09 março 2011

REMEMBER ME - CAPÍTULO 3

Boa noite pervinhas! Trago para vocês mais um capítulo da FIC!Espero que estejam gostando.
Ótima leitura!

 Capítulo 3


“Mas ninguém nunca falou na escuridão

Nenhuma voz alguma vez adicionou combustível ao fogo

Nenhuma luz alguma vez brilhou na entrada

Fundo no vazio dos desejos terrestres”

Sarah Mclachlan


Mas quando eu acordei, ele não estava mais ali.

Uma outra enfermeira sorridente apareceu e abriu as cortinas do quarto que eu estava.

O dia estava chuvoso e frio. Inglaterra, pensei com desgosto. Ainda queria saber o que eu estava fazendo ali. Mais uma pergunta para quando Robert aparecesse.


De repente fiquei com medo que ele não voltasse e isto me deixou com um certo pavor.


Eu podia não me lembrar dele, mas atualmente ele era a única pessoa que podia me ajudar. Era só por isto que eu estava sentindo aquele vazio ao pensar que ele poderia não mais voltar. Mas nós tinhamos “algo”.


Ele mesmo tinha dito. Eu mordi os lábios, curiosa. Será que eu me lembraria?


O mesmo médico entrou e me examinou e me fez várias perguntas.


-Ainda nada não é? – indaguei irritada.


-Precisa ter paciência e não fica ansiosa.


-Como se fosse fácil – resmunguei e pra minha exasperação o médico riu ao sair do quarto.


A enfermeira entrou no quarto novamente.


-Será que eu poderia colocar alguma roupa e sair desta cama? – perguntei de mau humor – estou cansada de ficar aqui.


Ela sorriu.


-Sim, acho que posso ajudá-la.


Minutos depois ela apareceu com uma mala com algumas coisas e eu sinceramente não me lembrava de nada daquilo.


Sim, pareciam as roupas que eu usava. Mas não eram as mesmas, definitivamente.


Claro que eu não teria as mesmas roupas de sete anos atrás, pensei irônica, fazendo uma careta de dor, enquanto ela me ajudava a vesti-las. E depois me deu um espelho.


-Talvez queira arrumar os cabelos.


Oh. Eu nunca fui muito ligada em aparência nem nada disto, mas estava meio ansiosa quando peguei o espelho e dei um suspiro de alívio ao ver que eu não tinha mudado absolutamente nada. Até meus cabelos continuavam os mesmos, talvez um pouco mais cumpridos.


-Não mudei nada. – murmurei como se pra mim mesma


-Não mesmo.


Eu levantei a cabeça assustada ao ouvir voz inconfundível. Rob me ficava com um sorriso contido. Eu fiquei vermelha


-Oi. – Falei meio aparlermada, dando o espelho para a enfermeira.


-Oi Kris.


-Onde estava? – oh droga, eu estava mesmo o questionando? Da onde saíra aquilo?


-Precisava resolver umas coisas, mas planejava estar aqui quando você acordasse.


-Claro que sim. Deve ter uma vida! Não precisa ficar me pajeando 24 horas por dia!


Ele não respondeu.


-Vejo que encontrou suas roupas.


-Sim, embora não pareça minhas roupas.


A enfermeira aproximou-se.


-Você disse que gostaria de sair da cama.


-Eu queria mesmo. Me sinto uma inválida deitada aqui.


A enfermeira se posicionou para me ajudar, mas Rob a dispensou.


-Deixe que eu a ajudo.


Rob me pegou no colo e meu rosto ficou a centímetros do dele. Ele tinha olhos verdadeiramente lindos. Eu passei o braço em volta do seu pescoço, para minha surpresa, apreciando aquele contato.


Era tão… natural. Quase fácil demais, ficar ali, fitando seu rosto tão próximo do meu, seus braço em volta de mim e de repente eu senti um calor repentino se espalhando por meu corpo e uma fraqueza quase absurda. Mas durou muito pouco, ele me colocou no sofá e eu voltei a sentir frio.


Estremeci.


-Está com frio?


Eu sacudi a cabeça afirmativamente.


