18 março 2011

REMEMBER ME - CAPÍTULO 7

Boa noite pervinhas!Enquanto esperamos as entrevistas do nosso RobertDelícia, vamos nos distrair com mais um capítulo da FIC! Ótima leitura!


 Capítulo 7

Por um momento ficamos apenas nos olhando e foi como se o tempo tivesse parado e tudo mais deixado de existir a nossa volta.
Ele ia me beijar?

Eu quase podia sentir como se um imã o trouxesse para meu lado e uma força compulsória me mantivesse no lugar.

Se ele me beijasse de novo eu me lembraria? Eu podia tentar, não podia? Mas e depois?


Era estranho demais saber que existia uma intimidade entre nós que eu não me lembrava. Por que era como se não existisse. E eu senti aquele vazio horrível por dentro e desviei o olhar e me afastei.


-Podemos ver outro filme? – Indaguei tentando soar despreocupada e sem encará-lo.


Ele não respondeu por um tempo e eu arrisquei olhá-lo. E lá estava de novo. Aquele olhar. Que deixava meu peito apertado de uma dor desconhecida e estranha. Era uma espécie de culpa por não ser capaz de lembrar de nada que me ligasse a ele. Era triste.


Mas ele sorriu de lado, passando a mão pelo cabelo e se aproximou do DVD e eu achei ter imaginado aquele olhar miserável.


-O que quer ver?


Eu dei de ombros, me sentando.


-Não sei.


-Podemos ver o último tango em Paris.


-Não, não. – Eu falei irônica.


-Já vimos milhões de vezes, Kristen.


Ok, agora ele estava me provocando.


-Mas eu não lembro disto.


-Eu falei que se você não lembrasse iria fazer novas lembranças. – Agora ele ria abertamente e eu queria muito não estar vermelha. Porque era ridículo.


-Uma outra hora, por que não coloca algum outro filme meu. Estou curiosa pra ver minhas escolhas nestes anos.


-Você fez boas escolhas. Sempre faz. – Ele falou com uma ponta de orgulho e isto me deixou satisfeita.


Não porque ele parecia ter orgulho de mim, claro, mas porque eu tinha feito algo de produtivo com minha carreira.


Ele colocou um filme e sentou ao meu lado. Eu arregalei os olhos ao ver meu cabelo curto e preto.


-Meu cabelo! –eu exclamei e comecei a rir – Isto é peruca?


-Você não precisava cortar, mas cortou mesmo assim.


-Parece comigo fazer isto mesmo.


O filme era ótimo e eu realmente fiquei orgulhosa de mim mesma.


-Adorei! – Eu falei animada quando terminou. – Vamos ver outro. Quero ver um seu agora.


Ele riu, enquanto eu me levantava e começava a fuçar nos DVDs e achei um com seu nome.


-Remember Me. – Eu falei enquanto o colocava e sentei ao seu lado e vi a cara dele, coçando o cabelo.


-Que foi?


-Você não gosta deste filme.


-Não? Por quê?


-Não sei, nunca me disse.


-Bom, eu não me lembro mesmo.


Mas eu fiquei pensando enquanto assistíamos porque eu não gostaria daquele filme. Não era um filme ruim.


Era um drama água com açúcar o que podia dizer que nossas escolhas de trabalho eram bem diferentes, se comparando com o meu que acabamos de assistir. Mas não era ruim. Era triste.


E no final eu me vi chorando feito um bebê quando o personagem dele morreu. E pareceu natural quando Rob passou o braço a minha volta e eu me aconcheguei ali molhando sua camisa, enquanto tocava aquela musica triste e os créditos subiam.


-É por isto que eu não gosto deste filme? Por que é triste?


Ele riu.


-Talvez.


Eu levantei a cabeça e o fitei. Estávamos de frente, nossos rostos muito próximos. As respirações se misturando.


Ele segurava minha mão e eu fiz um movimento sutil para tirá-la, mas em vez disto, ele entrelaçou seus dedos no meu no ar entre nós.


-Eu senti falta de ter você assim, perto de mim.


Meu coração falhou uma batida para depois disparar no peito feito louco.


-Eu te amava? – Indaguei num sussurro.


-Como posso responder isto?


-Você não sabe? – Nossas vozes não passavam de murmúrios.


-Eu achava que sim.


-Mas não tem certeza? Como pode não ter certeza?


Mas ele não pôde responder, pois uma porta bateu.


-Deve ser Megan.


Eu me levantei rapidamente.


-Eu estou indo. Volto depois de amanhã. – Megan disse ao entrar na sala.


