vez, podíamos fazer de novo…E você me conta que queria o divórcio. Que eu tinha razão e nada mais existia entre nós… Sabe como eu me senti? Eu queria mesmo morrer quando entrei naquele carro. Talvez eu devesse ter morrido.
Ele se ajoelhou na minha frente as mãos me sacudindo.
-Não fale isto!
-Mas eu quis que ele morresse… a culpa é minha se eu o perdi…
Eu chorava e Rob também chorava.
-Eu fui atrás de você. Mas era tarde. Eu não sabia… do bebê. Quando o médico me disse… a culpa foi minha.
Eu sacudi a cabeça negativamente.
-Não… não teve culpa…
Ele me soltou, nós parecíamos cansados como se tivéssemos corrido uma marota,
era um cansaço emocional.
-Tudo o que eu queria era voltar no tempo, e ter uma chance de consertar tudo. De não ter dito o que eu disse. De achar um jeito de ter você de volta. Quando você acordou e não lembrou… eu me senti dilacerado, mas ao mesmo tempo, era uma segunda chance.
-Eu acho que a amnésia foi o jeito que minha mente achou para escapar de todos os problemas.
-Problemas que você não tinha antes de me conhecer.
Nós fitamos com rio de lembranças entre nós… tanta coisa perdida…
-Acha que ainda… há uma chance para nós? – indaguei num fio de voz.
-Você disse que sabia que estava grávida quando foi atrás de mim, que voltaríamos por isto, como tínhamos feito por Agnes. Mas Kris, eu ficaria com você de qualquer maneira, com bebê, ou sem bebê. Desde que fizemos aquele teste, eu não penso em outra coisa. Não tem mais ninguém pra mim. Eu esperei durante um ano para que visse isto e aceitasse o que era inevitável. Teria esperado agora também.
-Então porque disse que queria o divórcio?
-Porque eu achei que era o que você queria. Eu esperaria você mudar de idéia, claro. Eu sempre espero por você. – e ele sorriu aquele sorriso mais lindo do mundo.
E eu senti a vida voltando a mim lentamente.
-Amo você, acho que sempre amei, mesmo sem saber. Mesmo sem lembrar de você…
Eu escorrei por seu colo, seus lábios no meus cabelos, seus braços a minha volta.
E ficamos assim por um longo tempo. Era tudo o que eu queria agora. Tê-lo junto de mim, finalmente.
-Ainda quer o divórcio? – indaguei num fio de voz e ele riu, as mãos segurando meu rosto para encará-lo.
-Eu nunca quis. – E ele me beijou.
Eu fechei os olhos, e então Rob se afastou.
-Você estava fumando?
-Sim…
-Logo agora que eu parei, Kristen?
Eu ri, o beijando novamente, deitando com ele sobre o tapete. Ele rolou por cima de mim e eu o fitei.
-Valeu a pena esperar?
-Você sempre vale a pena.
E voltou a me beijar.
E nada mais foi dito. Não com palavras, pelo menos. Eu não sabia se daria certo daquela vez.
Nós ainda éramos as mesmas pessoas. Confusas e problemáticas. Ainda tínhamos nossas carreiras e todas aquelas pessoas a nossa volta.
Mas de uma coisa eu tinha certeza.
Eu era louca por ele e sabia que ele sempre estaria ali por mim.
Não importa o que acontecesse.
Íamos ficar juntos.
Era inevitável.
Era pra sempre.
*FIM*
wannn que lindooo fic perfeita ....
ResponderExcluir:') Q LINDO, Q HISTÓRIA M-A-R-A-V-I-L-O-H-O-S-A ta de PARABENS
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