A adaptação do livro cult de Jack Kerouac "On the Road" ("Na Estrada", no Brasil) para o cinema, dirigida por Walter Salles, foi recebida com frieza em sua primeira sessão para jornalistas em Cannes.
Na média, a avaliação da crítica internacional foi boa.
O site "The Hollywood Reporter" diz que Salles fez um trabalho respeitável ao adaptar o romance, embora o filme "raramente proporcione o tipo de prazer inebriante que retrata".
A crítica também destaca o elenco -principalmente a atuação de Kristen Stewart (a Bella da saga "Crepúsculo")--, a fotografia e o ritmo do longa. O ponto negativo, para o site, é a falta de estrutura dramática.
O sucesso final do filme, segundo o "The Hollywood Reporter", vai depender se o público vai conseguir ou não se conectar à história do nascimento da contracultura americana.
O "Le Monde" lembra que os cineastas Francis Ford Coppola, Gus Van Sant e Joel Schumacher iniciaram a adaptação do livro, mas não concluíram o projeto. E que Salles o fez com "cores brilhantes e emoções vivas".
A publicação francesa também destaca a boa atuação de Kristen Stewart e a fotografia.
O "Le Figaro" diz que Salles, ao vencer o "desafio impossível" de filmar o livro de Kerouac, reinventou o "road movie", mesmo estilo de "Diários de Motocicleta" (2004), também dirigido por ele.
"["On the Road" é] O tipo de filme cult, literalmente alucinante e que faz você querer embarcar imediatamente em um louco passeio 'rimbaudiano' de ácido"
O jornal britânico "The Guardian" foi o que pior avaliou o longa --duas de cinco estrelas.
O texto diz que "Na Estrada" tem "boa aparência", mas é "sem direção" e narcisista.
O FILME
O livro cult de Jack Kerouac "On the road", um hino à liberdade da juventude regado a sexo e drogas, entrou na disputa pela Palma de Ouro do Festival de Cannes nesta quarta-feira pelas mãos do diretor brasileiro Walter Salles, em um filme considerado por suas estrelas um tributo às revoluções de hoje.
O longa-metragem "Na Estrada", que relata uma viagem pelos Estados Unidos no fim dos anos 1940, repleta de álcool, drogas, sexo, amizade, "fala da perda da inocência", segundo o cineasta. E retrata personagens lendários, como Sal Paradise (Sam Riley), alter ego de Kerouac.
Em um dos filmes mais aguardados do festival, o cineasta brasileiro mantém a fidelidade ao espírito exuberante da bíblia da geração beat, com um retrato vigoroso da América pós-guerra.
O filme, estrelado por Sam Riley, Garrett Hedlund, Kristen Stewart, Kirsten Dunst e Viggo Mortensen, com participação da brasileira Alice Braga, teve uma recepção contida na exibição para os críticos, antes da exibição de gala, com direito a tapete vermelho, no fim do dia.
Salles, diretor de "Central do Brasil" (1998) e que já levou a Cannes "Diários de Motocicleta" (2004) e "Linha de Passe" (2008), mostra os personagens em meio a bebidas, drogas e mulheres, enquanto viajam pelos Estados Unidos, com uma parada no México.
Garret Hedlun interpreta Dean Moriarty, inspirado no escritor Neal Cassady; Kristen Stewart interpreta Luanne (Marylou), a primeira esposa de Cassady, e Kirsten Dunst é Carolyn Cassady, a segunda esposa deste.
"Eu já fiz alguns road movies e percebi, ao fazê-los, que quanto mais você se distancia de suas raízes, do ponto inicial, mais você ganha perspectiva sobre quem você é, de onde você veio e, eventualmente, quem você quer ser", declarou Salles. "Mas você também deixa parte de você para trás", explicou.
Walter Salles, que fez um longo processo de pesquisa, viajando pelos Estados Unidos e entrevistando dezenas de pessoas, antes de iniciar as filmagens, destacou que foi fiel ao livro, mas recordou que o longa-metragem é uma adaptação.
"Queria sobretudo dar uma profundidade tridimensional aos personagens", declarou o diretor, que começou a pensar na adaptação há oito anos.
Kerouac, que se batizou de Sal Paradise no romance autobiográfico sobre seus anos errantes no fim dos anos 1940 e início da década seguinte, fica magnetizado por um mulherengo carismático chamado Dean Moriarty, que vive apenas para o presente.
Sal pega a estrada com o amigo e, durante os passeios dionisíacos, lê Joyce, Celine e Proust. Ele começa a perceber como a literatura pode nascer da experiência de vida.
Mortensen, que também disse ter sido inspirado pelo livro durante a juventude, interpreta Old Bull Lee --um equivalente ao guru junkie Williams S. Burroughs.
Com apenas 29 anos, Kerouac escreveu o livro em três semanas em abril de 1951, datilografando de maneira contínua em 36 metros de papel, que ele mesmo cortou e grampeou juntos.
Inspirado por uma carta confusa de seu amigo e companheiro de viagem Neal Cassady --que virou Dean no livro-- Kerouac decidiu contar a história de seus anos na estrada de uma forma que refletisse a fluidez do improviso do jazz.
Fonte
Post: Mel
Nenhum comentário:
Postar um comentário