Remember Me
Capítulo 1
“Por favor lembre, por favor lembre
Eu estava lá pra você e você pra mim
Por favor lembre nosso tempo junto
O tempo era seu e meu
E nós éramos loucos e livres
Por favor lembre, por favor lembre de mim”
LeAnn Rimes
Escuridão.
Por que tudo estava tão escuro?
Abri os olhos e por um instante pontos negros contrastaram com a luz muito brilhante.
Pisquei, desorientada, lutando contra a dor na têmpora que aquela luz me causava.
Me movi, e tudo doeu. Serrei as pálpebras com força gemendo e de repente ouvi uma movimentação ao meu redor.
Voltei a abrir os olhos e desta vez consegui focalizar além da luz forte. Um teto branco e limpo.
Virei a cabeça, ainda sentindo as leves pontadas e paredes brancas me cercavam.
Respirei fundo e senti o cheiro de éter inconfundível de um hospital.
Hospital. O que eu estava fazendo em um hospital?
-Kristen?
Eu olhei em direção a voz desconhecida, mas não consegui ver. Mais passos e desta vez um homem de jaleco se aproximou.
-Como se sente? – ele colocou uma lanterna nos meus olhos e eu gemi, virando a cabeça.
-O que… – minha voz saiu pastosa e grossa, como se eu não a usasse há muito tempo e minha garganta queimou, mas eu forcei a fala – onde estou?
-Num Hospital.
-Por quê? – murmurei confusa.
Franzi o cenho, tentando me lembrar… O que teria acontecido para eu estar num hospital?
-Não se lembra? – ele continua a me examinar, passando um negócio gelado por meu pé e eu encolhi a perna e me surpreendi com a dor de novo. Eu me sentia como se tivesse levado uma surra.
-Kristen, preciso que me diga o que se lembra.
Eu fechei os olhos e puxei minha memória. Vazia…
Comecei a ficar seriamente perturbada. Mas eu sabia que meu nome era Kristen Stewart. Morava em Los Angeles com meus pais. E era atriz. E a última coisa que me lembrava…
-Um filme. Eu estava viajando de carro para fazer um teste… estava chovendo…
Eu gemi, a dor de cabeça se intensificando enquanto eu tentava lembrar de mais coisas, mas não conseguia.
-Eu sofri um acidente? – indaguei começando a entender
-Sim, sofreu.
-Fuck – eu gemi irritada
Isto quer dizer que eu estava terrivelmente atrasada.
-Eu tenho que ir – balbuciei tentando levantar, mas minha cabeça rodopiou e eu caí de novo, ao mesmo tempo em que o médico me pressionava contra a cama – eu tenho que trabalhar…
-Não se mova. Seus ferimentos externos não foram graves, mas ainda esta bastante dolorida e com algumas contusões.
-A quanto… quanto tempo estou aqui?
-2 semanas.
-O que? – eu gritei. Eu era pra ser um grito, mas não passou de um sussurro engasgado.
-Não fique agitada. Vou fazer algumas perguntas, pode me responder?
-Onde está minha família? Eles devem estar loucos…
-Não se preocupe com isto. Ele esta aí fora.
-Michael? – indaguei, pensando que meu namorado também devia estar preocupado.
O médico pareceu confuso.
-Apenas responda a estas perguntas.
Ele começou a perguntar sobre meu nome, meu trabalho, meu endereço.
E eu comecei a ficar impaciente.
-Para onde estava indo quando sofreu o acidente?
-Um teste para um filme… Eu tinha que estar lá, senão… oh droga, deve estar tudo atrasado, por minha culpa…
O médico me fitava com um olhar preocupado.
-Kristen. Em que ano nós estamos?
Oh Deus. O que aquele imbecil estava pensando?
Que eu era uma louca ou algo assim?
-2007 – falei sem pestanejar.
Ele ficou em silêncio por alguns instantes, depois retirou o óculos e limpou o suor da testa e então escreveu algo em sua prancheta.
-Quando eu vou poder sair daqui? – indaguei impaciente
-Ainda teremos que fazer alguns exames e…
De repente à porta do quarto de abriu e alguém entrou
-Kristen! – a voz desconhecida tinha um tom ao mesmo tempo preocupado e aliviado.
Os passos se aproximaram da cama e eu o vi.
Ele me fitava com um olhar que condizia com sua voz. Alívio e preocupação toldavam os olhos verdes e seu rosto cansado tinha uma barba por fazer de dias, talvez, eu calculei.
Os cabelos estavam bagunçados como se tivessem sido castigados por dedos impacientes e sua roupa amarrotada parecia que não era trocada há dias. E ele me olhava como se me conhecesse. E me chamara pelo nome, mas…
-Quem é você?
Ele riu. Era um riso grave e bonito. Mesmo estando contundida e confusa eu tive que reconhecer. Ele era bonito.
-Kristen? – ele estendeu a mão para tocar a minha, mas eu a puxei, assustada, encarando o médico que suspirou tocando o braço do estranho.
-Eu preciso falar com você. É melhor deixá-la descansar
-Mas… ela está bem? – o estranho indagou ao médico agora me fitando sem mais o olhar de alívio.
Agora era pura preocupação.
-Lá fora.
O estranho parecia que não ia ceder. Passou os dedos pelos cabelos, exasperado e então, lançando-me um último olhar preocupado, ele seguiu o médico. Assim que eles saíram, eu me senti estranhamente só.
