O site UOL Cinema entrevistou o diretor
de On the Road – Walter Salles, e o mesmo fala sobre o filme e Kristen Stewart.
Confira abaixo!
O cineasta brasileiro Walter Salles falou
ao UOL sobre
o difícil processo de criação de “Na Estrada”, que levou 6 anos para ser feito,
após 50 anos de tentativas frustradas por diversos cineastas. O filme foi
anunciado nesta quinta-feira (19) como um dos competidores da Palma de Ouro do Festival de Cannes
2012.
O longa é baseado no livro “On the Road”
do autor “beat” Jack Kerouac e tem Kristen Stewart em um dos papéis principais,
além de atuações de Alice Braga, Viggo Mortensen, entre outros.
UOL – Depois
de ter participado de várias edições do Festival de Cannes e ter levado para
casa uma Palma de Ouro pelo trabalho de Sandra Corveloni em “Linha de Passe”,
qual a sensação de voltar ao certame e o peso de ter um filme exibido nas telas
da Croisette?
Walter Salles
- Um festival
é o lugar onde um filme nasce e se torna independente. Depois de tantos anos
trabalhando nesse projeto, é uma recompensa para a família de atores e técnicos
que deram tanto para o filme. Ter um filme selecionado em um festival como esse
já é, em si, um prêmio.
UOL – “On the Road”, de Jack Kerouac, é quase um mito na
história do cinema americano, porque muitos cineastas antes de você tentaram
adaptar a obra sem sucesso. O que aconteceu, que movimentos você fez, para
conseguir os direitos de adaptação?
Walter Salles
- Sim, foram
mais de 50 anos de tentativas. O fato de que nenhum estúdio norte-americano
tenha decidido levar à frente a adaptação de “On the Road” durante todo esse
período é emblemático. Como o livro não tem uma arquitetura tradicional, havia
uma percepção generalizada de que a transposição para o cinema não era
possível. Quando fui convidado pela Zoetrope para levar o projeto adiante, logo
depois da exibição de “Diários de Motocicleta” no Festival de Sundance, em
2004, também fiquei em dúvida se essa adaptação podia ser feita. Daí a proposta
de fazer um documentário para entender melhor a estrutura do livro, seus
personagens, o legado de Kerouac e de sua geração.
Foram quase 6 anos de trabalho,
entrevistando os personagens do filme que ainda estão vivos, os poetas que
junto com Kerouac lançaram as bases da contracultura norte-americana, os
músicos e cineastas que como David Byrne ou Wim Wenders foram influenciados
pelos beats. Esse trabalho informou o roteiro, mas a verdade é que o
documentário virou o filme para mim. Com a crise de 2008, pensei que o filme de
ficção não se faria jamais. Até que em 2010 a produtora independente francesa
MK2, que produziu Kieslowski, Kiarostami, Chabrol, Godard, Assayas e outros
cineastas que admiro, acabou lendo e se apaixonando pelo roteiro. Com a ajuda
do Film Four, braço do canal cultural Channel 4 que financiou “Diários” e a
participação de pequenos distribuidores independentes europeus, o filme se
tornou possível.
UOL – “Na
Estrada” tem um elenco estelar, que conta ainda com a participação de Alice
Braga. Temos Viggo Mortensen, Kristen Stewart e vários outros jovens talentos.
Como é lidar com tantos artistas desse porte em um filme coral?
Walter Salles
- Essa foi a
parte mais agradável do projeto. Os atores foram os grandes aliados do filme.
Primeiro, passamos três semanas em Montreal ensaiando as cenas, polindo o
roteiro. Depois, partimos para a estrada, tentando incorporar tudo aquilo que
íamos encontrando à sua margem. E haja estrada. Cobrimos três vezes mais chão
do que em “Diários de Motocicleta”.
UOL – O que
podemos esperar para o futuro? Um filme brasileiro, rodado aqui, com elenco
local. Ou uma nova produção estrangeira?
Walter Salles
- Um filme
brasileiro, ou um filme rodado na América do Sul. Não tenho nenhuma vontade de
fazer dois filmes seguidos em inglês, acho que um cineasta tem que ficar
próximo de suas raízes para ter o que dizer. “On the Road” é uma obsessão de
juventude, um livro que li aos 18 anos e que mudou minha visão de mundo. O
filme está feito. Agora, chegou a hora de voltar para casa.
Post: Mel
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