-Não estou acostumada com o frio da Inglaterra – acho… – completei e então perguntei – há quanto tempo estou aqui?


-Tempo suficiente para continuar reclamando.


Eu mordi os lábios, minha mente cheia de perguntas sem respostas.


-Preciso te fazer algumas perguntas.


-Se eu puder responder.


-Como assim “se puder responder”?


-Eu conversei com o médico, e ele acha que você ainda está bastante confusa e quanto menos souber por agora melhor será.


-Isto é ridículo! Eu preciso saber!


-Você precisa lembrar.


-Quer dizer que ficarei no escuro até que me lembre, é isto?


-Não, eu ajudarei você a lembrar.


Eu bufei, mas tente me controlar.


-Certo. Então vamos ver o que pode me responder.


-Pergunte.


-Por acaso nós temos mesmo algum tipo de… – eu sabia que estava ficando vermelha e me senti ridícula, mas eu tinha que perguntar – relacionamento amoroso? Eu sei que já perguntei isto ontem, mas acho que ainda não me acostumei com a idéia.


Mas ele não respondeu de pronto. Ele fitou o chão por alguns minutos, o rosto pensativo e então me encarou muito sério.


-Como você se sente sobre isto?


Eu dei de ombros.


-Muito estranha. Eu não conheço você. Na minha mente eu ainda estou namorando outra pessoa - murmurei me lembrando de Michael.


O que teria acontecido com ele nestes sete anos? Há quanto tempo não estávamos mais juntos? Quando foi que eu troquei ele por este cara na minha frente?


Se é que eu tinha pulado de um pra outro. Poderia ter vários outros caras no meio desta história. Este pensamento me perturbou e eu sacudi a cabeça pra afastá-lo, já bastava ter que lidar com Robert. Não dava pra lidar no momento com mais gente desconhecida.


Eu queria perguntar para ele sobre Michael, mas me calei.


Ele estava bem sério me fitando, daquele jeito que parecia estar com o peso do mundo nas costas.


-Como nos conhecemos?


-Num teste.


Eu franzi o cenho


-O teste! A última coisa que eu me lembro era estar dirigindo para um teste! Um filme de vampiros… nós nos conhecemos neste dia?


-Sim.


-Oh… E nós… Bem, eu me lembro que eu realmente tinha um namorado. Então como foi que… isto – eu fiz um gesto abrangendo nós dois – aconteceu?


Ele não respondeu.


-Oh, pergunta proibida? Você não está ajudando muito!


-Eu vou responder suas perguntas, se você não se lembrar.


-E qual é o meu prazo?


-Até sair do hospital.


-Quando vou sair daqui? – indaguei esperançosa.


-Talvez alguns dias.


-Ainda bem. – murmurei


De repente um celular tocou. Ele pegou do bolso e franziu a testa.


-Me desculpe, preciso atender. – falou, saindo do quarto e eu mordi a língua, louca de vontade de perguntar quem era.


Mas ele voltou rapidamente. Parecia… tenso


-Eu preciso ir.


-Claro. – Falei tentando parecer despreocupada.


Tentando refrear a vontade de implorar pra ele ficar.


Eu não me lembrava de ser tão carente antes. Será que eu era assim agora, ou era apenas por causa da situação que vivia?


-Você ficará bem?


Eu dei de ombros


-Tão bem quanto uma pessoa que não lembra de nada pode ficar. – respondi irônica.


-Eu voltarei à noite.


-Não precisa. – respondi seca.


-Kristen. – Ele passou a mão pelos cabelos.


-É sério, Rob. Não precisa ficar aqui me vigiando. Eu ficarei bem. Tentando forçar a minha mente lembrar onde você se encaixa na minha vida, já que não quer me dizer!


-Certo. – ele olhou o relógio – Eu voltarei amanhã, tenho mesmo que gravar…


-Está gravando um filme? – indaguei curiosa


-Sim. Agora eu preciso mesmo ir.


E sem aviso, ele se inclinou e beijou minha testa. Foi rápido e inesperado.


E eu fechei os olhos na fração de segundos que durou o contato de seus lábios contra minha pele e quando abri, ele já tinha desaparecido.