E ao mesmo tempo aliviada.
Quem era aquele cara? Eu devia conhecê-lo? Claro que não.
Nunca o tinha visto na vida. Fechei os olhos, sentindo-me impaciente e aflita.
Precisava ver um rosto conhecido. Qualquer um servia. Minha mãe, Michael, quem quer que fosse.
Alguém pra me explicar o que diabos estava acontecendo. Apesar de toda impaciência, acho que eu dormi.
Quando acordei o quarto estava numa suave penumbra e então alguém se movimentou do meu lado.
-Kris?
Eu reconheci desta vez. Era ele. O estranho de cabelos bagunçados. O que ele estava fazendo ali ainda?
Eu gemi.
-Está sentindo dor? Vou chamar o médico…
-Não… Eu só… Será que poderia dizer quem é você?
Ele aproximou-se da cama. Era alto. E parecia maior ainda parado ali, enquanto eu permanecia indefesa. Quase ri deste pensamento.
-Você realmente... não se lembra? – havia dor na sua voz? Ou era impressão minha?
-Me lembro do que?
-O médico me disse que você não se lembrava.
-Do que eu tenho que me lembrar?
-De tudo. De mim.
Oh Deus. Será que havia alguma ala psiquiátrica no hospital e ele tinha fugido de lá?
-Olha, não sei quem é você, ou o que está fazendo aqui, mas parece uma boa idéia chamar o médico agora… ou melhor, deve ter alguém da minha família aqui ou o Michael…
-Sua família não está aqui Kristen… nem o … Michael.
-Por que não? O médico disse que estou aqui há duas semanas
-Sim, está.
-Eles não sabem que eu acordei? É isto?
-Kristen, me escuta. Você precisa entender… as coisas que se lembra, ou melhor, que não se lembra…
Eu comecei a ficar verdadeiramente irritada.
-Escuta você… será que pode me deixar em paz? Chama o médico, por favor…
-Kristen – ele tentou tocar minha testa e eu dei um tapa na sua mão.
-Não põe a mão em mim!
Ele parecia irritado agora também. Mais que isto. Ele parecia estar sofrendo. E algo dentro de mim se agitou. Culpa?
Eu nem o conhecia, caramba! Respirei fundo, tentando me acalmar.
-Olha, me desculpa. Não queria ser rude, mas ás vezes eu sou assim mesmo.
Ele riu, para o meu assombro.
-Eu sei.
Eu o fitei. Talvez se conversasse com ele educadamente, ele me deixasse em paz. Seja lá quem fosse.
-Qual seu nome?
-Robert…
-Certo. Robert. – o nome não me dizia nada – será que poderia chamar o médico pra mim?
-Sim, eu irei. Mas antes, precisamos conversar. Quero ter certeza… do quanto você não se lembra.
Eu revirei os olhos impaciente. De novo aquela história
-Porque insiste nisto?
-Porque você realmente esqueceu.
-Esqueci do que?
Ele respirou fundo.
-Kristen. Se eu te dissesse que esta não é a primeira vez que nos vimos?
-Eu diria que você é maluco, Eu nunca te vi antes.
-Mas nós nos vimos.
Eu ri.
-É alguma piada? Algum tipo de pegadinha? É isto? E algum daqueles programas idiotas da tv?
-Quem dera que fosse.
-Certo. Então segundo você, nós nos conhecemos?
-Sim!
-E porque eu não me lembro de você?
-Porque, segundo o médico, esta com alguma espécie de amnésia.
Eu ri. Mas ele permaneceu sério.
-Esta brincando não é?
-Não Kris.
-Isto não pode ser verdade!
Droga, eu não poderia estar acreditando nele. Era surreal demais.
-Kris, quando o médico perguntou em que ano estávamos você respondeu…
-2007.
-Kristen, nós não estamos em 2007.
-Ah não?
-Não!
-Certo, em que anos nós estamos então?
-Já se passaram 7 anos Kris.
Eu ri de novo. Ele era mesmo maluco. Mas ele ficou sério e se levantando pegou um jornal esquecido em cima de uma mesa e me deu
Eu olhei a data. E senti uma vertigem. Não pode ser. Não pode ser. Eu fitei, empalidecendo
-Mas como…
-Kristen. Você esqueceu sete anos da sua vida.
Eu engoli em seco. Começando a acreditar em tudo aquilo. Por mais bizarro que fosse.
Sete anos. Sete anos.
-Eu não estava indo fazer o teste…
-Não. Você estava dirigindo, mas não era o teste.
-O que aconteceu?
-Você bateu o carro.
-E fiquei em coma.
-Duas semanas.
Eu fechei os olhos com força, tentando conter o nó na minha garganta e o apavoramento que ameaçava me engolfar.
E quando o abri, eu o encarei.
-Nós realmente nos conhecemos não é?
-Sim, Kris.
-Há quanto tempo?
-Sete anos.
-Sete anos…
Eu o conhecia há sete anos e não me lembrava. Era simplesmente surreal demais para mim.
-E o que… você significa… pra mim? – sussurrei, como se para mim mesma.
Mas dentro de mim era só o vazio. Não havia resposta.
-Isto teremos que descobrir – ele disse suavemente.
E eu me senti de novo sendo tragada pela escuridão.
Continua...
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Ameeei!! demais!! Viciei!!
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