-Você não vem todo dia? – Indaguei meio preocupada. Era bom tê-la ali.


Era mais fácil do que ficar sozinha com Rob.


-Não é preciso.


-Entendi. – Respondi mordendo os lábios nervosamente.


Ela fez algo que me surpreendeu. Aproximou-se e tocou meus cabelos.


-Não se preocupe, está tudo dentro da sua cabeça.


-Eu não tenho tanta certeza.


-Apenas deixe elas saírem.


E se foi. Olhei em volta a procura de Rob, mas ele não estava mais ali. Era melhor.


O que deu na minha cabeça para indagar se eu o amava? Mas era natural que eu o amasse não é? E ele, será que me amava? Era uma boa pergunta.


Naquela noite nós jantamos a comida que Megan tinha deixado.


Eu queria perguntar mais coisas pra ele, mas era tanta coisa que eu nem sabia por onde começar. Então eu fiquei em silêncio, perdida em meus próprios pensamentos.


-O que quer fazer agora? – Ele perguntou depois.


-Podíamos ver mais um filme.


Ele riu.


-Não está cansada de ver filme?


Eu o fitei incrédula.


-Está brincando não é?


Rob apenas balançou a cabeça e nós voltamos para a sala.


-Mas desta vez nada nosso.


-Como quiser.


E desta vez eu sentei bem longe dele, enquanto assistíamos um filme qualquer. Claro que eu estava um pouco cansada de tanto ver filme. Mas pelo menos era um território seguro.


Comecei a me sentir sonolenta e acabei pegando no sono, pois acordei quando ele me pegava no colo e o sofá desapareceu debaixo de mim.


-O que…?


-Shi…


Eu me aconcheguei mais junto a ele, enquanto subíamos a escadas e Rob me colocava na cama e me cobria.


Ele apagou a luz e saiu do quarto, fechando a porta silenciosamente atrás de si. E na minha sonolência, não pude entender o instinto de chamá-lo de volta. Porque não era natural ele estar saindo do meu quarto. Da onde vinha aquele pensamento? Eu não consegui continuar pensando. E naquela noite eu não sonhei. No dia seguinte, eu acordei e desci as escadas.


Ele ria ao telefone, enquanto rabiscava num papel distraído quando me viu. E então ficou sério, murmurou algumas palavras e desligou.


-Bom dia!


-Bom dia. – Eu reprimi a vontade de perguntar com quem ele estava falando.


-Está com fome?


-Um pouco.


-Vou fazer café pra você.


-Você é sempre assim tão… prestativo, ou é porque eu estou, digamos, convalescendo?


-Tente se lembrar. – Ele respondeu sorrindo e se afastou pra cozinha.


Eu abri a boca pra contestar, mas acabei rindo. E entrei no escritório, curiosa. O roteiro estava ali e eu me lembrei que queria falar com ele sobre a história. Então meus olhos recaíram sobre o papel onde ele rabiscava. E ali se vi uma letra N.


N? N do que?


Eu peguei o roteiro e o segui.


-Adorei.


-O que? – Indagou distraído.


-O roteiro.


Ele sorriu enquanto fazia alguma coisa no fogão.


-Foi o que disse quando leu a primeira vez.


-Como isto foi parar na sua mão?


-Acho que já viu que é da sua mãe.


-Eu vi.


Ele deu de ombros.


-O resto é história. – Ele colocou uma xícara nas minhas mãos e sentou a minha frente.


-Sabe que está sendo muito evasivo comigo, não sabe? – Indaguei meio impaciente.


-O que quer saber?


Eu o fitei irritada.


-O que eu quero saber? Tudo, oras! Você fica prometendo me ajudar, mas quando eu pergunto fica com estas meias respostas e este sorriso torto no rosto.


Ele sorriu.


-Tá vendo… tá fazendo de novo! Está me distraindo pra que eu não pergunte mais.


-Eu te distraio?


-Ah!


Tarde demais eu percebi o que tinha dito. Mas que se danasse mesmo.


-Você deve saber que sim, já que deve fazer isto há sete anos!


Ele passou a mão pelos cabelos, rindo. Deus, era irritante e era… Irresistível.


Como é que ele fazia isto?


Eu apertei minhas mãos na xícara que segurava com força, tentando conter aquela quase necessidade de passar eu mesma os dedos no seu cabelo bagunçado.


E respirei fundo, desviando o olhar.


-Tudo bem. – Ele disse por fim.


-Tudo bem o que? – Eu ainda estava meio irritada.