Eu suspirei, confusa. A vida era mesmo uma droga.


Naquela noite, ele realmente não apareceu e sozinha, eu me perguntava se não tinha sido precipitada em dispensá-lo.


Meu pai me ligou e eu fiquei feliz de ouvir sua voz.


Mas ele foi tão reticente quanto minha mãe e irritada, eu desliguei e pedi que não me ligassem mais, enquanto ficassem com aquela história de “confie no Rob”


Rob voltou na manhã seguinte e por mais que eu pedisse que ele conversasse comigo, ele se negava.


Então, eu o mandei embora e pedi também que não se desse ao trabalho de voltar.


-Kristen, não seja infantil.


-Eu posso ser infantil! Na minha cabeça eu tenho 17 anos e então posso muito bem agir assim! – gritei, sabendo mesmo que estava sendo ridícula, mas frustrada demais com os buracos na minha mente para agir de outra maneira.


-Tudo bem. Você está nervosa. Amanhã nós conversaremos.


Eu não respondi e ele se foi.


Naquele dia eu chorei pela primeira vez. Sentindo-me péssima por toda aquela confusão da minha mente. Como prometido, no dia seguinte, Rob voltou. E eu o tratei friamente e ele não falou nada.


Apenas ficou no quarto, me observando enquanto eu lia um livro, que a enfermeira tinha me arranjado, depois que eu pedi que ela me trouxesse alguma coisa pra me distrair antes que eu ficasse louca.


Depois, acho que ele se cansou e foi embora. Eu levantei o olhar do livro e suspirei tristemente. Nos dias que se seguiram, aconteceu a mesma coisa.


Ele aparecia, eu o tratava como se não o conhecesse, e não conhecia mesmo, pensei irônica, e ele se cansava e partia.


Ao final de uma semana, eu já me sentia muito melhor e comecei a ficar ansiosa para ir embora. Voltar pra LA. Voltar pra minha vida. Embora isto me deixasse um pouco apreensiva.


Pra que vida eu voltaria? Eu não sabia.


Mas pelo menos eu podia insistir que minha família me contasse o que tinha acontecido comigo em sete anos.


Porque eu ainda não me lembrava de absolutamente nada. E cada dia que passava mais angustiada eu ficava.


Coloquei o livro que tentava ler de lado e me levantei, agora eu já podia me locomover sozinha sem sentir que ia desmaiar ou sentir muita dor. Ainda me sentia meio estranha, mas tudo bem.


Caminhei pelo quarto e me sentindo confinada, saí para o corredor.


E se eu saísse do hospital, alguém me barraria?


Eu quase fiz isto, mas eu iria pra onde? Nem sabia onde estava minha bolsa, documentos… Então eu parei.


Claro, como eu era idiota. Porque eu não perguntara antes? Eu devia ter uma bolsa. E eu podia fuçar e ver se descobria alguma coisa.


Estava voltando para o quarto para chamar a enfermeira, quando vi um jornal em cima de um banco. Eu peguei curiosa.


Melhor me atualizar. Afinal, estava sete anos atrasada.


Voltei para o quarto, folheando o jornal e então uma foto me chamou a atenção e eu parei, sentindo uma vertigem.


Michael. Michael estava no jornal. Eu li rapidamente a matéria.


Não falava muita coisa, na verdade era só uma nota.


Dizia que ele estava gravando um filme ali na Inglaterra.


Inglaterra!


Michael estava ali. E não em Los Angeles!


De repente uma idéia me ocorreu.


Eu entrei no táxi me sentindo meio insegura do que estava fazendo.


Mas pela primeira vez, desde o dia em que eu acordara naquele hospital, eu sentia que podia haver uma saída.


Michael era uma pessoa do meu passado. O passado que pra mim não estava há sete anos, e sim a poucos dias de distância. E agora eu ia falar com ele.


Assim que eu tomei a decisão de ir vê-lo, chamei a enfermeira e pedi que ela trouxesse a minha bolsa. Ela parecera meio insegura quando saiu do quarto, mas depois de alguns minutos retornou com uma pequena bolsa preta.


