O jornal ‘ O Globo‘, um dos mais
respeitados do Brasil, publicou uma crítica sobre o filme Na Estrada-On The Road. O filme teve sua estreia em Cannes e contou com
uma recepção calorosa daqueles que tiveram o privilégio de assisti-lo. Confira:
Walter
Salles deu à Cannes algo que o festival de cinema mais disputado do mundo ainda
não havia experimentado em sua 65ª edição: sensualidade, sensorialidade, ou em
bom português, tesão. “Na estrada” (“On the road“) é disparado o filme mais maduro de Salles
como realizador, preciso em sua composição de planos, exigente na direção de
atores e ousado no retrato da juventude.
Com base no romance beat de Jack Kerouac, que o cinema sonhou ver na tela durante
anos, o novo longa-metragem do cineasta carioca de 56 anos é uma espécie de
súmula da questões buscadas pelo cineasta ao longo de 21 anos de carreira.
Seu
tema central, a construção de uma relação amorosa (seja ela fraternal, maternal
ou ideológica), no decorrer de uma jornada, encontra na prosa de Kerouac
matéria-prima para construir uma radiografia geracional.
De
olhos voltados para a América do fim dos anos 40 e do início dos anos 50,
Salles narra a construção da amizade entre o aspirante a escritor Sal Paradise
(Sam Rilley) e o ex-presidiário chave de cadeia Dean, representado por um
Garrett Haedlund devastador.
Embora as opiniões acerca do filme não sejam consensuais,
divididas entre paixões e recepções frias, existe um ponto em comum. A
Croisette em peso agora acha que Garrett pode dar uma rasteira em Jean-Louis
Trintignant (o favorito por “Amour“)
na briga pelo prêmio de melhor ator. Outra surpresa é Kristen
Stewart, a mocinha da série “Crepúsculo“.
Descabelada,
suada, safada e pelada, ela disparou uma bomba hormonal na sessão do filme esta
manhã para a imprensa. Nela, estavam membros do júri, como o diretor americano
Alexander Payne e o estilista Jean Paul Gaultier.
Kristen
ajuda o filme a quebrar a caretice habitual com que o cinema americano – esta é
uma coprodução entre França e EUA – trata o sexo. Francis Ford Coppola, que
sonhou durante quase 30 anos levar o livro de Kerouac às telas, deve estar bem
feliz.
Embora o favoritismo na briga pela Palma, ficar com o romeno “Beyond the hills” e o austríaco “Amour“, “Na estrada”
deve sair daqui com troféus na mala. Merece. O bonequinho aplaude Salles de pé.
Post: Mel
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