-Eu posso te dar algumas respostas.


Eu mordi os lábios, subitamente nervosa.


Alguma coisa na minha mente me deixou estranhamente com medo. Como se eu não quisesse saber. Seria possível?


Eu tinha que saber. Tudo o que eu queria era lembrar. Me lembrar dele.


E da vida que tínhamos juntos. Então eu deixei de lado aqueles medos infundados e sorri devagar.


-Quando nos casamos?


-Março de 2010.


-Dois anos depois que nos conhecemos? Não é tanto tempo.


-E quanto tempo ficamos juntos antes…?


-Oficialmente? – ele riu.


Eu dei de ombros.


-Teve extra oficialmente?


-Digamos que sim.


-Ah… Oregon. Você me disse algo ontem sobre andarmos em círculo no Oregon. O que quis dizer?


-O que acha que eu quis dizer?


Eu sustentei seu olhar. O que ele estava fazendo? Queria que eu especulasse? Ou que eu me lembrasse? Bem, ele teria que se contentar com as especulações.


-Acho que você me seduziu… a pobre menina inocente de 17 anos…


Ele riu e eu ri também.


-Você não era inocente Kris.


-Então como foi, se não foi assim? Eu seduzi você, foi isto?


Eu fiquei extremamente curiosa. Seria isto? Será que fui eu que fui atrás dele? Mesmo tento um namorado? Eu me senti mal de repente e fiquei séria.


-Eu fiz isto? Eu traí o Michael, não é?


Era estranho, porque já tinham se passado sete anos, mas eu sentia como algo recente. Michael ainda era recente pra mim. E pensar que eu o traíra fazia com que eu me sentisse muito mal.


-Não se culpe, Kristen. – Rob falou sério.


-Oh meu Deus. Foi assim então? Eu fui uma… vadia?!


Ele riu de novo.


-Não colocaria nestes termos.


-E colocaria em quais?Alguém que namora há quase 3 anos e se joga em cima do seu colega de elenco?


-Eu chamo de amor. – Ele falou simplesmente, com aquele sorriso de lado, lindo e irritante.


Eu engoli em seco. O fôlego preso na garganta. Amor. Eu achava que amor eu sentia pelo Michael.


Mas será que ele estava certo? De repente meus pensamentos se voltaram para meu ex- namorado. Para o tipo de relacionamento que tínhamos. Eu gostava dele, claro.


Ele era meu melhor amigo. E então me veio o estalo. Era isto. Eu o fitei.


-Se eu me apaixonei por você… por que não larguei o Michael imediatamente?


-Isto só você sabe.


-Oh… E quando foi que eu… mudei de idéia?


-Um ano depois.


-E foi… simples assim?


-Simples? – Ele coçou o cabelo. – Não foi nada que se possa chamar de simples.


-Mas nós ficamos juntos mesmo assim.


-Não tinha outra saída para nós.


-E eu troquei de namorado. – Era uma afirmação.


-Sim. – Ele riu.


-Eu queria saber… – Respirei fundo. – Como ele assimilou tudo isto.


O sorriso de Rob desapareceu.


-Lidou muito bem, não se preocupe com isto.


-Ele era meu amigo, me diga, por favor, que eu não fui uma vaca e nem me importei em como ele se sentia. Porque ficarei bem decepcionada comigo mesma!


-Não. Você se preocupou sim. – Ele respondeu irônico e eu me perguntei se o meu relacionamento com Michael irritava ele ainda.


Me lembrei das palavras de Michael lá em Londres, algo sobre Rob não gostar de me ver ali conversando com ele.


-Você tem… ciúmes do Michael? – Não consegui deixar de perguntar.


-Você acha que eu deveria ter algum ciúmes dele?


Eu o fitei incrédula.


-O que está dizendo? O que está insinuando?


Rob desviou o olhar, tenso e parecia que só agora ele tinha percebido o que tinha perguntado.


-Talvez eu devesse te fazer esta pergunta? Porque a pessoa com amnésia aqui sou eu. Não faço idéia do que o Michael significa, se é que ainda significa alguma coisa, depois de quase sete anos fora da minha vida.


-Ele não está fora da sua vida.


-Nós somos amigos então?


-São sim.


-Eu gostei disto. De saber que ainda somos amigos. – Murmurei e Rob ficou ainda mais tenso.


Certo. Ele não precisava responder a pergunta sobre o ciúmes. Ele tinha sim.


Eu queria pegar sua mão, que mexia tão febrilmente nos cabelos e dizer que não havia nada pra se preocupar. Mas como eu podia fazer isto se não sabia? Uma vez eu havia traído Michael com ele. Será que eu seria capaz de fazer o inverso?