Eu joguei tudo em cima da cama, ansiosa, mas não havia nada demais.


Um bolo de chaves, onde constava a chave de um carro.


Uma carteira com minha identidade apenas e algum dinheiro.


Merda. Eu nunca fora de andar com a bolsa cheia de quinquilharia como muitas mulheres e agora isto se voltava contra mim!


Mas aquilo bastava.


Peguei o telefone e liguei para o estúdio que estava informando no jornal.


Me perguntei se eles me diriam onde era a gravação. Será que meu nome ainda valia alguma coisa?


Tudo bem que eu não era assim tão conhecida, mas quem trabalhava com cinema com certeza conhecia.


E suspirei aliviada quando eles me informaram o local que estava ocorrendo à gravação.


Eu peguei a bolsa e saí do quarto e pra minha sorte, ninguém me barrou até que eu chegasse à rua e pegasse o táxi.


-Onde vamos?


Eu dei o endereço e fiquei olhando as ruas movimentadas pelas quais passávamos, torcendo a mão nervosamente.


O carro parou.


-É aqui.


-Obrigada.


Eu desci e reparei na movimentação na rua, onde alguns trailers estavam estacionados.


Eu caminhei resoluta, indiferente ao vento frio que me cortava o rosto.


Algumas pessoas me olhavam, mas eu não me importei com isto.


-Por favor, onde posso encontrar Michael Angarano? – indaguei a uma moça com um crachá.


Ela sorriu ao me ver.


-Olá, Kristen, não esperava vê-la por aqui.


Eu franzi o rosto.


-Nos conhecemos?


Ela riu meio sem graça.


-Não, mas quem não te conhece!


Eu forcei um sorriso.


-Certo. Pode me dizer onde o Michael esta?


-Claro.


Ela me indicou o caminho e eu segui. E lá estava ele. Fumava um cigarro enquanto lia o que parecia um roteiro. -Oi Michael.


Ele se virou e pareceu surpreso ao me ver.


-Kristen?


-Oi. – eu me aproximei


Tentando lembrar que aquele ali não era mais meu namorado. Não que eu tivesse algum impulso de me agarrar a ele ou algo assim. Na verdade, a gente não tinha um relacionamento muito pegajoso, digamos assim. Mas aquele era o cara que eu conhecia desde sempre.


-O que esta fazendo aqui?


Eu dei de ombros.


-Preciso conversar com você.


-Não acho uma boa idéia Kris.


-Olha, Mike, sei que faz sete anos, mas aconteceram algumas coisa, eu sofri este acidente e…


-Eu sei. Você está bem?


-Você sabia?


Eu tentei conter a mágoa por ele saber que eu estava hospitalizada e nem fora me ver.


-Sim, sabia.


-E nem foi me visitar.


Ele deu um riso nervoso.


-Me disseram que você estava bem, e você sabe que não era boa idéia.


-Sei? Olha Michael, você precisa saber de uma coisa. Sei que deve estar ocupado agora, mas eu preciso mesmo, muito, conversar com você, eu não me lembro… Droga! Será que a gente podia conversar com calma quando terminar aqui, por favor?


-Eu não sei… Eu não quero mais problemas, da última vez que esteve aqui… você sabe o que aconteceu. O Rob pode não gostar de vê-la aqui.


-Rob? – um alarme soou na minha mente.


-Quem mais? Seu marido parece não gostar muito que converse comigo.


Eu senti uma vertigem me cegando e tive que me segurar no muro mais próximo para não cair.


-Marido? – sussurrei horrorizada.


Como assim “marido”?


Ele estava querendo dizer que eu era casada com aquele inglês que mal conhecia?


Eu comecei a sentir que realmente podia desmaiar.


-Kristen?


Eu ouvi a voz de sotaque inglês atrás de mim e me virei, ainda tonta, ele tinha o semblante grave, mas de repente mudou para preocupado


– Você está bem?


-Não… – e tudo girou ao meu redor.


E a última coisa que eu me lembro antes de desmaiar era de braços protetores me apoiando para que eu não fosse ao chão.


Continua…

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