Eu não queria nem pensar nisto. Então desviei o foco da conversa.


-Como foi nosso casamento? Foi… tradicional? Ou nós fugimos para Vegas ou algo assim?


Ele voltou a rir menos tenso e eu quase respirei aliviada.


-Não fugimos para Vegas.


-Eu queria… me lembrar de como foi… é estranho demais, nunca pensei em mim mesma me casando…


Ele se levantou.


-Vem comigo.


Eu o segui de novo para o tal escritório e ele tirou uma caixa de um armário.


-O que é isto?


-Abra.


Eu abri e prendi a respiração. Eram fotos. Fotos nossas. Fotos minhas vestida de noiva.


Eu sentia como se tivesse num episódio de além da imaginação, ao me encostar na mesa e pegar aquelas fotos…


O vestido, eu tinha que dizer, era bonito. Simples e bonito.


Meus cabelos estavam soltos, mais curtos, mas não tão curtos como naquele filme nem tão escuros. Estavam no ombro, como naquela foto no quarto.


Eu não usava nada sobre ele e nenhuma jóia. O que não era uma novidade, já que eu não gostava mesmo, tirando os anéis.


Eu olhei para minha mão. Não havia nenhum ali.


Mas devia ter pelo menos um. Eu levantei a cabeça e o fitei.


-Eu não deveria usar uma aliança?


Ele sorriu.


-Tiveram que tirar… no dia do acidente…


-Onde ela está agora?


-Em Londres.


-Ah… e você não usa uma também?


Eu peguei sua mão, curiosa e lá estava. Como eu não tinha reparado ainda. Ele usava mesmo uma aliança simples. Passei o dedo sobre o metal dourado distraída e depois voltei à atenção para as fotos.


Agora estávamos juntos. Mas não eram fotos oficiais. Era como se nós mesmo estivéssemos tirando. Nós sorríamos. Muito. Eu senti um nó na garganta.


-A gente parece… feliz. – Murmurei e sem poder mais ver aquilo, eu coloquei tudo dentro da caixa e larguei num canto, me levantando.


-Acho que por hora basta de… respostas.


-Kris... você está bem?


Eu tentei sorrir, mas saiu forçado.


-Não muito. Mas vou ficar. Eu só preciso… assimilar tudo isto.


E me afastei para a praia sem olhar para trás. Ele não foi atrás de mim. E eu nem sei quanto tempo fiquei sentada na areia olhando o mar.


Como uma hora podia estar tudo bem. No meu carro, indo para um teste. Com 17 anos. Minha família. Meu namorado. E no outro não havia mais normalidade.


Apenas um estranho de cabelos bagunçados e sorriso irresistível que se transformara no centro de tudo. De tudo que eu nem sequer lembrava. Não. Eu me lembrara de algo. Fechei os olhos. As imagens dançando na minha mente.


E me deitei sobre a areia fina, deixando aquelas lembranças únicas, e fugidias dominarem minha mente. Revivendo o calor na minha pele causado pelo sol e pela suas mãos em mim.


O gosto da pele dele na minha língua, a voz rouca em meu ouvido, o toque firme e ao mesmo tempo suave de seus dedos contra meus seios… E então a imagem foi mudando.


Não estávamos mais na varanda ensolarada e eu não mais estava no seu colo.


Ao invés disto eu sentia a areia pinicar minhas costas e o peso do seu corpo sobre mim. Os lábios estavam sobre os meus, num beijo quente, molhado, intenso. Suas mãos retiravam minhas roupas com uma certa impaciência. Eram roupas demais. Roupas de frio.


Eu abri os olhos e o céu nublado estava sobre mim e um vento frio ondulava as ondas na praia. Mas eu não estava com frio. Eu estava queimando, em cada parte que suas mãos tocavam.


As mãos foram substituídas pelos lábios e eu gemi alto, me contorcendo sob suas caricias. A língua quente e úmida contornou meu umbigo e desceu mais um pouco. Eu tremi em antecipação e então tudo desapareceu.


Eu me sentei trêmula e ofegante. Olhando em volta para me certificar que estava mesmo sozinha.


Que estava mesmo… o que? O que fora aquilo? Eu estava imaginando? Tendo fantasias em cima das lembranças do sonho?


Ou esta era mais uma lembrança perdida dentro da minha mente obscura?


Eu me levantei e corri para a casa. Só havia uma pessoa que podia responder.


Continua…

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